ENSINO DE QUÍMICA E SEU PAPEL NA EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA Laís Conceição TAVARES (**) Ivoneide Maria Menezes BARRA (*) Karen Albuquerque Dias da COSTA (**) (*) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará. (**) Universidade Federal do Pará. RESUMO: O presente trabalho agrupa um conjunto de reflexões sobre a importância do Ensino de Química no processo de formação do corpo discente para a cidadania. No primeiro momento, é feita uma abordagem sobre a função social da educação, não apenas como um processo escolar, mas também como contribuidora do desenvolvimento do sujeito cidadão, ampliando as possibilidades de participação do educando nas decisões coletivas a fim de melhorar suas condições de vida e de sua comunidade. Na seqüência, foram desenvolvidas algumas observações sobre a relação professor-aluno no contexto do ensino de Química. Como conclusão apresentou-se considerações sobre a necessidade de se cultivar um ensino de Química que favoreça a participação dos alunos na sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Cidadania; Ensino de Química; Educação.
1. INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta um conjunto de reflexões sobre a relevância do Ensino de Química no processo de formação dos educandos para a cidadania. A princípio ressalta-se aspectos referentes à função social da educação, como um processo de capacitação do individuo para o exercício da cidadania. Desenvolvem-se também alguns esclarecimentos práticos a respeito do individuo como cidadão evidenciando as contribuições advindas do educador no contexto educativo. Outro apontamento feito refere-se ao Ensino de Química como um excelente instrumento de leitura do mundo, pois se constitui como uma linguagem esclarecedora dos diversos processos químicos, natural ou artificial, que ocorrem no mundo. Desse modo este estudo, que foi realizado a partir de pesquisas bibliográficas, objetiva mostrar a imensa importância do Ensino de Química no processo de formação de cidadãos. 2. A EDUCAÇÃO NO CONTEXTO SOCIAL O conceito de Educação consiste no ato de educar que se estende além da concepção errônea, difundida historicamente, do fornecimento de informações do professor ao aluno. Educar consiste no processo de capacitação dos indivíduos a nível intelectual, moral e físico do individuo, para que este tenha maiores possibilidades de participar das decisões coletivas a fim de melhorar suas condições de vida e de sua comunidade. Isto não quer dizer que a educação ocorra somente no âmbito escolar, haja vista que este processo é realizado em diversos ambientes, como o familiar, o religioso, o político, entre outros. Diante desta realidade, o conceito de educação não deve ser equiparado ao conceito de escolarização de modo que estes sejam empregados como sinônimos. Sobre essa situação Nascimento (2003) afirma que: [...] Essa relação, freqüentemente, fundamenta pensamentos do tipo quem não estudou na escola não tem educação, e por isto tem menor valor com relação a quem teve acesso à escola. Este mecanismo é utilizado para favorecer práticas que geram discriminação social. Por meio deste mecanismo, o saber da experiência é desvalorizado e com ele também desvaloriza-se o
portador deste saber. Por outro lado, aquele que obtém um diploma (nível superior) ainda, em muitos lugares, é chamado de doutor. Isto significa uma supervalorização do saber científico, sistematizado. Neste contexto o professor assume uma relevante responsabilidade que consiste em contribuir com o processo de aprendizagem e de socialização, de natureza formal e informal, de indivíduos que compõem a sociedade, com o objetivo de construir, desconstruir ou reconstruir o conhecimento. Sendo assim, o professor não é um mero aplicador de teorias e sim um mediador do processo de ensino aprendizagem, que se reflete na prática. Estando comprometido com um ensino que vise o desenvolvimento pleno de aptidões que permitam ao discente atuar de maneira eficaz na sociedade, aplicando de maneira critica os conhecimentos formulados, ou reformulados através da interação professor-aluno em sala de aula. Ou seja, um ensino comprometido com a cidadania. 3. A EDUCAÇÃO E A CIDADANIA A Constituição Federal Brasileira atribui à educação três finalidades básicas: preparar o indivíduo para o mercado de trabalho, para a produção de tecnologias e o pleno desenvolvimento da cidadania. Dentre estes indicativos a vivência da cidadania configura-se como um aspecto relevante para a realidade moderna, que tem exigido cada vez mais do individuo um perfil questionador, capaz de produzir novos conhecimentos e de intervir na sociedade de maneira critica e consciente. Nascimento (2003) em seus estudos evidencia: [...] Uma outra associação, bastante comum e difundida nos dias atuais (...) diz respeito à relação existente entre os conceitos Educação e Cidadania. A partir disso, divulga-se a idéia de que sem educação não há cidadania. No entanto, como já abordou - se anteriormente, não se entendendo a educação como o mesmo que escolarização e concordando-se que o processo educativo se faz necessário na construção da cidadania, questiona-se sobre qual educação será realmente propícia para o desenvolvimento do exercício da cidadania?
A cidadania está ligada à habilidade que o individuo possui de compreender o meio em que está inserido, interpreta-lo, julga-lo e assim posicionar-se diante da interpretação adquirida, de modo a intervir de maneira madura e responsável, a fim de se alcançar de maneira igualitária e justa o bem comum e o desenvolvimento mutuo da coletividade. A cidadania está ligada ao integral usufruto dos direitos e o também integral cumprimento dos deveres, estabelecendo uma dinâmica de liberdade, justiça e respeito pelos outros, pelo meio ambiente, pela sociedade. 4. O ENSINO DE QUÍMICA E A EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA Pressupondo que a cidadania refere-se na atuação do individuo dentro da sociedade, ser cidadão é ser um agente participante das discussões coletivas, consciente de suas escolhas e ciente de suas responsabilidades. Para tal condição é necessário o pleno desenvolvimento da capacidade de julgar, que é condicionada pelo conhecimento dos princípios e saberes que regem a sociedade contemporânea e a habilidade de tomada de decisão. Assim o ensino de química, de acordo Chassot (1993), representa para o cidadão um excelente instrumento de leitura do mundo, pois se constitui como uma linguagem esclarecedora dos diversos processos químicos, natural ou artificial, que ocorrem no mundo. Schnetzeler e Santos (1996) afirmam que: [...] O objetivo básico do ensino de química para formar o cidadão compreende a abordagem de informações químicas fundamentais que permitam ao aluno participar ativamente na sociedade, tomando decisões com consciência de suas conseqüências. Para tal condição, o ensino de Química deve ser desenvolvido de maneira questionadora e associada à realidade vivencia pelo professor e pelo aluno. Isto ocorre quando é rompida dinâmica de ensino dogmática e conteudista fundamentada no conhecimento bancário tão condenado por Freire em sua obra. No qual o aluno é visto como um depósito de conhecimento que lhe é repassado sem a preocupação o desenvolvimento do caráter crítico e questionador do aluno. O aprendizado da química exige o comprometimento com a cidadania, com a ética e com mudança na postura do processo em relação á sua pratica
didático pedagógica, que deve ser voltada para o ensino ligado diretamente ao cotidiano do estudante, abordando a essência de cada aula de maneira simples para encorajar os alunos (BERNADELLI, 2004) O ensino de Química para a cidadania deve a partir da aquisição, da produção e da reformulação dos conhecimentos químicos permitir que o aluno compreenda os processos químicos recorrentes na vida cotidiana, analise os efeitos sociais das tecnologias pertencentes a Química, perceba a realidade social e a construção do conhecimento científico, desenvolvendo a habilidade de opinar criticamente (SCHNETZELER E SANTOS,1996). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante das reflexões apresentadas neste trabalho percebe-se a necessidade da construção de uma nova dinâmica educacional no Ensino de Química, adotando-se novas posturas no processo de ensino-aprendizagem, como a utilização de metodologias alternativas, a associação da teoria com a prática e as relações do conhecimento científico com a sociedade. Desse modo pode-se perceber a imensa importância do Ensino de Química no processo de formação de cidadãos à medida que a Química se constitui como uma linguagem esclarecedora dos diversos processos químicos seja natural, ou seja, artificial, recorrentes em todo o mundo. REFERÊNCIAS: BERNADELLI, M. Encantar para ensinar um processo alternativo para o ensino de química. In: Convenção Brasil Latino América, Congresso Brasileiro e Encontro Paranaense de Psicoterapias Corporais. Foz de Iguaçu. Anais, 2004. CD-Rom. CHASSOT, A. Catalisando Transformações na Educação na Educação. Ijui: UNIJUI, 1993. DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José André; PERNAMBUCO, Marta Maria. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. (Docência em Formação). 366 p.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo SP: Editora Paz e Terra, 2007. Ed. 35ª MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. 2006. Disponível em: <http://www.portalmec.gov.br>. Acesso em: 28 fev. 2009. NASCIMENTO, V. Reflexões sobre a Importância da Educação para a Cidadania: um enfoque prático. Rev. Humanidades, Fortaleza, v. 18, n. 2, p. 123-127, ago./dez. 2003. SANTOS; SCHNETZLER. Função Social: O que significa ensino de química para formar cidadão. Química Nova Escola. Química e Cidadania, n 4, novembro, 1996.