DESEMPENHO DE LÁPAROS ORIUNDOS DE MATRIZES ALIMENTADAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE ENERGIA

Documentos relacionados
Uso do resíduo da casquinha de milho como fonte de fibras para coelhos em crescimento

DESEMPENHO DE COELHOS DE CORTE COM E SEM SUPLEMENTAÇÃO COM CAPIM ELEFANTE (Pennisetum purpureum)

III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Zootecnia

CURVA DE CRESCIMENTO DA LINHAGEM DE FRANGO DE CORTE CARIJÓ

DESEMPENHO DE TRÊS DIFERENTES LINHAGENS DE FRANGOS DE CRESCIMENTO LENTO NA FASE INICIAL

DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO ÓLEO DE SOJA. Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil

Palavras-chave: agroindústria, alimentos alternativos, codornas europeias, resíduo de fruta

Waldirene Rossi da Silva, Cláudio Scapinello *, Antonio Claudio Furlan, Ivan Moreira, Alice Eiko Murakami e Bruno Giovany de Maria.

RELATÓRIO DE PESQUISA - 42

RELATÓRIO DE PESQUISA - 36

DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE FÊMEAS RECEBENDO DIETAS COM NÍVEIS DE VALINA

RELATÓRIO DE PESQUISA - 48

SORGO - UMA BOA ALTERNATIVA PARA REDUÇÃO DOS CUSTOS DE ALIMENTAÇÃO

RELATÓRIO DE PESQUISA - 47

Ganho de Peso de Coelhos de Diferentes Grupos Genéticos

PALAVRAS-CHAVE: herdabilidade, ganho de peso, correlação genética, inferência bayesiana

Níveis de fibra da dieta sobre o desempenho de coelhas no primeiro e segundo ciclos reprodutivos

Características reprodutivas e peso corporal em coelhas: efeito da idade à primeira apresentação ao macho e do intervalo de reacasalamento

Archives of Veterinary Science ISSN X AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA CASQUINHA DE MILHO EM DIETAS PARA COELHOS EM CRESCIMENTO

DIFERENTES NÍVEIS DE SUBSTITUIÇÃO DO MILHO POR TORTA DE COCO BABAÇU EM RAÇÕES DE FRANGOS LABEL ROUGE DE 1 A 28 DIAS DE IDADE

Desempenho de leitões em fase de creche alimentados com soro de leite.

USO DE FITASE PARA COELHOS EM CRESCIMENTO: DESEMPENHO PRODUTIVO

Resumo: Objetivou-se com o presente estudo avaliar a associação da fitase com um complexo enzimático

NÍVEIS DE CÁLCIO EM RAÇÕES PARA ESCARGOT (Cornu aspersum)

USE OF BANANA PEELS IN SUBSTITUTION TO MAIZE IN NON-PELETIZED DIETS FOR GROWING RABBITS

COMPARAÇÃO DE TAXAS DE MORTALIDADE ENTRE AS RAÇAS NOVA ZELÂNDIA E BELA VISTA (CAMPUS MACHADO)

FENO DE GUANDU NA ALIMENTAÇÃO DE CABRAS SAANEN EM LACTAÇÃO

Aferição da composição química das Rações Comerciais para Coelhos

Suplementação de carboidrases e fitase em dietas para poedeiras semipesadas e seus efeitos sobre o desempenho

EFEITOS FIXOS SOBRE DESEMPENHO PONDERAL EM BOVINOS NELORE NO ACRE

Exigência de proteína bruta para codornas européias no período de crescimento

DESEMPENHO E QUALIDADE DOS OVOS DE GALINHAS SEMI-PESADAS ALIMENTADAS COM RAÇÕES FORMULADAS COM DUAS EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DIFERENTES

RELATÓRIO DE PESQUISA - 49

INFLUÊNCIA DO GENÓTIPO SOBRE A PRODUÇÃO E A COMPOSIÇÃO DO LEITE DE CABRAS MESTIÇAS

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE DE CABRAS ALIMENTADAS COM FEIJÃO GUANDU

III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Zootecnia

EFEITO DA CATEGORIA DA MÃE AO PARTO E MÊS DE NASCIMENTO SOBRE O DESEMPENHO PRÉ DESMAME DE BEZERROS DA RAÇA NELORE MOCHA

EFEITO DO BALANÇO ELETROLÍTICO TOTAL (BET) EM DIETAS DE FRANGOS DE CORTE DOS 21 AOS 27 DIAS DE IDADE

Archives of Veterinary Science ISSN X UTILIZAÇÃO DE FITASE EM RAÇÕES PARA COELHOS EM CRESCIMENTO

RELATÓRIO DE PESQUISA - 44

Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente, São Paulo, Brasil

III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Zootecnia

CreAMINO. Suplementação de CreAMINO (ácido guanidinoacético) em dietas gestação e lactação. Relatório Suínos Número 1

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Confinamento de ovinos com dieta total farelada ou peletizada

III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Zootecnia

EFEITO DA INCLUSÃO DO BAGAÇO DE UVA SOBRE O DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA DE SUÍNOS EM TERMINAÇÃO

RELATÓRIO DE PESQUISA - 32

Artigo Científico. Produtividade de coelhas Nova Zelândia Branco: estudo retrospectivo. Productivity of New Zealand White does: a retrospective study

Alimentação do Frango Colonial

CONSUMO DE NUTRIENTES E DESEMPENHO PRODUTIVO EM CORDEIROS ALIMENTADOS COM DIFERENTES FONTES E PROPORÇÃO DE VOLUMOSOS

DESEMPENHO PARCIAL DE OVINOS ALIMENTADOS COM FENO DA PARTE AÉREA DA MANDIOCA EM SUBSTITUIÇÃO A SILAGEM DE MILHO

Desempenho reprodutivo de coelhas alimentadas com ração contendo diferentes fontes de óleo vegetal

Panorama do primeiro ano de funcionamento do setor de Cunicultura do IFMG - Bambuí

Níveis de lisina digestível em rações para poedeiras semipesadas no período de 47 a 62 semanas de idade e seus efeitos sobre o desempenho produtivo.

O excremento de vaca na alimentação de pintos em crescimento (*)

Milheto na alimentação de poedeiras. Trabalho avalia efeitos da suplementação do grão alternativo como fonte energética nas rações.

Nome dos autores: Rafael de Sousa Carneiro Rafael de Sousa Carneiro 1 ; Glauco Mora Ribeiro 2

STUDIES ON THE PRODUCTION EFFECT OF RABBIT DOES IN DIFFERENT REPRODUCTION RHYTHMS. Qiaojuan YU, Wenpei SONG, Yingjie WU, Yinghe QIN*

UTILIZAÇÃO DE URUCUM NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DA LINHAGEM LABEL ROUGE

RELATÓRIO DE PESQUISA - 31

MÉTODOS MANUAIS PARA FORMULAÇÃO DE RAÇÕES

Energia: medidas e. necessidade

MANEJO NUTRICIONAL DO CAVALO ATLETA

IMPACTO DA ORDEM DE PARTO E SISTEMA DE ALOJAMENTO SOBRE A CONDIÇÃO CORPORAL EM PORCAS GESTANTES E LACTANTES

Fontes de alimentos (Lana, 2003) Alimento % MS

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA ALIMENTAR E COMPORTAMENTO INGESTIVO EM BOVINOS NELORE E CARACU

UTILIZAÇÃO DE EMULSIFICANTES NA DIETA DE FRANGOS DE CORTE DE 1 A 21 DIAS DE IDADE

DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA DE SUÍNOS EM TERMINAÇÃO SUPLEMENTADOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE RACTOPAMINA NA DIETA

Qualidade do soro de leite integral na alimentação de suínos em fase de creche.

ATUALIZAÇÃO DOS VALORES DE BALANÇO ELETROLÍTICO TOTAL PARA FRANGOS DE CORTE DOS 28 AOS 34 DIAS DE IDADE

CARACTERISTICAS DE VÍSCERAS E GORDURA ABDOMINAL DE FRANGOS DA LINHAGEM LABEL ROUGE ALIMENTADOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE URUCUM

DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM ORÉGANO ENTRE 7 A 28 DIAS DE IDADE

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE DE VACAS MANTIDAS EM PASTO DE CAPIM TANZÂNIA SUPLEMENTADAS COM DIFERENTES CO-PRODUTOS DO BIODIESEL

POLPA CÍTRICA DESIDRATADA SOBRE O DESEMPENHO PRODUTIVO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA DE COELHOS

SUPLEMENTO PROTEICO ENERGÉTICO PARA OVINOS CONSUMINDO FORRAGEM DE BAIXA QUALIDADE: DIGESTIBILIDADE

TENDÊNCIA GENÉTICA PARA CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO EM TOUROS NELORE PARTICIPANTES DE TESTES DE DESEMPENHO

NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO. Recria - Gestação Lactação. Cachaço 08/06/2014. Levar em consideração: Exigências nutricionais de fêmeas suínas

EFEITO DO GRUPO GENÉTICO MATERNO SOBRE O DESEMPENHO DO NASCIMENTO A RECRIA DE ANIMAIS CRUZADOS EM SISTEMA DE PRODUÇÃO DE NOVILHO PRECOCE

DESEMPENHO DE SUÍNOS MACHOS CASTRADOS E FÊMEAS DURANTE A FASE DE CRESCIMENTO

VALIDAÇÃO DE UMA EQUAÇÃO PARA PREDIÇÃO DO VALOR ENERGÉTICO DO MILHO COM DIFERENTES GRAUS DE MOAGEM E MÉTODOS DE FORMULAÇÃO DAS DIETAS

ATUALIZAÇÃO DOS VALORES DE BALANÇO ELETROLÍTICO TOTAL PARA FRANGOS DE CORTE DOS 28 AOS 42 DIAS DE IDADE

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM QUIRERA DE ARROZ

DIFERENTES NÍVEIS DE CÁLCIO E ÓLEO EM DIETAS DE POEDEIAS DE 70 A 73 SEMANAS DE IDADE

Prof. João Darós Malaquias Júnior CRIAÇÃO DE BEZERRAS

Nutritime. Uso do concentrado protéico de arroz na dieta de suínos, aves e peixes (salmão e truta).

RAÇÃO ALGOMIX SUÍNOS PRÉ-INICIAL

DESEMPENHO E O COMPORTAMENTO INGESTIVO DE OVINOS ALIMENTADOS COM DIFERENTES RESÍDUOS DA INDÚSTRIA FRUTÍFERA RESUMO

RENDIMENTO DE CORTES COMERCIAIS DE CORDEIROS SUBMETIDOS A DIETAS COM GRÃOS DE OLEAGINOSAS

Local Ideal Para Uma Criação de Galinha Caipira

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO PRODUTIVO DE TOURINHOS NELORE, ALIMENTADOS COM FARINHA AMILÁCEA DE BABAÇU, NA REGIÃO NORTE DO BRASIL

Bem-estar, comportamento e desempenho de porcas lactantes por 28 dias alojadas em diferentes tipos de maternidades no verão

CONSUMO E CUSTOS COM ALIMENTAÇÃO DE BEZERROS RECEBENDO NÍVEIS DE CASCA DE SOJA E MILHO GRÃO INTEIRO OU MOÍDO

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

Aditivo Nutracêutico

Delineamento em quadrado latino (DQL)

Coprodutos da industrialização do arroz na alimentação de cães e gatos

DESEMPENHO DE POEDEIRAS COM ADIÇÃO DE PROTEASE NA DIETA

TECNOLOGIAS APLICADAS PARA INTENSIFICAR O SISTEMA DE PRODUÇÃO

CONSUMO DE ÁGUA POR CABRAS LEITEIRAS ALIMENTADAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE FENO DE FEIJÃO GUANDU

Transcrição:

DESEMPENHO DE LÁPAROS ORIUNDOS DE MATRIZES ALIMENTADAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE ENERGIA (Performance of rabbits wean from females fed with different levels of energy) Leonardo Tombesi da ROCHA¹*; Ana Carolina Kohlrausch KLINGER¹; Michael CHIMAINSKI²; Geni Salete Pinto de TOLEDO³; Mônica Oliveira RODRIGUES²; Angelina CAMERA²; Leila Picolli da SILVA³ ¹Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) / Aluno de Pós-Graduação; ²UFSM / Aluno de Graduação; ³UFSM / Departamento de Zootecnia. RESUMO O objetivo deste estudo foi avaliar o ganho de peso de láparos oriundos de coelhas alimentadas com diferentes níveis de energia digestível. Foram utilizados 54 láparos, da raça Nova Zelândia Branca oriundos de dois diferentes grupos com três matrizes cada submetidas a diferentes dietas: DAC: Dieta de alta caloria, contendo 2.800 kcal de energia digestível; DBC: Dieta controle de baixa caloria contendo 2.600 kcal de energia digestível. O ensaio biológico totalizou o período da lactação das coelhas que compreendeu 28 dias. O parâmetro avaliado foi ganho de peso da ninhada, em relação ao nível energético da dieta fornecida. Os métodos utilizados para avaliação foram análise de correlação, e análise de variância (p<0,15). Concluiu-se no presente estudo que a diferença de 200 kcal no intervalo energético de 2.600 Kcal para 2.800 Kcal de energia digestível em dietas para matrizes lactantes influi no desempenho de suas ninhadas. Palavras-chave: cunicultura; energia digestível; ganho de peso ABSTRACT The aimed of this study is evaluate weight gain of six litters derived from lactating rabbits fed with two different energy levels was assessed. Fifty-four young rabbits of New Zealand White kind were used. These were subjected to different levels of digestible energy in the diet at two different treatments: DAC: 2.800 kcal diet containing digestible energy, DBC: 2.600 kcal control diet containing digestible energy. The parameter evaluated was weight gain of the litter, to the energy level of the diet provided. The methods were used to evaluate the correlation analysis, and analysis of variance (ANOVA) with two treatments and three replications each (p<0.15). It was concluded in this study that the difference 200 kcal of digestible energy in the levels 2.600 Kcal/kg and 2.800 Kcal/kg on diets for lactating mothers affect the performance of their litters. Key-words: cuniculture, digestible energy, weight gain * Endereço para correspondência: E-mail: leonardo_ltr@live.com

INTRODUÇÃO A cunicultura figura como uma atividade de baixo custo, alta produtividade e baixo potencial poluidor. Segundo Silva (2006), além da carne de qualidade ainda oferece peles (confecção de vestuário) que agregam valor a produção, bem como couro (artesanato), cérebro (medicamentos), orelhas e patas (chaveiros), urina e fezes (adubo orgânico) (De Blas, 1984). O coelho pode ser considerado como animal estratégico e a cunicultura como atividade produtiva sustentável, principalmente pelo seu potencial de integração e complementaridade com outras atividades e sua baixa necessidade relativa de investimentos (Lounaouci-Ouyed, 2014; Lukefahr, 2004; Pineda et al., 2009; Khalil, 2010; Oseni, 2012; Machado; Ferreira, 2013). No Brasil, além da cunicultura ser pouco difundida, os estudos acerca desta criação tem se focado na fase de crescimento, sendo a fase prédesmame pouco estudada. Nesse sentido, é importante verificar se os níveis nutricionais podem interferir no desempenho dos coelhos. Sabe-se que animais com menor peso no desmame chegam à fase de terminação mais leves, em relação aos que são desmamados mais pesados.. Ainda, estudos indicam que o déficit energético é responsável pela redução do peso dos láparos ao desmame, pelo decréscimo na produção de leite e pelas falhas reprodutivas (Maertens & Coudert, 2006). Neste viés, a literatura expõe os fatores que levam as ninhadas a ficarem mais ou menos pesadas: idade; peso ao nascer; estresse; nutrição e características individuais. No entanto, detalhes atuais a respeito dos parâmetros de energia são escassos. (Xicatto et al., 1995). Ainda, de acordo com Silva et al. (2009), coelhas em pico de lactação apresentam necessidades energéticas bastante altas e dificuldades em ingerir quantidades suficientes de ração para supri-las, tendo que utilizar suas reservas corporais para manutenção do nível de produção de leite. Também Silva et al. (2009) expõe que as dietas e técnicas de alimentação e manejo para a fase de reprodução e lactação tem mudado consideravelmente ao longo dos anos, buscando a maximização da produção e a preservação da sanidade do plantel. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar o ganho de peso de láparos oriundos de lactantes alimentadas com diferentes níveis de energia digestível. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio biológico foi conduzido no Laboratório de Cunicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria com duração total de 28 dias. Para o ensaio foram utilizados 54 láparos provenientes de seis diferentes matrizes da raça Nova Zelândia Branca. Estas foram submetidas a diferentes níveis de energia digestível na dieta, em dois tratamentos distintos: DAC: Dieta contendo 2800 kcal de energia digestível; DBC: dieta contendo 2600 kcal de energia digestível. As dietas foram formuladas para atender as exigências da categoria de acordo com a AEC (1987) (Tab. 1). Cada tratamento foi composto por três matrizes e cada matriz foi considerada uma unidade experimental. O arraçoamento foi realizado duas vezes ao dia, sendo a fração residual dos comedouros despejada no respectivo balde, homogeneizada e só então fornecida. A pesagem das ninhadas foi efetuada semanalmente sempre nos primeiros horários da manhã. O parâmetro avaliado foi ganho de peso da ninhada, em relação ao nível energético da dieta fornecida. Os dados de ganho de peso das ninhadas foram submetidos de correlação de Pearson e análise de variância (ANOVA) com dois tratamentos e 3 repetições por tratamento, um valor de alfa de 0,15 foi adotado para determinar a significância 14

estatística. O software estatístico SAS (1998) foi utilizado para realização das análises. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias das pesagens dos láparos estão expressas na tabela 2. Ao calcular a correlação entre o nível de energia das dietas e a média de ganho de peso ao final do ensaio biológico, percebeu-se que o coeficiente de correlação mostrou-se fortemente positivo (r>0,6 em todas as pesagens). Isso significa que as duas variáveis estudadas comportam-se de forma diretamente proporcional. Ao mesmo tempo, realizando análise de variância percebeu-se que as diferenças entre as médias foram significativas nas duas pesagens finais, sendo assim, a diferença de 200 kcal nos intervalos de 2.600 Kcal/Kg a 2.800 Kcal/kg na dieta afeta o desempenho dos animais (Tabela 2). Este fato é explicado por De Blas et al. (2010) que afirmam que os coelhos regulam o consumo de energia digestível, desde que esta esteja entre 2.153Kcal/kg e 2.629 Kcal/kg. Neste contexto, Pascual et al. (1998), em ensaio biológico incluindo óleo ou gordura nas dietas das coelhas multíparas, concluíram que houve um aumento da ingestão de energia digestível até o 21º dia da lactação, o que resultou em um maior peso da ninhada, diminuindo, porém, a ingestão de matéria seca nas duas últimas semanas de lactação. Também, Maertens & Coudert (2006) expõem que a ingestão voluntária de alimentos e, consequentemente, a ingestão de energia, ficam seriamente limitadas na fase de lactação/gestação, sendo necessário aumento na concentração energética da ração, o que poderia proporcionar maior ingestão de energia digestível. Estudando diferentes níveis de energia digestível (2.695, 2.851 e 2.906 kcal), Xiccato et al. (1995) afirmaram que é possível aumentar a produção de leite e o peso dos láparos ao desmame, elevando o nível de energia da ração e, consequentemente, o consumo desta pelos animais. Em concordância com os referidos autores, Pascual et al. (1999) afirmaram que além da maior produção de leite, há maior peso dos láparos na desmama, e o nível de energia também diminuiu a taxa de mortalidade durante a lactação. Ao analisar o efeito de quatro dietas com diferentes níveis de energia: 3.110 kcal; 2.727 kcal; 2.488 kcal; e 2.320 kcal na performance de matrizes em um ensaio biológico que durou dois anos, Cervera et al. (1993) constataram que o aumento da energia digestível promoveu maior produção de leite e, consequentemente, filhotes com melhor peso ao desmame. Silva et al. (2009) concluem que dietas contendo 2.800 kcal de energia digestível proporcionaram maior disponibilidade de leite aos láparos e permitiram ninhadas mais pesadas somente quando desmamadas precocemente (aos 28 dias), quando comparadas com dietas contendo 2.600 kcal de energia digestível. Estes resultados concordam com os valores encontrados no ensaio biológico em questão, onde se verificaram diferenças significativas nas duas últimas pesagens da fase pré-desmama. CONCLUSÃO Concluiu-se no presente estudo que a diferença de 2.600 Kcal/Kg para 2.800 Kcal/Kg de energia digestível em dietas para matrizes lactantes influi no ganho de peso de suas ninhadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AEC. Recomendações para a Nutrição. 5.ed. RHONE-POULENC. 1987. 86p. CERVERA, C.; FERNÁNDEZ-CARMONA, J.; VIUDES, P.; BLAS, E. Effect of remating interval and diet on the performance of female rabbits and their litters. Animal Production, v. 56, n. 3, p. 399-405, 1993. 15

DE BLAS, C. Alimentacion del conejo. Madrid, ed. Mundi prensa, 1984. 175p. DE BLAS, C. ; WISSEMANN, J. Nutrition of the rabbit. 2 ed. Cambridge: Cabi, 2010. 325p. LOUNAOUCI-OUYED BERCHICHE, M.; GIDENNE, T.. Effects of substitution of soybean meal-alfalfa-maize by a combination of field bean or pea with hard wheat bran on digestion and growth performance in rabbits in Algeria. World rabbit Science, v. 22, n.2, p. p. 137-146, 2014. KHALIL, M.H. Sustainable rabbit breeding and genetic improvement programs achieved in developing countries. In: 9TH WORLD CONGRESS ON GENETICS APPLIED TO LIVESTOCK PRODUCTION, 9., 2010, Leipzig.Anais.... Germany: WCGALP, 2010. LUKEFAHR, S. D. Sustainable and alternative systems of rabbit production.in: 8 TH WORLD RABBIT CONGRESS, 8., 2004, Puebla. Anais....Puebla: México, 2004. MACHADO, L. C.; FERREIRA, W. M. A Cunicultura e o Desenvolvimento Sustentável. ACBC.Disponívelem:<http://www.acbc.org.br/c uniculturaedesenvolvimentosustentavel.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2013. MAERTENS, L.; COUDERT, P.Recent advances in rabbit sciences.belgium: Ilvo, 2006. OSENI, S.O. RABBIT PRODUCTION IN LOW- INPUT SYSTEMS IN AFRICA: PROSPECTS, CHALLENGES AND OPPORTUNITIES. In: 10 TH WORLD RABBIT CONGRESS, 10, 2012, Sharm El- Sheikh. Proceedings....Egito: World Rabbit Science Association, 2012. p. 719-731. PASCUAL, J. J.; CERVERA, C.; De BLAS, E.; FERNANDEZ-CARMONA, J. Effect of high fat diets on the performance, milk yield and milk composition of multiparous rabbit does. Animal Science, v. 68, n. 1, p. 151-162, 1999 PINEDA, R. O. et al. Alternativas a laproducción y mercadeo para la carne de conejoentlaxcala, México. Región Y Sociedad, México, v. 21, n., p.191-207, 2009. STATISTICAL ANALYSIS SISTEM SAS 1996 SILVA, R.A. Cunicultura. In: Terceiro congresso de cunicultura das Américas, 2006. Maringá, PR, 2006. SILVA, W.R.; et al. Desempenho reprodutivo de coelhas submetidas a diferentes níveis de energia digestível nas dietas e idades de desmama de suas ninhadas. Animal Sciences, v. 31, n. 2, p. 213-219, 2009. Disponível em: <10.4025/actascianimsci.v31i2.6619>. Acesso em: 10 Dez. 2013. XICCATO, G.; TROCINO, A.; SARTORI, A.; QUEAQUE, P. I. Effect of parity order and litter weaning age on the performance and body energy balance of rabbit does. Livestock Production Science, v. 85, n. 2/3, p. 239-251, 2004. 16

Tabela 1 Formulação das rações experimentais: Dietas experimentais Ingredientes DAC (2800 kcal/e.d.) % DBC (2600 kcal/e.d.) % Milho 17,80 16,75 Farelo de soja 17,00 16,86 Farelo de trigo 25,00 24,00 Feno de alfafa 30,00 28,90 Casca de arroz 3,75 9,35 Óleo de soja 4,70 2,40 Fosfato 0,80 0,80 Calcário 0,25 0,25 Premix 0,20 0,20 Sal 0,50 0,49 Total 100 100 Dietas isoprotéicas com 18% de proteína bruta. Níveis de Cálcio e Fósforo de 1,00% e 0,5% respectivamente. 17

Tabela 2 - Média de ganho de peso de seis diferentes ninhadas, oriundas de matrizes submetidas a diferentes níveis de energia na dieta: Peso de ninhada (g) Dias Média DAC Média DBC p-valor 1 66.48 65.33 0.90 7 155.83 144.30 0.34 14 243.12 222.98 0.31 21 335.57 301.39 0.10 28 533.13 452.22 0.14 Sendo: DAC, tratamento com 2.800 kcal/kg de energia digestível na dieta e DBC, tratamento com 2.600 kcal/kg de energia digestível na dieta. Figura 1 Médias de peso das ninhadas submetidas a diferentes dietas: DAC: Dieta de alta caloria, contendo 2.800 kcal de energia digestível; DBC: Dieta controle de baixa caloria contendo 2.600 18

kcal de energia digestível. Sendo a 1ª pesagem no dia do nascimento, a 2ª aos 7 dias, a 3ª aos 14, a 4ª aos 21, e a 5ª aos 28 dias. 19