Doutoranda Michele Cristina de C. Oliveira. Disciplina de Clínica das Doenças Carênciais Endócrinas e Metabólicas

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Transcrição:

DISTÚRBIOS DA GLÂNDULA TIREÓIDE Doutoranda Michele Cristina de C. Oliveira Disciplina de Clínica das Doenças Carênciais Endócrinas e Metabólicas

ANATOMIA

ANATOMIA

HISTOLOGIA

HISTOLOGIA

FISIOLOGIA Síntese e secreção dos hormônios da tireóide Tiroxina (T4), Triiodotiroxina (T3) e T3 reverso T4 é o principal hormônio secretado pela tireóide A maior parte do T3 e o T3 reverso são derivados da deiodinação do T4 nos tecidos periféricos

FISIOLOGIA Síntese e secreção dos hormônios da tireóide

FISIOLOGIA A maior parte dos hormônios da tireóide circula no plasma ligados a proteínas Menos de 1% circula livremente, sendo responsável por manter as concentrações constantes de hormônios através dos mecanismos de feedback

FISIOLOGIA Mecanismos de regulação

Efeitos fisiológicos dos hormônios da tireóide Efeitos metabólicos e sobre o crescimento e desenvolvimento Termogênese e do consumo de O 2 da atividade elétrica de nervos e músculos Efeitos inotrópico e cronotrópico positivos no coração a sensibilidade às catecolaminas o número e a afinidade dos receptores betaadrenérgicos

Efeitos fisiológicos dos hormônios da tireóide da glicogênese e gliconeogênese da lipólise Crescimento e diferenciação do sistema nervoso, ósseo e esquelético Crescimento de plumas, pele e pêlos Reprodução produção de células reprodutoras e da manutenção da prenhez Secreção e degradação dos outros hormônios Metabolismo de algumas vitaminas e minerais

DISTÚRBIOS DA TIREÓIDE Hipotireoidismo Desordem mais comum no cão Hipertireoidismo Desordem mais comum no gato

DISTÚRBIOS DA TIREÓIDE Classificação: Hipotireoidismo Primário - forma mais comum - resultante de destruição da glândula tireóide - achados histológicos: tireoidite linfocítica e atrofia idiopática

DISTÚRBIOS DA TIREÓIDE Hipotireoidismo Secundário - falha no desenvolvimento ou secreção de TSH pelas células tireotróficas da hipófise Hipotireoidismo Terciário - Bastante rara - Resultante da deficiência na secreção do TRH pelo hipotálamo

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES Epidemiologia - meia-idade 2 a 6 anos - Em filhotes cretinismo Retardo no crescimento Apatia Persistência do pelame de filhote - raças predisposta Golden Retrievers, Pinschers, Cockers, Poodles, Boxers, Labradores, Dogue Alemães, Daschunds, Schnauzers Miniatura, - não há predisposição sexual

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES Sinais Clínicos São bastante variáveis, aparecendo de forma gradual nem sempre perceptível ao proprietário - letargia, intolerância e relutância a exercícios, ganho de peso sem alteração do apetite, intolerância ao frio

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES Sinais Clínicos Sinais Dermatológicos - Alopecia simétrica bilateral não pruriginosa - Pode acometer apenas a cauda - Seborréia - Piodermite - Pelagem seca, opaca e facilmente destacável - Hiperpigmentação - Otite externa - Mixedema

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES Sinais Clínicos - alterações neuromusculares: convulsões, ataxia, andar em círculos, sinais vestibulares, neuropatias periféricas, atrofia muscular - alterações reprodutivas: anestro ou intervalos longos entre cios nas cadelas - distúrbios oculares

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES Patologia Clínica - Hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia de jejum - Anemia arregenerativa normocítica normocrômica em 30% dos casos

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES Síndrome do eutiroideo doente - Diminuição dos hormônios tireoideanos circulantes - da secreção de TSH ou da síntese de T4 - Resposta do organismo para diminuir o metabolismo celular em períodos de doença - Comum em doenças sistêmicas Cardiomiopatias Doencas hepáticas e renais Infecções severas Doenças imunomediadas

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES Diagnóstico Avaliar conjuntamente sinais clínicos e exames laboratoriais - concentração basal do hormônio tireóideo T4 total, T4 livre e TSH - Teste de estimulação com TSH ou TRH Diferencia hipotireoideos de eutiroideos alto custo, pouco utilizado

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES Diagnóstico - T4 livre Diminuição de T4 livre + sinais clínicos + níveis baixos de T4 total indicam hipotireoidismo Drogas anticonvulsivantes e hiperadrenocorticismo podem diminuir os valores de T 4 livre - TSH Valor elevado de TSH e baixo de T4 sugere hipotireoidismo - T3 total Não é bom indicativo da função da tireóide

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES Fatores que interferem nos teste de função tireóidea - Idade - Raça - Peso - Drogas (glicocorticóides) - Doenças concomitantes - Jejum

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES Tratamento - Levotiroxina Dose inicial de 0,02mg/kg/BID Em geral ajustes na dose são necessários A sintomatologia clínica é reversível, não ocorrendo resposta terapêutica em 6 a 8 semanas reconsiderar o diagnóstico

HIPOTIREOIDISMO EM CÃES Tratamento Considerações nutricionais - Cães com peso adequado alimento que atenda suas necessidades nutricionais - Cães com sobrepeso ou obesos programa para perda de peso

HIPERTIREOIDISMO EM GATOS Etiologia - hiperplasia adenomatosa multinodular, afetando um ou ambos os lobos da glândula - adenoma tireóideo - carcinoma tireóideo funcional (LURYE, 2006; BIRCHARD, 2006) - menos de 2% dos casos

HIPERTIREOIDISMO EM GATOS Epidemiologia - gatos acima de 8 anos, idade média 13 anos - não há predisposição sexual

HIPERTIREOIDISMO EM GATOS Sinais Clínicos - aceleração da taxa metabólica basal - perda de peso - polifagia - agitação, hiperatividade, comportamento agressivo - vômito, diarréia - alterações na pelagem - Poliúria, polidipsia - evolução letargia, fraqueza, anorexia

HIPERTIREOIDISMO EM GATOS Sinais Clínicos Alterações concomitantes - Miocardiopatia tireotóxica - Insuficiência renal - Distúrbios do trato gastrointestinal

HIPERTIREOIDISMO EM GATOS Exame físico - escore de condição corporal, caquexia - condição da pelagem - tireóide palpável - hiperatividade - taquicardia

HIPERTIREOIDISMO EM GATOS

HIPERTIREOIDISMO EM GATOS Patologia Clínica - Elevação do hematócrito em 50% dos casos - Elevação das enzimas hepáticas em mais de 75% dos casos - uréia/creatinina - glicose por estresse - pode haver azotemia e hiperfosfatemia

HIPERTIREOIDISMO EM GATOS Diagnóstico Avaliar conjuntamente sinais clínicos, palpação da tireóide e testes laboratoriais - mensuração T4 total Valores aumentados indicam hipertireoidismo - mensuração de T4 livre por diálise junto com dosagem de T4 total < 4 µg/dl normal 4 e 5 µg/dl suspeito > 5 µg/dl fortemente suspeito

HIPERTIREOIDISMO EM GATOS Cirúrgico Tratamento de escolha Tireoidectomia Complicações Hipocalcemia (diminuição do PTH) Hipotireoidismo Fundamental protocolos pré e pós-cirurgicos adequados Médico Metimazol Impedem a síntese de hormônios da tireóide, mas não são citotóxicos

HIPERTIREOIDISMO EM GATOS Médico Drogas antitireóideas Impedem a síntese de hormônios da tireóide, mas não são citotóxicos Indicados antes da cirurgia para remissão dos sintomas Casos em que há riscos cirúrgicos ou proprietário não aceita cirurgia Metimazol: 2,5 mg/ VO/ BID 2 semanas Aumentar para TID e assim gradativamente até T4 diminuir para 1 a 2 g/dl ou sinais clínicos aparecerem Manutenção: agrupar dose total para SID

Obrigada a todos...!!!