A LINGUAGEM MUSICAL DO MUSICOTERAPEUTA Rita Bomfati. UNESPAR- FAP ritabomfati1@gmail.com Resumo: A importância da formação musical do musicoterapeuta (conhecimento de ritmos e instrumentos, história da música, harmonia, leitura e escrita musical, aspectos históricos, culturais e filosóficos da música) para atingir seus objetivos. A linguagem musical como meio de comunicação na musicoterapia. Palavras chave: musicoterapia, música, formação. INTRODUÇÃO A música pode representar mais que uma habilidade para tocar um instrumento ou cantar, pode ser um instrumento de saúde, desenvolvendo potenciais, atuando na prevenção ou no tratamento de questões como o stress, na área escolar, hospitalar e social. O musicoterapeuta deve ter interesse pelo ser humano, familiarização com a linguagem musical, com uma educação-musical sólida. (BARCELLOS, 2004, p.83). Por meio dos sons podemos tocar o interior do ser humano, é o que mostra a musicoterapia ao buscar desenvolver potenciais, restaurar funções de saúde através da reabilitação, prevenção ou tratamento. A música aumenta a autoestima, a memória, a coordenação motora e o entrosamento do homem na sociedade. A musicoterapia traduz o uso da música como instrumento de saúde. DESENVOLVIMENTO O instrumento de trabalho do musicoterapeuta é o som, pois é a linguagem utilizada na terapia, é a arte sendo utilizada como instrumento terapêutico. É importante a formação musical do musicoterapeuta para atingir seus objetivos, levando em consideração que a linguagem utilizada é a música, a linguagem universal como meio de comunicação na musicoterapia que é uma disciplina que
necessita de conhecimentos de ritmo, história da música, harmonia, atividades e vivencias, estudos e reflexões sobre o acontecimento musical e seus elementos estruturais, enfocando aspectos históricos, culturais e filosóficos de cada um. A musicoterapia possui técnicas que exigem do musicoterapeuta habilidades musicais e domínio sobre os instrumentos utilizados no setting musicoterápico, além de exigir um vasto conhecimento de repertório musical em todos os níveis, estilos e ritmos ao gosto pessoal, a história de vida da pessoa é utilizada como filtro. A música refere, representa, simboliza e é uma linguagem universal, onde se pode expressar a condição humana, assim como suas próprias ideias, sentimentos e identidades. Bruscia utiliza sessenta e quatro técnicas em Musicoterapia Improvisacional, o musicoterapeuta precisa criar, improvisar, e criar novamente, não há limites para a música feita no setting terapêutico. A qualidade da música vai indicar uma evolução no tratamento, e a resposta do cliente ao tratamento. O musicoterapeuta tem que se utilizar da escuta, pois a música possui significação. Há diferentes teorias sobre o que dá á música o seu significado e sobre que tipos de significações podem derivar da música e essa significação é essencial para o processo da terapia. (BRUSCIA. 2000). O potencial artístico da pessoa promove saúde, pois a arte faz com que a visão do mundo seja compartilhada. As impressões que sentimos diante de qualquer manifestação artística são estéticas. Enquanto profissional, podemos perceber quem é a pessoa que tem ideias, se expressa, transmite significados psicológicos e sociais. A música nem sempre é só música, ela vem mesclada com outras formas de arte como a dança, poesia, teatro e artes visuais, e essas formas e experiências de artes são inter- relacionadas. Os clientes podem usar a música para fazer mudanças significativas em suas vidas, cada experiência musical envolve uma pessoa, um processo musical específico e um produto musical de algum tipo. (BRUSCIA, 2000).
A musicoterapia acolhe o que é saudável, a estética é um campo da filosofia, (o aspecto da beleza, o gosto pessoal) se torna belo porque eu gosto. A arte, a estética, a qualidade, estão no campo da significação, nas sensações e na subjetividade. A participação na musicoterapia não exige habilidades especiais do cliente, a terapia é feita de acordo com o gosto musical e as preferências do cliente. Há ocasiões em que os clientes não estão prontos para sentir a música em sua plenitude, pois as leva para perto de seus problemas. A música na musicoterapia é aceita em qualquer nível, não se considera o aspecto estético, pois com o progresso terapêutico a música se torna melhor. A música deve ser criada por sua relevância clínica, e depois se preocupar com os valores artísticos tradicionais. Porém a qualidade da música é de grande interesse, pois geralmente através da qualidade e da beleza da música feita pelo cliente que se pode ouvir seu crescimento terapêutico. A beleza da música vai além da sua aparência e estrutura, ela emana da alma. (BRUSCIA, 2000). Por essa razão o musicoterapeuta não deve julgar a música feita na terapia, e sim acolher, independente do gosto musical do cliente, pois esse é o meio de comunicação do cliente e como ele esta se sentindo, suas necessidades e anseios através da música. O ser humano é um sujeito sobre uma experiência, ele é um improvisador. Porém o musicoterapeuta deve aprender música, canto, outros instrumentos, construir sua identidade profissional, ousar no seu fazer musical, para ter liberdade e desenvolver a criatividade. Para a musicoterapia é necessário saber sobre o ritmo e o andamento, para compor a leitura da pessoa musical, o musicoterapeuta tem que compor intervenções musicais. Os ouvidos são sensíveis a pequenas mudanças de tempo. (KRUMHANSTL, 2006, p.49)
O musicoterapeuta deve ousar no fazer musical. Deve ter a capacidade de grafar musicalmente, perceber os elementos musicais contidos na reprodução musical de um paciente (altura, intensidade, timbre, compasso e todos aqueles que formam o tecido musical), e a habilidade em responder, interagir, mobilizar ou ainda intervir musicalmente na produção do paciente, de forma adequada (BARCELLOS, 2004, p.83 ). OBJETIVO GERAL Expor qual a necessidade de aprofundar o estudo da música e a qualidade musical na formação acadêmica do musicoterapeuta. Como exemplo dessa necessidade observada nos profissionais de musicoterapia, segue a formação dos musicoterapeutas abordados no trabalho e de alguns profissionais já conceituados da área: A Dra. Lia Rejane Mendes Barcellos é Doutora em Música pela UNIRIO, Mestre em Musicologia (CBM), Bacharel em Piano, Bacharel em Musicoterapia (CBM). Clotilde Leinig, Formou-se, inicialmente, em violino no Instituto de Música do Paraná e piano na Academia de Música do Paraná, foi uma das fundadoras da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e do curso de musicoterapia, foi professora, pianista e violinista, Clotilde recebeu o título de notório saber na área da Saúde em Musicoterapia e o Troféu Mulheres de Ciência Glaci Zancan, entregue pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). A professora também publicou o livro: A música e a ciência se encontram: um estudo integrado entre a música, à ciência e a musicoterapia Cintia Albuquerque é musicoterapeuta e coordenadora da Redescobrir Musicoterapia, tem formação em Violino, Percussão, Flauta Transversal e Canto, Autodidata em quase todos os instrumentos, exceto pela flauta, fez cursos na Escola de Música Villa-Lobos no Rio de Janeiro, domina a teoria musical, solfejo, leitura e escrita musical.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Sendo assim a formação musical do musicoterapeuta é muito importante, o improviso, a notação musical em relatórios, tocar vários instrumentos diferentes, compreender a harmonia, os diferentes ritmos, o domínio da linguagem musical, ou seja, o conhecimento permite a total liberdade no atendimento, pois a atenção fica direcionada somente ao participante, não há motivo de preocupação, ou dificuldade para mudar o tom da música, intervir com ritmos diferentes, e improvisar de acordo com a proposta da sessão. Pois a musicoterapia traduz o uso da música como instrumento de saúde. O musicoterapeuta deve se desenvolver ao máximo musicalmente e como pessoas, pois a música é um meio e não um fim, a música esta servindo alguém, facilitando assim o desenvolvimento humano. Um exemplo disso é que na UFG a Prova de Verificação de Habilidade e Conhecimentos Específicos em Música inclui conhecimentos em teoria e percepção musical, ditado, solfejo melódico e rítmico, além de uma avaliação prática de instrumento, na qual o candidato interpreta peças de livre escolha, faz uma leitura à primeira vista e realiza uma improvisação musical livre. Desde o vestibular para o ano letivo de 2004, introduziu-se também a Verificação da Capacidade de Interação, prova na qual o candidato realiza atividades de expressão corporal, sonora e musical, ao participar de uma vivência de improvisação em grupo em que são propostas situações de interação interpessoal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRUSCIA, Kenneth. Definindo Musicoterapia. São Paulo: Enelivros. 2000 BARCELLOS, Lia Rejane, Cadernos de Musicoterapia, 1 e 2, Rio de Janeiro: Enelivros. 1992 BARCELLOS, Lia Rejane, Musicoterapia: Alguns Escritos, Rio de Janeiro: Enelivros. 2004 KRUMHANSL, Carol. Passo III, 9ª Conferência Internacional sobre percepção Musical e Cognição: Artigo Acadêmico, 2006. Internet: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/rt/bio/639/pdf_37 acesso em 28/11/2013 http://www.bemparana.com.br/noticia/106858/morre-fundadora-da-fap#.upfoz9lrxik acesso em 28/11/2013 http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/45anos/x-cursomusicoterapia.html acesso em 28/11/2013