A INSERÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA CLASSE ESPECIAL Roberta Bevilaqua de Quadros Clara Noha Nascimento Dutra Thaine Bonaldo Nascimento Douglas Rossa 1 Rosalvo Sawitzk 2 EIXO TEMÁTICO: Relatos de experiências em oficinas e salas de aula Introdução: Atuamos na classe especial de uma Escola Estadual de Ensino Fundamental localizada na cidade de Santa Maria/RS. Optamos por iniciar nosso processo de ensino, considerando as contribuições da psicomotricidade que utiliza-se da atividade lúdica como impulsionadora dos processos de desenvolvimento e aprendizagem. O objetivo é demonstrar a importância do trabalho da Educação Física Escolar desenvolvida com a classe especial, a fim de perceber a relevância do desenvolvimento dos domínios motor, cognitivo e afetivo-social dos alunos. Constatou-se a importância do componente curricular Educação Física para a classe especial, pois através da prática motora, os alunos vivenciaram atividades que privilegiaram a cooperação, criatividade e a coletividade, refletindo para o desenvolvimento dos domínios através da Abordagem psicomotora. Revisão de Literatura A Educação Física escolar pode sistematizar situações de ensino e aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos práticos e conceituais. Devendo dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos (Parâmetros Curriculares, 1997). 1 Bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência da Universidade Federal de Santa Maria, Subprojeto de Cultura Esportiva na Escola. 2 Coordenador do PIBID-UFSM do Subprojeto de Cultura Esportiva na Escola.
Os processos de ensino e aprendizagem devem considerar as características dos alunos em todas as suas dimensões cognitiva, corporal, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal e inserção social (Parâmetros Curriculares, 1997). A abordagem psicomotora na educação física possui o desenvolvimento da criança juntamente com o ato de aprender, através dos processos cognitivos, afetivos e psicomotores; ou seja, buscando a formação integral dos educandos. (Soares, 1996) A educação psicomotora de Le Boulch (1992) justifica sua ação pedagógica colocando em evidência a prevenção das dificuldades pedagógicas, dando importância a uma educação do corpo que busque um desenvolvimento total da pessoa, tendo como principal papel na escola preparar seus educandos para a vida, utilizando métodos pedagógicos renovados, procurando ajudar a criança a se desenvolver da melhor maneira possível, contribuindo dessa forma para uma boa formação da vida social. A Psicomotricidade advoga por uma ação educativa que deva ocorrer a partir dos movimentos espontâneos da criança e das atitudes corporais, favorecendo a gênese da imagem do corpo, núcleo central da personalidade (LE BOUCH, 1986). A educação psicomotora na opinião do autor refere-se à formação de base indispensável a toda criança, seja ela normal ou com problemas, e responde a uma dupla finalidade; assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta a possibilidade de a criança trabalhar a sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano. Segundo Seybold apud Oliveira (2002, [s.p]), partindo do princípio da adequação à criança, deve favorecer a mesma, um pleno desenvolvimento, de acordo com a sua necessidade e sua capacidade de aquisição de movimentos, pois parte do princípio que elas têm necessidade natural de movimento. Então, o professor não pode dispensar a oportunidade destes alunos em participar da aula, pois mesmo o aluno sendo deficiente físico, mental, auditivo, visual, múltipla e até mesmo apresentando condutas típicas (que são os portadores de síndromes, quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos) eles têm necessidades de fazer atividades que desenvolva a sua relação social, motora e afetiva.
Metodologia: Após sondagem, através de observações e coletas de dados da turma da classe especial da escola em que atuamos foi constatado que a mesma é composta por cinco alunos. O trabalho é realizado de formas diferenciadas em dois dias da semana, nas quartas-feiras no horário das 13h15min às 14h, e nas quintas-feiras, no horário das 14h as 14h e 45min, já as quintas-feiras, no horário das 14h às 14h45min, A primeira aula da semana acontecia tanto na sala de aula como no pátio e na pracinha da escola, apenas com os alunos da classe especial. Englobavam-se conteúdos sobre esquema corporal (consciência e controle do corpo), orientação espaço-temporal, lateralidade e coordenação motora (ampla e fina), embasados na abordagem Psicomotora. A segunda aula da semana acontecia turma no ginásio da escola, em conjunto com o primeiro ano das séries iniciais. Além dos conteúdos citados acima, era priorizada a integração da classe especial com a turma que realizava as atividades em conjunto. As atividades eram realizadas destas formas em busca de um trabalho específico com cada aluno e suas dificuldades, e em segundo plano ver seus comportamentos e evoluções em um grupo mais diversificado. Resultados: No decorrer de cada aula foram observados os comportamentos e atitudes dos alunos perante as atividades realizadas. Em relação ao domínio cognitivo, os alunos compreendiam o que era solicitado, mas suas atenções eram dispersas. No entanto, era perceptível a memorização seletiva, sendo que se lembrava de fatos e/ou atividades que eram convenientes. Foram participativos e criativos durante as atividades, pois as adaptavam de acordo com suas preferências. No domínio afetivo-social, apresentavam características diferenciadas, como medo de realizar as atividades, excesso de coragem, em alguns momentos houve agressividade e indisciplina entre os colegas, além de formas de chantagem. Independentemente dos aspectos citados acima a relação entre professores e alunos foi positiva, sendo que os alunos auxiliavam uns aos outros. No desenvolvimento das capacidades e habilidades motoras houve considerável evolução, sendo respeitados os limites de cada um. Durante a aula, sempre dávamos atenção aos alunos, fazendo com que eles refletissem sobre o que estavam realizando e também que tivessem noção sobre seus
comportamentos. Estimulava-se a atenção e o convívio harmonioso com seus colegas tanto pertencentes a classe especial, como os da turma regular. Conclusão: Neste trabalho, procuramos contribuir para o desenvolvimento dos domínios motor, cognitivo e afetivo-social dos alunos da classe especial, a partir de um planejamento que teve como base estudos complementar na área da educação física para a classe especial. Através da participação dos alunos nas aulas, as quais foram anotadas e discutidas observaram-se melhorias significativas, na realização das atividades e nas relações sociais entre eles e com os colegas da outra classe. Com isso percebemos a importância do componente curricular Educação Física para a classe especial, pois através da prática motora, os alunos vivenciaram atividades que privilegiaram a cooperação, criatividade e a coletividade, sendo essenciais para o desenvolvimento afetivo-social e cognitivo. Assim os conteúdos desenvolvidos foram importantes para o conhecimento e reconhecimento de seus corpos e de suas potencialidades. Através dos aspectos positivos encontrados haverá a continuidade do trabalho, visando à inserção dos alunos da classe especial em turmas regulares no horário da disciplina de Educação Física. Referências Bibliográficas LE BOULCH, Jean. A Educação Psicomotora: A psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983. LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até 6 anos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
OLIVEIRA, FLAVIA FERNANDES DE. Dialogando sobre educação, educação física e inclusão escolar. Revista digital; Año 8; n 51. Buenos Aires. Agosto de 2002. Disponível em http://www.efdeportes.com/efd51/educa.htm. Acessado em 08 de janeiro de 2011. Parâmetros Curriculares Nacionais (1ª a 4ª séries). Brasília: MEC/SEF, 1997. 10 volumes. SOARES, Carmem Lúcia. Educação Física Escolar: Conhecimento e Especificidade. In: Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, supl., p. 6 a 12, 1996.