O ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE INCAPACIDADES CAUSADAS PELA HANSENÍASE

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Transcrição:

O ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE INCAPACIDADES CAUSADAS PELA HANSENÍASE ZARPELLON, Lídia Dalgallo UEPG ldzarpellon@yahoo.com.br SILVA, Carla Luiza da UEPG carlals21@hotmail.com GRDEN, Clóris Regina Blanski UEPG reginablanski@hotmail.com ZIMMERMANN, Marlene Harger UEPG marlene_hzimmermann@yahoo.com.br SILVEIRA, Isabella UEPG belleta88@gmail.com CABRAL, Luciane Patrícia Andreani UEPG luciane_pac@hotmail.com Eixo Temático: Educação e Saúde Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo A Hanseníase é uma doença infecciosa que atinge principalmente a pele e os nervos, causada por uma bactéria, chamada Mycobacterium leprae, descoberta em 1873. Objetivou-se Verificar a atuação dos enfermeiros no diagnóstico e prevenção das incapacidades causadas pela hanseníase e se os profissionais de enfermagem estão preparados para trabalhar com os pacientes de hanseníase. Trata-se de um estudo qualitativo do tipo revisão de literatura, baseada no material indexado nas bases de dados on-line Dedalus, Lilacs, PeriEnf e Scielo, no período de 1995 a 2008, busca retrospectiva em periódicos. Analisou-se 65 artigos e publicações em geral que tratavam o assunto hanseníase, destes, apenas 12 falavam especificamente sobre incapacidades causadas pela doença, os demais tratavam assuntos sobre o tratamento, casos novos, transmissão e avaliações quanto ao programa nacional de combate a hanseníase. Conclui-se que os trabalhos analisados demonstram que são escassas as publicações no que se refere à prevenção das incapacidades, sendo na maioria apenas descritas e recomendadas. Mais escasso ainda são pesquisas relacionadas ao conhecimento e forma de atuação dos profissionais de saúde, mais especificamente a enfermagem. Fica clara a necessidade da realização de capacitações sobre o tema. Palavras-chave: Enfermagem. Hanseníase e prevenção de incapacidades.

12650 Introdução A Hanseníase é uma doença infecciosa que atinge principalmente a pele e os nervos (em especial os da face e extremidades, como braços e mãos; pernas e pés). Ela é causada por uma bactéria, chamada Mycobacterium leprae, descoberta em 1873. Esta bactéria é mais conhecida como Bacilo de Hansen, em homenagem ao seu descobridor, o cientista norueguês Gehard Amauer Hansen. O bacilo tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos, no entanto poucos adoecem. Propriedades estas que não são função apenas de suas características intrínsecas, mas que dependem, sobretudo, de sua relação com o hospedeiro, grau de edemicidade do meio, entre outros. O domicílio é fator de risco do ambiente social apontado como importante espaço de transmissão da doença. (BRASIL, 2001, p. 4). Cunha (2002) descreve relatos sobre a doença desde a Antiguidade, sendo conhecida como Lepra, as pessoas infectadas eram discriminadas e obrigadas a viver fora da sociedade, além de sofrer as conseqüências da própria doença, na época sem cura nem tratamento. O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da doença e lhe dá um grande potencial para provocar incapacidades físicas, que podem evoluir para deformidades, acarretando problemas para o doente como: diminuição da capacidade de trabalho, limitação da vida social e problemas psicológicos, sendo responsáveis, também, pelo estigma e preconceito contra a doença. O tratamento da doença é eminentemente ambulatorial com administração da poliquimioterapia (PQT/OMS), constituída pelos medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina. (BRASIL, 2001) O tratamento do paciente com hanseníase é indispensável para curá-lo e fechar a fonte de infecção, interrompendo assim a cadeia de transmissão da doença, sendo estratégico no controle da endemia e para eliminar a hanseníase. As ações de controle e eliminação da hanseníase estabelecida pelo Ministério da Saúde baseia-se nas seguintes medidas: diagnóstico precoce, tratamento específico, prevenção e redução de incapacidades físicas e educação em saúde, sendo de responsabilidade de todas as esferas de governo: municipal, estadual e federal (AQUINO, SANTOS e COSTA, 2003, p. 6 ).

12651 O grau de incapacidade é determinado a partir de avaliação neurológica dos olhos, mãos e pés, tendo seu resultado graduado em valores que vão de grau 0 a grau II. Além e ser uma doença com agravantes inerentes às doenças de origem socioeconômica e cultural, é também marcada pela repercussão psicológica gerada pelas deformidades e incapacidades físicas decorrentes do processo de adoecimento. Assim, ao lado da ênfase no tratamento quimioterápico, faz-se necessário ressaltar a importância das técnicas de prevenção, de controle e de tratamento das incapacidades e deformidades, como atenção integral à pessoa com hanseníase. A avaliação neurológica, a classificação do grau de incapacidade e a aplicação de técnicas básicas de prevenção, controle e tratamento são procedimentos que precisam ser realizados nas unidades de saúde, espaços onde o paciente encontra uma equipe que o acolhe e é responsável pela assistência integral a sua saúde. O profissional de enfermagem é quem está mais próximo, em maior contato com essas pessoas, portanto, deve estar preparado para recebê-lo, orientá-lo e auxiliá-lo em todas as suas dúvidas e receios. As incapacidades físicas não são inevitáveis ou necessárias, na Hanseníase, pelo contrário, sua presença indica deficiências no diagnóstico e tratamento. Em um programa bem aplicado de controle de endemia, praticamente, nenhum paciente apresentará, no momento do diagnóstico, deformidades atribuíveis a falta de cuidados primários. (BORGES, 1997). A determinação do índice de incapacidades de um paciente, antes do tratamento, é um aspecto importante no combate a infecção porque, se não é proporcionada uma assistência preventiva, só resta esperar a instalação definitiva da incapacidade e a invalidez. (BRASIL, 2001). Diante deste contexto nós perguntamos: Os profissionais de enfermagem estão preparados para diagnosticar, e orientar os pacientes com Hanseníase quanto às formas de prevenção de incapacidades? Objetivos Verificar a atuação dos enfermeiros no diagnóstico e prevenção das incapacidades causadas pela hanseníase e ainda, se os profissionais de enfermagem estão preparados para trabalhar com os pacientes de hanseníase.

12652 Metodologia Trata-se de um estudo qualitativo do tipo revisão de literatura, baseada no material indexado nas bases de dados on-line Dedalus, Lilacs,, PeriEnf e Scielo, no período de 1995 a 2008, busca retrospectiva em periódicos, publicações, livros e artigos disponíveis na biblioteca da Universidade Estadual de Ponta Grossa, listando as publicações relacionadas ao tema, artigos publicados em língua portuguesa, abordando a importância do profissional de enfermagem na identificação e prevenção de problemas e sequelas relacionados à Hanseníase. A análise dos dados foi realizada após a leitura dos artigos e seus resumos, procurando coletar as informações importantes a que se refere este artigo, levantando se os profissionais de enfermagem estão preparados para o atendimento e abordagem correta aos portadores desta doença Resultado e Discussão Foram analisados 65 artigos e publicações em geral que tratavam o assunto hanseníase, destes, apenas 12 falavam especificamente sobre incapacidades causadas pela doença, os demais tratavam assuntos sobre o tratamento, casos novos, transmissão e avaliações quanto ao programa nacional de combate a hanseníase. Observa-se nos artigos analisados que a maioria dos profissionais de enfermagem não está preparada para trabalhar com os portadores desta doença, muitas vezes não sabendo ao menos o básico para orientar quanto aos cuidados de prevenção contra incapacidades. A centralização do atendimento serve como um incentivo negativo, para que enfermeiros de outros serviços acabem deixando de lado estes cuidados, já que a grande maioria destes profissionais é dependente de um serviço centralizado para diagnóstico da doença e prevenção das incapacidades. Há várias décadas vem-se realizando estudos sobre Hanseníase e as sequelas por ela causadas (incapacidades, deformidades), principalmente em países em desenvolvimento, onde esta doença está presente de forma endêmica, ficando os países desenvolvidos com pouca ou nenhuma pesquisa nessa área, pois não se trata de um agravo comum a estes locais, sendo os casos lá encontrados, muitas vezes importados de outras regiões do globo. Estes trabalhos surgem da necessidade de se averiguar e acompanhar se o programa de combate a Hanseníase vem tendo um efeito satisfatório no que diz respeito ao diagnóstico e a prevenção das incapacidades, visto que sua erradicação é uma meta da Organização Mundial

12653 de Saúde cuja meta é reduzir a prevalência da doença para menos de 1,0 caso por 10.000 habitantes até o ano 2010, e também se os profissionais envolvidos diretamente nessas ações estão desempenhando seu papel como agentes responsáveis pela redução de número de casos novos, bem como na diminuição dos casos de incapacidades. Se tratando especificamente da enfermagem, Figueiredo (2005), esclarece o papel do enfermeiro quando diz que este deve atender as necessidades do cliente, tanto no diagnóstico quanto no tratamento, estabelecendo um vínculo enfermeiro/cliente, gerando assim uma necessidade social. Para tanto, é preciso que o profissional de enfermagem esteja constantemente em busca de conhecimento sobre a doença e as formas de tratamento e prevenção, não só para seu trabalho, mas principalmente para estimular o cliente a também fazê-lo, procurando torná-lo um agente multiplicador junto a sua família e comunidade. O Ministério da Saúde estabelece que o atendimento ao cliente deva ser realizado por uma equipe multidisciplinar: A capacitação da equipe de saúde na avaliação do grau de incapacidade deve ser direcionada, principalmente, a profissionais da rede básica de saúde, pois a proposta do Ministério da Saúde é subsidiar a descentralização do diagnóstico e tratamento para toda a rede básica. (BRASIL, 2000, p. 35). O Ministério da Saúde não especifica quais profissionais são estes, no sentido de que o atendimento deve ser realizado por equipe multiprofissional, mas fica claro que a enfermagem tem um importante papel, visto ser esta classe a que tem maior contato com a população atendida. O Enfermeiro pode atuar desde a prevenção da doença até a prevenção de incapacidades causadas pela hanseníase. Ações educativas de prevenção, diminuição do estigma e melhora da qualidade de vida são de fundamental importância para o controle da doença. A enfermagem faz parte de um processo coletivo de trabalho composto de áreas técnicas específicas e, particularmente, dentro do Programa de Controle da Hanseníase, este deve contar com o trabalho de uma equipe multiprofissional, onde devem ser compartilhadas parcelas das diferentes atuações visando compor um conjunto complementar e interdependente como forma de contribuir para a integralidade da assistência a saúde. (PEDRAZZANI, 1995, p. 8).

12654 O que se observa na maioria dos trabalhos analisados, é que a centralização e o despreparo dos profissionais são apontados como principal motivo para um atendimento ineficaz: A descentralização do diagnóstico e da oferta de tratamento adequado inclui a reabilitação com aplicação de técnicas simples de prevenção e tratamento das incapacidades físicas. Entretanto, observam-se dificuldades relacionadas ao despreparo dos profissionais da área de saúde, de maneira talvez decorrente da própria história da doença: segregada, afastada e isolada. (VELLOSO, 2002, p. 7). Outro exemplo é descrito por Eidt (2000), que relata um evidente despreparo dos profisionais em manejar a hanseníase e acolher os doentes, para isso sugestiona a necessidade de se elaborar programas de treinamento e capacitação dos profissionais, para que isto contribua para um melhor atendimento, diagnóstico precoce e tratamento adequado aos indivíduos portadores. O Ministério da Saúde afirma que estas ações; o diagnóstico, tratamento e prevenção; dependem da qualificação de todos os profissionais de saúde, para identificar sinais e sintomas suspeitos, conversar com o paciente e encaminhá-lo para realização de exames, tratamento adequado e reabilitação quando necessária. (BRASIL, 2008). O fato dos profissionais de enfermagem não terem conhecimento suficiente, implica que a maioria dos portadores da doença, não tem seu grau de incapacidade avaliado, elevando com isto, o risco de desenvolverem incapacidades e até mesmo deformidades que são tão características do paciente não tratado. Tendo em vista os aspectos sócio-culturais e biológicos que envolvem a hanseníase, bem como a importância da autonomia e autocuidado, ressalta-se o potencial da consulta de enfermagem como estratégia de cuidado ao seu portador. Pedrazzani (1995) esclarece que a prevenção e o tratamento de incapacidades merecem destaques especialmente no acompanhamento do paciente com reações hansênicas e conseqüente atuação nos casos que necessitem de prescrição e/ou execução de técnicas de prevenção e tratamento de incapacidades tanto para mãos, pés, olhos e nariz. Já Silva (2007) afirma que nem sempre os trabalhadores da saúde estão atentos para diagnosticar e avaliar o grau de incapacidades nos pacientes que procuram o serviço de saúde.

12655 O profissional de enfermagem tem meios de estar realizando este diagnóstico, através da entrevista, exame físico, exames regulares e avaliação do grau de incapacidades, de acordo com o modelo adotado pelo Ministério da Saúde. A consulta de enfermagem é um momento de encontro entre o indivíduo e o profissional da saúde e, dependendo da escuta realizada, ela poderá reconhecer uma série de condições que fazem parte da vida das pessoas e constituemse nos determinantes dos perfis de saúde e doença. Mas o que observa-se é que a grande maioria destes profissionais, não estão preparados para realizar o que é preconizado, salvo em locais onde são realizados treinamentos específicos com toda equipe, visando uma melhora no atendimento. A ênfase dada na participação dos diferentes profissionais, em particular do enfermeiro, nas várias etapas do processo de trabalho, sugere a necessidade de revisão das práticas desenvolvidas, de modo a adequar as ações realizadas dentro do novo modelo tecnológico às necessidades de saúde da clientela atendida junto ao Programa de Controle da Hanseníase, cabendo portanto, aos órgãos coordenadores do referido Programa e às instituições formadoras de profissionais da área da saúde, revisar e atualizar os conhecimentos produzidos acerca da hanseníase junto aos serviços de atendimento à clientela que apresenta esse problema de saúde. (PEDRAZZANI, 1995, p. 12) É preciso destacar, ainda, que os profissionais que realizam cursos de especialização ou aperfeiçoamento passam a compreender com mais profundidade a importância deste diagnóstico precoce. Conclusão Os trabalhos analisados demonstram que são escassas as publicações no que se refere a prevenção das incapacidades, sendo na maioria apenas descritas e recomendadas. Mais escasso ainda são pesquisas relacionadas ao conhecimento e forma de atuação dos profissionais de saúde, mais especificamente a enfermagem. Nos artigos avaliados, observa-se que a grande maioria dos profissionais não estão preparados para dar o atendimento necessário aos portadores da Hanseníase. Ações educativas de prevenção, diminuição do estigma e melhora da qualidade de vida são de fundamental importância para o controle da doença. Os profissionais de enfermagem devem estar preparados para realizar o diagnóstico e a prevenção das incapacidades precocemente, para se evitar problemas futuros, fazendo com

12656 isto que o paciente tenha uma vida sem complicações. Entretanto, para que isso possa ocorrer, estes profissionais necessitam ter um melhor preparo, tanto na sua formação, quanto na sua vida profissional, realizando treinamentos com todos os profissionais da saúde que venham a manter qualquer tipo de contato com os pacientes portadores de hanseníase. Fica clara a necessidade da realização de capacitações sobre o assunto aos profissionais enfermeiros, bem como, a continuidade dos estudos. REFERÊNCIAS AQUINO D.M.C et al. Perfil dos pacientes com hanseníase em áreas hiperendemicas da Amazônia do Maranhão, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 36 (1): 57-67, jan-fev, 2003. BORGES, Ester et al. Determinação do grau de incapacidade em hansenianos não tratados. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 3, n. 3, Set 1997. disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=s0102-311x1987000300005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 27 outubro 2009. BRASIL. Ministério da saúde, 2001. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/incapacidades.pdf. Acesso em 8 de ago. de 2009.. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Dermatologia Sanitária. Diretrizes nacionais para elaboração de programas de capacitação para a equipe de saúde da rede básica atuar nas ações de controle da hanseníase. Brasília, 2000. CUNHA A. Z. Hanseníase, aspectos da evolução do diagnóstico, tratamento e controle. Rev. Ciência & Saúde Coletiva 2002 maio. FIGUEIREDO, N. M. A. Ensinando a cuidar em saúde Pública. São Caetano do Sul-SP; editora Yendis 2005. PEDRAZZANI, E. S.. Levantameto sobre as ações de enfermagem no programa de controle da hanseníase no estado de São Paulo. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto: [s.n.], jan.1995, v.3, n.1. Secretaria de estado da saúde, Paraná, Brasil. Disponível em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/file/hanseniase/trab_pesq/proj2_unesco_pr_conso lidado.pdf. Acesso em 28 de set. 2009. SILVA, Reinaldo Antonio da et al. Avaliação do grau de incapacidade em hanseníase: uma estratégia para sensibilização e capacitação da equipe de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 15, n. 6, Dez. 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s010411692007000600011&lng=en &nrm=iso>. Accesso em 11 Out. 2009.