ACÓRDÃO Registro: 2012.0000638132 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0010183-26.2011.8.26.0008, da Comarca de São Paulo, em que é apelante/apelado ALICE FERNANDES SANCHES, é apelado/apelante UNIMED PAULISTANA SOCIEDADE COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO. ACORDAM, em do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Provido o recurso da ré, desprovido o da autora. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FRANCISCO LOUREIRO (Presidente sem voto), PERCIVAL NOGUEIRA E PAULO ALCIDES. São Paulo, 29 de novembro de 2012. Fortes Barbosa RELATOR Assinatura Eletrônica
Apelação 0010183-26.2011.8.26.0008 Apelantes e apeladas: Alice Fernandes Sanches e Unimed Paulistana Sociedade Cooperativa de Trabalho Médico Voto 2603 Ementa Plano de saúde Cirurgia bariátrica - Cobertura recusada Autora que optou em realizar o procedimento em hospital não credenciado Reembolso dos valores pagos Descabimento Danos morais inocorrentes Ação improcedente Provido o recurso da ré, desprovido o da autora. Cuida-se de recurso de apelação interposto contra sentença emitida pelo r. Juízo de Direito da 4ª Vara Cível do Foro Central (Comarca da Capital), que julgou parcialmente procedente ação indenizatória, condenando a ré ao pagamento de R$10.000,00 (dez mil reais) a título de danos morais, com correção monetária a contar do arbitramento e juros de mora de 1% (um por cento) a partir da citação (fls. 302/310). A autora afirma que, ante a negativa de cobertura em hospital conveniado, tinha o direito de escolher o hospital em que realizaria o procedimento cirúrgico, dada a urgência da situação. Aduz que o custo do procedimento era equivalente no Hospital São Luiz Morumbi (conveniado) e no Hospital Abert Einstein (onde foi operada). Informa que, se tivesse de aguardar os caprichos da ré para obter a autorização, teria perdido todo o investimento financeiro e pessoal que fez quando da preparação Apelação nº 0010183-26.2011.8.26.0008 2
para a cirurgia. Pretende reforma da sentença para que a ré seja condenada a reembolsar o valor despendido com a cirurgia (fls. 317/321). A ré insiste que o procedimento por meio de videolaparoscopia não é coberto e que não se recusa a custear o convencional, que vem sendo realizado com sucesso por diversos usuários. Afirma que inexistem danos morais, pois não houve recusa injustificada no cumprimento do contrato. Sustenta, por fim, que, se mantida a sentença, a sucumbência é recíproca (fls. 327/343). (fls. 351/356). Apenas a autora apresentou contrarrazões, É o relatório. É incontroverso ter sido solicitada cobertura para os gastos relativos a cirurgia bariátrica, a qual foi indicada, como tratamento para a autora-apelante, sobrevindo a recusa da réapelada, aduzindo que o Hospital São Luiz Morumbi não possui credenciamento para realização de Septação Grástica (fls. 65 e 66). A autora, então, orientada pelo médico, resolveu realizar o procedimento perante o Hospital Albert Einstein, que não era credenciado. Ela pretende, na presente ação, o reembolso dos valores pagos e indenização por danos morais, tendo sido deferido somente o segundo dos pedidos. As partes apelaram, mas somente o recurso da ré merece provimento. Observa-se que, segundo informou a própria autora em carta endereçada ao convênio, o médico realizava o procedimento enfocado nos hospitais Oswaldo Cruz, São Camilo, Albert Einstein e São Luiz Apelação nº 0010183-26.2011.8.26.0008 3
Morumbi, afirmando ter a intenção de realizar o procedimento no último (fls. 65). Diante da recusa na liberação de autorização para realização do procedimento de videolaparoscopia gástrica no hospital escolhido e que era credenciado (fls. 63), cabia, à autora, fazer o contrato ser executado de maneira forçada, abrindo-se o caminho para promover ação pleiteando liminar; optou, contudo, em se internar em hospital não credenciado e realizar o procedimento eletivo. Destarte, como a autora optou por fazer uso de hospital não coberto pela rede credenciada, inexiste a obrigação de reembolso dos valores despendidos com o procedimento. Descabe, assim, a responsabilidade civil arguida, não é viável afirmar terem se consumado danos morais, mesmo que se considere a recusa inicial de atendimento perante hospital credenciado. O puro e simples descumprimento de deveres contratuais não autoriza, automaticamente, o reconhecimento de dano moral, resolvendo-se as situações e os eventos no âmbito exclusivamente patrimonial (STJ, REsp 151.322-RS, 3ª T., rel. Min. Ari Pargendler, DJ 02.12.02, p.303). A autora não delimitou fatos pontuais e concretos que pudessem ter vilipendiado sua dignidade ou lhe causado sofrimento psíquico efetivo, não havendo prova de cobrança ameaçadoras, nem houve anotação em serviços de proteção ao crédito. Não há, portanto, dano moral para ser reconhecido e, por isso, está ausente o dever de indenizar. Reforma-se, assim, a sentença para julgar a ação improcedente, condenando a autora ao pagamento das custas, despesas processuais e Apelação nº 0010183-26.2011.8.26.0008 4
honorários advocatícios de 10% (dez por cento) do valor da causa. Dá-se, por isso, provimento ao apelo da ré e nega-se ao da autora. Fortes Barbosa Relator Apelação nº 0010183-26.2011.8.26.0008 5