O EXISTENCIALISMO. O Existencialismo foi a corrente ou tendência filosófica que marcou, especialmente, a primeira metade do século XX.

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Transcrição:

O Existencialismo foi a corrente ou tendência filosófica que marcou, especialmente, a primeira metade do século XX. O termo existencialismo é utilizado para designar o conjunto das manifestações filosóficas que, apesar das suas divergências, têm na existência humana o objeto fundamental das suas reflexões. Entre os principais filósofos existencialistas destacam-se: Martim Heidegger e Jean-Paul Sartre

O CONTEXTO HISTÓRICO A primeira metade do século XX foi marcada por guerras, revoluções, genocídios, epidemias, crise econômica, desemprego, destruição e sofrimento humano em larga escala. I Guerra Mundial (1914-18) A Revolução Russa (1917) A Crise de 1929 e a Depressão O nazi-fascismo e a II Guerra Mundial

(Séculos XIX e XX) Na passagem do século XIX para o XX, o otimismo e o entusiasmo com o progresso foram substituídos pela perplexidade e pela incerteza. Na Filosofia, a confiança na razão cedeu lugar a um pensamento mais pessimista e desconfiado, com relação ao destino do homem e às possibilidades abertas pelo avanço tecnológico. As contradições vividas pela humanidade, nessa época, suscitaram uma série de questionamentos por parte dos filósofos, que chegaram a conclusões divergentes e, às vezes, antagônicas.

(Séculos XIX e XX) O termo existencialismo designa o conjunto das manifestações no plano filosófico, que têm na existência humana o ponto de partida e o objeto principal de suas investigações e reflexões. As filosofias existencialistas têm como foco as múltiplas e dinâmicas relações concretas que o homem estabelece, simultaneamente, consigo mesmo e com os outros seres humanos, com os objetos culturais e com a natureza. De maneira geral, os filósofos entendem a existência humana como uma realidade dramática ou trágica. O homem pode transformar o mundo, mas em condições que são historicamente determinadas.

(Séculos XIX e XX) De maneira geral, os filósofos existencialistas entendem o homem como um ser imperfeito e inacabado, que foi lançado no mundo e precisa viver os riscos, ameaças e possibilidades dessa existência. Segundo esses pensadores, experiência humana, concretamente falando, é marcada pela insegurança, pelo sofrimento, pela uma luta pela sobrevivência que, absurdamente, termina na morte. A liberdade humana, que é uma imposição, implica a angústia da escolha e a responsabilidade pelas consequências. Essa liberdade, porém, não é plena, mas condicionada por circunstâncias históricas.

(Século XIX) FRIEDERICH NIETZSCHE (1844-1900) Nasceu em Rocken, no interior da Alemanha, filho de um pastor protestante. Foi aluno brilhante e estudou grego, latim e teologia. Foi bastante influenciado, quando jovem, pelas ideias de filósofos como Schopenhauer. A partir de 1869, assumiu o cargo de professor na Universidade de Basileia.

FRIEDERICH NIETZSCHE (1844-1900) Nietzsche escreveu boa parte de sua obra sob a forma de aforismos, isto é, sentenças curtas que exprimem concepções, ensinamentos, conceitos e conselhos. Nos seus escritos, Nietzsche aborda temas diversos, como religião e moral, artes e ciências, etc. Ao centrar suas reflexões nos problemas da existência humana e nas questões relacionadas com a moral, ele é considerado um precursor do existencialismo. No seu conjunto, a obra de Nietzsche promove uma crítica profunda e radical dos valores do cristianismo, que embasaram a construção da civilização ocidental.

FRIEDERICH NIETZSCHE (1844-1900) Algumas obras de Nietzsche O nascimento da tragédia no espírito da música A Filosofia na era trágica dos gregos Humano, demasiadamente humano Assim falava Zaratustra Para além do bem e do mal Ecce Homo, O Anticristo, A Gaia Ciência

FRIEDERICH NIETZSCHE (1844-1900) Na sua crítica da tradição filosófica ocidental, o pensador alemão acusa Sócrates de ter negado o valor da intuição criadora presente nos filósofos que o antecederam. Na sua análise, Nietzsche estabeleceu uma distinção entre dois princípios fundamentais: o apolíneo (de Apolo, deus da razão da clareza e da ordem e o dionisíaco (de Dionísio, deus da aventura, da música, da fantasia e da desordem). Esses dois princípios seriam complementares na realidade humana. A Filosofia pós-socrática, porém, optando pelo culto da razão teria anulado a potencialidade criadora contida na dimensão dionisíaca.

FRIEDERICH NIETZSCHE (1844-1900) Nietzsche desenvolveu um estudo da formação histórica dos valores. Ao realizar uma genealogia da moral, ele concluiu que não existem noções absolutas de bem e de mal. As concepções morais seriam elaboradas pelos homens em função dos seus interesses reais e concretos, ou seja, os códigos morais são produtos histórico-sociais. As religiões, como o judaísmo e o cristianismo, teriam se apropriado da moral, difundindo certos valores morais como se fossem uma determinação da vontade divina.

FRIEDERICH NIETZSCHE (1844-1900) O cristianismo representaria uma moral de rebanho, baseada na submissão irrefletida, no conformismo, na valorização da fraqueza. Seria uma moral que os fracos e covardes usam contra os fortes. Nietzsche afirmava que era preciso questionar o valor dos valores, fazendo nossas próprias escolhas e vivendo nossa liberdade com todos os seus riscos. Ouse conquistar a si mesmo afirmava ele. Isso significa viver a liberdade da razão, sem conformismos ou resignação, defendendo os valores afirmativos da vida que possam expandir as energias criativas do homem.

FRIEDERICH NIETZSCHE (1844-1900) Para Nietzsche, na medida em que o cristianismo deixou de ser a única verdade para ser uma das interpretações possíveis do mundo, toda a civilização ocidental, com seus valores, entrou em crise. Neste contexto, ocorreria a difusão de um sentimento opressivo e difuso, típico da fase de decadência aguda de uma cultura, que Nietzsche denominou niilismo, que segue a morte de deus. Cresceria a percepção coletiva de que, nos planos ético, religioso e político nossos sistemas de valores já não têm consistência e nem conseguem dar significado ou sentido para nossas ações.

EDMUND HUSSERL (1859-1938) Nasceu numa cidade da Morávia. Estudou matemática e filosofia. Lecionou por muitos anos na Universidade de Freiburg, tendo sido afastado pelos nazistas, por sua origem judia. Husserl formulou o chamado método fenomenológico de investigação filosófica. Sua obra intitulada Investigações lógicas, publicada no final do século XIX, exerceu forte influência sobre as reflexões dos filósofos existencialistas.

EDMUND HUSSERL (1859-1938) Para encontrar as bases psicológicas da lógica, Husserl investigou a experiência que está situada antes de todo pensamento formal, resgatando algumas teses dos empiristas ingleses. O método fenomenológico consiste na observação e descrição rigorosa do fenômeno, isto é, daquilo que se manifesta, aparece ou se apresenta aos nossos sentidos ou à nossa consciência. Busca analisar como se forma o campo da nossa experiência, sem que o sujeito ofereça resistência ao fenômeno estudado, nem dele se desvie.

EDMUND HUSSERL (1859-1938) Na concepção de Husserl, a atenção do sujeito deve orientar-se para o fenômeno, o que em termos filosóficos significa uma espécie de realismo que propõe uma volta ao objeto, um retorno às coisa. Para Husserl, a consciência do sujeito é sempre consciência de algo, de alguma coisa. A fenomenologia se apresentaria, portanto, como a investigação das experiências conscientes, isto, o mundo da vida. O método fenomenológico, utilizado inicialmente na matemática, foi aplicado depois no campo da psicologia. Na Filosofia, foi Heidegger, um dos discípulos de Husserl, que aprofundou suas reflexões.

MARTIN HEIDEGGER (1889-1976) Heidegger foi um dos mais importantes filósofos do século XX. Nasceu no interior da Alemanha e estudou na Universidade de Freiburg, onde foi discípulo de Husserl. Em 1927, publicou Ser e tempo, sua obra mais importante. Em 1933, foi nomeado para a reitoria da universidade e aderiu formalmente ao nazismo. Mais tarde, decepcionado com o regime, retirou-se da universidade e viveu isolado o resto da vida.

MARTIN HEIDEGGER (1889-1976) Heidegger rompeu com a tendência da Filosofia Moderna, que desde Descartes se voltara para a teoria do conhecimento, e recolocou a questão ontológica, ou seja, a investigação do ser no centro da sua reflexão filosófica. Para Heidegger, o problema central da Filosofia é a existência de tudo. Ele procurou, entretanto, distinguir ente de ser, conceitos que teriam sido confundidos ao longo da história da filosofia ocidental. Segundo ele, ente é a existência, a manifestação dos modos de ser, enquanto o ser é a essência, aquilo que ilumina e fundamenta a existência ou os modos de ser.

MARTIN HEIDEGGER (1889-1976) A filosofia heideggeriana buscou, primeiramente, o conhecimento do ser através da análise do ente humano, isto é, da existência humana. Depois, ela toma o próprio ser para poder compreender a existência. Apesar da base fenomenológica da sua filosofia, Heidegger nunca se assumiu como um existencialista. Ele afirma que devemos partir da nossa existência porque é dela, primeiro, que tomamos consciência. Para investigar o sentido do ser, portanto, Heidegger começou pela análise do ser que nós próprios somos, isto é, pela nossa própria existência, que ele denominou modo de ser do homem.

MARTIN HEIDEGGER (1889-1976) Heidegger define a existência humana como um ser/estar-aí e descreve três etapas que marcam a vida e culminam, para a maioria dos homens, numa existência inautêntica. A primeira é determinada pela existência em si mesmo, em que o homem é lançado no mundo, sem escolher ou saber porque. Ao tomar consciência da vida, ele já está-aí nesse mundo, sem ter pedido para existir e tendo que dar um sentido para sua existência.

MARTIN HEIDEGGER (1889-1976) A segunda é a do desenvolvimento dessa existência. O homem estabelece relações com o mundo. Para existir, ele projeta sua vida num ambiente natural e social historicamente situado e procura agir dentro de suas possibilidades. Existir, então, significa construir um projeto, tentar realizar o que ainda não é. A terceira é marcada pela destruição do eu. Tentando realizar seu projeto, o homem se depara com uma série de fatores adversos que o desviam de seu projeto existencial. No confronto com os outros, tem seu eu derrotado e dissolve-se na massa e na banalidade do cotidiano. Em vez de tornar-se si-mesmo, é absorvido no com-ooutro e para-o-outro.

MARTIN HEIDEGGER (1889-1976) Segundo Heidegger, o sentimento profundo que nos faz despertar da existência inautêntica é a angústia, que revela como nos dissolvemos em atitudes impessoais, envolvidos nas futilidades cotidianas. Frente à angústia duas possibilidades se abrem para o homem: ele pode fugir para o esquecimento da sua dimensão profunda (o ser) e voltar ao cotidiano ou pode manifestar seu poder de transcendência sobre o mundo e si mesmo. Para Heidegger o homem é capaz de atribuir um sentido ao ser e é na angústia, a meio caminho entre o ser e o nada que o homem se depara com a finitude da existência e a possibilidade de superá-la.

JEAN-PAUL SARTRE (1905-80) Foi o mais famoso dentre os filósofos existencialistas. Sartre foi um pensador diferente, que participou ativamente dos grandes acontecimentos que marcaram o século XX e se tornou mundialmente conhecido pelo seu engajamento nas causas políticas e nos movimentos sociais de sua época. Seu pensamento foi fortemente influenciado pelas obras de Karl Marx e de Martin Heidegger.

JEAN-PAUL SARTRE (1905-80) Sartre nasceu em Paris. Lutou com a resistência francesa durante a ocupação nazista, na II Guerra Mundial. Aderiu ao Partido Comunista, com o qual rompeu depois da intervenção soviética na Hungria, em 1956. Escreveu várias obras filosóficas, romances, peças para teatro e muitos textos sobre temas diversos. Chegou a ser agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, mas recusou-se a recebê-lo. Entre seus trabalhos mais conhecidos, citam-se: O ser e o nada, A náusea, A idade da razão, A imaginação, O muro, O diabo e o bom Deus, O humanismo é um existencialismo, As mãos sujas, Os caminhos da liberdade

(Século XIX) Sartre afirma que o ser humano tem uma existência específica. Ele concebe o homem como ente para-si, em oposição ao ente em-si que representaria a plenitude do ser. O ente para-si é, portanto, o nada. Isso significa que a característica essencial do ser humano é esse espaço aberto que faz dele um ser inacabado, incompleto, aberto às possibilidades de mudança. Segundo Sartre, se o homem fosse um ser total, pleno e acabado, com uma essência definida, ele não poderia ter consciência ou liberdade. Isso porque a consciência é um espaço aberto a múltiplos conteúdos e a liberdade representa a possibilidade de escolha.

JEAN-PAUL SARTRE (1905-80) Se a existência do homem é caracterizada pelo não-ser, não se pode falar de uma natureza humana, previamente determinada. O que existe é uma condição humana, isto é, um conjunto de limites e de possibilidades que definem a situação do homem no universo. Para Sartre, o homem constrói a si mesmo através de suas escolhas e torna-se responsável pelo que faz. A liberdade, portanto, é um dos valores fundamentais da condição humana. Apesar dos limites determinados pelas condições econômicas e pelos fatores culturais, é o exercício da liberdade, em situações concretas, que move o homem e gera necessidade de dar sentido para o mundo.