Avaliação em Educação algumas considerações Veremos nessa aula dois conceitos de avaliação: a institucional e a do processo de ensino e aprendizagem, sendo a primeira de caráter global considerando os aspectos constituintes do processo do ingresso e conclusão de curso e a segunda, os aspectos de verificação de situações de transmissão e aquisição do conhecimento. 1. O que é Avaliação Institucional em Educação Avaliação das instituições de ensino consiste em um instrumento sistemático de diagnóstico da qualidade do processo pedagógico considerando todos (instâncias) os seguimentos de gestão envolvidos nesse processo. Tratase de uma análise privilegiada do desempenho global da instituição. A natureza desse processo pode ser interna ou externa. Por avaliação interna, ou autoavaliação, entende-se a execução do ato avaliativo composta por uma comissão de pessoas da própria instituição de ensino. A avaliação externa, por sua vez, é organizada por órgãos reguladores dos diversos sistemas de ensino. São avaliações externas: Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP), Prova Brasil, Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), entre outros. O conceito de avalição institucional é consenso entre os pesquisadores, entretanto alguns deles divergem quanto à nomenclatura da organização dos referenciais avaliativos. Neste texto, opta-se pela interpretação sociológica da avaliação de Almerindo Janela Afonso (2003), pois o autor considera que a escola:
é confrontada com dimensões éticas, simbólicas, políticas, sociais e pedagógicas que devem ser consideradas como um todo por quem tem especiais responsabilidades na administração da educação quer em nível do Estado, quer em nível municipal e local, quer em nível da própria unidade escolar. (AFONSO, 2003, p. 49). O autor classifica 4 categorias de avaliação institucional: mega, macro, meso e micro sociológicos. As duas primeiras categorias se caracterizam pelo aspecto global e externo. A avaliação megassocioólogica tem como objetivo analisar e comparar o rendimento escolar em nível mundial. É o caso do PISA. A avaliação macrossociológica tem seu foco o nível de ensino nacional como o ENADE. microssocial aula mesossocial instituição macrossocial estado/ país megassocial vários países Níveis de Avaliação Figura 1. Elaborada pela profª Lílian Nunes da Silva As categorias de avaliação meso e microssocial com dimensão inferior às anteriores, porém não menos importantes. Elas são essenciais para o desenvolvimento do projeto político pedagógico da unidade escolar e lhe conferem maior autonomia na toma da de decisões. A avaliação mesossociológica, à qual discorreremos neste capítulo, consiste em avaliar a instituição de ensino não apenas no âmbito pedagógico, mas em toda a sua constituição desde a infraestrutura até a organização administrativa. A avaliação microssocial consiste em verificar o rendimento dos alunos em sala de aula.
Tanto a avaliação interna, quanto a externa fornecem elementos voltados para a quantificação dos resultados da aprendizagem de estudantes. São indicadores que apontam as forças, fraquezas, ameaças e oportunidades, servindo de instrumentos de planejamento e que se transformam em excelentes ferramentas de gestão. Enfim, a avaliação institucional em todos os níveis implica, portanto, a qualidade da educação. Avaliação Institucional: panorama da autoavaliação Objetivos Infelizmente há uma visão distorcida sobre a finalidade da avaliação institucional. Algumas pessoas ainda a concebem como um instrumento de punição, nos quais se evidenciam os erros. Na verdade, no processo da avaliação institucional são identificados os pontos fortes e as situações-problemas com a finalidade de refletir sobre as ações e seus efeitos dentro de um contexto educacional. A partir da coleta desses dados, ocorre a análise com o intuito de reorganizar e reestruturar ações que visam à continuidade e a melhoria da qualidade do serviço prestado à comunidade. O resultado da avaliação institucional deve ser visto como um indicador para a tomada de decisões e como parâmetro para os projetos da instituição visando à qualidade do ensino. Tal reflexão se faz necessária devido à velocidade das transformações sociais que requerem avaliação constante. Características do processo Autonomia, transparência e continuidade são características básicas da avaliação institucional.
A autonomia consiste na liberdade que a instituição possui em eleger sua própria comissão a fim de elencar os critérios que regem a atividade avaliativa. Os elementos condutores do processo avaliativo deve refletir o status quo, a realidade da instituição sem ocultar ou mascarar os dados avaliados (evidências). É nesse sentido que se instaura o princípio da transparência a fim de obter dados concretos para posteriormente prestar contas à comunidade escolar. A continuidade se deve à lógica da velocidade das transformações sociais, pois requerem padrões de qualidade atualizados e condizentes à missão, à visão e aos valores da instituição. Público envolvido no processo de avaliação institucional Quem participa do processo de avaliação são todos os colaboradores internos ou externos. Entende-se por colaboradores internos, os gestores, docentes, discentes, pessoal administrativo e de apoio. Os externos, por sua vez, são os pais, empresários, entidades sociais, pesquisadores, entre outros que participam indiretamente da dinâmica da unidade de ensino, Estes colaboradores são parte integrante do objeto de avaliação. Os sujeitos do processo de avaliação, por sua vez, são os membros de uma comissão constituída pelos colaboradores da instituição de ensino. Elementos essenciais da atividade avaliativa, é deles o olhar que traduz a verdadeira identidade institucional. Foco da avaliação Considerando que a instituição de ensino é um organismo composto de vários segmentos, todos devem ser avaliados de acordo com a sua especificidade. A professora Ivone Marchi Lainetti Ramos (2005), em seus estudos sobre avaliação institucional, sugere sete seguimentos denominados processos de gestão escolar, a saber: Gestão didático-pedagógica; Gestão da
secretaria acadêmica; Gestão de recursos humanos; Gestão participativa; Gestão de relações institucionais ou de parcerias; Gestão de serviços de apoio ou terceirizados; Gestão de infraestrutura. A avaliação em cada segmento, de acordo com RAMOS (2005) incide sobre os seguintes aspectos: a) Gestão didático-pedagógica: consiste em avaliar a metodologia de ensino; o alinhamento entre os planos de ensino, de curso e de aula; os projetos interdisciplinares, processos de avaliação e de recuperação; estágio supervisionado; trabalho de conclusão de curso. b) Gestão acadêmica: analisa o processo de registro da vida escolar dos alunos desde as etapas que antecedem a matrícula, como por exemplo, divulgação das formas de ingresso, como vestibulinho, até a certificação na conclusão do curso. c) Gestão de Recursos Humanos: neste segmento avalia-se a organização de prontuários de docentes e funcionários administrativos, bem como o desenvolvimento de projetos de capacitação dos mesmos. d) Gestão Participativa: são avaliadas as participações do conselho de escola, associação de pais e mestres, cooperativa, entre outros. e) Gestão de Relações Institucionais: avalia o nível de comprometimento com outras instituições, bem como os benefícios oriundos desses acordos. f) Gestão de Serviços de Apoio: observa-se o desempenho dos serviços terceirizados como limpeza, segurança, manutenção predial e de equipamentos, entre outros. g) Gestão de infraestrutura: consiste em avaliar as condições do espaço físico nos aspectos de conservação, manutenção. Limpeza,
acessibilidade a portadores de necessidades especiais, segurança e conforto dos usuários. Observa-se, portanto que o foco da autoavaliação se caracteriza pela análise sistemática dos diversos níveis de gestão da instituição. Cultura da avaliação institucional Assegurar a cultura da avaliação institucional ainda é um grande desafio a ser superado, considerando que essa prática é recente se comparada aos estudos sobre educação, conforme observa Moacir Gadotti: o tema Avaliação Institucional aparece mais recentemente nas discussões acadêmicas a partir dos anos 80, a quase totalidade da literatura referente à avaliação educacional diz respeito à aprendizagem do aluno e trata dos instrumentos de avaliação. (GADOTTI, 1995, p.01). É necessário que toda comunidade escolar esteja aberta às críticas e disposta a rever suas ações. Depois, é importante promover a reflexão e a discussão a respeito das necessidades da unidade escolar visando o planejamento das ações que contribuirão para a melhoria da qualidade de ensino. Postura do professor diante da avaliação institucional A avaliação institucional é um indicador imprescindível para o exercício da docência. Quanto maior for a visão do professor em relação à unidade escolar, maiores serão as alternativas pedagógicas para a elaboração do seu plano de trabalho e, consequentemente, para a melhoria da qualidade de suas aulas.
Outro fator a ser considerado na postura do professor diante da avaliação institucional é que ela reflete o também o desenvolvimento do trabalho docente. Ficar alheio a esse processo corre-se o risco de retroceder aos mesmos erros do passado, exercendo o papel meros "espectadores e não recriadores do mundo (FREIRE, 1983, p. 71). A escola contemporânea requer um profissional que saiba refletir e recondicionar sua prática pedagógica em benefício da qualidade do ensino. Considerações finais Avaliar a escola como um todo é cultura a ser pratica pelos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. A avaliação não pode ser visa como um instrumento de punição e sim como indicadora para ações promotoras da qualidade educacional. Essa responsabilidade é de todos. Todos aprendem. Todos crescem. Todos se beneficiam. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFONSO, A. Avaliar a escola e a gestão escolar: elementos para uma reflexão crítica. In: ESTEBAN, Maria Teresa (org.). Escola, Currículo e Avaliação. São Paulo: Cortez, 2003. DIAS SOBRINHO. J. BALZAN. N.C. Avaliação institucional: teorias e experiências. São Paulo: Cortez, 2000. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. GADOTTI, M. Concepção dialética da avaliação. In: DEMO, P. Avaliação qualitativa. Campinas: Autores Associados, 1995.
RAMOS, I. M. L. Avaliação institucional na educação profissional: sistemática de avaliação institucional para os centros de educação profissional. Brasília: Unesco, 2005. SANCHES, R. C. F. Avaliação institucional e projeto político pedagógico: articulação imprescindível. Curitiba: IESDE Brasil S/A, 2009. Texto: Profª. Lílian Nunes da Silva