Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 8., 2011, Belo Horizonte Uso do Sistema de Informações Geográficas para realização da análise da capacidade gerencial dos municípios mineiros Thiago Andrade dos Santos (1), Elizabeth Lomelino Cardoso (2), Ivair Gomes (2), Eliane Maria Vieira (2), Marley Lamounier Machado (3), Maria Lélia Rodriguez Simão (3), Matheus Hipólito Ireno Silva (1), Gustavo Thomaz de Castro Soares (1) (1) Bolsistas PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, thiago_andsant@yahoo.com.br; (2) Pesquisadores/Bolsistas BIP FAPEMIG/EPAMIG - Belo Horizonte, elomelinoc@epamig.br; (3) Pesquisadores EPAMIG - Belo Horizonte INTRODUÇÃO Este estudo é parte integrante de um trabalho maior promovido pela EPAMIG denominado Zoneamento Agroecológico de culturas oleaginosas para o estado de Minas Gerais. Este zoneamento consiste em verificar a aptidão dos municípios mineiros para o cultivo das principais oleaginosas (soja, algodão, girassol e mamona), levando em consideração as necessidades da cultura e as características climáticas, geomorfológicas, pedológicas, socioeconômicas e logísticas encontradas em cada um desses municípios. O zoneamento agroecológico de culturas oleaginosas é fundamental para que as práticas agrícolas do agronegócio sejam sustentáveis do ponto de vista, não só econômico, mas social e ambiental. Como parte integrante do zoneamento socioeconômico, o objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade gerencial dos municípios mineiros levando em consideração a existência dos principais instrumentos voltados para o planejamento e para a gestão territorial. Quanto aos instrumentos para o planejamento, foi verificada a existência dos planos diretores municipais, lei de parcelamento do solo e lei de zoneamento. Os instrumentos analisados para a gestão municipal foram: cadastro do IPTU, cadastro do imposto sobre serviço (ISS) de qualquer natureza. Para esse parâmetro foi adicionado o Índice de Desenvolvimento Tributário e Econômico (IDTE) de 2006, contido no Índice Mineiro de Responsabilidade Social (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2009),
EPAMIG. Resumos expandidos 2 pois este índice permite verificar as desigualdades existentes entre a arrecadação dos municípios. Para uma adequada gestão ambiental foi verificada a existência do Conselho Municipal de Meio Ambiente, fundo municipal de meio ambiente, legislação específica para tratar de questão ambiental, participação em consórcio intermunicipal para assuntos relativos ao meio ambiente e participação em Comitês de Bacia Hidrográfica. Também será verificada a existência de órgãos de administração indireta nos municípios. MATERIAL E MÉTODO Para a realização deste trabalho foram utilizados os dados disponíveis pelo IBGE (2009) contidos no perfil dos municípios brasileiros e dados fornecidos pelo Índice Mineiro de Responsabilidade Social (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2009). Estes dados foram espacializados utilizando o SIG Arcgis, visando à confecção de mapas que facilitem as análises espaciais. Para facilitar a espacialização dos dados no Arcgis e, consequentemente, as análises relativas à capacidade gerencial, foi gerado um índice que vai de zero a um, o qual será obtido pela aplicação da seguinte fórmula adaptada daquela utilizada pelo ZEE-MG (2006): em que: Capacidade gerencial = G X G1 = existência de articulação intermunicipal voltada para a questão ambiental; G2 = situação da gestão ambiental; G3 = existência de administração indireta; G4 = instrumentos para gestão municipal (IPTU e ISS); G5 = instrumentos de planejamento municipal; G6 = índice de desenvolvimento tributário e econômico de 2006; X = número de elementos analisados.
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 8., 2011, Belo Horizonte 3 Para cada um desses parâmetros representados pela letra G foi utilizada uma metodologia específica que os transformou em um índice que vai de zero a um com o intuito de incluí-los na fórmula citada. RESULTADOS E DISCUSSÕES A análise do mapa (Fig. 1) indica que a capacidade gerencial dos municípios mineiros apresenta-se desigual entre as mesorregiões do Estado. Determinadas mesorregiões, como a Metropolitana de Belo Horizonte, Triângulo Mineiro e Noroeste de Minas, mostram-se com uma melhor capacidade gerencial, apresentando uma significativa parcela de seus municípios dentro das duas melhores faixas dos índices 0,558 a 0,740 e 0,741 e 0,987. Em pior situação estão as mesorregiões do Jequitinhonha, Norte de Minas, Zona da Mata, Vale do Rio Doce e Campo das Vertentes, pois possuem poucos municípios contidos na faixa de melhor índice e muitos na faixa correspondente ao pior índice, 0,095 a 0,296. As demais mesorregiões, Central de Minas, Oeste de Minas, encontram-se em um nível intermediário quanto a sua capacidade gerencial, estando a maioria de seus municípios com índices entre 0,417 e 0,557, 0,741 e 0,987 e apenas uma pequena quantidade está na faixa de pior índice. Os municípios que obtiveram os melhores índices foram: Betim (0,987), Belo Horizonte (0,978), Itabira (0,970), Uberaba (0,965), Governador Valadares (0,937), Monte Sião (0,917), Pirapetinga (0,911), João Monlevade, Itanhandu (0,906), Ituiutaba (0,905), Sacramento (0,904) e Pompeu (0,902). Em contrapartida, os municípios que possuem os piores índices são: Bugre (0,095), Francinópolis (0,103), Natalândia (0,105), Berizal (0,105), Ninheira (0,106), Frei Gaspar (0,110), Pedra Bonita (0,112), Cordisburgo (0,120), Passa-Vinte (0,138), Bandeira (0,139), Itaverava (0,141), Josenópolis (0,146) e Ibiracatu (0,147). Verifica-se, também, que existem pequenas concentrações de municípios limítrofes que se encontram dentro de uma mesma faixa do índice, tanto nas mais altas quanto nas mais baixas, o que pode indicar uma espécie de desenvolvimento ou subdesenvolvimento que se propaga em escala regional, principalmente, pela proximidade. Verifica-se, em muitos casos, que a
EPAMIG. Resumos expandidos 4 articulação intermunicipal é demandada e, ao mesmo tempo, facilitada pela proximidade geográfica, ocorrendo a troca de experiências e a disseminação de conhecimentos e informação. Dessa forma, a concentração de municípios com baixos índices pode estar relacionada com as poucas articulações existentes entre estes municípios e que acaba se tornando uma tendência de escala regional. CONCLUSÃO De modo geral, os índices obtidos mostram que a capacidade gerencial dos municípios mineiros necessita ser melhorada. Verifica-se que a maior parte dos municípios do Estado está situada dentro da faixa com os piores índices (0,095 a 0,557), o que para a implantação, não só da atividade agrícola voltada para o agronegócio, mas também para outros empreendimentos de maior porte, pode ser muito impactante se não houver uma gestão territorial organizada, que seja abrangente o suficiente para dar conta, tanto das questões socioeconômicas quanto ambientais. Este estudo é, somente, uma parte dos parâmetros estruturais que serão utilizados para a confecção do zoneamento socioeconômico dos municípios, portanto seus resultados não representam a totalidade da situação administrativa municipal, mas, pode fornecer uma ideia de proporcionalidade e desigualdade entre os municípios. Os resultados obtidos são de grande importância para futuros investimentos no setor agropecuário e em outras atividades econômicas. AGRADECIMENTO À Fapemig. REFERÊNCIAS FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Índice Mineiro de Responsabilidade Social. Belo Horizonte, 2009.
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 8., 2011, Belo Horizonte 5 IBGE. Perfil dos municípios brasileiros. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 10 jul. 2010. ZEE-MG. Zoneamento Ecológico Econômico do Estado de Minas Gerais. Lavras, 2006. Disponível em: <http://www.zee.mg.gov.br/zee_externo>. Acesso em: out. 2010. Figura 1 - Capacidade gerencial dos municípios mineiros FONTE: IBGE (2009).