KRONOS E KAIRÓS, METAMORFOSES

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KRONOS E KAIRÓS, METAMORFOSES Enoc Luiz de Almeida Talvez um dos maiores problemas nas discussões sobre o tempo seja o uso rotineiro de sua noção, a qual oculta grandes questões não resolvidas, que se escondem por trás das inquietações do homem sobre sua origem e sua finitude. Tanto as dificuldades de reflexão quanto as tentativas de definição do tempo refletem, até hoje, as dúvidas formuladas por SANTO AGOSTINHO (1973, p. 17) Que é, pois, o tempo? (...) Se ninguém mo perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei. Como a noção de tempo normalmente serve para determinar o antes e o depois de processos muito variados, os homens têm facilmente a impressão de que o tempo existe, independentemente de qualquer sequência de referência que tenha sido socialmente padronizada, ou de qualquer relação com processos específicos construídos historicamente. Aquilo que a grande maioria das pessoas chama de tempo pode ser indicado como o elemento comum a uma diversidade de processos específicos que os homens procuram marcar com a ajuda de relógios ou calendários. Segundo ELIAS (1998, p. 84), o fetichismo do tempo é reforçado na percepção humana porque sua padronização social inscreve-se na consciência individual, tão mais sólida e profundamente quanto mais a sociedade se torna complexa e diferenciada, levando todos a se perguntarem contínua e incessantemente Que horas são? ou Que dia é hoje? As investigações sobre o tempo têm sido constantes e muitos estudos modernos, de diversas áreas, têm buscado resgatar nos mitos a análise da história da humanidade, sob diferentes aspectos. A narração mitológica envolve basicamente acontecimentos supostos, relativos a épocas primordiais, ocorridos antes do surgimento dos homens (história dos deuses) ou com os primeiros homens (história ancestral). O verdadeiro objeto do mito, contudo, não são os deuses nem os ancestrais, mas a apresentação de um conjunto de ocorrências fabulosas com que se procura dar sentido ao mundo. Algumas concepções mitológicas sobre o tempo podem exemplificar a complexidade e a variedade das relações de tempo utilizadas pela sociedade. Na mitologia grega, segundo a 2

apresentação de Homero, Zeus substitui, com sua astúcia, Chrónos,1 deus do tempo, e passa, assim, a ter um domínio sobre 1 Chrónos, que representa o tempo objetivo, cronológico, contado, aparece na mitologia como o deus grego que representa o tempo, incitado pela mãe e ajudado pelos irmãos, os titãs, castrou o pai (Urano, o céu), separando-o de sua mãe (Géia ou Gé, a terra), e tornou-se o primeiro rei dos deuses. Seu reinado era ameaçado pela profecia segundo a qual um dos seus filhos o destronaria. Chrónos então devorava todos os filhos que lhe dava sua mulher, Réia, até que esta o enganou e salvou Zeus. Este, quando cresceu, arrebatou o trono do pai e o expulsou do Olimpo, banindo-o para o lugar do tormento. Segundo a interpretação clássica, Chrónos simbolizava o tempo e por isso Zeus, ao derrotá-lo, conferira, então, a imortalidade aos deuses. (Enciclopédia Barsa,1999). 1.1 DE KRONOS A KAIRÓS O futuro, que ainda não é, e a coisa profetizada, que ainda não aconteceu, ou já aconteceu, tem um grau de densidade ontológica que lhes advém da misteriosa relação de conhecimento Divino como o conhecimento humano, relação misteriosa que está impressa nas profecias, a que atende a exegese no afã de compreender pelos sinais patentes os secretos desígnios. Os futuríveis visam uma ordem de liberdade e de contingencias. (PIMENTEL, Pag. 73). O sol do Kairós ilumina o passado e o futuro, sendo por sua propriedade e presença que podemos achar e decifrar no espelho do passado o que há de ser e no futuro. Esse futuro que cronicamente se diz no tempo da história enquanto porvir, do mesmo modo não se pode dizer no tempo do kairós. (PIMENTEL, Pg. 82). Khronos e Kairós apontam para desde os primórdios da humanidade e do universo sobre a regência de um Deus construtor e arquiteto, tudo isso remete a plenitude dos tempos Gl 4.4 onde entende se a cronologia em todos os períodos, sendo binômio no primeiro período Deus/Homem, (Adão até Abraão) segundo período: Deus/Povo, 3

(Abraão até Jesus) Terceiro período: Deus/Igreja chegando a Igreja Primitiva e Reforma da Igreja. (Corpo de Cristo até hoje). A história de Chrónos criada para explicar a suposta evolução cultural da humanidade, em relação ao tempo. 1.2 O TEMPO! SIGNIFICADOS ETIMOLÓGICOS O tempo chamado χρόνος (Chronos). Denota que chamamos de tempo, quer pequeno, longo ou uma sucessão de tempos menores ou maiores. É a raiz da palavra cronologia. Representa o tempo em que estamos inseridos, provável ou pode-se considerar como o tempo de nossa jornada. 2.1 O TEMPO! CHAMADO HORA (ώρα) Denota um período fixo, ou seja uma fração de χρόνος (Chronos). Exemplo representa a parte de um ponto no chrónos quando determinada ação deve começar. 2.2 O TEMPO CHAMADO αιών AION Pode denotar-se de era, duração da vida, época, eternidade. Representa o tempo a pessoa já viveu ou ainda vivera. Exemplo o tempo αιών (aion) do senhor beltrano foi de cento e um anos no total. Depois ele morreu. 1.2.3 O TEMPO CHAMADO καιρός (KAIRÓS) Denota medida devida, proporção tempo, sendo oportuno ou apropriado, tempo adequado para um propósito, oportunidade favorável, o momento certo, evidente que muitas vezes o tempo de Deus, na maioria das situações, só entendemos o tempo καιρός (Kairós) quando vivemos o tempo χρόνος (Chrónos) se completa. 1 1.2 - O ALINHAMENTOS DOS TEMPOS A ação divina em pró a humanidade ou seja ao nosso favor quando acontece o tempo kairós (χρόνος). Onde acontece o alinhamento com o nosso tempo χρόνος (Chronos) 1 Ao cunharem duas palavras para qualificarem o tempo vivido, cada uma das possibilidade (Kronos/Kairós) designava não apenas uma qualidade De tempo, mas também indicava uma representação divina vinculada à possibilidade. 4

Mas, impossível o ser humano antever esse momento até que ele ocorra. O tempo καιρός marca a qualidade enquanto o tempo χρόνος marca a quantidade. Mas, tudo ocorre de acordo com a vontade de Deus. ANEXO Na figura abaixo, vemos a atuação divina nos dois tempos: χρόνος (Chronos) e kairós (χρόνος) Tempo Filosófico: Para a femenologia Hideggeriana o tempo do sujeito é sempre o tempo presente, aquilo que chamamos de passado e futuro só existe quanto presentificados pelo sujeito que os evoca, assim o mais correto seria considerar um passado do presente e um futuro do presente, já que uma vez vivida a experiência, ela só poderá ser evocada, em uma atualização pela experiências presente, assim é impossível viver plenamente o passado. http://www.repositorio.ufc.br/ 5

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Enciclopédia Barsa,1999 Disponível: http://pt.notices-pdf.com/o-prisioneiro-do-ceu-pdf.html#a9 20/11/2015 Disponível: http://www.4shared.com/web/preview/pdf/bw8hp--tba - 20/11/15 PIMENTEL, Manoel, De Chronos a Kairós Editora Ideias e letras 2008. Disponível: www.revistausp.br 22/11/2015 Dicionário: Grego Português Editora: Livraria Apostolado da Imprensa 6ª Edição. (1984) http://www.repositorio.ufc.br/ - 24/11/2015 6