Red Econolatin www.econolatin.com Expertos Económicos de Universidades Latinoamericanas BRASIL Setembro 2012 Profa. Anita Kon PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS GRADUADOS EM ECONOMIA POLÍTICA. 1. SITUACIÓN ECONÓMICA ACTIVIDAD ECONÓMICA No início de setembro, os dados sobre o primeiro semestre de 2012 mostram piora do desempenho da indústria e dos investimentos, a economia brasileira ainda se situaram com baixo nível de crescimento sob efeito da crise internacional. Dados recentes divulgados mostram que no segundo trimestre o Produto Interno Bruto teve alta de apenas 0,4%, o que corresponde ao oitavo trimestre consecutivo de fraca expansão (menor que 1%). O setor industrial teve a maior queda desde 2009, apesar dos juros em queda, do dólar mais favorável às exportações e dos pacotes de desoneração de tributos federais. Por outro lado, o potencial de expansão é franco devido à sequência de quatro trimestres seguidos de queda dos investimentos imprescindíveis para o aumento e modernização da capacidade produtiva. O consumo familiar também teve arrefecimento e as vendas dos supermercados brasileiros recuaram 0,51% em julho deste ano e 0,09% em julho de 2101, quando relacionados ao mesmo mês de 2011. O percentual de famílias endividadas se elevou em agosto, situando-se em 59,8%, o que corresponde à terceira alta consecutiva, que no entanto recuou na comparação anual. SECTOR EXTERIOR No final do segundo trimestre do ano, apesar da recente valorização do dólar (11%) a indústria nacional ainda não consegue concorrer com os importados e o consumo doméstico de itens industriais aumentou. A Federação das Indústrias de São Paulo divulgou que 1 em cada 4 produtos
industriais consumidos no país é importado (24,05%), representatividade superior à do quarto trimestre de 2011 (23,97%). O Banco Central tem a intenção de manter a desvalorização do real para dar competitividade à indústria. Por enquanto, segundo os especialistas o dólar mais caro ainda não surtiu efeito por completo e devido à excessiva valorização do real ocorrida no passado, há espaço para o dólar ter maior valorização. Por outro lado, alguns exportadores industriais brasileiros sucumbiram com a falta de encomendas, e a recuperação leva tempo pois a substituição dos importados não depende só do preço, mas também da qualidade, que requer atualização da produção e introdução de nova tecnologia para competir. Portanto além do câmbio, a recuperação da competitividade depende dos estímulos governamentais que deve continuar e da confiança em seu potencial de resultados. SECTOR PÚBLICO Y POLÍTICA FISCAL Fechando o segundo semestre de 2012, a economia do setor público para o pagamento da sua dívida caiu quase 80% ante o mesmo período do ano anterior, sob o impacto da queda na arrecadação de impostos, e terminou o semestre pouco abaixo de 50% da meta estabelecida para o ano. Os dados do Banco Central mostram que o superavit primário acumulado até junho foi de apenas 47% do estipulado para o ano e espera-se que o governo consiga cumprir sua meta anual. Segundo o BC, os repasses de dividendos das estatais ao Tesouro estão sendo elevados para compensar o crescimento menor das receitas. O fraco desempenho fiscal ocorre a despeito da queda real dos investimentos, pois os investimentos cresceram só 2,7% no ano, abaixo da variação da inflação. Com o programa Minha Casa Minha Vida (construção de moradias populares), a alta é de 30,7%. Uma boa notícia diz respeito ao fato de que o pagamento de juros aos credores da dívida vem caindo, por conta da queda na taxa básica de juros, a Selic, e da inflação menor deste ano. A relação dívida pública/pib encerrará julho em 34,7%, menor percentual da história. Em julho, o esfriamento da economia resultou na segunda queda consecutiva da arrecadação federal, que sofreu queda real de 7,36% em relação a julho de 2011, a maior retração desde novembro de 2010. EMPLEO No final do primeiro semestre, o crescimento no número de vagas no país não acompanhou os índices que mostram reação da atividade econômica. Os indicadores para a média total de desocupação do país não estão sendo calculados devido à greve dos funcionário do Instituto de pesquisas. Regionalmente foi constatado no final do primeiro semestre que em São
Paulo, caiu 12,4% a fração de pessoas que procuram trabalho. Na região, a taxa de desocupação caiu de 6,5% em junho para 5,7% em julho, não por conta do aumento dói número de vagas, mas sim devido à menor procura por trabalho. No entanto, especificamente no polo industrial paulista houve crescimento de 1,6% no emprego na indústria paulista de junho para julho, com o impulso do setor automotivo, em resposta à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Segundo a Federação das Indústrias, o resultado do emprego, no começol do segundo semestre, embora negativo, foi melhor que o obtido em junho (-0,36%). De 22 setores pesquisados, 10 demitiram (como processamento de açúcar e álcool) e 9 contrataram (como calçados)e no acumulado do ano o saldo está positivo em 32 mil vagas. POLÍTICA MONETARIA E INFLACIÓN No segundo trimestre do ano as taxas de inflação tiveram queda, que foi interrompida em julho quando se elevou em 0,43%, devido ao aumento no preço dos alimentos, principalmente do tomate, causado pela baixa oferta devido ao excesso de chuva e frio. Em junho, a taxa havia se elevado em apenas em 0,08%, impactado pela redução nos preços dos carros com a queda no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) adotada no fim de maio, efeito que deixou de ser sentido em julho. A meta do governo é fechar o ano em 4,5%, mas o mercado estima média de 5%. A greve dos servidores do IBGE, que calcula a inflação prejudicou a produção de indicadores econômicos do instituto e os problemas no processamento dos dados da Pesquisa Mensal de Emprego afetaram outro a prévia do indicador oficial de inflação do país. Em agosto, o Banco Central anunciou a nona queda consecutiva dos juros oficiais (SELIC) que ficou em 7,5% ao ano e o juro real ficou em 1,98% ao ano. Há 12 meses, o BC atordoava investidores e analistas ao interromper interrompia a trajetória de alta e derrubava o juro de 12,5% para 12% anuais, mesmo com a inflação acima da meta oficial. Em agosto deste ano, o Comitê de Política Monetária indicou que a trajetória de queda está perto do fim ou terminará em breve. O BC indica que este foi o primeiro ciclo de afrouxamento monetário realizado enquanto a projeção da inflação se mantém acima da meta de 4,5%, sem tendência clara de baixa. MERCADOS FINANCIEROS Com a queda da taxa básica de juros determinada pelo Banco Central em agosto, que serve de base para o rendimento das aplicações financeiras, o custo dos empréstimos bancários, foi reduzido. A redução de IPI promovida pelo governo para aquecer a economia, teve uma ajuda considerável com o cenário de melhora do crédito, com taxas de juros menores, bancos mais
dispostos a emprestar e os primeiros sinais de estabilização da inadimplência, segundo os especialistas. Os setores dependentes do crédito e vendas a prazo são previstos como iniciando uma retomada mais firme no crescimento, diante das condições mais favoráveis e de uma prevista redução do endividamento, facilitado pelos juros bancários mais baixos. A Confederação Nacional do Comércio, espera que o crédito deverá estimular a dinâmica do consumo varejista, porém sem explosão de vendas. A Bolsa de Valores, que no primeiro semestre teve perdas, reagiu em julho, ficando perto de zerar as perdas e voltou a liderar o ranking das aplicações financeiras, devido a melhores expectativas dos investidores em relação à crise na Europa. No último mês do segundo trimestre, a Bolsa paulista (Bovespa) teve valorização de 3,21%, o que foi a maior recuperação desde a alta de 4,34% de fevereiro de 2012 e no acumulado do ano, a perda foi de 1,16%. A alta surpreendente da inflação em julho, corroeu o ganho da maioria dos investimentos atrelados a juros. A antiga poupança, que tem ganho fixo de 6,17% ao ano, rendeu em julho 0,51% líquido e acumulou uma valorização de 3,84% no ano, enquanto a nova modalidade de poupança, que rende 70% da taxa Selic, o ganho em julho foi de 0,46%. TIPO DE CAMBIO O Banco Central voltou a intervir no mercado de câmbio no final de agosto e evitou maior queda do dólar no Brasil, que seguia o enfraquecimento do dólar no exterior.a autoridade monetária brasileira anunciou operação equivalente à compra de moeda americana no mercado futuro ("swap" cambial reverso),com o objetivo de valorizar o dólar. Desde março o BC não fazia atuações de compra no mercado futuro. O BC defende a flutuação do câmbio entre R$ 2 e R$ 2,10. A moeda americana perdeu valor em relação ao euro e outras moedas no exterior, devido ao otimismo quanto à prorrogação do prazo de ajuste fiscal na Grécia. Em julho, o dólar e o ouro foram, respectivamente, as melhores opções de investimento e enquanto o ouro subiu 2,47%, o dólar se elevou 1,99%. No caso do ouro, opção de investimento pouco acessível a pequenos aplicadores, a alta está também relacionada à desvalorização do real. Foi observado que em 2012, o dólar veio liderando o conjunto de aplicações com valorização de 9,68%, só perdendo para a alta de 11,47% do ouro. 2. PERSPECTIVAS ECONÓMICAS As perspectivas do mercado em agosto são de um crescimento econômico de apenas 1,73% neste ano, pouco menos da metade dos 3,5% esperados pelo BC em março, pois a reação do consumo e dos investimentos tem sido
mais lenta e fraca que o projetado. Para os especialistas, o risco de escalada dos preços deverá forçar um novo aperto monetário a partir de abril de 2013. O mercado projeta ainda inflação de 5,11% e PIB de 1,8% em 2012. O próprio governo já admite que PIB ficará abaixo de 2%, pois os indicadores sugerem retomada lenta, insuficiente para a meta do governo. No que se refere aos investimentos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, responsável pelos empréstimos governamentais a setores econômicos prevê uma recuperação mais firme dos investimentos no segundo semestre do ano, devido aos números de financiamentos do banco para a compra de máquinas e equipamentos para novos projetos ou para a ampliação de unidades já existentes, com crescimento em julho sobre os meses anteriores, que mostravam estagnação. O crescimento de apenas 0,2% no primeiro trimestre e de 0,4% no segundo, diminuiu a avaliação anterior de assessores presidenciais. A equipe econômica, destaca porém que a recuperação já começou e, no último trimestre do ano, o país estará crescendo a uma velocidade de 4% anuais. A avaliação dos analistas é que a recuperação será puxada principalmente pela aceleração do consumo, por causa da queda da inadimplência e do esforço do governo para reduzir os juros. No entanto, existem riscos de a indústria não acompanhar a retomada devido aos problemas estruturais que limitam a competitividade do setor. Com a queda da taxa Selic em agosto, o governo espera fazer um esforço menor para economizar dinheiro para pagar os juros da dívida pública e dessa forma, abrir espaço para medidas de estímulo ao crescimento da economia. 3. SITUACIÓN POLÍTICA Independentemente de sua continuidade, a estratégia de estímulo monetário via queda dos juros rendeu bons resultados políticos para o governo, o governo está realizando exatamente o que o empresariado pedia, entregando ao setor privado as obras que vão destravar os gargalos do país. Para esta estratégia, o governo afirma que apresentou esforços para levar os juros reais a 1,98% ao ano, que, embora ainda altos para os padrões internacionais, são de longe os menores do país em três décadas. O lançamento em agosto do Plano de ampliação e modernização da infraestrutura que prevê investimentos de R$ 80 bi em cinco anos e de R$ 133 bi em 30 anos é considerado ousado pelos obstáculos que deverá enfrentar para captar recursos e cumprir prazos previstos, porém foi outro trunfo político no período pré-eleitoral. Em Outubro haverá eleições para a escolha de prefeitos municipais e vereadores. A equipe presidencial afirma que não faltará dinheiro ao BNDES para os financiamentos necessários e também deverá aceitar inversões produtivas de capital estrangeiro.
Como política pública o governo criou uma empresa estatal chamada EPL (Empresa de Planejamento em Logística), que irá gerenciar os projetos tentando desfazer os obstáculos causados pela má qualidade e a falta de integração dos projetos.