TÍTULO: PROCESSOS PATOLÓGICOS RELACIONADOS AO USO DE GADOLÍNIO EM TÉCNICAS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

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Transcrição:

TÍTULO: PROCESSOS PATOLÓGICOS RELACIONADOS AO USO DE GADOLÍNIO EM TÉCNICAS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: BIOMEDICINA INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS AUTOR(ES): ANA LUIZA BRANCAGLIONE RESCA, MONIQUE NORIKO HAYASHI, YI HAN CHEN ORIENTADOR(ES): LEANDRO NOBESCHI

Resumo Encontra-se na natureza um raro elemento metálico lantanóide, uma terra rara de difícil extração, denominado Gadolínio. Este é utilizado em exames de Ressonância Nuclear Magnética (RNM ou RM) como meio de contraste paramagnético, para aprimorar a visualização de estruturas importantes, como vasos sanguíneos, tumores, nódulos, cistos, entre outros. Apresenta como vantagem maior sensibilidade à RM, quando comparado à sensibilidade da Tomografia Computadorizada em relação ao contraste iodado, necessitando portanto menor volume de injeção intravenosa, além de frequência de reações adversas bem menor. Entretanto, pode fornecer riscos à saúde de pacientes que apresentem doenças prévias, como renais crônicos, ou aqueles que sejam portadores de sensibilidades ou alergias, podendo causar reações agudas maiores ou menores, que vão de vômitos, urticárias e cefaleias até laringoespasmo e choque anafilático. Inclui-se nas complicações também uma patologia denominada Fibrose Sistêmica Nefrogênica. Destaca-se portanto a importância da atenção que o profissional de saúde envolvido nesta técnica deve despender, observando não somente o histórico do paciente, mas também eventuais complicações decorrentes da aplicação do contraste intravenoso em Ressonância Magnética. 1. Introdução As imagens de ressonância magnética (RM) são descritas de acordo com a intensidade do sinal encontrada nos diversos tipos de sequência. Trata-se de um exame complementar não invasivo que, utilizando-se de um grande campo magnético, obtém imagens em alta definição dos tecidos biológicos, sendo portanto um método muito preciso na identificação e diagnóstico de diversos tipos de doenças. A RM apresenta algumas vantagens frente a outras modalidades de exames de imagem, devido sua capacidade multiplanar, alta resolução espacial, não utilização de radiação ionizante e a possibilidade de realizar exames com contraste. (Marchiori; Santos, 2009) Frente à algumas suspeitas médicas ou achados na imagem é possível que seja necessária a aplicação intravenosa de um contraste, que realça a visualização de determinadas estruturas anatômicas como vasos sanguíneos ou tumores.

A maioria dos agentes de contraste utilizados em ressonância nuclear magnética é à base de quelatos do íon paramagnético do gadolínio. (Meireles, et al, 2012) O gadolínio (Gd) é um raro elemento metálico lantanóide com propriedades ferromagnéticas. Por ser um metal, deve estar na forma iônica (Gd3) para dissolver na água e funcionar como meio de contraste. Entretanto, o Gd3 é muito tóxico e pode precipitar em vários tecidos (fígado, nódulos linfáticos e osso), bloquear o transporte de cálcio nas células musculares e nervosas diminuindo a transmissão neuromuscular, e também interferir com enzimas intracelulares em membrana celular por um processo de transmetalação. Por isso, o Gd3 é administrado em associação com moléculas orgânicas maiores (quelantes), formando complexo mais estável, evitando os efeitos tóxicos do Gd3 e dificultando a transmetalação. (Mundim, et al, 2009) Os tipos de contraste à base de Gd que existem no mercado, atualmente, podem ser divididos em duas categorias, extracelular inespecífico e intracelular específico, sendo que a principal diferença está na molécula quelante que carrega o Gd. De modo geral, considera-se que os agentes de contraste à base de Gd são muito mais seguros que o contraste iodado, no entanto, existem complicações, as quais devem ser reconhecidas, para tratamento adequado e para orientação antes e após a realização do exame. As reações adversas agudas ao Gd podem ser divididas entre maiores ou graves, e menores, e entre gerais e locais. A incidência total de reações adversas aos meios de contraste em RM varia, aproximada- mente, entre 2% e 4%. As reações menores gerais mais comuns são náuseas, vômitos, urticária e cefaléia, enquanto as locais são irritação, ardor e sensação de frio. (Junior, et al, 2008) De fato, a dose de gadolínio é uma das variáveis mais polêmicas em angio-rm e motivo de diversas pesquisas recentes. Inicialmente os trabalhos realizados com injeção de contraste utilizavam doses duplas (0,2 mmol/kg). Posteriormente, foi demonstrado que pode ser utilizado doses triplas com segurança e até mesmo doses simples de contraste tornaram-se viáveis para a visualização devido ao

desenvolvimento de recursos técnicos e consequente ganho na resolução temporal e especial das sequencias de exame. (Caldana, et al, 2006) Assim, o Gd é amplamente utilizado em exames de RM para melhor resolução da imagem e visualização de características patológicas teciduais. Contudo, estudos demonstram a preocupação da utilização do Gd devido aos efeitos colaterais ou agravamento de doenças pré-existentes. 2. Objetivos O objetivo desta revisão de literatura é descrever as principais reações adversas, indicações, contra-indicações da utilização do Gd, e orientações importantes para o paciente que realiza o exame de RM contrastado. 3. Metodologia Trata-se de uma revisão da literatura. No decorrer do levantamento utilizou-se como base livros acadêmicos e artigos científicos dos bancos de dados: pubmed, bireme, scielo. As palavras chaves para a pesquisa foram: ressonância magnética, gadolínio, reações adversas do gadolínio. 4. Desenvolvimento Existe atualmente uma considerável gama de exames disponíveis para o diagnóstico de incontáveis patologias. Alguns invasivos, outros indolores, cada um com sua sensibilidade individual. Dentre estes pode-se citar a Ressonância Nuclear Magnética (RNM ou simplesmente RM), técnica bastante precisa e cada vez mais procurada. 5.1 Ressonância Magnética A ressonância magnética é um exame de imagem, complementar e não invasivo que se baseia na interação de um campo magnético exterior (magneto) e os átomos de hidrogênio do organismo. (...) de forma mais precisa, é um fenômeno em que partículas contendo momento angular e momento magnético exibem um movimento de precessão quando estão sob ação de um campo magnético. (Mazzola, 2009)

Pode ser indicada para a avaliação de inúmeros transtornos e doenças, como por exemplo, distúrbios neurológicos, observação de órgãos da cavidade abdominal, articulações, músculos, etc. Isso por sua capacidade multiplanar, alta resolução espacial, não utilização de radiação ionizante e a possibilidade de realizar exames com contraste. (Marchiori; Santos, 2009) 5.2 Contraste 5.2.1 Definição O contraste é uma substância química que, ao ser utilizada em exames de imagem, realça estruturas anatômicas importantes para o diagnóstico da suspeita médica, como vasos sanguíneos por exemplo. Também auxilia a visualização de tecidos patológicos como tumores, cistos, nódulos, entre outros. A maioria dos agentes de contraste utilizados nos exames de ressonância nuclear magnética é à base de quelatos do íon paramagnético gadolínio, que vem sendo utilizado desde o final da década de 1980. (Meireles, et al, 2012) Conforme estudado e discutido por Mundim, et al, (2009) e Junior, et al, (2008) o gadolínio é um raro elemento metálico lantanóide com propriedades ferromagnéticas, sendo encontrado na natureza como terra rara de difícil extração. Para que funcione como meio de contraste em técnicas de ressonância magnética e produza o efeito desejado, é necessário que o mesmo seja dissolvido na água e portanto esteja em sua forma iônica Gd³. O Gd³ pode ser extremamente tóxico e precipitar em inúmeros tecidos como fígado, ossos, entre outros. Por este motivo, para que ele seja utilizado com segurança como meio de contraste neste exame, deve estar quelado (associado) a moléculas orgânicas maiores, formando complexos mais estáveis. O íon gadolínio, quando está quelado a uma molécula, tem sua farmacocinética alterada, acelerando sua depuração e reduzindo de forma acentuada sua toxicidade. A quelação do gadolínio possibilita aumento de até 500 vezes na taxa de excreção renal do composto. (Meireles, et al, 2012) É importante ressaltar que, a sensibilidade da ressonância magnética ao gadolínio é comprovadamente maior que a da tomografia computadorizada aos contrastes iodados. Sendo que a dose utilizada do contraste iodado na tomografia

computadorizada pode chegar a ser até 15 vezes maior do que a utilizada de gadolínio na ressonância magnética. (Mundim, et al, 2009) 5.2.2 Indicações O uso do gadolínio é recomendado frente à algumas suspeitas médicas ou achados na imagem. Podem ser citados como exemplos o estudo de vasos sanguíneos cerebrais (RM de artérias e veias cerebrais, RM de artérias do pescoço), estudo de nódulos mamários (RM das mamas), estudo de hiperplasias prostáticas (RM de pelve masculina ou RM de próstata), estudo de endometriose (RM de pelve feminina), estudo de traumas em articulações ou distúrbios musculares, eventuais cistos ou nódulos encontrados durante exames, entre outros. (Westbrook, 2010) 5.2.3 Contra-indicações Não se recomenda a injeção de Gd em gestantes e lactantes, visto que já foi observada a passagem do mesmo pela placenta e para o leite materno. A passagem de contraste à base de Gd pela placenta em gestantes e para o leite materno em mulheres na lactação já foi demonstrada; de maneira geral, recomendase a não-utilização deste meio de contraste nessas situações. (Junior, et al, 2008) Pacientes com histórico de alergias gerais ou reações ao iodo podem realizar o exame contrastado, valendo-se de um protocolo prévio de dessensibilização. Pacientes com história prévia de alergia (...) podem se beneficiar do uso de esquema de medicação antes do exame com corticosteroides e anti-histamínicos, devem ser seguidos mais de perto durante a injeção do Gd, bem como ficar em observação por mais tempo. (...) (Junior, et al, 2008) 5.2.4 Reações adversas As reações adversas agudas ao Gd podem ser divididas em duas classes: a) Maiores ou graves: estas incluem laringoespasmo e choque anafilático. Sua incidência é descrita de 0,01% enquanto para contrastes iodados chega a 0,17%. Apesar de mais raras deve-se considerar sua possibilidade. b) Menores: se diferenciam em gerais, que são representadas por náuseas, vômitos, urticária e cefaleia; e locais, que são representadas por irritação, ardor e sensação de frio.

As reações adversas ao uso do gadolínio são mais incidentes em pacientes que já apresentaram reações ao uso de contrastes iodados, pacientes portadores de asma, ou que apresentem antecedentes de alergias de modo geral. (Junior, et al, 2008) A prevalência de reações alérgicas ao gadolínio é pouco frequente (0,07%) e é maior em pacientes com história de reação alérgica ao iodo. A incidência da reação anafilática varia de 1 por 100.000 a 1 por 500.000 administrações de gadolínio. (Meireles, et al, 2012) 5.3 Fibrose Sistêmica Nefrogênica Descreveram Mundim, et al, (2009) e Junior, et al, (2008) que a Fibrose sistêmica nefrogênica (FSN), também conhecida como dermopatia fibrosante nefrogênica (DFN), é uma condição que ocorre apenas em pacientes com disfunção renal que tenham sido expostos ao uso de gadolínio em ressonância magnética. É associada ao aumento da deposição tecidual de colágeno, causando espessamento e endurecimento da pele com forte hiperpigmentação, pápulas e nódulos subcutâneos nas extremidades, além de fibrose que pode acometer outras partes do corpo como diafragma e coração, por exemplo. Assim sendo, Concluímos que todo paciente apresentando creatinina sérica elevada deve ter sua função renal (clearance de creatinina) estimada, visando a segurança na realização da ressonância magnética. (Mundim, et al, 2009) 5.4 Orientações aos pacientes que realizam o exame de Ressonância Magnética contrastado Destaca-se a importância do bem estar emocional e físico do paciente, além de um acolhimento confortável e adequado para que o exame seja realizado com precisão e qualidade. Antes de iniciar o exame em geral os pacientes preenchem um formulário para a investigação de possíveis elementos magnéticos que forneçam risco a sua própria segurança e segurança da unidade. Para a realização do procedimento é disponibilizado ao paciente uma campainha para que qualquer desconforto ou sintoma seja notificado ao responsável pelo exame imediatamente. Após o término o paciente é conduzido a uma sala de repouso para que se recomponha e que a equipe verifique se houve alguma reação ao contraste ou qualquer outra alteração. Qualquer sintoma, por menor que aparente ser (náusea,

vermelhidão, prurido, tontura, entre outros.) deve ser comunicado a equipe responsável para que as providências adequadas sejam tomadas. Beber líquidos, principalmente água, colabora para melhor metabolização e eliminação do contraste. Não há nenhum impedimento de realizar atividades corriqueiras como dirigir ou trabalhar. Salvo exceções, estas são as principais recomendações aos pacientes que utilizam contraste em ressonância magnética. (Westbrook, 2010) 5. Resultados De acordo com a análise e comparação feitas da literatura levantada, esta revisão conclui que o Gadolínio como meio de contraste é de extrema importância para técnicas de Ressonância Nuclear Magnética. De maneira geral é bem menos tóxico do que o contraste iodado utilizado em Tomografia Computadorizada, apresentando, por consequência, frequência de reações adversas bem menor também. Porém pode apresentar riscos a pacientes que possuam doenças prévias (renais crônicos, por exemplo) ou então aqueles que portem alergias e/ou maior sensibilidade. Sendo assim reforça-se a importância do cuidado com os pacientes por parte dos profissionais envolvidos na técnica, realizando uma investigação inicial de histórico de alergias ou doenças, além da observação de qualquer sinal ou sintoma apresentado durante e após a aplicação do contraste. 6. Considerações Finais Baseando-se em todos os elementos levantados da literatura científica, o grupo considera ao final que fica destacada a relevância que tem o profissional de saúde em avaliar e identificar possíveis riscos que o contraste paramagnético a base de Gadolínio quelado pode fornecer à saúde de pacientes que realizem o exame de Ressonância Magnética.

7. Fontes Consultadas MEIRELES, G. C. X.; KREIMER, S.; MARCHIORI, G. G. A.; GALON, M. Z.; SCANAVACCA, R. Cinecoronariografia com Gadolínio em Pacientes com Alergia Grave ao Contraste Iodado. Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva 2012;20(3):32932. MUNDIM, J. S.; LORENA, S. C.; ABENSUR, H.; ELIAS, R. M.; MOYSES, R. M. A.; CASTRO, M. C. M.; JUNIOR, J. E. R. Fibrose Sistêmica Nefrogênica: uma complicação grave do uso do gadolínio em pacientes com insuficiência renal. Revista Associação Médica Brasileira 2009; 55(2): 220-5 JUNIOR, J. E.; SANTOS, A.C.; SANTOS, M. K.; BARBOSA, M. H. N.; MUGLIA, V. F. Complicações do uso intravenoso de agentes de contraste à base de gadolínio para ressonância magnética. Radiologia Brasileira. 2008 jul/ago; 41(4):263267 CALDANA, R. P.; BEZERRA, A. S. A.; D IPPOLITO, G.; SZEJNFELD, J. Estudo da circulação hepatomesentérica pela angiografia por ressonância magnética com gadolínio: comparação entre doses simples e dupla no estudo de pacientes esquistossomóticos. Radiologia Brasileira 2006;3(4):243-251 MAZZOLA, A. A. Ressonância magnética: princípios de formação da imagem e aplicações em imagem functional. Revista Brasileira de Física Médica. 2009;3(1):117-29 MARCHIORI, E.; SANTOS, M.L. Introdução à Radiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. WESTBROOK, C. Manual de técnicas de ressonância magnética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.