SINUSITE AGUDA E EPISTAXE: RECONHECIMENTO E TRATAMENTO DE AFECÇÕES OTORRINOLARINGOLÓGICAS NUMA POPULAÇÃO RURAL DO ESTADO DE SÃO PAULO.

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Transcrição:

ORIGINAL SINUSITE AGUDA E EPISTAXE: RECONHECIMENTO E TRATAMENTO DE AFECÇÕES OTORRINOLARINGOLÓGICAS NUMA POPULAÇÃO RURAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. fíroc^ P, S, Boiboni, Doutorando do Curso d& Pós-Groduaçoo do Disciplino de Otorrinoioringoiogio do Focuidode de Medicino do Universidade de São Pouio JúHo Litvoc, Professor físsistente Doutor do Departamento de Medicino Preventivo do Faculdade de Medicino do Universidade de São Paulo..,. ^. Tonit G. Sonchez, Médico Físsistente Doutoro do Divisão de Clínico Otorrinoloringológico do Hospitol dos Clínicos do Faculdade de Medicino do Universidade de São Paulo. Ossamu Butugon, Professor físsododo do Disciplino de Otorrinoioringoiogio do Faculdade de Medicino do Universidade de São Paulo. Trabalho realizado pelo Divisão de Clínico Otorrinoloringológico do Hospital dos Clínicos do Faculdade de Medicino do Universidade de São Paulo. São Paulo. endereço poro correspondência: fírocy P. S. Boiboni. Hospital dos Clínicos. DMsão de Cínico Otorrinoloringológico - fívenido Dr. Cnéos de Carvalho fígulor. 255-05403-000 - São Paulo / SP - Fox: (O! 1) 280-0299. INTRODUÇÃO fls infecções respiratórias agudas figuram entre as prin cipais causas de morbimortalidade entre populações ru rais'^, muitas vezes associadas a condições precários de habitação, saneamento e nutrição, fatores que aumen tam os riscos de complicações". Costa Júnior e coi., em levantamento dos atendimentos em serviço médico, no área rural da Cstada do Rio Grande do Sul, encontraram infecçõo aguda de vias aéreas superiores como o diag nóstico mais comum (14,3% dos pacientes que procura ram aquele ambulatório, no ano de 1986). O resfriodo comum, os foringoamigdolites e as otites médias tam bém sõo os diagnósticos mais freqüentes nas casuísticas de outras populações rurais latino-americanas""' ' ", acometendo principalmente as crianças menores de 5 anos de idade' ". O reconhecimento do doença respiratória pelas po pulações rurais é pouco estudado", o que aumento nosso interesse em saber qual a concepção de sinusite, nesse tipo de comunidade. Sabemos que, nos serviços públicos de Otorrinoloringologia, em óreos urbanos, é muito fre qüente o atendimento de pacientes com o seguinte quei xo: "Cu tenho sinusite, e acho que elo estó atacado ago ra". Cssa expressão é usado pelos pacientes para carac terizar as cefaléias (sejam elas de origem nosossinusol ou não) e os sintomas de rinorréia, prurido, espirros e obstrução nasal (agudos ou crônicos). O "Cu tenho sinu site" soo como olusõo o um "bem adquirido", ou seja, uma afecçõo respiratória incorporada ò vida do paciente. Quando o avaliação clínico otorrinoloringológico ou os exomes complementores diagnosticam outra etiologia poro os sintomas (enxaqueca, rinite alérgica ou infecciosa, por exemplo), muitas vezes o paciente demonstra increduli dade. Por outro lodo, o otorrinoloringologisto que não solicita exame rodiogrófico durante a investigação de olgio croniofaclol pode parecer negligente, porque mui tos pacientes Jo chegam à primeira consulta ambulatorial pedindo que seja feito "radiogrofio do cobeço", poro ovolior o evoluçõo do "sinusite", "ocusodd' em exame anteri or como o responsável pelos problemas que os afligem'. O tratamento do sinusopotio, de acordo com os cos tumes populares, inclui a auto-medicaçõo e a prescrição leigo (esta geralmente feita nos bolcões dos farmácias) com medicamentos sintomóticos, como descongestionontes e analgésicos, ignorando o necessidade do uso de ontimicrobionos. Também as inalações, com vapores do cozimento do erva "buchinho" {Luffo operculoto) e os xa ropes de preparo coseiro sõo amplamente usados pelos pacientes, antes da procura aos serviços médicos. ssas práticos, além de ineficazes para o tratamento do sinusi te agudo, podem cousor complicações, como nos casos de inalação ou aplicação tópica de "concentradas" da cocçõo da "buchinho", que provocam intensa reaçõo inflamatória e lesão do mucoso respiratória, agravando os sintomas nasossinusais. Podemos imoginor que, no zona rural, as pessoas utilizem freqüentemente esse tipo de tratamento, sofrendo os conseqüências da aplicaçõo tó pica dessa e de outras plantas medicinais. Uma das complicações da sinusopotio é a ocorrência de epistaxe, uma das principois causos de procura aos serviços de pronto-otendimento em Otorrinoioringoiogio. R ansiedade do paciente e de seus familiares quanto ò gravidade e ao significado do songramento nasal motiva as consultas de pronto-socorro, não apenas durante o episódio hemorrágico, e grande parte dos pacientes bus- 164