Origem: PRT 5ª Região Membro Oficiante: PEDRO LINO DE CARVALHO JÚNIOR Interessados: 1) SIGILOSO; 2) LIDER TELECOM COMÉRCIO E SERVIÇOS EM TELECOMUNICAÇÕES S/A Assunto: Igualdade de oportunidades e discriminação nas relações de trabalho 06. 06.01. 06.01.01 EMENTA: Se o indivíduo detém a liberdade para provocar o Estado mediante o exercício do direito de petição constitucionalmente protegido (art. 5º, XXXIV, a/cf), incorpora, por simetria, a responsabilidade para o fim de adotar expedientes adequados ao propósito colimado mediante a denúncia apresentada, ainda que de natureza sigilosa, o que, no caso, não ocorreu. Arquivamento que se homologa. RELATÓRIO Trata-se de Inquérito Civil instaurado a partir de denúncia sigilosa de prática de assédio sexual no âmbito da empresa investigada que teria como vítimas obreiras componentes de seu quadro funcional. O Exmo. Procurador do Trabalho Pedro Lino de Carvalho Júnior fundamentou a Promoção de Arquivamento (fls. 46-47) com base em 1
insuficiência de dados nos autos e incompletude da tarefa persecutória, vez que o denunciante, instado a prestar maiores esclarecimentos e indicar provas para corroborar o quanto alegado, apenas indicou uma testemunha, que ainda trabalha na empresa e não se sentiu confortável em depor sobre os fatos narrados (depoimento de fl. 40). Os autos foram encaminhados à CCR, sorteados e distribuídos à Exmª Srª Subprocuradora-Geral do Trabalho, Vera Regina Della Pozza Reis, cuja divergência que suscitei em Sessão do dia 16/12/2014 foi acompanhada pelos demais integrantes desta CCR. É o breve relatório. FUNDAMENTAÇÃO Com a devida vênia, não comungo com o entendimento esposado no douto voto oferecido pela Exmª Srª Subprocuradora-Geral do Trabalho Vera Regina Della Pozza Reis. Com efeito, examinada a denúncia sigilosa de fl. 2, observa-se a necessidade de provar os fatos alegados pela Denunciante que, instada por diversas vezes a se manifestar para apresentar dados de outras testemunhas, quedou-se inerte, não sendo possível inclusive localizar o seu endereço para envio de correspondência pelo i. Membro Oficiante, consoante certidões e despachos a seguir colacionados: 2
Folha Despacho de fl. 22 - Diante da certidão de fls. 17, intime-se o denunciante e o sindicato obreiro para que informem, em 30 dias, o atual endereço da empresa denunciada Certidão de fls. 33, verso Certifico que após inúmeras tentativas de contactar o denunciante sigiloso através dos telefones encontrados na pasta espelho não foi possível encontrar endereço dela para envio da notificação nº 45214.2013. Despacho de fl. 36 Designo audiência para oitiva da testemunha RAFAELA SANTOS DA SILVA, RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, BAIXA DA PEDREIRA, BL. 01, APT. 04, LOBATO, SALVADOR BA, CEP: 40470-390, a ter curso no dia 20/02/2014 às 15h. Deve esta ser contactada no telefone 88266094, para que se confirme o endereço e para informá-la da audiência Despacho de fls. 41 A testemunha ouvida sigilosamente na data de ontem (20/02/2104) (SIC) trabalha na empresa investigada, de modo que se sente constrangida a depor contra seu empregador, por razões mais do que compreensíveis. De todo modo, comprometeu-se a indicar o nome de outra testemunha que já saiu da empresa e que poderia colaborar nas investigações. Aguarde-se em secretaria, pois, por 30 dias, tais informações Certidão de fl. 42 Certifico que o denunciante SIGILOSO (Sigiloso) deixou transcorrer, sem manifestação, o prazo fixado 3
Folha em despacho (fl. 37). Para tanto, faço conclusão dos autos do procedimento em referência ao (à) Exmº Procurador oficiante. Despacho de fl. 43 Promova-se contato telefônico com a denunciante para que este indique, ao menos, mais uma testemunha para depor sobre os fatos ora em apuração, haja vista o quanto registrado às fls. 37. Certidão de fl. 44 Certifico que não obtive sucesso ao contactar o denunciante sigiloso através dos telefones encontrados na pasta espelho, pelo que não pude cumprir o quanto determinado em despacho. Demais disso, oficiou-se ao Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Estado da Bahia solicitando informações, ocasião em que o sindicato afirmou não ter conhecimento da denúncia (fls. 34-35). Desta forma e pedindo vênia ao douto voto exarado pela Exmª Srª Subprocuradora-Geral do Trabalho Vera Regina Della Pozza Reis, adiro ao entendimento explanado pelo i. Órgão Oficiante e entendo que não há fundamento para prosseguimento das investigações. Os atos investigatórios devem ter viabilidade material, pena de tornar inútil a atuação do Parquet, com insidiosa perda de tempo que poderia ser destinado à realização de investigações outras dirigidas à comprovação de condutas efetivamente ofensivas aos direitos fundamentais dos trabalhadores. A inviabilidade material da investigação e o binômio liberdade/responsabilidade, que é cometido a todo indivíduo que aciona os órgãos do Estado, impedem a reabertura da investigação. 4
Deveras, articulada a denúncia e instada a se manifestar, a Denunciada continuou sem juntar provas dos fatos narrados. Se o indivíduo detém a liberdade para provocar o Estado mediante o exercício do direito de petição constitucionalmente protegido (art. 5º, XXXIV, a/cf), incorpora, por simetria, a responsabilidade para o fim de adotar expedientes adequados ao propósito colimado mediante a denúncia apresentada, o que, no caso, não ocorreu. Por todo o exposto, tendo o i. Membro Oficiante cumprido as finalidades contidas na Orientação nº 11 da CCR, e consoante dispõe o Precedente n 18 do CSMPT, impõe-se o arquivamento do presente feito. CONCLUSÃO arquivamento. Pelo exposto, voto pela homologação da promoção de Brasília, em 16 de dezembro de 2014. MANOEL JORGE E SILVA NETO Subprocurador-Geral do Trabalho Coordenador em exercício da CCR - Relator 5