INCLUINDO A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NO PROCESSO DE INSERÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NO CONTEXTO EDUCACIONAL

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Transcrição:

Eixo Temático: Educação e suas Tecnologias INCLUINDO A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NO PROCESSO DE INSERÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NO CONTEXTO EDUCACIONAL Charliel Lima Couto - Universidade Federal Rural de Pernambuco Helena Fernanda Nunes Pereira - Universidade Federal Rural de Pernambuco RESUMO: Este artigo apresenta algumas reflexões acerca da Educação de Jovens e Adultos e sua inserção no trabalho com as Tecnologias da Informação e Comunicação. Para conceituar esse estudo ao tema pesquisado foi feito uso da pesquisa bibliográfica e embasou-se nas contribuições de autores, como: Belloni (2001); Serafim e Sousa (2011); Fernandes et al (2012); Takahashi (2005) e Gomes (2007). Diante disso, buscou-se refletir acerca das mudanças ocorridas na educação e, sobretudo, na Educação de Jovens e Adultos através da inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação no contexto educacional. Destarte, ficou nítido o papel pedagógico que assume a inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação de Jovens e Adultos, contribuindo para uma formação mais crítica e assumindo um relevante papel social. Foi constatado ainda, que o papel do professor assume um lugar indiscutível nesse processo como mediador da aprendizagem, buscando valorizar as características singulares de cada estudante. PALAVRAS-CHAVE: Educação de Jovens e Adultos. Tecnologia da Informação e Comunicação. Inclusão Digital. Papel do Professor. 1. INTRODUÇÃO A Educação de Jovens e Adultos (EJA) passou ao longo do tempo por diversas mudanças até alcançar o patamar de uma educação de direito do aluno e dever do estado. Com a evolução sofrida na sociedade, e principalmente, no que se refere à tecnologia, fica cada vez

2 mais necessário que haja uma junção desse desenvolvimento tecnológico com a educação, e assim, torna-se imprescindível que a EJA esteja inserida nesse processo, configurando-se como uma inclusão digital agregada a ação pedagógica. Dessa forma, essa pesquisa se justifica pela necessidade de inserir os estudantes da EJA no contexto de mudanças que a sociedade vem sofrendo, principalmente, no que se refere às Tecnologias da Informação e Comunicação, buscando discutir as principais contribuições dessa inserção (tecnologia/educação) para os alunos em questão. Com base nesse principio partimos do seguinte questionamento: Qual a importância da inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação de Jovens e adultos? Além de responder ao questionamento acima esse estudo partirá dos seguintes objetivos: a) refletir acerca de algumas características da EJA; b) discutir sobre a inserção das TICs no contexto educacional, como também verificar a importância dos professores nesse processo de inclusão. 2. REFLEXÕES HISTÓRICAS A CERCA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) E AS NOVAS CONCEPÇÕES A EJA corresponde a uma modalidade educacional formado por pessoas que por algum motivo não puderam concluir os estudos na idade considerada regular, ou ainda, não frequentaram à escola quando crianças (BRASIL, 1996). Para trabalhar com a EJA é preciso que os professores levem em consideração alguns pontos relativos a essa modalidade, é o que Gomes (2007) define como especificidades da EJA, que podem ser consideradas três: a condição de não crianças, a condição de excluído da escola e a condição de membros de determinados grupos culturais. Por sua vez é preciso destacar que essa modalidade educacional passou muitos anos agregadas apenas a movimentos populares, sendo que, apenas a partir da Constituição Brasileira de 1998, e mais especificamente, com a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1996 é que a EJA passa a ser reconhecida oficialmente, como consta no documento: A Educação de Jovens e Adultos deixou de ser suplementar e tornou-se um direito fundamental, elemento essencial para a construção de uma sociedade

3 mais justa e igualitária, tendo como princípio primordial a garantia da cidadania (BRASIL, 1996, p. 14). Destarte, trabalhar com a EJA é buscar está sempre em um processo de inclusão e valorização desses alunos, é preciso reconhecer que esses sujeitos que frequentam a escola são pessoas que trazem consigo uma bagagem histórica de lutas e conquistas, tanto no campo social como educacional, é preciso reconhecer que cada especificidade 1 que esses sujeitos apresentam fazem parte de seu processo de vida, sendo assim, precisa ser valorizado e explorado no campo pedagógico. 3. A EJA E O TRABALHO COM AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) 2 : UM PROCESSO DE INCLUSÃO As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) podem ser entendidas, segundo Santos e Souza (2011, p. 78) como um conjunto de recursos não humanos dedicados ao armazenamento, processamento e comunicação da informação, organizados num sistema capaz de executar um conjunto de tarefas. Esses recursos podem contribuir para diferentes funções, sejam no contexto profissional, que engloba os diferentes mecanismos que os profissionais fazem uso em seus trabalhos, ou ainda, na educação que compreendem as diferentes ferramentas que auxiliam professores e alunos no contexto da educação 3. No que diz respeito à educação, principalmente, no trabalho com a EJA, a inserção das TICs tornar-se algo indispensável, visto que, entende-se que a educação e a comunicação são indissociáveis e, {...} o professor pode utilizar-se de um aparato tecnológico na escola visando à transformação da informação em conhecimento {...} possibilitando uma troca de posições e visões de mundo que permitam uma aproximação entre estas duas culturas num mundo de aprendizagem e cultura digital. (SERAFIM; SOUSA, 2011, p. 25). 1 Voltar a Gomes (2007) para ver as especificidades da EJA. 2 Precisamos destacar que nesse estudo falaremos da TICs de uma forma geral, não nos atentaremos para os vários recursos que as formas, ou seja, será abordada a importância do papel das TICs para a educação e, sobretudo, para a EJA. 3 Apesar de falarmos nas TICs como ferramenta utilizada no contexto do mercado de trabalho, o foco desse trabalho será sua utilização na educação.

4 Além disso, ao inserir as TICs como recursos pedagógicos aos estudantes da EJA, o professor tem em mãos a oportunidade de diminuir a exclusão dos mesmos no mundo digital, pois, considera-se que sem uma educação adequada de formação para apropriação crítica desses dispositivos técnicos, corremos o risco de criar não uma sociedade de informação, mas uma sociedade de ciberexcluídos ou cibernáufragos (BELLONI, 2001, p. 29). É importante salientar que o professor precisa buscar um trabalho que valorize os aspectos culturais e sociais dos alunos, pois, de acordo com Fernandes et al (2012, p.4): O movimento de incluir digitalmente como perspectiva para a inclusão social considera que cada jovem e adulto participante traz consigo características do meio em que vive. Essas características constituem a sua história e a sua cultura que, uma vez valorizadas, possibilitam a superação dos desafios apresentados pelo uso da máquina em um momento em que se constitui como novidade. Assim, a inclusão da EJA nesse novo cenário educacional deve propiciar uma aproximação com a realidade da qual parte desses alunos, diminuindo a distância entre a tecnologia, a educação e as suas vivências. Destarte, é fundamental que o trabalho na EJA seja feito de maneira que o conhecimento seja uma troca, que se pauta no diálogo entre educador e educando, para tanto é fundamental que o professor seja uma espécie de mediador do conhecimento e não o detentor do saber. Dessa maneira, Gomes (2007, p. 5) diz que: É a partir do diálogo intercultural de saberes, no qual o sujeito expõe a sua maneira de ver, de pensar, de solucionar e o outro ouve, busca compreender, argumente e também propõe outro modo de ver, de pensar e solucionar, que se dá a construção de um novo saber. Dessa forma, é importante que o diálogo esteja presente em toda prática pedagógica, que os professores reflitam com seus alunos quais conhecimentos são mais fundamentais para o desenvolvimentos dos mesmos. Assim, é imprescindível que a inserção das TICs tome como princípio primordial esse diálogo, a relação da necessidade desses recursos em uma estreita ligação com as expectativas dos alunos. As mudanças relacionadas à educação e a tecnologia, tão defendidas pelos autores já citados, mostram o quão complexo é essa abordagem, sendo que, a inserção dessas novas tecnologias como forma de inclusão digital assumem diferentes focos, dos quais, conforme

5 Takahashi (2005, p. 434) três são os focos principais da inclusão digital: a ampliação à cidadania, inserção das camadas pobres da população no mercado de trabalho na era da informação e a formação sociocultural dos jovens para a inserção autônoma do país na sociedade informacional. Dessa maneira, incluir a EJA nesse processo é oportunizá-los a conhecerem e usufruírem das mudanças ocorridas no cenário educacional é não excluir esse segmento, mais uma vez, do processo de aprendizagem, é, sobretudo, dar oportunidades para que eles possam identificar a relação existente entre as TICs e as suas realidades, sejam pessoais, profissionais, sociais ou culturais. 4. METODOLOGIA O desenvolvimento desse trabalho foi resultado de uma pesquisa bibliográfica, visto que foi feito levantamentos de referências teóricos, publicados por diversos meios, tanto escritos quanto eletrônico (FONSECA, 2002) A busca de dados se deu em três etapas: na primeira buscamos os materiais relacionados ao tema proposto. Posteriormente, fizemos uma seleção dos principais pontos trazidos nos textos, como também as reflexões sobre os mesmos, e por último, foram feitas as análises desses dados 4 transcritas nesse trabalho. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto, consideramos como inevitável, nos dias atuais, não se pensar a educação no contexto das mudanças tecnológicas. Visto dessa forma, o estudo revelou o quão importante é essa inserção, principalmente para a EJA, visto que são pessoas que já passaram por diversas exclusões, sociais, políticas e culturais, ao longo de sua história, e a não inclusão desse segmento com as TICs configuraria uma exclusão ainda maior, pois seria negado a eles o direito de uma educação voltada para a realidade engajada ao cotidiano da sociedade atual. Pôde-se constatar que os professores assumem um relevante papel nesse processo de inclusão da EJA, pois são eles que irão fazer a junção dessas tecnologias com esses estudantes 4 Consideramos como dados as informações teóricas colhidas ao longo dos estudos, como também as reflexões em torno delas.

6 adaptando-as as realidades e particularidades dos mesmos. Além disso, são responsáveis por desenvolver um trabalho que coloquem os alunos a assumirem um papel ativo no processo de aprendizagem. 6. REFERÊNCIAS BELLONI, M. L. O que é mídia educação. São Paulo: Autores associados, 2001. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília. FERNANDES, A. P. et al. Incluindo socialmente jovens e adultos através da inclusão digital. [S.l.: s.n.], 2012. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. GOMES, M. J. Profissionais fazendo matemática: o conhecimento de números decimais de alunos pedreiros e marceneiros da educação de jovens e adultos. Recife, 2007. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Pernambuco. SANTOS, L. P. dos.; SOUSA, R. P. da. Novas tecnologias e pessoas com deficiências: a informática na construção da sociedade inclusiva?. Campina Grande: EDUEPB, 2011. SERAFIM, M. L.; SOUSA, R. P. da. Multimídia na educação: o vídeo digital integrado ao contexto escolar. Campina Grande: EDUEPB, 2011. TAKAHASHI, T. Inclusão social e TICs. Inclusão Social, Brasília, v. 1, n. 1, p. 56-59, out./mar., 2005.