Aula 11 O FENÔMENO RELIGIOSO I. José Rodorval Ramalho. META Apresentar as estruturas elementares da vida religiosa.

Documentos relacionados
Aula12 FENÔMENO RELIGIOSO II. José Rodorval Ramalho. META Apresentar as manifestações do fenômeno religioso no mundo contemporâneo.

TEMA-PROBLEMA. A experiência religiosa como afirmação do espaço espiritual do mundo FENÓMENO UNIVERSAL

Aula3 OS MÉTODOS DE PESQUISA EM SOCIOLOGIA. José Rodorval Ramalho. META Apresentar alguns métodos da pesquisa sociológica.

Aula2 A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA. José Rodorval Ramalho. META Apresentar a lógica da pesquisa científi ca.

Ensino Religioso. O eu, o outro e o nós. O eu, o outro e o nós. Imanência e transcendência. Sentimentos, lembranças, memórias e saberes

Fil. Soc. Monitor: Leidiane Oliveira

Sociedade como fonte do pensamento lógico

REFERENCIAL CURRICULAR DO PARANÁ: PRINCÍPIOS, DIREITOS E ORIENTAÇÕES. ENSINO RELIGIOSO 1.º ao 9.º Ensino Fundamental

COLÉGIO DE SANTA DOROTEIA LISBOA ANO LETIVO 2016/2017 DEPARTAMENTO DE PASTORAL DISCIPLINA: EDUCAÇÃO MORAL E RELIGIOSA CATÓLICA PLANIFICAÇÃO DE 7º ANO

ARTES. Espaços Sagrados. Sônia Siqueira. Docente das Faculdades Integradas Teresa D Ávila - Lorena - SP.

TEXTOS SAGRADOS. Noções introdutórias

QUAL O SIGNIFICADO DE RELIGIOSIDADE PARA VOCÊ?

CURRÍCULO PAULISTA. Ensino Religioso

O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM. Prof. Cesar Alberto Ranquetat Júnior

Aula6 TIPOS DE SOCIEDADE. José Rodorval Ramalho

Essência das religiões segundo Émile Durkheim. Sociologia da Comunicação FLUL, Docente: Rita Marquilhas

AME NOVA FRIBURGO Agosto de 2014 O HOMEM E DEUS. Claudio C. Conti

Introdução à Espiritualidade Cristã

O Cristianismo É uma religião abraâmica monoteísta centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus, tais como são apresentados no Novo Testamento; A Fé

INFLUÊNCIAS TEÓRICAS PRIMEIRAMENTE, É PRECISO DESTACAR A INFLUÊNCIA DO PENSAMENTO ALEMÃO NA SUA

Curso Aprendizes do Evangelho 1º Ano. Aula 1 Evolução da Religiosidade através dos tempos

Metodologia Científica

C & Q. O homem que apenas crê e não procura refletir esquece-se de que é

Durkheim SOCIEDADE HOMEM. Anos 70 ROCOCÓ DETERMINA OPERÁRIOS

SOCIOLOGIA 1 ANO PROF. DARIO PINHEIRO PROF. JOSINO MALAGUETA ENSINO MÉDIO

RELIGIÕES ASIÁTICAS. Professor João Paulo Bandeira. Geografia 9º Ano

MITO E RAZÃO. A passagem do mito à Filosofia

Professora: Susana Rolim S. Silva

ENSINO RELIGIOSO 6 ANO ENSINO FUNDAMENTAL PROF.ª ERIKA CARMO PROF. LUÍS CLÁUDIO BATISTA

Escrito por Volney Berkenbrok Seg, 07 de Agosto de :21 - Última atualização Seg, 07 de Agosto de :23

CURRÍCULO DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO BÁSICA. Prof. Elcio Cecchetti

Positivismo ou sociologia da ordem. Comte e Durkheim

Proposta Curricular para o Ensino Religioso da Secretaria Municipal de Educação de Camburiu e Itapema

liberada por se tratar de um documento não aprovado pela PUC Goiás.

O Cristianismo - Questionário

PROFECIAS NEWS Boletim Informativo de Religiões Proféticas

Um olhar sobre a religiosidade da juventude na Comunidade Duas Barras Do Fojo Mutuípe - BAHIA.

OUTROS TIPOS DE CONHECIMENTOS

DEPARTAMENTO: DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

Durkheim. Durkheim. Tipologia Social. Sociologia. Consciência Coletiva. Divisão Social do Trabalho SOCIEDADE HOMEM

Primeiros grandes pensadores da Sociologia. Émile Durkheim

Cultura e Sociedade. Prof (s): Osvaldo Meza e Ronaldo Coture

LIÇÃO 1 A CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO. Prof. Lucas Neto

GEOGRAFIA DA RELIGIÃO

Ensino Religioso PROBLEMÁTICAS DO ENSINO E DO USO DE MATERIAL DIDÁTICO. Colégio Ibituruna Governador Valadares, MG 19 de outubro de 2016

Aula13 A GLOBALIZAÇÃO I. José Rodorval Ramalho. META Apresentar o fenômeno da globalização.

ÉMILE DURKHEIM ( )

A Liberdade Interior

Disciplina: HS045 Antropologia III: Teorias Antropológicas II Profa. Ciméa Barbato Bevilaqua - 1º semestre de 2011

Guerra de ofertas. Guerra de ofertas Contextualização. Santa Convocação

O Livro dos Espíritos

Diferentes formas de conhecimento

FENOMENOLOGIA DA RELIGIÃO

Aula9 INDIVÍDUO E SOCIEDADE. José Rodorval Ramalho. META Apresentar o conceito de socialização.

PLANO DE ESTUDOS DE EMRC - 7.º ANO

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM UNISALESIANO DE LINS PROFESSORA: LILIANE VALBOM ENFERMAGEM º SEMESTRE

Vivemos em dias em que um número cada vez maior de pessoas demonstra, das mais variadas maneiras, que nada sabem sobre Deus.

Aula7 AS SOCIEDADES TRADICIONAIS. José Rodorval Ramalho. META Apresentar as principais características das sociedades tradicionais.

OTeremos um trimestre bíblico. Estudaremos a Epístola aos Hebreus.

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE HISTÓRIA

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES PARA ENTENDER O QUE A LEI TROUXE DE NOVO NA ÁREA DO ENSINO RELIGIOSO

LINGUAGENS PARA A RELIGIÃO

C & Q. Uma abordagem da cura e autocura à luz do Espiritismo e da Ciência Moderna.

Ano Letivo 2012 / COMPETÊNCIAS CONTEÚDOS CALENDARIZAÇÃO AVALIAÇÃO Tema 1 A Paz Universal. - A paz, o grande sonho da humanidade.

FCSH/UNL 2012/13 Teorias Sociológicas: Os Fundadores

... Cultura. Em busca de conceitos

Resenha. DOI /P v13n38p1182. Cassiana Matos Moura

Introdução de Sociologia

MITO E FILOSOFIA 1 SÉRIE DO ENSINO MÉDIO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP

Aula 08 Terceiro Colegial.

RELIGIÃO, EDUCAÇÃO E A INFLUÊNCIA DA LEI /03

SOCIOLOGIA TEORIAS SOCIOLÓGICAS II - 2º ANO ANO LECTIVO DOCENTE: Jean-Martin Rabot

ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO

PROFESSOR NICHOLAS GABRIEL MINOTTI LOPES FERREIRA. Religião, Mitologia & Filosofia

ENSINO RELIGIOSO 8 ANO ENSINO FUNDAMENTAL PROF.ª ERIKA PATRÍCIA FONSECA PROF. LUIS CLÁUDIO BATISTA

DEUS A Análise de Kardec.

PROJETO DE OFICINA PEDAGÓGICA

Ementa Teorias antropológicas sobre religião. Análise comparativa de estudos sobre religião em diversas sociedades.

EJA 4ª FASE PROF. LUIS CLAÚDIO

ESTUDO REFLEXIVO- SISTÊMICO DAS OBRAS DE ALLAN KARDEC E DO EVANGELHO DE JESUS

liberada por se tratar de um documento não aprovado pela PUC Goiás.

Conselho Estadual de Educação de Rondônia Resolução n. 108 de 15 de dezembro de 2003

RESOLUÇÕES DE QUESTÕES PROFESSOR DANILO BORGES FILOSOFIA 9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL II

Exercícios de Revisão 1

O que é Sociologia?

1º Anos IFRO. Aula: Conceitos e Objetos de Estudos

RESOLUÇÃO CEE 108/03 Conselho Estadual de Educação de Rondônia

Introdução. 1. Sociedade e Sociologia.

Os Sociólogos Clássicos Pt.2

O Apocalipse de João foi feito para incitar a esperança, e não o pavor.

Aula 4 Cultura e Sociedade

M I T O. e Interpretação da Realidade. Marlon Leandro Schock

Colégio Santa Dorotéia

CURSO DE VERÃO 2019 Tema: Mente Cristã

Como observar a realidade social? Operários, pintado por Tarsila do Amaral em 1933.

Unidade Lectiva 1 21 de Fevereirto de Gesellschaft - Gemeinschaf

A Realidade e Mitos sobre o Despertar Espiritual. Enrique R. Argañaraz

Religiosidade Mínima Brasileira. Religião, Mídia e Ritos Prof.: Dr. Júlio Cézar Adams Estudante: Vanildo Luiz zugno

Transcrição:

Aula 11 O FENÔMENO RELIGIOSO I META Apresentar as estruturas elementares da vida religiosa. OBJETIVOS Ao fi nal desta aula, o aluno deverá: compreender os conceitos de religião, rito, mito, magia. PRÉ-REQUISITO Compreensão das aulas anteriores e leituras de apoio. José Rodorval Ramalho

Sociologia I INTRODUÇÃO Uma das áreas mais instigantes da pesquisa em Sociologia é aquela que se dedica aos fenômenos religiosos. Ao mesmo tempo, esta é uma das especialidades sociológicas em que encontramos mais controvérsias e, conseqüentemente, menos consensos. Entretanto, uma das poucas proposições que nos parece comum aos estudiosos do fenômeno religioso é aquela segundo a qual a experiência religiosa é parte inerente da experiência humana. Em outras palavras, em toda e qualquer civilização, do passado ou do presente, encontraremos a religião como segmento incontornável da vida social. As investigações sociológicas já encontraram monoteísmos, politeísmos e até mesmo religiões sem divindades, ritos variados, uma infinidade de símbolos, tipos diferentes de sacerdócio, musicalidades sagradas as mais distintas, mas não se depararam, em nenhum momento, com uma sociedade sem religião. A seguir, apresentaremos, minimamente, como a pesquisa sociológica tem abordado o fenômeno religioso, suas origens, o significado dos seus mitos, símbolos, ritos e os espaços sagrados. (Fonte: http://casinhadobob.files.wordpress.com). 82

O fenômeno religioso I Aula 11 RELIGIÃO Muitos ainda pensam que o contato entre ciência e religião só pode resultar num jogo de soma zero, onde uma sairia sempre perdendo porque a outra se revelaria sempre vencedora. É como se não pudesse existir uma convivência pacífica entre ambas. Entretanto, a história dos estudos sociológicos sobre as religiões nos faz crer que a relação entre essas duas entidades tem sido esclarecedora para ambas as partes. ORIGEM DA RELIGIÃO O modo mais comum de abordagem das religiões no âmbito da Sociologia tem sido aquele que não se preocupa em provar a existência ou inexistência de tal ou qual deus, mas as conseqüências sociais da idéia de existência desses deuses. O que tem interessado a esse tipo de pesquisa são as conseqüências sociais da idéia da existência dessas divindades. Assim, a questão que nos interessa não é a da (in) existência de Deus, mas das mais variadas repercussões desse tipo de crença na estruturação cotidiana das ações sociais. Dessa maneira, é a partir de suas manifestações exteriores, observadas na forma de ritos, símbolos, mitos, músicas e visões de mundo que a sociologia buscará a compreensão desse fenômeno. Assim, antes de apresentarmos as características mesmas do fenômeno religioso, talvez seja importante fazer referências a uma das questões recorrentes na discussão sobre a religião as suas origens. Em relação à busca das origens, a comparação com a astrofísica pode nos ajudar a entender o que faz a Socilogia quando procuram a gênese das religiões. Sabemos que os cientistas que pesquisam a origem do universo só conseguem chegar até certo ponto. O Big-Bang, por exemplo. Mas, a grande explosão primordial não nos revela o ponto zero da matéria, pois basta perguntar: e antes da explosão, o que existia? Quando a Sociologia discute a origem do fenômeno religioso em nenhum momento está tentando localizar o ponto zero deste fenômeno, mas sim as suas formas mais elementares. Aquelas que foram passíveis de algum tipo de observação e/ou registro empírico. Desse modo, alguns teóricos afirmam, por exemplo, que a forma mais elementar de vida religiosa é o totemismo, um tipo de religião ainda existente e que tem como traço principal a atribuição de poderes sobrenaturais a determinados objetos, como plantas ou animais. Em geral, a esses totens estão vinculados determinados grupos de parentescos ou clãs. Essa forma de religiosidade é mais comum naquelas sociedades que, anteriormente, chamamos de tradicionais. 83

Sociologia I É importante lembrar que a pesquisa empírica já demonstrou que não há uma linha evolutiva obrigatória para as religiões. Uma religião politeísta não é um resquício a ser superado. Uma religião totêmica não vai se tornar, futuramente, um monoteísmo. Portanto, sobretudo na modernidade, é muito grande a possibilidade de continuarmos a observar vários tipos de religião em plena convivência, pacífica ou não. Por outro lado, embora as definições do fenômeno religioso sempre tragam consigo imprecisões e controvérsias, poderíamos partir da seguinte definição: a religião é um conjunto de mitos, símbolos e ritos praticados por uma comunidade de fi éis que divide o mundo em sagrado e profano. A definição exposta pode evitar que possamos confundir religião com divindades (monoteístas ou politeístas) ou códigos morais, pois sabemos que nem todas as religiões têm uma divindade ou um conjunto de preceitos que indicam o que é certo e o que é errado. É importante enfatizar que algumas religiões, mesmo tendo as suas divindades, não acreditam que elas intervenham na história, ou seja, para tais religiões os deuses não agem para ajudar ou para prejudicar. Atentemos para outro aspecto da definição referente à comunidade de fiéis. Isto sugere que não há religiões individuais, por mais que o processo de modernização (Fonte: http://clipart.usscouts.org ). estimule a individualidade. A questão aqui está relacionada com a obrigatoriedade da partilha de sentidos por um grupo, seja ele grande ou pequeno. Outra questão a ser reiterada na definição acima é que observaremos sempre, no âmbito da pesquisa sobre esse fenômeno, a existência de mitos, símbolos e ritos em todas as religiões. Comentando os ritos nas sociedades arcaicas, o historiador romeno Mircea Eliade afirma que os rituais religiosos referem-se a acontecimentos míticos provocados por heróis ou seres divinos que, através de iniciações, tentam aproximar o neófito da sua cultura, por meio da repetição de ações exemplares levadas a cabo pelos seus deuses, semi-deuses ou heróis civilizadores na aurora dos tempos. É mister citar a violência como elemento central nessas narrativas mítico-religiosas. Podemos observar que, praticamente, todas essas narrativas versam, inclusive, sobre mortes, assassinatos, mutilações etc. Os ritos tentam reproduzir esses acontecimentos através da violência mimética ritual. A literatura sobre o tema da simbologia é tão vasta quanto complexa. Conhecimentos advindos das áreas mais diversas vêm tentando explicar as estruturas, funções e significados dos símbolos nos diversos campos da ação social. 84

O fenômeno religioso I Aula 11 Todo e qualquer universo religioso encontra na linguagem simbólica um meio eficaz através do qual os seus ensinamentos serão apropriados pelos membros do grupo. Diz-se, acerca dessas estruturas sim bólicas, que elas abrem o espírito para o desconhecido e o infinito; revelam velando e velam revelando; afetam estruturas mentais e mobilizam a totalidade do psiquismo; podem ser consideradas uma combinação de sentidos que formam unidades múltiplas, como se houvesse uma abundância de significados no mesmo significante, onde os símbolos suscitam uma experiência totalizante, tendendo a condensar numa única imagem uma experiência espiritual. Em relação às suas funções, podemos afirmar que atuam de maneira exploratória na busca do desconhecido; funcionam também como mediadoras entre a imanência e a transcendência; atuam como unificadoras da experiência entre as dimensões interiores e exteriores dos indivíduos. Enfim, identificando-se com sua época, embora não estejam restritas a ela, se dirigem ao homem integral e não somente a sua inteligência. Da definição proposta resta-nos comentar o par de oposições expresso nas categorias sagrado e profano, que se refere ao núcleo do fenômeno religioso. Faremos isso a partir das formulações do sociólogo francês Émile Durkheim e do historiador romeno Mircea Eliade. Para o homem religioso, a necessidade de separar, no mundo, o que é sagrado do que é profano, decorre do seu convencimento de que o mundo não é homogêneo, que existe um mundo forte e significativamente ordenado o sagrado - e outro que expressa a desordem, o caos e a falta de sentido o profano. Por exemplo, é normal que os que crêem tenham seus tempos e espaços sagrados. Vejamos o caso típico de um espaço sagrado o templo religioso. Igrejas, mesquitas, sinagogas, cabanas, terreiros e várias outras expressões de espaços sagrados têm em comum, sobretudo, o fato de significarem um momento de ruptura com o espaço exterior, profano, caótico, amorfo. Da mesma maneira, podemos exemplificar a manifestação sagrada na própria temporalidade. É o caso do calendário religioso, dos dias sagrados, das horas dedicadas ao culto das divindades. Aqui, observamos que os momentos sagrados são uma ruptura com os momentos profanos. É como se o tempo comum/profano fosse suspenso pelo tempo incomum/ sagrado. O tempo da oração, por exemplo, é um tempo exclusivo, no qual não cabem outros pensamentos ou atividades. Não podemos esquecer, ainda, que o tempo sagrado é um tempo que exige um eterno retorno, pois evoca sempre a mesma coisa. 85

Sociologia I ATIVIDADES 1. Qual a importância das religiões no mundo contemporâneo? 2. É possível à ciência o estudo das religiões? 3. Qual a relação entre mitos, ritos e símbolos no universo religioso? 4. O que você entendeu por sagrado e profano? 5. Identifique um espaço e um tempo sagrados na sua comunidade. COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES 1. Tente identificar as religiões que atuam no seu meio e observe suas ações. 2. Explore a idéia de que a ciência e a religião têm objetivos diferentes. 3. Lembre que o exercício da religiosidade envolve uma linguagem adequada, narrativas de ações exemplares e atitudes repetitivas que presentificam essas ações. 4. O homem religioso busca sentido, ordem, previsibilidade e segurança ontológica. 5. Observe os templos religiosos e os dias santos. RESUMO Observamos que o fenômeno religioso apresenta-se em toda e qualquer civilização humana já observada e que a sociologia procura estudá-lo, quando se trata da sua gênese, nas suas formas mais elementares, empiricamente constatáveis. Além disso, como ciência, não é do alcance da Sociologia a demonstração da existência ou não das divindades, mas as repercussões dessas crenças na estruturação da vida social dos grupos em questão. Vimos, também, que o fenômeno religioso apresenta algumas características essenciais, entre elas: a classificação do mundo entre sagrado e profano e a existência de símbolos, mitos e ritos partilhados por uma comunidade de fé. 86

O fenômeno religioso I Aula 11 O SAGRADO Mircea Eliade Na obra O Sagrado, Rudolf Otto esforça-se por clarificar o caráter específico dessa experiência terrífica e irracional. Descobre o sentimento de pavor diante do sagrado, diante desse misterium tremendum dessa majestas que exala uma superioridade esmagadora de poder; encontra o temor religioso diante do misterium fascinas, em que se expande a perfeita plenitude do ser. R. Otto designa todas essas experiências como numinosas (do latim numen, deus ) porque elas são provocadas pela revelação de um aspecto do poder divino. O numinoso singulariza-se como qualquer coisa de ganz andere, radical e totalmente diferente: não se assemelha a nada de humano ou cósmico; em relação ao ganz andere o homem tem o sentimento de sua profunda nulidade, o sentimento de não ser mais do que uma criatura, ou seja segundo os termos com que Abraão se dirigiu ao Senhor de não ser senão cinza e pó. REFERÊNCIAS DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. Tradução de Joaquim Pereira Neto. São Paulo: Ed. Paulinas, 1989. ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. Tradução: Rogério Fernandes. São Paulo: Martins Fontes, 2001. GIDDENS, Anthony. Sociologia. Tradução de Sandra Regina Netz. Porto Alegre: Artmed, 2005. 87