TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO TRIRUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO AC0^SÍSTRTD4) 0 SOB C N" ACÓRDÃO II lllllllllliiiiijijij 'I'JP'"" ""'"' Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Execução Penal n 990.09.316471-0, da Comarca de Presidente Prudente, em que é agravante/agravado WILSON JOSÉ DA SILVA sendo agravado/agravante MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 12 a Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "POR VOTAÇÃO UNÂNIME, NEGARAM PROVIMENTO AO AGRAVO MINISTERIAL E DERAM PROVIMENTO AO AGRAVO DEFENSIVO PARA CONCEDER A WILSON JOSÉ DA SILVA O LIVRAMENTO CONDICIONAL, MEDIANTE O CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES PREVISTAS NO ARTIGO 132 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. COMUNIQUE-SE AO JUÍZO DA EXECUÇÃO.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores VIÇO MANAS (Presidente) e BRENO GUIMARÃES. São Paulo, 24 de março de 2010. ANGÉLICA DE ALMEIDA RELATORA
Voto 16.319 Agravo em Execução n. 990.09.316471/0 - Presidente Prudente Execução n. 560.027 - I a Vara das Execuções Criminais Agravantes - Wilson José da Silva - Ministério Público Agravados - Ministério Público - Wilson José da Silva Trata-se de agravo em execução que se insurge contra decisão que indeferiu pedido de livramento condicional e concedeu a progressão ao regime semiaberto (fls. 35). Postula a ilustre promotora de Justiça a reforma da decisão vez que a progressão de regime pressupõe prévio exame criminológico (fls. 48/50). Pleiteia o ilustre defensor público a reforma da decisão vez que estão preenchidas as condições exigidas para a obtenção do livramento condicional (fls. 61/68). Apresentadas as respectivas contrarrazões <fls (fls. 52/58, 70/80), a decisão foi mantida no juízo de retratação - 81) - Ghah^ AgMvocm Execução n 990 09 M6471-0- Fi evidente Fnidcnlc
pelo improvimento dos agravos (fls. 85/86). A d. Procuradoria Geral de Justiça manifesta-se É o relatório. A passagem para o regime semiaberto representa estímulo e oportunidade para o condenado se preparar gradativamente para o retorno à vida em sociedade. Retardar mais do que o necessário essa etapa tem conseqüência nefasta, quebra justa expectativa e viola direito do condenado. Não incumbe mais à Comissão Técnica de Classificação manifestar-se, ao menos como pressuposto obrigatório, nos incidentes da execução penal, conforme dispõe o artigo 112, cãput, da Lei de Execução Penal. O exame criminológico mostra-se providência possível desde que haja necessidade de outros dados para aferir o mérito do encarcerado. Por certo, a progressão de regime não é automática. Exige exame do preenchimento dos requisitos objetivo (temporal) e subjetivo (mérito), tal qual operado pela sentença exarada pelo ilustre magistrado Luiz Carlos de Carvalho Moreira. CM ClLc^ A^i.ivo em Execução 11 990 09 31G471-0 - Picsidenle Piudcnle
Na realidade, a sentença agravada não vislumbrou fator a dar ensejo ao exame criminológico, perícia que deve ser levada a efeito no momento em que se faça necessário aferir dados outros para a progressão de regime. Falta grave cometida nos idos de 2006, não deve incidir na execução da pena. Não pode impedir eternamente a progressão de regime. Na hipótese dos autos, o livramento condicional foi indeferido, embora tenha a decisão ora impugnada reconhecido o preenchimento do requisito objetivo. Ou seja, demonstrado ficou que o agravante cumpriu um terço da pena. Justificou, entretanto, o afastamento do livramento condicional, ao deixar consignado: "(...) tratando-se de roubos (crimes praticados mediante violência ou grave ameaça), não cabe - por ora - o livramento condicional, como prova de que irá absorver a terapia penal, para posteriormente, fazer jus a imediato livramento' (fls. 35). O tempo para a obtenção do livramento condicional deve ser proporcional à pena aplicada no título executório. Não se justifica prolongar o resgate da pena fundado nas circunstâncias do delito, que originou a condenação. ^^ Agravo cm F.xeciição n l J90 0;> 316471-0 Picsidenle Prudente 3
FODER JUDICIÁRIO A natureza do delito que deu origem à condenação já foi considerada na graduação da pena. A gravidade do delito, que deu lugar à condenação, não pode ser tomada como obstáculo para a obtenção do livramento condicional. Fará tanto, ainda que praticado com violência ou grave ameaça, necessário se faz a demonstração da presença de condições pessoais, que façam presumir que o condenado voltará a delinqüir. No âmbito da execução penal, diversa deve ser a operação de individualização da pena. O raciocínio muda de pólo. Não pode ter como referência o passado. Importa analisar o mérito do condenado, representado pela ausência de infração disciplinar, participação em atividade de trabalho e bom relacionamento com os companheiros e funcionários. Interessa observar em que medida o condenado demonstra mérito para de modo gradativo se reintegrar à comunidade. O livramento condicional é direito do condenado de modo que, preenchidos os pressupostos, cabe ao juiz concedê-lo, propiciando que o condenado resgate o restante da pena, em menor restrição da liberdade. Impõe-se assegurar o livramento condicional, pois satisfeitos os requisitos legais, o indeferimento do pedido viola o disposto no artigo 83, do Código Fenal e artigo 132, da Lei de Execução Agr.ivoem Execução n l )9C 0 l 1 :i 16471-0- Ticsidenle nudenlt
FODER JUDICIÁRIO A obtenção do livramento condicional deve ter como parâmetro a observância dos requisitos objetivos e subjetivos. São requisitos objetivos: 1) natureza e quantidade da pena imposta ao condenado: pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos (art. 83, caput, CP); 2) desconto de parte da pena imposta: mais de um terço e não reincidência em crime doloso (art. 83, I, CP); ou, mais da metade, se reincidente em crime doloso (art. 83, II, CP); o condenado por crime hediondo, não reincidente específico, mais de dois terços da pena (art. 5 o, Lei 8.072/90); 3) reparação do dano causado pela infração, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo (art. 83, IV, CP). São requisitos subjetivos: 1) presença de bons antecedentes; 2) comportamento satisfatório durante a execução da pena (art. 83, III, I a pte, CP); 3) bom desempenho no trabalho que lhe é atribuído (artigo 83, III, 2 a pte, CP); 4) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto (art. 83, III, última parte, CP); para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça â pessoa, a constatação de condições pessoais que façam presumir que não voltará a delinqüir (art. 83, parágrafo único, CP). Reconhece-se satisfeito o requisito objetivo vez que resgatado mais de três quintos da pena. Também o mérito encontra-se comprovado na medida em que há registro de bom comportamento Asiavoem LNCuição n l l')0 0Í) U 6471-0 - Piesidcnlc Piudenle '"
Diante do exposto, por votação unânime, negaram provimento ao agravo ministerial e deram provimento ao agravo defensivo para conceder a Wilson José da Silva o livramento condicional, mediante o cumprimento das obrigações previstas no artigo 132, da Lei de Execução Penal. Comunique-se ao juízo da execução. d!es a. Angélica de Almeida relatora A'<iavo em L\ccm;.io 11 WO 09 316471-0 - riesidenle \\udcnte