Análise do DNA em vestígios encontrados na cena de crime por meio de microssatélites

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Transcrição:

Análise do DNA em vestígios encontrados na cena de crime por meio de microssatélites Thaís de Miranda Grochocki ¹; Paulo Roberto Martins Queiroz ²; ¹Bióloga. Aluna da Pós-Graduação em Biociências Forense, pela Universidade Católica de Goiás/IFAR. ²Biólogo. PhD. Biologia Animal. UnB. Professor do IFAR/PUC-GO. Endereço: IFAR Instituto de Estudos Farmacêuticos. SHCGN 716 BL B Lj 05 Brasília-DF CEP: 70770-732. E-mail: pqsilva@uol.com.br RESUMO Nos últimos anos, a perícia tem sido um tema muito presente nas atividades forenses. O objetivo deste trabalho foi descrever a importância da análise do DNA nos vestígios encontrados na cena de crime e os procedimentos de identificação por meio das técnicas de PCR utilizando microssatélites. A análise começa a partir do momento em que o perito chega na cena de crime, pois lá serão encontrados os vestígios que ajudam a descobrir o que aconteceu, como ocorreu e quem foi o responsável. A análise do DNA nos vestígios coletados têm sido de grande utilidade e importância na perícia, pois tem ajudado a desvendar as investigações de forma mais precisa. Com a técnica do STR (do inglês, short tandem repeat), por exemplo, é possível fazer a análise do DNA utilizando quantidades mínimas de amostra. Estas são técnicas que estão revolucionando a área forense e contribuindo para a solução dos casos. Palavras chave: DNA; Microssatélites; Vestígios; Perito; Cena do crime; ABSTRACT In recent years, expertise has been a topic very present in forensic activities. The objective of this work was to describe the importance of DNA analysis in traces found in the crime scene and the procedures for the identification by means of the techniques of PCR using microsatellite. The analysis starting from the moment that the expert arrives in the crime scene, because there will be found traces that help to discover what happened, as has happened and who was responsible the forensic field and contributing to solve the cases. With the STR (short tandem repeat) technique, for example, it is possible to do DNA analysis using minimal amounts of sample. These are techniques that are revolutionizing the forensic field and contributing to solving the cases. Keywords: ADN; Microssatelite; Traces; Expert; Crime Scene;

1. INTRODUÇÃO Segundo Espíndula (2003) um dos graves problemas encontrados pelos peritos em locais de crimes é a dificuldade das entidades policiais em isolar e preservar o local. Este é um dos requisitos cruciais para que os peritos possam realizar o exame pericial de forma satisfatória, a fim de não se perder qualquer vestígio que tenha sido produzido no ato do crime. Os vestígios constituem-se em qualquer marca, objeto ou sinal sensível que possam ter relação com o fato investigado (MALLMITH, 2007). Os vestígios são de grande importância na resolução dos casos, pois por meio das análises feitas nestes é que o perito consegue descrever o que ocorreu, como ocorreu e quem cometeu o crime. Com o uso das técnicas baseadas em DNA as análises progrediram tecnicamente e foram desenvolvidos protocolos de análise cada vez mais precisos. Convém ressaltar que as análises de DNA podem ser complementadas a partir da detecção de proteínas presentes em fluidos corporais, tais como, sangue, saliva e sêmen, permitindo esclarecer os fatos ocorridos em uma cena de crime (KOSHINO, 2010). As técnicas de biologia molecular permitem a caracterização da variabilidade do genoma humano ajudando, assim, na identificação de indivíduos que possam estar relacionados direta ou indiretamente a um crime por meio de seu material biológico (MARANO et al., 2010). A molécula de DNA possui regiões polimórficas que são utilizadas como marcadores genéticos, determinando a identidade genética de cada pessoa e estabelecem um vínculo entre indivíduos (SILVA, 2009). A tipagem de polimorfismos humanos ao nível do DNA é hoje considerada um dos métodos mais sensíveis, específicos e informativos para a identificação humana (PENA, 2005; LIMA, 2006; KOCK; ANDRADE, 2008). Os primeiros marcadores de DNA utilizados na identificação humana eram conhecidos como minissatélites. Estes ocupam loci ou regiões nas quais acontecem repetições de conjuntos de oligonucleotídeos in tandem, que significa que ocorrem de forma consecutiva, porém foram substituídos pelos microssatélites (STR s -

do inlgês, short tandem repeats), que são repetições curtas in tandem (JOBIM et al., 2008). Os microssatélites são utilizados como marcadores genéticos por possuírem um alto nível de polimorfismo encontrado em seu locus proporcionando, assim, sua utilização em diversos estudos de análise de indivíduos (PROSDOCIMI, 2011). A detecção de regiões repetitivas do DNA, tais como, os minissatélites (VNTR - do inglês, variable number of tandem repeat) e os STR s são os métodos mais utilizados na identificação humana (SILVA, 2009). A análise dos vestígios deixados na cena de crime é fundamental para a identificação do criminoso e para a resolução dos casos investigados pelos peritos criminais, sendo a análise do DNA um dos métodos mais precisos para a identificação humana. Sendo assim, faz-se necessária uma descrição dos principais métodos de coleta e de análise de DNA de vestígios para servir de consulta àqueles interessados nesse assunto contribuindo, assim, no aperfeiçoamento técnico e obtenção de resultados mais precisos. O objetivo deste trabalho foi descrever a importância da análise de DNA nos vestígios encontrados na cena do crime e os procedimentos de identificação por meio das técnicas de PCR utilizando microssatélites. 2. METODOLOGIA A metodologia consistiu em buscas em bases de dados nacionais e internacionais, tais como, Scielo, Google Acadêmico, NCBI e BIREME. Foram utilizados artigos e livros relacionados à criminalística para a elaboração do texto. Por ser um assunto recente foram utilizadas bibliografias publicadas nos últimos de anos. Os termos utilizados na pesquisa foram DNA forense, identificação humana, análise de DNA, vestígios na cena do crime, forensic science e human DNA identification. 3. DESENVOLVIMENTO 3.1 Vestígios

Segundo White (2010) o valor probatório dos vestígios começa no local investigado, pois se algum vestígio for deixado para trás ou, então, for manuseado incorretamente de forma que este procedimento o inviabilize ou o contamine, mesmo que ocorra uma análise laboratorial, não será possível corrigir o problema, pois a cena do crime não pode ser reanalisada de forma a tentar obter vestígios adicionais. O local de crime não se restringe apenas à área na qual o ato foi praticado, sendo dividido em duas partes: a) cena primária, sendo um local ou objeto onde o crime ocorreu ou onde há grande concentração de vestígios físicos; b) cena secundária, locais ou objetos onde vestígios físicos são encontrados, porém longe da cena primária do crime, mas tendo relação com o fato (MONTEIRO, 2010). Uma investigação de crime para os peritos pode levar semanas ou meses, para então conseguir identificar criminosos ou vítimas, ao invés de procedimentos que levam apenas algumas horas. Nem sempre consegue-se chegar a um suspeito em todos os casos analisados (YOUNT, 2007). Cabe ao perito providenciar provas incriminatórias ou inocentárias, quando há indiciação de suspeitos (WHITE, 2004). Segundo Monteiro (2010) o perito deve saber lidar com as cenas de crime, protegendo e processando os vestígios antes que os mesmos se danifiquem ou sejam destruídos. A investigação e o exame da cena de crime possuem diferentes análises como identificação, registro e recolha de potenciais vestígios, sendo a investigação também responsável pela interpretação das circunstâncias envolventes do cometimento do crime. Os locais de crime, assim como, os vestígios nele contidos devem ser fotografados do modo como foram encontrados ou feitos desenhos esquemáticos (OLIVEIRA, 2006). Durante a coleta e manipulação de material biológico é indispensável a utilização de luvas descartáveis que deverão ser trocadas a cada coleta, máscara cirúrgica, touca, avental e sapatilha, para que não haja contaminação do material. O ideal é utilizar instrumentos e

materiais estéreis e descartáveis, devendo ser reutilizados somente se houver limpeza e esterilização, para que não haja mistura de materiais biológicos. Os vestígios coletados devem ser colocados em embalagens adequadas conforme a natureza de cada amostra. As amostras destinadas ao exame de DNA não deverão entrar em contato com substâncias químicas como, por exemplo, água oxigenada, formol, substâncias cáusticas podendo causar prejuízo a viabilidade da análise (SILVEIRA, 2009). O uso do material protetor minimiza a hipótese de os peritos deixarem evidências, quer na cena de crime, que nos próprios vestígios, como DNA, impressões digitais, células da pele, podendo causar contaminação da amostra, mudando, assim, a interpretação dos resultados. Além disso, caso não haja proteção por parte do perito, pode este levar consigo vestígios da cena de crime para o laboratório ou para junto de outros vestígios do crime. E, também, o uso do material protetor dificulta a ocorrência de acidentes de natureza biológica, física e química na cena de crime ou que possam estar relacionados com a investigação (MONTEIRO, 2010). 3.1.1. Vestígios Físicos Os vestígios físicos podem ser de variadas formas: macroscópicas, microscópicas, vivas, inanimadas, sólidas, líquidas ou gasosas (MONTEIRO, 2010). O perito deve procurar por vestígios físicos, porém a sua ausência também será uma informação valiosa, podendo ser sinal que a cena de crime analisada é secundária, sendo necessária a expansão do local de análise ou procura por um local no qual tenha ocorrido a cena primária (CHISUM; TURVEY, 2007). Um detalhe muito importante que o perito precisa se atentar é para os vestígios que já se encontravam no local antes da ocorrência do delito. O perito terá que identificar quais os vestígios que podem estar associados ao crime e quais já estavam no local quando ocorreu o fato, sendo a parte mais difícil da análise (MOZAYANI; NOZIGLIA, 2006).

3.1.2. Vestígios biológicos e não biológicos Os principais vestígios encontrados e aqueles em que se pode fazer análise de DNA são: - Marcas de dentadas: comum em casos de ofensas sexuais, permitindo estabelecer ligações entre ofensor e vítima e ofensor e cena de crime. Podendo ser marcas feitas pelo ofensor na vítima ou as marcas da vítima no ofensor ou, então, encontradas em objetos deixados pelos ofensores (MONTEIRO, 2010). - Impressões digitais: os peritos devem se atentar para três tipos de impressões: latentes, visíveis e plásticas. A impressão latente pode estar incompleta ou ser de difícil observação. Já a visível é aquela que logo se identifica e as plásticas são aquelas que são impressas, geralmente em superfícies argilosas, de cimento, dentre outras. Outro fator importante das impressões digitais são as três características dos desenhos digitais: a imutabilidade (o desenho digital não muda desde o sexto mês de vida fetal até a putrefação cadavérica), variabilidade (o desenho digital varia de dedo para dedo e de pessoa para pessoa) e perenidade (o desaparecimento do desenho digital só se dá com a putrefação cadavérica) (ADLER et al., 2009). - Saliva: sua amostra é relativamente simples e não invasiva e por meio de pequenas quantidades pode-se extrair DNA para comparação, assim como, inferir o tipo de sangue do doador. A sua presença pode ser detectada por meio de utilização de luzes ultravioleta e sua coleta por esfregaços que precisam secar, ao ar livre, antes de serem colocados em embalagens apropriadas (GUNN, 2009). - Cabelos: pode-se identificar, pela análise desse vestígio, se é proveniente de um animal ou de um indivíduo e se for deste, se é da vítima ou de um possível agressor. O mais importante é que pelo cabelo revela-se a possível raça do indivíduo e de que parte do corpo é proveniente. Pela análise da raiz do cabelo é possível extrair o DNA que vai permitir a

identificação do doador. Para sua coleta é necessária a utilização de luvas ou pinças e seu armazenamento deverá ser feito em envelopes de papel, selados (GUNN, 2009; SILVEIRA, 2009; MONTEIRO, 2010). - Fibras e filamentos: estes vestígios incluem fios de origem natural e manufaturadas e são encontrados e recolhidos nas cenas de crime e nas vítimas e ofensores, sendo importantes por serem transferidos facilmente entre pessoas e entre pessoas e objetos, podendo também sua presença indicar a natureza do crime. Podem ser recolhidas manualmente ou com o uso de fitas, pinças e aspiração e embrulhados em papel, depois transferidos para envelopes de papel selado (MONTEIRO, 2010). - Sêmen: um dos vestígios mais encontrados e recolhidos durante a investigação. A análise de DNA a partir destas amostras pode estabelecer ou anular ligações sobre determinados suspeitos de crime. A mancha do sêmen pode ser detectada mesmo depois de anos, sob luz azul e são facilmente detectadas nas cenas de crime ou roupas. Sua detecção pode ser feita por meio de um esfregaço, utilizando uma fibra de algodão ou um cotonete umedecido com a adição de uma solução ácida. Caso seja uma mancha, deve ser seco, ao ar livre, sem a adição do ácido e colocado em envelopes de papel (GUNN, 2009; MONTEIRO, 2010;). - Unhas: os fragmentos de unhas apresentam determinadas estrias que podem ter correspondência com o suspeito. Podem ser encontrados fragmentos ou unhas inteiras na cena de crime (DEL-CAMPO, 2008). - Armas de fogo: nunca devem ser transportadas para o laboratório, carregadas. Devem ser envoltas em papel e colocadas em caixa resistente (ADLER, et al., 2009). - Células epiteliais: podem estar presentes na roupa, nas pontas de cigarro, na urina, vômito, garrafas de água, dependendo do contato que o indivíduo teve com o objeto. Este material pode ser coletado pelo uso de fita ou por esfregaço (GOODWIN et al., 2007). - O sangue também é um vestígio muito importante, a identificação dele e a sua classificação, levando em conta o tipo de grupo sanguíneo e o fator rh, a caracterização das

enzimas das células vermelhas, os marcadores genéticos e o perfil de DNA, tem permitido cada vez maior nível de individualização do sangue. A informação fornecida pela análise do sangue tem muita importância, pois ajudam na identificação do indivíduo responsável pelo sangue e também revela como o sangue está depositado (MOZAYANI; NOZIGLIA, 2006). As manchas de sangue às vezes não são visíveis na cena de crime, pois dependem de como elas se formaram ou, por vezes, o ofensor limpa. Porém, uma vez o sangue estando derramado, é muito difícil eliminar completamente a sua presença. Por isso, são utilizados métodos quimioluminescentes nas cenas de crime, revelando assim resíduos provenientes de tentativas de limpeza ou redução da visibilidade da mancha (MONTEIRO, 2010). Manchas de sangue podem ser encontradas em diversos locais como chão, teto, objetos presentes no ambiente, dentre outros. A interpretação das manchas de sangue deve ser completa após análise no laboratório, para então saber se pertence ao crime investigado ou, então, a outra situação ocorrida anteriormente, pois pode ocorrer em locais onde já possui uma história de violência, confundindo assim os vestígios anteriores com os atuais (CHISUM; TURVEY, 2007). Além dos vestígios relatados encontram-se também em cenas de crime roupas, ossos, dentes, líquido amnióticos, fezes, urina, entre outros (DOLINSKY et al., 2007). Após a coleta dos vestígios cabe ao perito criminal proceder à análise laboratorial dos mesmos. Estas podem ser realizadas utilizando-se métodos físicos e químicos (OLIVEIRA, 2006). 3.2. DNA e sua importância na perícia Os ácidos nucléicos foram descobertos, em 1869, por Friedrich Miescher. Este isolou, por meio de técnicas, dos núcleos de células de pus de esperma de salmão, uma macromolécula, nunca antes identificada, que chamou de nucleína. Mais tarde passou a se chamar ácido nucléico. No início do século XX o bioquímico Kossel evidenciou a existência de dois ácidos

nucléicos: o ácido desoxirribonucléico (DNA) e o ácido ribonucléico (RNA). O DNA contém o gene enquanto que o RNA serve como agente intermediário na atividade do gene (GRIFFITHS et al., 2001). O DNA pode ser extraído de amostras de sangue, esfregaços bucais, saliva, osso, dente, tecidos, órgãos, fios de cabelo, sêmen, urina, entre outros materiais biológicos que são geralmente encontrados no local de crime. Encontra-se o DNA nos cromossomos do núcleo (DNA genômico) e nas mitocôndrias. A análise do DNA mitocondrial para fins forenses fica reservada para tecidos antigos como ossos, cabelos, dentes e em grandes desastres (incêndios, explosões e queda de aviões) nos quais o DNA nuclear já não oferece mais condições de análise (VIEIRA et al., 2010). Apenas 0,1% das regiões da molécula de DNA apresentam variações na sequência de nucleotídeos, são os polimorfismos do DNA. As técnicas de identificação humana se apóiam na análise dessas regiões variáveis, de acordo com estudos de variabilidade não existem duas pessoas que apresentem a mesma sequência de DNA, com exceção dos gêmeos univitelinos (SILVA; PASSOS, 2006). Na área criminal, um dos objetivos da identificação humana por DNA é comprovar uma hipótese de que determinada pessoa é a fonte doadora de uma evidência biológica, está inclusa (quando as amostras biológicas são similares e originaram-se da mesma fonte), ou então exclusa (quando as amostras biológicas possuem origens diferentes) (PARADELA Et al., 2008). O DNA é uma molécula biológica que possui um importante papel na célula, pois é a fonte intrínseca de toda a informação genética, que determina as características individuais. Encontra-se no núcleo das células e todas que o contêm possuem cópias idênticas, durante a vida toda. Mesmo os indivíduos sendo únicos, a maior parte da sequência da molécula de DNA é semelhante para todos, sendo importante para o interesse forense a parte que difere entre indivíduos (MOZAYANI; NOZIGLIA, 2006; WONDER, 2007). A identidade genética pelo DNA é uma técnica complementar às impressões digitais

clássicas. A análise de amostras biológicas nos casos forenses teve início no século XX, utilizando-se os grupos sanguíneos ABO. Em 1985, a tipagem molecular do material genético foi utilizada pela primeira vez. Hoje são utilizados vários loci diferentes na investigação por análise de DNA (LIMA, 2006). Com o estudo do DNA, utilizando-se uma pequena quantidade de qualquer material biológico pode-se fazer uma análise ligando um suspeito ao crime. O DNA é muito sensível, podendo ser efetuada com o DNA de poucas células a tipagem do polimorfismo do DNA por PCR, a reação em cadeia da polimerase (BONACCORSO, 2005). O DNA presente em cromossomos é composto por regiões codificantes e não codificantes. Encontram-se presentes na região não codificante marcadores genéticos polimórficos, quer seja entre genes ou dentro de genes, que são empregados na atividade de identificação humana. A localização cromossômica de um gene ou marcador genético é denominado locus, podendo um segmento de DNA que ocupa um mesmo locus em diferentes cromossomos homólogos ser idêntico ou diferente (BUTLER, 2005). Nos últimos anos foram desenvolvidas diferentes técnicas de análise de DNA podendo, assim, os cientistas escolherem o método mais adequado para solucionar o caso. O método mais usado hoje é o estudo de regiões repetitivas de DNA, os STR s, podendo o número de repetições variar entre indivíduos e ser estudado pela metodologia de PCR (PENA, 2005). Com a técnica do STR é possível fazer a tipagem do DNA utilizando quantidades mínimas de amostra, desde um fio de cabelo até uma mancha de sangue. O resultado do estudo de vários marcadores é denominado perfil de DNA ou perfil genético, com isso se for feito um estudo de DNA extraído de algum vestígio coletado no local de crime utilizando-se treze marcadores genéticos, o resultado desse estudo será o perfil genético da pessoa que doou a amostra. Utilizando-se um número suficiente de marcadores genéticos, o resultado será um perfil de DNA que não se repetirá em nenhuma outra pessoa, sendo único daquela pessoa (SILVA; PASSOS, 2006). A análise do mtdna para fins forenses é utilizada na análise de tecidos antigos como

ossos, cabelos e dentes quando o DNA nuclear já não oferece mais condições de análise (REMUALDO, 2004; BONACCORSO, 2005). 3.3. Marcadores genéticos minissatélites e sua importância na análise forense A identificação humana surgiu para permitir analisar a variação do comprimento das sequências de repetições do DNA. Essas regiões de repetições são os VNTR s e, também, a técnica utilizada, conhecida como Restriction Fragment Lenght Polimorphism (RFLP), que faz com que uma enzima corte regiões de DNA envolventes aos VNTR s (BUTLER, 2005). Os VNTR s são marcadores genéticos altamente polimórficos que são gerados por um arranjo em sequência de múltiplas cópias de um pequeno segmento de DNA de 500 a 1000 pb de comprimento. A primeira técnica usada em tribunal para identificação humana foi o RFLP, no qual vários fragmentos da cadeia dupla de DNA são cortados por enzimas de restrição. Esta técnica estabelece diferenças entre os indivíduos, por meio dos padrões que os segmentos de DNA assumem quando são separados por tamanho. A presença ou ausência dos locais de restrição produzem fragmentos de DNA com comprimentos diferentes nas amostras de DNA. Então, os fragmentos são separados em gel de eletroforese e detectados por hibridação. Porém, o RFLP não é mais utilizado para identificação humana, sendo substituído pelo PCR, pois este aumenta o número de cópias a partir de uma pequena quantidade de DNA recolhida no local de crime, possibilitando a análise até de um material degradado, algo que não era possível com o RFLP, que precisa de grandes quantidades de amostra (JOBLING; GILL, 2004; KOCH; ANDRADE, 2008; MARANO et al., 2010; MONTEIRO, 2010). 3.4. Técnica de PCR A técnica de PCR foi descrita pela primeira vez em 1985, sendo reconhecida como uma técnica com potencial de utilização para análise de quantidades-traço de líquido biológico,

encontrado em área de interesse forense (GRIFFITHS et al., 2001). Esta técnica revolucionou a identificação humana por DNA, pois em poucas horas se obtêm bilhões de cópias de um determinado locus presente em um pequeno fragmento de DNA. A amplificação do DNA por PCR resulta em um grande aumento de sensibilidade, fazendo com que sejam analisados materiais biológicos degradados, encontrados em pequenas quantidades na cena de crime, sendo os marcadores genéticos representantes da identificação humana por DNA (JOBLING; GILL, 2004; BUTLER, 2005; GOODWIN et al., 2007). O uso da técnica de PCR tem duas vantagens: a identificação dos alelos é simples e a sensibilidade é elevada, porém também existe a desvantagem de ser suscetível a contaminação pela sua alta sensibilidade, exigindo cuidados especiais na hora da análise no laboratório (PENA, 2005). Outro fator é que os vestígios podem afetar na amplificação do PCR pela ação de inibidores presentes em amostras contendo substâncias como sangue ou sêmen depositados no solo, madeira ou outros materiais (MONTEIRO, 2010). Esses inibidores comprometem a amplificação causando a perda dos alelos dos segmentos de maiores dimensões de STR s ou mesmo perda total dos segmentos (BUTLER, 2005). Os fragmentos de STR são mais suscetíveis à análise por instrumental automatizado do que os fragmentos de DNA maiores de outros sistemas e, por isso, são normalmente empregados nos laboratórios de natureza forense (SILVA; PASSOS, 2002). 3.5. Marcadores genéticos microssatélites e sua importância na análise forense Os STR s são pequenas regiões que possuem pequenos segmentos de DNA (2 a 6 pares de base) em forma de arranjo que se repetem, ao longo da cadeia, uns atrás dos outros. Por isso, diz-se que é in tandem, sendo também encontrados em diferentes números entre os indivíduos de uma população. Os microssatélites mais informativos chegam a apresentar mais de uma dezena de alelos diferentes, cada alelo contendo um número específico de cópias.

Estes segmentos não codificam para nenhuma proteína. As diferenças detectadas nos alelos STR s devem-se ao tamanho das variações. São utilizados para as análises, uma vez que, são altamente polimórficos, independentes entre si, uma vez que, se localizam ou em diferentes cromossomos, ou em regiões muito afastadas no mesmo cromossomo. Quanto maior o número de microssatélites analisados, maior a população que pode ser excluída como possível suspeita do crime (BUTLER, 2005; GOODWIN et al., 2007; WONDER, 2007). O FBI (do inglês, Federal Bureau of Investigation) selecionou um conjunto de 13 STR s que passaram a compor o sistema CODIS (do inglês, Combined DNA Index em 1997 (MONTEIRO, 2010). O sistema CODIS consiste em um banco de dados de perfis de DNA de criminosos. Segundo Souza (2011) os principais marcadores utilizados pelo sistema CODIS na identificação criminal dos indivíduos são: TPOX (cromossomo 2), D3S1358 (cromossomo 3), FGA (cromossomo 4), D5S818 e CSF1PO (cromossomo 5), 11 D7S820 (cromossomo 7), D8S1179 (cromossomo 8), TH01 (cromossomo 11), VWA (cromossomo 12), D13S317 (cromossomo 13), D16S539 (cromossomo 16), D18S51 (cromossomo18), D21S11 (cromossomo 21), AMEL (cromossomo X) e AMEL (cromossomo Y). As sequências de STR s são responsáveis por cerca de 3% do genoma humano (BUTLER, 2006). Segundo Butler (2006) com o avanço das pesquisas, os cientistas descobriram os marcadores Y-STR e mini-str. Sendo mais importante neste estudo o uso dos marcadores mini-str que estão sendo criados para uma melhor recuperação de informações a partir de DNA degradado. Estes STR s flanqueiam regiões curtas da sequência de repetição melhorando a eficiência da amplificação (BUTLER, 2003; DIXON et al., 2006). Os SNP s (do inglês, Single Nucleotide Polymorphisms) são menos informativos para a identificação humana do que os marcadores STR s, pois eles são em sua maioria bi alélicos. Já os STR s apresentam mais de dez alelos por locus (GOODWIN et al., 2007). As vantagens dos SNP s é a facilidade desses polimorfismos serem analisados em larga escala por meio de tecnologias modernas. Milhares de SNP s podem ser analisados simultaneamente em um

único indivíduo. Além de serem úteis na análise de amostras degradadas encontradas na cena de crime (ALONSO et al., 2005). Na análise forense, a caracterização do material biológico tem por meta limitar ou reduzir o número de indivíduos que poderiam ser a fonte de material em análise. Quando a população analisada não é limitada pelas circunstâncias do caso, os métodos de maior poder discriminatório tornam-se recursos importantes. Por meio do estudo com o DNA, o poder discriminatório pode mudar isso e permitir a identificação (SILVA; PASSOS, 2002). Os vestígios encontrados na cena do crime não fornecem quase nenhuma informação por si só, porém quando se faz análise por DNA, pode-se encontrar provas que identifiquem o suspeito (MONTEIRO, 2010). Para que a técnica de identificação pelo DNA tenha sucesso a amostra biológica a ser analisada deve ser corretamente escolhida, coletada, transportada e armazenada (SILVA; PASSOS, 2006). O DNA pode identificar e vincular suspeitos ao crime e pode distinguir crimes isolados de crimes em série, pode inocentar pessoas falsamente acusadas e pode identificar restos mortais de uma vítima pela comparação com DNA dos parentes biológicos. Se o perfil de DNA obtido pela amostra for coincidente com o perfil genético do suspeito, pode-se afirmar que o suspeito é doador da amostra encontrada no local de crime (SILVA; PASSOS, 2006). A variabilidade humana em termos de DNA é enorme. Se forem escolhidos dois genomas humanos ao acaso irá diferir aproximadamente uma de cada 500 bases do DNA (STRACHAN; READ, 2002). Até março de 2004, tramitavam na Câmara Federal, trinta e um projetos de lei relacionando o papel do exame de DNA para fins de identificação humana. Observa-se a cobrança da sociedade e a preocupação do Estado nos últimos anos em respaldar legalmente a utilização do DNA para tal fim (VIEIRA et al., 2010). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise forense do DNA é um campo que está em constante desenvolvimento, principalmente na área científica e tecnológica. Perceber as propriedades e os princípios científicos da detecção e dos testes de DNA tem refletido numa escolha mais correta e apropriada por parte dos peritos a partir dos vestígios que devem ser colhidos na cena do crime, uma vez que, os peritos estão cada vez mais aptos a interpretar os dados após a análise do local investigado. Por meio de técnicas de análise de DNA, suspeitos podem ser ligados a locais de crime pelo estudo de pequenos vestígios biológicos oriundos como, por exemplo, sangue impregnado em algum objeto encontrado ou pêlos e cabelos em roupas. O sucesso na análise de DNA começa com o devido isolamento do local do crime. Cuidados na hora da coleta dos vestígios para que não haja contaminação e, também, para que todos os vestígios importantes sejam analisados. Por fim, a interpretação adequada na hora da análise dos resultados. É necessário que invistam na técnica de análise de DNA por meio de microssatélites por serem de grande utilidade e eficiência na elucidação de crimes. A análise de DNA contribui de forma importantíssima nos processos de identificação humana. Os microssatélites são abundantes no genoma humano, fornecendo uma variedade para escolha dos loci para os testes de identificação. Há necessidade de aumentar a utilização da análise de DNA para identificação humana nos casos forenses. Percebe-se, de acordo com os trabalhos publicados nos últimos anos, que a identificação humana tem sido uma área de constante crescimento, ajudando os peritos nas análises cada vez mais precisas dos casos investigados. 5. REFERÊNCIAS ADLER, Joanna et al. Forensic Science. California: Salem Presso, 2009. ALONSO, Antonio et al. Challenges of DNA Profiling in Mass Disaster Investigations. Croatian Medical Journal, Croatia, v. 46, n. 4, p. 540-548, 2005.

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