SISTEMA MULTIMÍDIA PARA ESTUDO DA CINEANGIOCORONARIOGRAFIA

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Transcrição:

SISTEMA MULTIMÍDIA PARA ESTUDO DA CINEANGIOCORONARIOGRAFIA Jaildo Tavares Pequeno Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba Núcleo de Tecnologias da Informação em Saúde Av. 1º de Maio, 720 Jaguaribe 58.015-430 João Pessoa Paraíba - Brasil e-mail: jpequeno@cefetpb.br jpequeno@terra.com.br Mário Toscano de Brito Filho Universidade Federal da Paraíba Núcleo de Estudos e Tecnologia em Engenharia Biomédica E-mail: mtoscano@cardiol.br RESUMO O presente texto apresenta as etapas utilizadas na construção de um sistema com interface multimídia para o estudo do exame de cineangiocoronariografia, mostrado também alguns conceitos importantes que fizeram parte do conteúdo de pesquisa para a criação deste sistema. Tal sistema é uma ferramenta de ensino à disposição dos profissionais da área da saúde interessados na interpretação de imagens angiográficas dinâmicas de obstruções coronarianas. O sistema apresenta 42 imagens estáticas e mais 42 imagens de vídeos com trechos do exame de cineangiocoronariografia que demonstram todas as possíveis obstruções coronarianas em artérias nativas. 1. INTRODUÇÃO A evolução tecnológica atual na área de informática permite a obtenção de dados de diversas fontes e seu armazenamento no computador e em periféricos auxiliares. Um dos meios que possibilita traduzir esses dados em informações, tirando-os do computador e apresentando-os ao usuário, é a multimídia, que consiste em apresentações de estilo virtual de sons, imagens, vídeos, textos e animações. Esse tipo de apresentação tem por finalidade esclarecer assuntos, indicar tendências, informar, ensinar, demonstrar ou simplesmente divertir. Cada vez mais, é freqüente o uso deste tipo de recurso, seja no ensino, na pesquisa ou no entretenimento. Na área médica, sistemas deste tipo têm inúmeras aplicações, entre elas: criação de tutoriais para o ensino e a compreensão de diversos tópicos da área médica, sistema de telemedicina, que visa o monitoramento remoto de uma atividade médica efetuada a uma certa distância, sem a presença física do profissional de saúde, e sistemas para armazenamento de imagens e informações do paciente, que permitem o armazenamento de imagens estáticas ou dinâmicas de procedimentos médicos, além dos dados pessoais e clínicos do paciente analisado e acompanhado. O trabalho aqui descrito pretende auxiliar os profissionais da área de saúde, sejam clínicos gerais, cardiologistas, enfermeiros, residentes, estudantes de medicina ou de enfermagem, treinamento na localização de obstruções coronarianas, através de 42 imagens estáticas referenciais com as lesões coronarianas assinaladas, e mais 42 vídeos em que essas lesões são mostradas em movimento como se vê em qualquer registro de cineangiocoronariografia ao ser analisado, tudo isso, por meio de um microcomputador pessoal com recursos multimídia. 2. MOTIVAÇÃO A aterosclerose, a principal causa de morbidade e mortalidade na civilização ocidental [1], é um processo inflamatório progressivo, de etiologia multifatorial, que se inicia geralmente na infância e produz manifestações clínicas no adulto, quais sejam infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença vascular periférica [2]. A doença arterial coronariana (DAC), sua forma mais freqüente e letal, é hoje a primeira

causa de morte na maioria dos países, inclusive no Brasil [3]. A doença arterial coronariana tem maior incidência na raça branca, a partir dos 45 anos em homens, e a partir dos 55 anos em mulheres [4][5]. As coronariopatias permanecem sendo a causa principal de óbito nos Es tados Unidos, apesar da redução observada nos últimos vinte e cinco anos. Anualmente, naquele país, 5,4 milhões de indivíduos são diagnosticados como apresentando coronariopatias, e cerca de 550.000 mortes por ano são atribuídas à aterosclerose coronariana [7]. Durante o período de 1970 e 1988, foram analisadas as taxas de óbitos por coronariopatias em 31 países. Nesse período, os países, principalmente do Leste Europeu, apresentaram aumentos na mortalidade por coronariopatias. O maior aumento observado foi na Romênia, onde houve a elevação de 85% nas taxas de mortalidade por doenças coronarianas. Ao contrário dos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Israel que apresentaram reduções significativas nas suas taxas de óbitos por enfermidades ateroscleróticas [8]. Estas posições devem-se ao fato dos investimentos feitos na área de saúde, com a ampliação de medidas preventivas e do diagnóstico precoce no tratamento de doenças coronarianas [9]. Nos últimos anos, no Brasil, observou-se um decréscimo na mortalidade por doenças infecciosas e materno infantil e um concomitante aumento das doenças crônico-degenerativas, dentre elas as doenças cardiovasculares. Em 1930, as doenças cardiovasculares eram responsáveis por 11,8% do total de óbitos da população brasileira, aumentando para 30% em 1980, e para 34% em 1988 [6]. 3. CONCEITOS IMPORTANTES 3.1. CINEANGIOCORONARIOGRAFIA A cineangiocoronariografia é um exame invasivo, popularmente conhecido como cateterismo cardíaco, cujo objetivo é estudar a anatomia coronariana de um paciente, identificando e quantificando as lesões coronarianas que porventura sejam encontradas e passem a desencadear episódios de angina ou infarto agudo do miocárdio. É realizado mediante a injeção seletiva de contraste nos óstios coronarianos principais direito e esquerdo, e proporciona uma avaliação do grau de obstrução coronariana em várias projeções [10]. Pode ser realizado rotineiramente por via braquial (braço), femoral (virilha) ou radial (pulso), com a introdução de cateteres que vão até o coração, com as imagens sendo obtidas com o uso de contraste iodado e de raios-x. O exame é praticamente indolor e os riscos são mínimos, ainda que existam, porém, mais elevados para pacientes com doenças mais graves. A terminologia proposta por Paulin [11], para as projeções radiográficas do exame de cineangiocoronariografia, são: oblíqua anterior direita (OAD), oblíqua anterior esquerda (OAE), cranial (ACR) e caudal (ACA). Além destas utiliza-se combinações entre as projeções ablíquas anteriores direitas e esquerdas, com a cranial e a caudal. 3.2. IMPORTÂNCIA DA CINEANGIOCORONARIOGRAFIA A cineangiocoronariografia com ventriculografia é um exame complementar de grande importância no diagnóstico da doença arterial coronariana por ser o único em uso rotineiro a possibilitar precisão na identificação, localização e quantificação de lesões coronarianas em cardiopatas, através da visualização e análise de sua anatomia coronariana. Além disso, o método permite o estudo da função ventricular, através do cálculo da fração de ejeção obtido das imagens em diástole e em sístole da ventriculografia esquerda, permitindo finalmente, o estudo do movimento segmentar da parede do ventrículo esquerdo [10][11]. Além do mais, este procedimento propicia resultados mais precisos do diagnóstico médico, devido a sua melhor qualidade na captura das imagens o que, conseqüentemente, resulta numa maior adequação na detecção de doenças coronarianas existentes. A ventriculografia esquerda é realizada por meio de uma via arterial, passando-se o cateter pela valva aórtica para dentro do ventrículo esquerdo. De modo geral, é injetada, através de um injetor automático, uma dose de aproximadamente 30ml de contraste, no interior do ventrículo esquerdo. Por meio de um sistema óptico, as imagens são registradas nas fases sistólica e diastólica do ciclo ventricular numa freqüência que permita uma imagem de boa qualidade, geralmente a 30 quadros por segundos. Assim acontecendo, registra-se as imagens necessárias para um diagnóstico adequado [12]. 3.3. TÉCNICA DE CATETERISMO As principais técnicas para realização de exames de cineangiocoronariografia são o método de Sones ou acesso braquial, o método de Judkins ou acesso femoral percutâneo e o método de Campeau ou acesso radial.

A angiografia coronariana seletiva foi proposta por Dr. Mason Sones, em 1959, que desenvolveu cateter para tal, consistindo num método em que se disseca a artéria braquial direita, à altura do cotovelo, procede-se nela uma incisão longitudinal em torno de 1 mm, injetando-se uma solução contendo 5000 UI de heparina sódica no segmento distal do vaso, visando impedir a coagulação do sangue, durante o procedimento. Em seguida, o cateter de Sones é introduzido no segmento proximal, avançando-se até a raiz da aorta. Com a extremidade distal do cateter a esta altura, o hemodinamicista realiza manobras no intuito de formar uma alça adequada para cateterizar seletiva e seqüencialmente as coronárias direita e esquerda. Após as injeções de contraste iodado (por volta de 8 ml por injeção) em cada artéria, nas projeções oblíqua anterior direita, oblíqua anterior esquerda e outras que se fizerem necessárias para maior precisão diagnóstica, o cateter é removido lenta e cuidadosamente. A artéria braquial e, em seguida, a pele são então suturadas, sendo a incisão cirúrgica coberta com curativo compressivo estéril. O paciente é então retirado do laboratório e reconduzido ao quarto, tendo o exame a duração média de 45 minutos [12]. O método de Judkins surgiu em 1967 é, atualmente, o método de diagnóstico mais comumente usado, no mundo, em arteriografia coronariana [13]. Neste método é identificado, na região inguinal, o ponto de pulsação máxima da artéria femoral, sendo realizada uma punção, com um jelco 16. Instala-se um introdutor, através do qual são colocados os cateteres pré-moldados de Judkins, utilizando-se um fio guia revestido de Teflon. Quando se observar a protusão do fio e/ou o cateter entrando em um dos ramos do arco aórtico, este deve ser retirado, retrogradamente, sendo o guia puxado em direção ao cateter e ambos conduzidos em direção à aorta ascendente. Uma vez na aorta ascendente, o guia é retirado e a concavidade do cateter segue a concavidade do arco aórtico. O cateter esquerdo procura naturalmente o óstio coronário esquerdo, no qual é injetado o contraste. Após a visualização da artéria coronária esquerda em múltiplas projeções, o cateter é então retirado e em seguida, colocado o cateter pré-moldado da coronária direita, em seu óstio, sobre o mesmo fio. Este cateter é manipulado até a aorta ascendente, retirando-se o fio guia, e avançando o cateter com a extremidade angulada, apontada para a face da curva do arco aórtico. Uma vez na raiz da aorta, o cateter é rodado, de forma que sua ponta projete-se para frente e para direita do paciente. Após a visualização desta artéria, o cateter é retirado, sendo aplicada pressão sobre a área inguinal até se obter uma hemostasia adequada. O paciente é então liberado do laboratório de hemodinâmica com um curativo compressivo no local. O paciente permanece deitado no leito, cerca de 12 horas em observação, e então volta progressivamente as suas atividades normais [12]. A técnica da artéria radial percutânea, proposta por Campeau, em 1989, supõe um teste de Allen normal, que deve ser realizado previamente. Este teste consiste na compressão manual de ambas as artérias radial e ulnar, durante o aperto do punho, devendo a mão já aberta retornar a cor normal até 10 segundos após a liberação da pressão sobre artéria ulnar, tendo-se mantido a pressão sobre a artéria radial.o braço é abduzido e o pulso hiperestendido em cima de um rolo de gase. Na pele anestesiada é feita uma pequena incisão em nível do processo estilóide do rádio e realizada divulsão do tecido celular subcutâneo sobre o trajeto da artéria radial naquele ponto. Uma agulha de calibre 18 é introduzida num ângulo de 45 graus e um fio guia com a extremidade em forma de "J", com diâmetro de 0.035 ou 0.038 polegadas é inserido e sobre ele introduzida uma bainha longa de 23 cm e diâmetro 4 a 7F. Uma dose de 5000 UI de heparina é administrada, através do braço da bainha. O cateter 5F avança sobre fio de troca dentro da aorta ascendente. A coronária esquerda é intubada usando-se um cateter com ponta de Judkins de esquerda de 4cm (JL 4.0), um Amplatz de esquerda, ou um Castillo braquial tipo II. A coronária direita é intubada usando-se um cateter com ponta de Judkins de direita de 4cm (JR 4.0), um Amplatz de direita, ou um cateter multiuso. A hemostasia é obtida no final do procedimento, depois da remoção da bainha, usando-se a pressão digital. O pulso radial deve ser monitorizado regularmente por várias horas depois do exame [12][14][15]. 3.4. ANATOMIA CORONARIANA O Tronco da Coronária Esquerda é a maior artéria em diâmetro, mas varia em comprimento, indo de poucos milímetros até alguns centímetros. Origina-se no seio anterior esquerdo da aorta, e situa-se entre o tronco pulmonar e o apêndice auricular esquerdo. Dirige-se anteriormente e para baixo, emergindo no sulco atrioventricular, e em seguida curva-se para esquerda. Ao atingir o sulco atrioventricular, geralmente, bifurca-se nos ramos, descendente anterior esquerdo, e circunflexo[16], suprindo desta forma um grande volume do miocárdio, incluindo quase todo o ventrículo e o átrio esquerdos, e a maior parte do septo interventricular [17]. A Artéria Descendente Anterior é comumente descrita como continuação do tronco da coronária esquerda. Desce obliquamente para frente e à esquerda da valva pulmonar, emergindo no sulco interventricular anterior, alcança o ápice, podendo aí terminar, porém é mais freqüente curvar-se em torno do ápice no sulco interventricular posterior e, aproximadamente, um terço do seu comprimento atravessa este sulco [17]. Os 2/3 anteriores do septo interventricular e a porção anterior do ventrículo esquerdo são nutridos pelos ramos da descendente anterior. A artéria descendente anterior pode ser bem visualizada em todas as projeções. Na

projeção OAD, estende-se em direção ao ápice cardíaco; na projeção OAE, passa abaixo da linha média do coração, entre os ventrículos direito e esquerdo. Os ramos da artéria descendente anterior são: os diagonais e os septais [12]. Os Ramos Diagonais são ramos da descendente anterior. Têm um trajeto diagonal ao longo da parede livre do ventrículo esquerdo, na parte média entre o sulco interventricular anterior e a margem esquerda do coração. Irriga a parede lateral alta do ventrículo esquerdo. O primeiro diagonal, freqüentemente, se origina próximo à bifurcação da coronária esquerda. As melhores projeções para observar a origem e o trajeto dos ramos diagonais são a OAE e oblíqua anterior cranial direita. Na projeção OAE, o ramo diagonal parece passar ao longo da borda da imagem cardíaca esquerda [12]. Os Ramos Septais originam-se da artéria descendente anterior esquerda e se localizam no septo interventricular, num ângulo de cerca de 90 o. Dispõem-se ao longo do septo, da frente para trás, e numa direção caudal, com distribuição para cerca de dois terços da porção superior do septo; perfundem quase todo o septo em seu terço inferior. O primeiro ramo septal é de extrema importância, pois sua origem serve para separar o terço inicial da artéria descendente anterior do seu terço médio. A primeira septal é observada na projeção OAD como um vaso que se origina num ângulo exatamente oposto a 90 o do vaso principal, passando verticalmente em direção ao diafragma, no meio da imagem cardíaca. A primeira septal é observada inteiramente diferente, na projeção OAE, na qual parece passar acima da artéria descendente anterior esquerda, inclinando-se da direita para esquerda e de cima para baixo, com um trajeto paralelo ao da artéria descendente anterior esquerda. Os ramos septais mais craniais são melhores demonstrados do que os ramos septais mais inferiores, pois são de maior comprimento e calibre [12]. A Artéria Circunflexa origina-se do tronco da artéria coronária esquerda, ao nível do sulco atrioventricular esquerdo anterior, abaixo do apêndice auricular esquerdo. Curva-se para esquerda no sulco atrioventricular, continua em torno da margem esquerda do coração. Passa, posteriormente, ao longo do sulco atrioventricular esquerdo, em direção ao crux cordis, no entanto, este só é alcançado em 16% dos casos. Nos 84% dos casos restantes, a artéria circunflexa termina em posição distal à margem esquerda, sem alcançar o sulco interventricular posterior [17]. Os ramos da artéria circunflexa perfundem a margem obtusa do coração e toda a sua parede posterior. Nas projeções OAD e antero-posterior, o primeiro vaso que se origina da artéria coronária esquerda, geralmente é a artéria circunflexa, que segui na direção, inicialmente, caudal e em seguida, para o centro do coração, formando um círculo. Continuando seu trajeto, ao longo do sulco atrioventricular esquerdo, toma uma direção oposta à artéria descendente anterior, na projeção OAE, desloca-se no sentido caudal posterior, em direção a coluna vertebral. Ocasionalmente, contorna a margem posterior do coração. A porção proximal é mais bem visualizada na projeção OAE, e para melhor se observarem as outras porções utiliza-se a projeção OAD. A artéria circunflexa dá origem aos ramos marginais esquerdos e, eventualmente, ao ramo circunflexo atrial e ao ramo do nó atrioventricular [12]. Os Ramos Marginais Esquerdos seguem seus trajetos, ao longo da parede ventricular, lateral e posteriormente ao longo da metade esquerda do coração, na direção do ápice. Na projeção oblíqua anterior direita, é ligeiramente inclinada em relação ao trajeto da descendente anterior [12]. Supre grande parte do ventrículo esquerdo adjacente, geralmente até o ápice [17]. A Artéria Coronária Direita origina-se a partir do seio anterior direito da aorta, e passa anteriormente e à direita entre o apêndice auricular direito e o tronco pulmonar. Na projeção oblíqua anterior direita, situa-se à esquerda do observador, dirige-se para o esterno e, logo depois, curva-se para baixo, acompanhando o sulco atrioventricular direito na direção da margem direita do coração e, quando a atinge, faz uma curva no sentido posterior e acompanha o sulco atrioventricular em direção ao crux cordis. Na projeção oblíqua anterior esquerda, onde é mais bem observada, é visualizado um ângulo bastante raso. Na projeção oblíqua anterior direita, este ângulo é agudo e os lados anterior e superior podem estar superpostos. Em 84% dos casos, a coronária direita alcança o nível de crux cordis e termina um pouco à esquerda dele e, neste ponto, dá origem ao ramo descendente posterior, a artéria do nó átrio-ventricular, a um ou mais ramos ventriculares posteriores. Emite ainda os seguintes ramos: ramo do cone, ramo do nó sinusal, ramos ventriculares direito, ramo marginal direito.os ramos da coronária direita perfundem o átrio direito, parte do átrio esquerdo, ventrículo direito, septo interventricular póstero-superior, nó sinusal e nó atrioventricular [12]. A Artéria Descendente Posterior é considerada o segmento final e o ramo mais importante da artéria coronária direita. Origina-se na área do crux cordis ou próxima desta. Em 70% dos casos, a artéria descendente posterior não alcança o ápice do coração, mas se prolonga apenas por dois terços do sulco interventricular posterior. Seus ramos irrigam o septo interventricular e o ventrículo esquerdo diafragmático. Na projeção

oblíqua anterior esquerda, a artéria descendente posterior é consideravelmente encurtada, sendo mais bem visualizada na projeção oblíqua anterior direita cranial[12]. A Artéria Ventricular Posterior é um ramo da artéria coronária direita, cuja origem se dá além do crux cordis, ao longo da face diafragmática do ventrículo esquerdo. Segue o seu trajeto passando centralmente no ângulo formado pelo sulco atrioventricular posterior esquerdo e o sulco interventricular posterior. Nutre a face diafragmática do ventrículo esquerdo. A artéria ventricular posterior é melhor observada na projeção oblíqua anterior esquerda a 45 [12]. 3.5. SEGMENTAÇÃO DAS CORONÁRIAS Para efeito deste estudo, as artérias coronarianas foram subdivididas em 11 segmentos, conforme pode ser visto na tabela 1, e classificadas de acordo com os valores percentuais do grau de obstrução das lesões nos segmentos coronarianos selecionados, conforme pode ser visto na tabela 2. TABELA 1 Segmentação das artérias coronarianas 01. Tronco da coronária esquerda 02. Metade proximal da artéria descendente anterior (inclui óstio) 03. Metade distal da artéria descendente anterior 04. Principal ramo diagonal (ou mediano) quanto à extensão e calibre 05. Segmento proximal da artéria circunflexa (inclui óstio) 06. Segmento átrio-ventricular da artéria circunflexa 07. Principal ramo marginal da artéria circunflexa 08. Metade proximal da coronária direta (inclui óstio) 09. Metade distal da coronária direita (inclui bifurcação) 10. Ramo descendente posterior da coronária direita 11. Ramo ventricular posterior da coronária direita Fonte: GUIMARÃES, J. A. Nunes e cols, 2000 TABELA 2 Classificação das lesões de acordo com o grau de obstrução, incluindo oclusão. Segmento Ausente Discreto Moderado Acentuado Oclusivo TCE 0 % Até 50% - 50% - Demais 0 % Até 50% 51% - 69% 70% - 99% 100% Legenda: TCE Tronco da Coronária Esquerda. 4. PROCESSO DE CRIÇÃO DO SISTEMA COM INTERFACE MULTIMÍDIA 4.1. COLETA DE INFORMAÇÕES O material utilizado neste projeto foi ser dividido em computadores, programas de computadores e equipamentos de um laboratório de hemodinâmica com seus periféricos e outros equipamentos complementares que, em conjunto, possibilitaram a aquisição e processamento das informações e imagens necessárias para a criação e produção do sistema proposto. Para a concepção deste projeto foram utilizados alguns elementos essenciais para criação de um sistema em multimídia que permitissem, além de uma boa interatividade com o usuário, um ambiente gráfico atraente, de fácil manipulação e compreensão. Assim sendo, o usuário terá disponível um recurso para o estudo e a compreensão de casos de exames coletados e previamente analisados por hemodinamicistas, baseados na rotina do laboratório de hemodinâmica do Centro de Intervenção Neurovascular e do Coração (CINVASCOR), unidade de exame do Hospital Memorial São Francisco, na cidade de João Pessoa, Paraíba - Brasil. Do total de 698 exames analisados, no período de 18 de fevereiro de 2000 a 24 de novembro de 2000, obteve-se que 281 apresentavam lesões obstrutivas de graus diferentes e que 417 apresentavam ausência de lesão

nas artérias coronarianas ou presença de revascularização miocárdica. Estes últimos foram desprezados por ser o objetivo do trabalho, a apresentação de lesões em coronárias nativas, sem tratamento invasivo prévio. Em seguida, foram selecionados os vídeos correspondentes a cada segmento classificado e, consequentemente, para cada vídeo existente foi selecionada uma imagem estática que serve de base para a localização da região onde se encontra a lesão coronariana existente naquele exame. Para a captura das imagens estáticas utilizamos o próprio recurso do Windows, que proporciona a captura de tela e depois transferimos essas imagens para um editor gráfico, no caso o Photoshop, da Adobe, para um melhoramento dessa imagem. Já os vídeos foram capturados através de um software proprietário da SIEMENS, que converte o arquivo no padrão DICOM para o padrão AVI. Após a conversão, foi realizada uma compactação desses dados, tornado-os adequados para o espaço disponível na unidade de armazenamento proposta, uma vez não conseguida satisfatoriamente essa adequação, foi realizada uma recompactação desses dados, visto ser fundamental a relação do seu tamanho com o espaço de armazenamento disponível. Neste processo, utilizou-se o software MediaStudio Pro, da Ulead Systems. Desta forma, após todo o processo de aquisição, compactação e tratamento das imagens é que foi possível o início da produção do sistema proposto. 4.2. CRIAÇÃO DO SISTEMA Para a concepção deste projeto foram utilizados alguns elementos essenciais para criação de um sistema em multimídia que permitissem, além de uma boa interatividade com o usuário, um ambiente gráfico atraente, de fácil manipulação e compreensão. Foi considerado, também, que o material produzido poderá ser utilizado por profissionais da área médica, mesmo sem a habilidade no manuseio de equipamentos de informática e, especificamente, no uso de equipamentos e métodos ligados a área de Hemodinâmica. Assim sendo, o usuário terá disponível um recurso para o estudo e a compreensão de casos de exames coletados e previamente analisados por hemodinamicistas. O sistema proporciona ao usuário um roteiro virtual no assunto em estudo, de forma que não haja a necessidade de seu deslocamento até um laboratório especializado em hemodinâmica para conhecer e estudar os assuntos relacionados ao exame de cateterismo cardíaco. Todo o material está disponível em mídia ótica e poderá ser visto em qualquer microcomputador pessoal com recursos de multimídia. Para a construção deste sistema foram consideradas algumas importantes fases na concepção de construção do aplicativo proposto[20][21]. São elas: Análise do sistema, desenvolvimento do sistema, plataforma de produção, ferramenta de desenvolvimento, implementação do sistema e teste. 4.3. ANÁLISE DO SISTEMA Nesta etapa foram consideradas para construção do sistema as seguintes fases: processamento da idéia e planejamento. 4.3.1. PROCESSAMENTO DA IDÉIA Esta fase consistiu na coleta de informações que viessem retratar fielmente uma resposta satisfatória para o objetivo do sistema. Assim sendo, o primeiro passo foi conhecer as necessidades do profissional da área de saúde, especialmente do clínico geral, residente, estudante de medicina ou de enfermagem, que não tinha familiaridade com o procedimento médico do exame de cineangiocoronariografia. Assim, após várias buscas de um sistema que fornecesse ao profissional da área de saúde subsídios de informações clínicas específicas em hemodinâmica e, em especial, do exame de cineangiocoronariografia, é que surgiu a idéia de se produzir um sistema informatizado para o estudo do tema. 4.3.2. PLANEJAMENTO A idéia de criação de um projeto de autoria de aplicativo com interface multimídia deve resultar em um plano bem detalhado e balanceado de ações e decisões bem definidas. Normalmente, nesta fase, cria-se um plano de execução, que surge na forma de um organograma de produção, onde estarão incluídas as atividades envolvidas, duração das atividades compostas no projeto, data de inicio e fim de projeto e atividades inerentes ao projeto[22]. 4.4. DESENVOLVIMENTO Nesta etapa foram consideradas, para construção do sistema, as seguintes fases: interface do sistema, diagrama de blocos e o layout do sistema.

4.4.1. DIAGRAMA DE BLOCOS Após análise das possíveis necessidades do usuário deste sistema, foi construído um diagrama de blocos, conforme visto na figura 1, que define a estrutura de criação do sistema. Ínicio Vinheta Vídeo Menu Principal Sair Vídeo Índice Remissivo Introdução Anatomia Coronariana Laboratório de Hemodinâmica Cineangiocoronariografia Lesões Coronarianas Glossário FIGURA 1 Diagrama de blocos do sistema 4.4.2. INTERFACE DO SISTEMA A interface foi construída com o objetivo de estabelecer um ambiente agradável, de forma que o sistema possa ser utilizado com bastante facilidade e flexibilidade, até mesmo para usuários que não tenham muita familiaridade com o computador. 4.4.3. LAYOUT DO SISTEMA As páginas foram construídas de forma que os tópicos fossem abordados de forma seqüencial e encadeada, conforme a estruturação lógica do diagrama de blocos visto na figura 1. O layout das páginas tem, como base para sua construção, as imagens adquiridas através do exame de cineangiocoronariografia, complementadas com alguns efeitos visuais 4.5. PLATAFORMA DE PRODUÇÃO A plataforma do sistema foi organizada de modo que o usuário pudesse ter acesso ao seu conteúdo utilizando um micro computador com sistema operacional Windows e recursos de máquina com dispositivos para suportar aplicações multimídia, visto serem, hoje em dia, recursos que a maioria dos computadores pessoais já incorporam em suas configurações básicas. O sistema tanto poderá ser utilizado, a partir da unidade de CD-ROM, como também ser instalado na unidade de disco rígido do computador do usuário, sendo esta última opção a mais recomendada, devido ao

desempenho de velocidade de processamento que o sistema terá, considerando que a busca da informação será feita numa unidade com taxa de transferência bem superior a primeira. Por exemplo, um acionador de CD de velocidade 24X pode ler até 3.600 kb/s, enquanto as unidades de discos rígidos têm essa taxa de transferência bem superior. Dependendo do tipo de controladores que essas unidades usem, essa taxa poderá chegar a ordem de 66.000 kb/s ou mais. 4.6. FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO Foi definido também que para a implementação do sistema proposto seria utilizada uma ferramenta própria para esta finalidade, a tão chamada Tool authoring que é uma ferramenta com um ambiente de programação preparada para receber e manipular os diversos formatos de arquivos, que servem para produzir aplicações com interface multimídia. A ferramenta de aplicações com interface multimídia caracteriza-se pelos seguintes elementos[22]: Construção visual da interface de usuário; Mecanismos para inclusão de material multimídia na sua interface; Possibilidade de programação textual em uma linguagem de programação de fácil aprendizagem; Mecanismo de tempo de execução distribuído com o aplicativo. Ao analisar algumas ferramentas disponíveis no mercado brasileiro, foi definido que seria utilizada o Toolbook, da Asymetrix, como ferramenta de desenvolvimento do sistema proposto pois, na tabela 3, pode-se verificar as principais características do Toolbook, em comparação as características citadas acima por Filho, 2000. TABELA 3 Características da ferramenta analisada. Características Toolbook Construção visual da interface do usuário Mecanismos para inclusão de material multimídia na interface Possibilidade de programação textual em uma linguagem de programação de fácil aprendizagem Linguagem utilizada Ambiente de desenvolvimento Nível de facilidade de aprendizagem Mecanismo de tempo de execução distribuído com o aplicativo Permite Muitos recursos disponíveis Linguagem de fácil aprendizagem Openscript Baseada em eventos Fácil Disponível com a ferramenta Visualizando a tabela 3, vê-se que o Toolbook, da Asymetrix é uma ferramenta que possui um ambiente preparado para construção de aplicação com interface multimídia pois, a linguagem utilizada para implementação dos eventos que ocorrem no sistema é de fácil aprendizagem, por sua semelhança com a linguagem natural além, de possuir uma programação facilitada, porque cada um dos procedimentos é um código simples, respondendo a uma solicitação do usuário, traduzida em um evento especifico que o programador pode usar um script já pronto ou pode optar em escrever o código daquele evento através da linguagem da própria ferramenta, no caso especifico do Toolbook, o Openscript [22]. Podemos acrescentar também que o Toolbook, faz uso da metáfora baseada na construção de um livro, em que cada aplicativo é um livro, dividido em telas, chamadas de páginas, que vão sendo criadas e implementadas aos poucos, sendo em seguida incorporadas ao livro. O Toolbook traz em seu ambiente de desenvolvimento um catálogo de componentes pré-definidos, que facilita o desenvolvimento da interface do usuário. Fica claro dentro deste contexto que, o Toolbook possui todos os requisitos necessários para implementação deste projeto que é, a idéia de reunir os diversos formatos de apresentação como, textos, imagens, vídeos, animações, áudios e outros recursos em um único ambiente. 4.7. IMPLEMANTAÇÃO DO SISTEMA A implementação do sistema se deu inicialmente com a definição do ambiente do usuário, onde foram localizados e definidos todos os elementos que comporiam a interface do usuário, entre eles os botões, os gráficos, as imagens, os sons, os vídeos e demais objetos que o ambiente suportaria. Foi realizado também, nesta etapa, a implementar de alguns eventos que sejam necessários para a executabilidade das ações que cada

elementos do sistema possuía. Esta implementação se dá com a codificação dos eventos na linguagem utilizada pela ferramenta. Após todo o processo de implementação do sistema, é preciso realizar o empacotamento e o armazenamento do sistema já finalizado em uma unidade própria para esta finalidade, no caso nosso, em uma unidade de CD-ROM. 4.8. TESTE Esta foi à etapa final do projeto, uma das mais importante, pois a partir daqui é que tivemos que proceder aos testes finais do sistema, sendo testando sua operacionalidade, as possíveis incompatibilidades com os diversos computadores e a minimização dos possíveis erros que possam estar presentes no sistema. 5. CONCLUSÕES Os objetivos propostos neste trabalho foram atendidos em sua plenitude, as ferramentas utilizadas para conversão e compactação dos arquivos de vídeos foram essenciais e satisfatórias, tornando esses arquivos compatíveis com os padrões dos microcomputadores pessoais da linha PC. O sistema desenvolvido tem uma interface amigável e de fácil manuseio, possibilitando assim, que qualquer usuário sem muito conhecimento ou familiaridade com um microcomputador possa utilizá-lo, constituindo-se em uma ferramenta didática inédita no Brasil, no que concerne o seu conteúdo e sua forma de apresentação. A ferramenta de autoria escolhida para a implementação do sistema, atendeu em plenitude às reais necessidades de criação do aplicativo. De acordo com a classificação utilizada dos segmentos coronarianos, as 42 imagens estáticas e os 42 vídeos demonstram com clareza todas as possibilidades de localização e o grau de obstrução das lesões coronarianas nativas. O sistema foi produzido satisfatoriamente e sua compatibilidade com a unidade de armazenamento óptico proposta, foi conseguida com êxito. O Sistema Multimídia para Estudo da Cineangiocoronariográfica, atendeu o objetivo previamente estabelecido, que foi o de conceber um sistema capaz de fornecer aos profissionais da área de saúde recursos didáticos, que pudessem ser utilizados por meio de um computador pessoal, para o estudo sistemático das obstruções coronarianas e suas correlações com o procedimento médico do exame de cineangiocoronariografia. REFERÊNCIAS [1] GYARFAS, I. Doenças cardiovasculares; inimigo número 1 de saúde pública do mundo. Revista da Organização Mundial de Saúde 1992. [2] CONSIGNY, P. M. Pathogenesis of atherosclerosis. AJR, v. 164, p.553-558, 1995.

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