SISTEMA AQUÍFERO: LUSO (A12)

Documentos relacionados
SISTEMA AQUÍFERO: VEIGA DE CHAVES (A1)

SISTEMA AQUÍFERO: MACEIRA (O18)

SISTEMA AQUÍFERO: TORRES VEDRAS (O25)

SISTEMA AQUÍFERO: MONTE GORDO (M17)

SISTEMA AQUÍFERO: ESCUSA (A2)

SISTEMA AQUÍFERO: VIEIRA DE LEIRIA - MARINHA GRANDE (O12)

SISTEMA AQUÍFERO: ANÇÃ-CANTANHEDE (O4)

SISTEMA AQUÍFERO: VERRIDE (O8)

SISTEMA AQUÍFERO: PERAL MONCARAPACHO (M13)

SISTEMA AQUÍFERO: CONDEIXA-ALFARELOS (O31)

SISTEMA AQUÍFERO: BACIA DE ALVALADE (T6)

SISTEMA AQUÍFERO: OTA ALENQUER (O26)

SISTEMA AQUÍFERO: CHÃO DE CEVADA - QUINTA DE JOÃO DE OURÉM (M11)

SISTEMA AQUÍFERO: S. BRÁS DE ALPORTEL (M8)

SISTEMA AQUÍFERO: ALPEDRIZ (O19)

SISTEMA AQUÍFERO: MONFORTE-ALTER DO CHÃO (A3)

SISTEMA AQUÍFERO: PENELA TOMAR (O9)

SISTEMA AQUÍFERO: POUSOS-CARANGUEJEIRA (O14)

SISTEMA AQUÍFERO: PISÕES-ATROZELA (O28)

SISTEMA AQUÍFERO: OURÉM (O15)

SISTEMA AQUÍFERO: CÁRSICO DA BAIRRADA (O3)

Sociedade de Geografia 15 de Novembro de 2012

SISTEMA AQUÍFERO: MARGEM DIREITA (T1)

SISTEMA AQUÍFERO: MOURA FICALHO (A10)

Características hidroquímicas e hidrodinâmicas do aquífero na planície arenosa da Costa da Caparica

SISTEMA AQUÍFERO: QUARTEIRA (M7)

SISTEMA AQUÍFERO: CALDAS DA RAINHA NAZARÉ (O33)

SISTEMA AQUÍFERO: VISO-QUERIDAS (O30)

SISTEMA AQUÍFERO: TENTÚGAL (O5)

SISTEMA AQUÍFERO: ALMÁDENA-ODEÁXERE (M2)

SISTEMA AQUÍFERO: ALUVIÕES DO TEJO (T7)

Estudo da interacção água subterrânea/água superficial nos sistemas associados à Lagoa de Albufeira, em periodo de barra aberta

SISTEMA AQUÍFERO: LEIROSA - MONTE REAL (O10)

SISTEMA AQUÍFERO: LUZ-TAVIRA (M15)

SISTEMA AQUÍFERO: SINES (O32)

ÁGUA SUBTERRÂNEA BAIXO MONDEGO

SISTEMA AQUÍFERO: LOURIÇAL (O29)

SISTEMA AQUÍFERO: GABROS DE BEJA (A9)

SISTEMA AQUÍFERO: FERRAGUDO ALBUFEIRA (M4)

SISTEMA AQUÍFERO: ELVAS-VILA BOIM (A5)

Mendonça, J. J. L., Almeida, C. e M. A. M. Silva (1999)

SISTEMA AQUÍFERO: CAMPINA DE FARO (M12)

Ambientes insulares vulcânicos. RECURSOS HÍDRICOS DA ILHA DA MADEIRA Susana Prada. Modelo hidrogeológico conceptual para a ilha da Madeira

ORLA MERIDIONAL (M) Introdução. Hidrogeologia. Características Gerais

RISCO DE INTRUSÃO SALINA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - GESTÃO INTEGRADA DE ÁGUA SUBTERRÂNEAS

SISTEMA AQUÍFERO: VIANA DO ALENTEJO ALVITO (A6)

O uso da água e a gestão dos aquíferos na região de Aveiro - Orla Mesocenozóica Ocidental Portuguesa.

ASPECTOS QUANTITATIVOS DOS SISTEMAS AQUÍFEROS DO BAIXO TEJO

SISTEMA AQUÍFERO: MEXILHOEIRA GRANDE PORTIMÃO (M3)

Considerações gerais sobre a hidrogeologia do continente

SISTEMA AQUÍFERO: QUATERNÁRIO DE AVEIRO (O1)

Palavras Chave: Condutividade eléctrica, ph, Águas subterrâneas, Formação de Mértola, Formação de Mira

CAPÍTULO 2 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS Clima Relevo Hidrografia Solos Vegetação... 13

PLANO MUNICIPAL DA ÁGUA

10.1 Caracterização hidroquímica do Sistema Aquífero Moura-Ficalho

DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE RECURSOS HÍDRICOS

RESERVAS ESTRATÉGICAS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA NA REGIÃO CENTRO (PROJECTO IMAGES)

SISTEMA AQUÍFERO: ALUVIÕES DO MONDEGO (O6)

SISTEMA AQUÍFERO: CRETÁCICO DE AVEIRO (O2)

EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA ZONA ENVOLVENTE AO COMPLEXO QUÍMICO DE ESTARREJA. PERSPETIVAS FUTURAS

VI Hidrogeologia Condições Hidrogeomorfológicas e climatológicas

Geologia: Recursos, Riscos e Património

SISTEMA AQUÍFERO: ESTREMOZ-CANO (A4)

Recuperação do antigo sistema hídrico de abastecimento de águas

Sowing Water in Monchique Mountain Semear Água na Serra de Monchique

SISTEMA AQUÍFERO: S. JOÃO DA VENDA QUELFES (M10)

Água, ecossistemas aquáticos e actividade humana PROWATERMAN. Caracterização geológica e hidrogeológica das áreas de estudo.

MACIÇO ANTIGO (A) Introdução

IMPORTÂNCIA DA MONITORIZAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS RECURSOS HÍDRICOS

Notícia Explicativa da Folha 6-D, Vila Pouca de Aguiar

A importância da água subterrânea para o montado

SISTEMA AQUÍFERO: CESAREDA (O24)

2. CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DAS ÁREAS EM ESTUDO

Actividade Laboratorial

O CICLO HIDROGEOLÓGICO D AS ÁGUA S MINERAIS

OBJECTIVOS. P2 Avaliaçã. ção o de Disponibilidades Hídricas H Riscos de Contaminaçã. ção. Propostas de Prevençã. ção o e Protecçã.

HIDROGEOLOGIA. Acção de Formação Modelos Hidrogeológicos: Elaboração e Experimentação. Novembro de 2004

ESTUDO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS DO ALENTEJO (ERHSA) - CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE DE ÉVORA

Programa de medidas do 2º ciclo planeamento e monitorização Sessão temática: Águas subterrâneas: estratégia para a sua gestão 9 maio 2019

APLICAÇÃO DA PROSPEÇÃO GEOFÍSICA PARA A CARACTERIZAÇÃO DA MASSA DE ÁGUA MINERAL DAS CORGAS DO BUÇACO, PENACOVA

SISTEMA AQUÍFERO: QUERENÇA SILVES (M5)

A ÁGUA SUBTERRÂNEA faz parte

Palavras Chave: Águas subterrâneas, Hidroquímica, Qualidade da água, Anticlinório do Pulo do Lobo, Faixa Piritosa, Formação de Mértola

Palavras-chave: Aquífero, Hidroquímica, Gnaisses, Condutividade eléctrica, ph, Caudais.

Agrupamento de Escolas Santa Catarina EBSARC 10º ANO 2015/2016 GEOGRAFIA A AS BARRAGENS E AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

DEFINIÇÃO DAS REDES DE MONITORIZAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

IMPLANTAÇÃO DE UMA CAPTAÇÃO

Águas. Superficiais: Disponibilidades Hídricas. Quantidade de Água disponível no Planeta. Dependem de:

Importância Estratégica dos Recursos Geológicos do Concelho de Nisa/Revisão do PDM. Clara Franco

PROJECTO DE EXECUÇÃO LANÇO A IP8 NÓ DE RONCÃO (IC33) / NÓ DE GRÂNDOLA SUL (IP1) GEOLOGIA E GEOTECNIA

Exercícios de Geologia

Na presente secção, ir-se-ão definir números globais que intervêm no ciclo

INFLUÊNCIA DA TROCA CATIÓNICA NO QUIMISMO DA ÁGUA NO AQUÍFERO CRETÁCICO DE AVEIRO

(Adaptado de Revista Galileu, n.119, jun. de 2001, p.47).

ÁREA DE PROTECÇÃO DO RECURSO HIDROTERMAL DAS TERMAS DE ENTRE- OS-RIOS

CRITÉRIOS HIDROGEOLÓGICOS PARA A DEFINIÇÃO E FIXAÇÃO DOS PERÍMETROS DE PROTECÇÃO

DESCRIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE MACIÇOS ROCHOSOS

REGIÃO HIDROGRÁFICA DO VOUGA, MONDEGO E LIS (RH4)

ANÁLISE DO IMPACTE DO USO DA ÁGUA NO SISTEMA AQUÍFERO ALMÁDENA-ODEÁXERE UM EXEMPLO DAS QUESTÕES A NIVEL LOCAL E REGIONAL

A ANÁLISE GEOESTATÍSTICA DA CONCENTRAÇÃO DE NITRATOS NAS MASSAS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA NA CONFEDERAÇÃO HIDROGRÁFICA DO JÚCAR, ESPANHA

Transcrição:

SISTEMA AQUÍFERO: LUSO (A12) Figura A12.1 Enquadramento litoestratigráfico do sistema aquífero do Luso Sistema Aquífero: Luso (A12) 126

Identificação Unidade Hidrogeológica: Maciço Antigo Bacias Hidrográficas: Mondego e Vouga Distrito: Coimbra Concelhos: Mealhada e Penacova Enquadramento Cartográfico Folhas 219, 220 e 231 da Carta Topográfica na escala 1:25 000 do IGeoE Folha 19-B do Mapa Corográfico de Portugal na escala 1:50 000 do IPCC Mealhada Mortágua 219 220 19B Penacova 230 231 Coimbra Vila Nova de Poiares Figura A12.2 Enquadramento geográfico do sistema aquífero Enquadramento Geológico Estratigrafia e Litologia A Formação dos Quartzitos Armoricanos (Ordovícico inferior) constitui o suporte principal deste sistema aquífero. Esta formação tem uma representação bastante importante na Zona Centro-Ibérica, assentando, em geral, sobre o Supergrupo Dúrico-Beirão (=Complexo Xisto-Grauváquico) através de desconformidade angular de primeira ordem. Nalguns locais, observa-se a ocorrência de uma série intercalar, entre os Quartzitos Armoricanos e o Supergrupo Dúrico- Beirão (Formação de Vale do Grou), que assenta discordantemente sobre o último. Por sua vez, os Quartzitos Armoricanos também assentam discordantemente sobre a referida formação. No Sinclinal do Buçaco é referida, tanto por Nery Delgado, como por outros autores, a existência de uma formação conglomerática, na base dos Quartzitos Armoricanos. Sistema Aquífero: Luso (A12) 127

No entanto, Teixeira (1981) questiona a existência de um conglomerado na base dos Quartzitos Armoricanos, afirmando que se trata de um falso conglomerado, resultante de silicificação, seguida de disjunção esferoidal, de uma assentada de base, de natureza arcósica. A este falso (?) conglomerado, seguem-se grauvaques argilosos, xistos grosseiros, areníticos, micáceos, borra de vinho, quartzitos, etc. (Teixeira, 1981), tendo este conjunto sido designado por Grauvaques Vermelhos inferiores por Delgado, 1908, e Formação de Sernelha por Mitchell, 1974. Seguem-se bancadas espessas de quartzitos, com bilobites, Scolithus e Vexilum, que constituem a Formação dos Quartzitos Armoricanos. Aos Quartzitos Armoricanos segue-se uma sequência fundamentalmente xistenta, de idade Ordovícica-Silúrica, mas onde também estão presente quartzitos. Por sua vez, os Quartzitos Armoricanos encontram-se cobertos, localmente, por depósitos mais recentes, de idade cretácica (Grés de Buçaco). Próximo do extremo NW do afloramento do Buçaco, os Quartzitos Armoricanos contactam, quer com as formações pós-tectónicas do Carbonífero superior (Estefaniano D), quer com as formações pré-câmbricas da Série Negra. Tectónica A formação dos Quartzitos Armoricanos faz parte de um sinclinal assimétrico, com eixo orientado segundo a direcção NW-SE. É no flanco oriental que a formação apresenta maior desenvolvimento, estando representada por um afloramento contínuo, apenas interrompido pela passagem do Mondego, perto de Penacova, que se prolonga até Penedos de Góis, numa extensão de cerca de 38 km. No flanco ocidental, a formação apresenta-se sob a forma de retalhos descontínuos, com muito menor representação. A fracturação tardi-hercínica que afectou a formação, originou duas famílias de fracturas (desligamentos conjugados) NNW-SSE a NW-SE (desligamentos direitos) e NNE-SSW a ENE-WSW (desligamentos esquerdos). No flanco oriental estas fracturas são muito penetrativas, favorecendo portanto a circulação subterrânea (Vieira da Silva et al., 2000). Dois acidentes maiores delimitam o sistema: a ocidente a falha Porto-Coimbra-Tomar, que põe em contacto os terrenos da Série Negra, da Zona de Ossa-Morena, com os da Zona Centro-Ibérica; a oriente a falha de Verín-Chaves-Penacova. A presença daqueles acidentes condiciona a presença de nascentes, que constituem a descarga natural do sistema. Hidrogeologia Características Gerais Como foi referido, é no flanco oriental do sinclinal do Buçaco que a Formação dos Quartzitos Armoricanos possui um desenvolvimento mais significativo, tanto em largura, como em extensão, constituindo um afloramento contínuo, apenas interrompido pela passagem do Mondego. No entanto, no sistema aquífero do Luso, apenas se considera o troço situado entre Luso e Penacova, apresentando, assim, uma área de 15,3 km 2. Vieira da Silva et al., 2000, considera a existência de quatro sistemas aquíferos, cuja distinção é feita em função da profundidade de circulação e consequente temperatura de emergência da água e pela composição química da água, no caso do aquífero suspenso da Cruz Alta. Assim, os aquíferos que constituem este sistema são: Sistema Aquífero: Luso (A12) 128

- Aquífero Termal do Luso, onde a circulação se faz a maiores profundidades e em que a temperatura da água, nas emergências, é da ordem dos 27ºC. - Aquífero Hipotermal do Luso, em que a circulação se faz a profundidades que não excedem os 200 m e em que a temperatura média da água, nas emergências, é da ordem dos 17ºC. - Aquífero Termal de Penacova, que se localiza na zona de Penacova, com uma extensão inferior à dos anteriores, com uma circulação intermédia e em que a água apresenta uma temperatura média da ordem dos 20ºC, nas nascentes. - Aquífero Suspenso da Cruz Alta, cuja distinção dos outros aquíferos é feita a partir da composição química da água. A recarga faz-se, fundamentalmente, a partir da precipitação sobre a plataforma aplanada que corta os quartzitos, em parte coberta por depósitos mais recentes. A fracturação facilita a recarga e a subsequente circulação em profundidade. A presença de acidentes cortando os quartzitos e o contacto com formações menos permeáveis, condicionou a presença de nascentes, a ocidente, a Fonte de S. João, Fonte Termal do Luso, e, a oriente, as Fontes termais de Telha, Caldas e Penacova. A presença destas zonas de descarga, dá origem a uma partição de águas subterrâneas, sendo o sector drenado pelas nascentes ocidentais, o mais importante. Sob o ponto de vista isotópico também se podem fazer considerações acerca dos tempos de permanência das águas em cada um dos aquíferos que constituem o sistema aquífero do Luso. Assim, de acordo com os valores apresentados no quadro A12.1, as águas do Aquífero Hipotermal são mais recentes do que as do Aquífero Termal, enquanto que as águas do Aquífero Termal de Penacova são de idade intermédia. Os valores de oxigénio-18 indicam que se trata de águas meteóricas tendo origem na mesma área de recarga (Vieira da Silva et al., 2000). Parâmetros Hidráulicos e Produtividade Os únicos dados de que se dispõe são provenientes do relatório de pesquisa e construção do furo AC2, da Sociedade da Água do Luso, que foi executado junto aos balneários. Esta captação foi construída em 1974 e ao longo da perfuração foram registados vários caudais que se apresentam no quadro seguinte (A12.1): Profundidade (m) Caudal (L/s) Observações 16,5 1,5 22,6 2 27 3 28,5 3 46 6 Artesianismo positivo 78,5 8 Artesianismo livre Quadro A12.1 Alguns valores de caudal obtidos durante a perfuração de um furo Sistema Aquífero: Luso (A12) 129

Foi efectuado um ensaio de caudal aos 52 metros de profundidade, com o compressor da máquina, tendo-se registado um caudal de 25 L/s, com o nível hidrodinâmico não estabilizado. O ensaio final de bombagem forneceu um caudal de 10,5 L/s, com o nível hidrodinâmico a uma profundidade de 0,4 m. Não se dispõe de mais dados sobre a produtividade de outras captações implantadas neste sistema. Quanto ao caudal produzido pela Fonte de S. João (Luso), num período de observações entre Fevereiro de 1992 e Abril de 1998, observaram-se valores mensais situados entre 19 L/s e 57 L/s. As médias geométricas de 1996 e 1997 (com uma observação mensal) foram de 44 L/s e 34 L/s, respectivamente. Não se dispõe de dados relativos a outras nascentes. Análise Espaço-temporal da Piezometria Não se dispõe de observações de nível que permitam caracterizar a superfície piezométrica. O modelo conceptual elaborado por Vieira da Silva et al. (2000) propõe um escoamento sensivelmente paralelo ao eixo do afloramento dos quartzitos, isto é, NW-SE, com uma linha de partição de águas subterrâneas, a partir da qual o fluxo diverge para NW (Luso) e SE (Penacova), na direcção das áreas principais de descarga do sistema, conforme se pode observar na figura A12.3. Figura A12.3 Perfil hidrogeológico efectuado longitudinalmente (adaptado de Vieira da Silva et al., 2000) Balanço Hídrico Vieira da Silva et al. (2000) estimam que os recursos totais do sistema atingem um valor superior a 1,5 hm 3 /ano. As descargas naturais e extracções para abastecimento e engarrafamento, na região do Luso, deverão ascender a cerca de 1,3 hm 3 /ano. Não se dispõe de dados que permitam estimar as saídas na região de Penacova, mas são seguramente muito inferiores àquele valor. Sistema Aquífero: Luso (A12) 130

Qualidade Considerações Gerais Dispõem-se de poucos dados que permitam apresentar estatísticas dos parâmetros analisados nas águas do sistema aquífero. Vieira da Silva et al., 2000, apresenta os seguintes valores, para amostras recolhidas em 1994: Aquífero T (ºC) ph Cloretos Sílica 3 H (UT) d 18 O ( ) d 2 H ( ) (mg/l) (mg/l) Suspenso da Cruz Alta 12 5,5 10,2 4,6 4,3-5,09-29,0 Hipotermal do Luso 17 5,1 10,7 8,2 6,05-4,93-27,4 Termal do Luso 27 5,7 8,9 13,2 2,45-4,9 - Termal de Penacova 20 5,4 9,3 9,0 5,54-4,75 - Quadro A12.2 Alguns valores de parâmetros para cada um dos aquíferos Outros dados disponíveis dizem respeito à nascente do Luso. Trata-se de uma análise química realizada em 24 de Maio de 1988, pela Direcção Geral de Geologia e Minas (1992) e cujos valores obtidos para os parâmetros se podem observar no quadro A12.3. Parâmetro Valor Temperatura (ºC) 22,2 ph 5,4 Condutividade (µs/cm) 50,5 Resíduo Seco (mg/l) 37,0 Dureza Total (mg/l) 0,74 Sódio (mg/l) 0,9 Cálcio (mg/l) 0,9 Potássio (mg/l) 0,7 Magnésio (mg/l) 1,3 Bicarbonato (mg/l) 7,9 Cloreto (mg/l) 9,2 Sulfato (mg/l) 1,8 Nitrato (mg/l) 1,1 Quadro A12.3 Valores de parâmetros obtidos em 1988 A análise realizada à água captada no furo efectuado em 1974, para a Sociedade da Água do Luso, deu os seguintes resultados: Sistema Aquífero: Luso (A12) 131

Parâmetro Valor ph 5,64 Resíduo Seco (mg/l) 52,0 Dureza Total (mg/l) 1,0 Sódio+Potássio (mg/l) 11,5 Cálcio (mg/l) 0,0 Magnésio (mg/l) 2,4 Bicarbonato (mg/l) 17,1 Cloreto (mg/l) 11,3 Sulfato (mg/l) 3,5 Nitrato (mg/l) 1,8 Quadro A12.4 Valores dos parâmetros analisados em 1974 Como se pode observar pela análise de qualquer um dos quadros que expressa valores obtidos em diferentes anos, tratam-se de águas pouco mineralizadas, sendo classificadas de hipossalinas. A fácies dominante, para qualquer um dos aquíferos, é a cloretada sódica e segundo Vieira da Silva et al., 2000, o conteúdo em sílica permite fazer uma diferenciação nítida para cada um dos aquíferos, estando os seus teores relacionados com a profundidade de circulação e, consequentemente, com o tempo de residência. Qualidade para Consumo Humano Pela análise dos valores de que se dispõe, tratam-se de águas de muito boa qualidade para consumo humano, nunca ultrapassando os VMRs. Uso Agrícola Não se dispõe de dados para fazer a sua classificação com base nas classes definidas pela USSLS. Sistema Aquífero: Luso (A12) 132

Bibliografia Delgado, N. (1908) Système Silurique du Portugal. Étude de stratigraphie paléontologique. Mem. Com. Serv. Geol. Port. Lisboa, 245 pág. Direcção Geral de Geologia e Minas (1992) Termas e Águas Engarrafadas em Portugal. Geo-Hidrol (1975) Relatório Final Sobre o Programa de Pesquisa e Captação de Água Termal de Luso Executado no Ano de 1974. Mitchell, W. I. (1974) An outline of the stratigraphy and paleotology of the Ordovician rocks of Central Portugal. Geol. Mag., 111(5), pp. 385-396. Teixeira, C. (1981) - Geologia de Portugal, Pré-Câmbrico e Paleozóico. Vol. 1, Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa, 629 pág. Vieira da Silva, A. M.; Condesso de Melo, M. T.; Marques da Silva, M. A. (2000) - Modelo Conceptual e Caracterização Hidrogeológica Preliminar do Sistema Aquífero da Serra do Buçaco. Jornadas Luso-espanholas sobre as Águas Subterrâneas no Noroeste da Península Ibérica. Corunha. Sistema Aquífero: Luso (A12) 133