EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CRICIÚMA SC

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CRICIÚMA SC Processo nº Petição nº /2010 O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo procurador da República ao final assinado, vem perante Vossa Excelência, nos autos em epígrafe, expor e requerer o que segue: Na audiência realizada em (fl. 301), acordou-se que, no prazo de 15 (quinze) dias, a UNIÃO: a) apresentaria um mapa da área SANTANA CÉU ABERTO, definindo, exatamente, nesse perímetro, as áreas que foram exclusivamente mineradas pela CARBONÍFERA TREVISO S/A e as áreas exclusivamente mineradas pela RIO DESERTO (CCU), no período compreendido entre 1972 e 1989; b) apresentaria documentos que demonstrem a lavra, nas áreas que imputar à RIO DESERTO, no referido período; deveria a UNIÃO preocupar-se, em sua manifestação, também com a mineração em subsolo, apresentando quais minas seriam de responsabilidade da RIO DESERTO (CCU); c) deveria justificar, por meio de documentos, as razões dos atrasos 1

2 nas confecções dos PRADs da CBCA, informando quais atividades teriam sido concluídas e quais estariam ainda pendentes de realização/conclusão; d) deveria apresentar sua estratégia para elaboração do PRAD da área MINA VISCONDE, trazendo a Juízo cronograma para sua realização. Pois bem, no dia , a UNIÃO, representada pela Advocacia- Geral da União (AGU), protocolou a petição de fl. 314, requerendo a juntada de documentos técnicos elaborados pelo Grupo Técnico Interministerial (GTI). Tais documentos estão nas fls. 315/332 e no Anexo 13. É o relatório. Analisando os documentos apresentados, o MPF chega às seguintes conclusões em relação a cada uma das obrigações assumidas pela UNIÃO na audiência realizada em : a) A UNIÃO cumpriu parcialmente esta obrigação, apresentando a planta que está na última folha do Anexo 13, onde indica algumas áreas que teriam sido lavradas pela CCU/RIO DESERTO. Ocorre que a UNIÃO não indicou o tamanho destas áreas e tampouco delimitou as áreas que teriam sido lavradas pela TREVISO. Desta forma, fica impossível identificar qual a exata pretensão da UNIÃO quanto à imputação da responsabilidade a terceiros. b) Novamente a UNIÃO vem aos autos trazendo um apanhado de documentos extraídos do DNPM, sem a construção de qualquer raciocínio jurídico que pudesse convencer o julgador no sentido de que a área SANTANA CÉU ABERTO deveria ser recuperada por terceiro. 2

3 O histórico narrado nas primeiras folhas do Anexo 13 faz concluir que a CCU/RIO DESERTO é a titular dos direitos minerários na área SANTANA (Processo DNPM nº 337/40) e que manteve paralisada a lavra nesta área por longo tempo. Consta que a lavra na MINA SANTANA foi paralisada em , inicialmente pelo prazo de 5 (cinco) anos. Mas houve sucessivas prorrogações da paralisação, tudo com aquiescência do DNPM. Há um telex datado de , no qual a empresa informa a retomada da lavra nas minas SANTANA, SÃO GERALDO e SANTA AUGUSTA, a partir de No entanto a menção à área SANTANA neste telex é por demais genérica, não sendo possível concluir sobre qual trecho da área SANTANA se refere. Possivelmente se refere a trecho cuja lavra e consequente responsabilidade pela recuperação foram efetivamente assumidos pela RIO DESERTO. Há também a notícia de lavras pontuais em locais denominados PILÃO e 6ª FRENTE, também inseridos no título minerário de SANTANA. Mas a recuperação destas áreas já foram assumidas pela RIO DESERTO. Por fim, há também, como incontroverso, o fato de que a CARBONÍFERA TREVISO S/A minerou a céu aberto na área SANTANA. Ocorre que a INDÚSTRIA CARBONÍFERA RIO DESERTO LTDA., sucessora da CCU, já assumiu a recuperação de parte significativa da área SANTANA. Com efeito, no Termo de Acordo Judicial celebrado no Processo de Cumprimento de Sentença nº esta empresa assumiu a responsabilidade pela recuperação das seguintes áreas do título minerário relativo ao Processo DNPM nº 337/40: 3

4 Nome da área Área (em hectares) Início Cronograma Fim Santana (inclui Poço 8, Encosta e Plano II) 74,00 mar/2009 dez/2016 6ª Frente 6,15 jan/2013 jun/2014 Plano XV 1,10 jan/2013 jun/2014 Pilão 0,37 jan/2013 jun/2014 TOTAL 81,62 mar/2009 dez/2016 Ou seja, a RIO DESERTO já assumiu a responsabilidade pela recuperação das áreas onde efetivamente minerou na área SANTANA. Por outro lado, a UNIÃO não conseguir fazer prova de que a RIO DESERTO/CCU tenha minerado na área remanescente de SANTANA, no período de 1972 a 1989, apesar dos sucessivos prazos concedidos por esse Juízo. Assim sendo, o MPF reitera o entendimento de que, pelas provas produzidas, a recuperação da área remanescente de SANTANA CÉU ABERTO, no montante de 142,08 hectares, incumbe integralmente à UNIÃO. c) Em relação às áreas da CARBONÍFERA TREVISO, a UNIÃO informou que os PRADs executivos estão sendo elaborados pela instituição contratada (IPAT/UNESC), com previsão de conclusão em

5 Já em relação às áreas da CBCA, a UNIÃO relacionou as atividades que foram desenvolvidas no período de abril de 2009 a março de Na fl. 325 há uma tabela que sintetiza as atividades realizadas e pendentes de realização. Em síntese, estão pendentes as seguintes atividades: a) análises químicas dos rejeitos (falta licitar); b) PRAD executivo (falta licitar); c) laser scan para imageamento de bocas de mina (falta contratar o vencedor da licitação); d) GRP para mapeamento de galerias (falta licitar). Todavia, a UNIÃO não apresentou qualquer previsão para realização das atividades faltantes, limitando-se a dizer o seguinte: Como relatado anteriormente, restam 4(quatro) atividades referentes aos PRADs da CBCA dependentes precipuamente de recursos orçamentários a serem destinados no corrente exercício de 2010 e que impactam diretamente na execução do cronograma apresentado ao MPF por ocasião da solicitação de dilação de prazo. Da mesma forma, os recursos para custeio próprio das atividades da CPRM também dependem desta mesma origem. (fl. 328) Isto é, já estamos no mês de maio e ainda não há recursos orçamentários para conclusão dos trabalhos devidos pela UNIÃO para conclusão dos PRADs referentes às áreas da CBCA. E, pior do que isto, nem mesmo há recursos de custeio para garantir a realização dos trabalhos que são diretamente desenvolvidos pela CPRM, braço executivo do GTI. Diante deste desastroso quadro, urge que o Juízo colha a 5

6 manifestação do mandatário máximo da CPRM. d) A UNIÃO não apresentou cronograma e estratégia para elaboração do PRAD da área MINA VISCONDE, limitando-se a dizer que tal providência está na dependência da aprovação e destinação do crédito orçamentário adicional, exercício 2010, já solicitado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (fls. 315/316). Diante do exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL: a) reitera as petições de fls. 141/151 e 297/298, no sentido de que seja declarada a responsabilidade da UNIÃO pela recuperação da área SANTANA CÉU ABERTO, com aproximadamente 142,08 hectares, minerada pela CARBONÍFERA TREVISO S/A e por terceiros anteriormente a 1972; b) requer que a UNIÃO seja intimada a apresentar PRAD para recuperação da área SANTANA CÉU ABERTO, no prazo de 6 (seis) meses; c) requer a intimação pessoal do Dr. Agamenon Sérgio Lucas Dantas, Diretor-Presidente da CPRM, na sede da empresa, na Av. Pasteur, 404, Urca, Rio de Janeiro/RJ, para que, no prazo de 10 (dez) dias, apresente cronograma para conclusão dos PRADs relativos às áreas da CBCA e da MINA VISCONDE, sob pena de multa. Criciúma, 11 de maio de DARLAN AIRTON DIAS Procurador da República 6