SISTEMA AQUÍFERO: CHÃO DE CEVADA - QUINTA DE JOÃO DE OURÉM (M11)
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2 SISTEMA AQUÍFERO: CHÃO DE CEVADA - QUINTA DE JOÃO DE OURÉM (M11) Figura M11.1 Enquadramento litoestratigráfico do sistema aquífero Chão de Cevada- Quinta João de Ourém Sistema Aquífero: Chão de Cevada-Quinta João de Ourém (M11) 541
3 Identificação Unidade Hidrogeológica: Orla Meridional Bacia Hidrográfica: Ribeiras do Sotavento Distrito: Faro Concelhos: Faro e Olhão Enquadramento Cartográfico Folhas 607 e 611 da Carta Topográfica na escala 1: do IGeoE Folha 53-A do Mapa Corográfico de Portugal na escala 1: do IPCC Folha 53-A da Carta Geológica de Portugal na escala 1: do IGM SÃO BRÁS DE ALPORTEL TAVIRA FARO 607 OLHÃO 53A 611 Figura M11.2 Enquadramento geográfico do sistema aquífero Chão de Cevada-Quinta de João de Ourém Enquadramento Geológico Estratigrafia e Litologia As formações aquíferas principais são os Dolomitos de Chão de Cevada e os Calcários Cristalinos de Pão Branco, do Cretácico superior. Sistema Aquífero: Chão de Cevada-Quinta João de Ourém (M11) 542
4 Os Dolomitos de Chão de Cevada, do Cenomaniano, são constituídos por 150 metros de dolomitos cristalinos maciços a que se sobrepõe uma bancada de calcário com um metro de espessura (Rey, 1982, 1983; Manuppella et al., 1987). Os Calcários Cristalinos de Pão Branco, do Cenomaniano, constituem cerca de 100 metros de calcários esparitizados, amarelos ou rosados (Rey, 1982, 1983; Manuppella et al., 1987). Intercaladas nestas duas formações existem cerca de 120 metros de margas verdes ou violáceas com intercalações de calcários micríticos pulverulentos (Rey, 1982, 1983; Manuppella et al., 1987). Tectónica As camadas cenomanianas estão incluídas em extenso sinclinal, mergulhando cerca de 30º para sul, sob as formações miocénicas e quaternárias, que constitui o flanco sul da estrutura cavalgante da Serra de Monte Figo. A fracturação mais evidente é submeridiana, de que se destaca a falha de Faro que corta os afloramentos no limite ocidental do sistema aquífero. A oeste de Pão Branco, o contacto do Cenomaniano com o Miocénico sobrejacente faz-se através de falha provável com direcção WNW-ESE, associada à estrutura diapírica de Faro (Manuppella et al., 1987; Terrinha, 1998) Hidrogeologia Características Gerais O Sistema Aquífero de Chão de Cevada-Quinta de João de Ourém ocupa uma área restrita, entre o Sistema Aquífero da Campina de Faro, a Sul e de São João de Venda-Quelfes, a Norte, com uma área de 5,3 km 2. É constituído pelas formações Chão de Cevada e de Pão Branco, do Cretácico superior, que agrupam calcários, calcários dolomíticos e dolomitos. Uma intercalação margosa (Margas Superiores) separa estas duas formações. A partir de Bela Curral até Quinta de João de Ourém, os limites incluem depósitos detríticos quaternários que assentam sobre os calcários cretácicos. Trata-se de um pequeno aquífero cársico, livre a confinado, alimentado por recarga directa. Parâmetros Hidráulicos e Produtividade A produtividade do sistema aquífero é boa, apresentando-se no quadro M11.1 as estatísticas principais, calculadas a partir de 18 dados de caudais de exploração, expressos em L/s: Média Desvio Padrão Mínimo Q 1 Mediana Q 3 Máximo 12,7 15,3 1,5 3, Quadro M11.1 Principais estatísticas dos caudais Sistema Aquífero: Chão de Cevada-Quinta João de Ourém (M11) 543
5 Figura M Distribuição cumulativa dos caudais A transmissividade, estimada a partir de caudais específicos de duas captações, varia entre 500 e 600 m 2 /dia. Análise Espaço-temporal da Piezometria Não se dispõe de dados que permitam esboçar uma mapa piezométrico, nem sequer definir, em traços gerais, as direcções e sentidos de fluxo subterrâneo. A análise da evolução temporal dos níveis em dois piezómetros mostra grandes oscilações, como seria de esperar, dado tratar-se de um sistema de pequenas dimensões, logo com escassa capacidade de armazenamento e poder regulador. As oscilações máximas são de 45 m, no piezómetro 611/231 (vide Fig. M11.4) e de 39 m no piezómetro 611/094 (Fig. M11.5). As oscilações interanuais são da ordem de 10 a 12 m. Os níveis mais baixos verificaram-se em 1996, ultrapassando os 20 m abaixo da cota zero. A partir daquela data, verificou-se uma recuperação dos níveis que atingiram nos três últimos anos valores médios situados entre 0 e 10 m. Parece assim não existir nenhuma tendência persistente, registando-se um consumo das reservas durante os períodos de seca que são em seguida repostas durante os períodos mais pluviosos. É possível que este equilíbrio seja mais aparente do que real e que em períodos de seca prolongada se verifiquem situações de carência, com diminuição forçada das extracções, por haver captações que ficam temporariamente secas. Nível Piezométrico (m) /231 May-88 Nov-88 May-89 Nov-89 May-90 Nov-90 May-91 Nov-91 May-92 Nov-92 May-93 Nov-93 May-94 Nov-94 May-95 Nov-95 May-96 Nov-96 May-97 Nov-97 May-98 Nov-98 May-99 Nov-99 Figura M11.4 Evolução do Nível Piezométrico no piezómetro 611/231 Sistema Aquífero: Chão de Cevada-Quinta João de Ourém (M11) 544
6 Nível Piezométrico (m) /094 Sep-78 Sep-79 Sep-80 Sep-81 Sep-82 Sep-83 Sep-84 Sep-85 Sep-86 Sep-87 Sep-88 Sep-89 Sep-90 Sep-91 Sep-92 Sep-93 Sep-94 Sep-95 Sep-96 Sep-97 Sep-98 Sep-99 Figura M11.5 Evolução do Nível Piezométrico no piezómetro 611/094 N 611/231 # 611/94 # # Piezómetros Sistema Aquífero Chão Cevada-Quinta João de Ourém Figura M11.6 Localização dos Piezómetros Balanço Hídrico A área do sistema aquífero é de cerca de 5,3 km 2, pelo que os recursos médios renováveis deverão ser inferiores a 2 hm 3 /ano. O volume máximo extraído para abastecimentos, de que há registo, foi de cerca de 1 hm 3, em Desconhece-se qual o volume extraído para rega, presumindo-se que será da mesma ordem de grandeza. Sistema Aquífero: Chão de Cevada-Quinta João de Ourém (M11) 545
7 Qualidade Considerações Gerais A qualidade da água deste pequeno sistema é muito influenciada pela agricultura. As pequenas dimensões do sistema e os extensos regadios são causadores de um aumento progressivo da mineralização, devido à reciclagem dos sais. Verifica-se uma frequência elevada de violações dos VMAs relativos aos nitratos, magnésio e dureza. Os VMRs relativos à condutividade, cloreto, sulfato e sódio são sempre ultrapassados. Também os VMRs relativos ao sódio e condutividade de água para rega são ultrapassados em todas as análises. As estatísticas principais constam do Quadro M11.2. As fácies que predominam são as bicarbonatada cálcica e mistas. n Média Desvio Padrão Mínimo Q 1 Mediana Q 3 Máximo ph 13 7,6 0,3 7,2 7,3 7,6 7,7 8,2 Condutividade (µs/cm) Nitrato (mg/l) Sulfato (mg/l) Cloreto (mg/l) Sódio (mg/l) Potássio (mg/l) 12 2,3 1,6 1,3 1,4 1,7 2,5 7 Quadro M Principais estatísticas relativas às águas do sistema de Chão de Cevada-Quinta João de Ourém Verifica-se que, num dos pontos de água onde a DRAOT Algarve efectua um controlo periódico de nitratos, se assinala um aumento de cerca de 2 mg/l por ano, a partir dos anos 80. Qualidade para Consumo Humano Para caracterizar este aspecto da qualidade química das águas do sistema foram utilizadas análises anteriores a 1995 para a maior parte dos parâmetros, não se tendo usado mais do que uma análise por ponto de água. As análises mais recentes de sódio e potássio datam de 1992 e de cálcio e magnésio de No caso do ferro, nitritos, azoto amoniacal, fosfatos, oxidabilidade e manganês foram usadas análises recentes, incluindo mais do que uma análise por captação. A apreciação da qualidade face aos valores normativos consta do quadro seguinte. Sistema Aquífero: Chão de Cevada-Quinta João de Ourém (M11) 546
8 Anexo VI Anexo I -Categoria A1 Parâmetro <VMR >VMR >VMA <VMR >VMR >VMA ph Condutividade Cloretos Dureza total Sulfatos Cálcio Magnésio Sódio Potássio Nitratos Nitritos 0 Azoto amoniacal Oxidabilidade Ferro Manganês Fosfatos Quadro M11.3 Apreciação da qualidade da água face aos valores normativos Uso Agrícola Dispõe-se de um número escasso de análises completas de modo que apenas foi possível calcular o SAR para 6 pontos de água, pertencendo todas à classe C 3 S 1 pelo que representam risco de alcalinização dos solos baixo e risco de salinização alto. Quanto aos parâmetros fisico-químicos, nenhum excede o VMA. A condutividade e cloretos excedem o VMR em praticamente todas as análises e o VMR dos nitratos é excedido em 36% dos casos. Bibliografia Costa, F. E., Brites, J. A., Pedrosa, M. Y., Silva, A. V. (1985) - Carta Hidrogeológica da Orla Algarvia, esc. 1: Notícia Explicativa. Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa. Manuppella, G., Ramalho, M., Antunes, A. T., Pais, J. (1987) - Carta Geológica de Portugal na escala 1:50 000, Notícia Explicativa da Folha 53-A, FARO. Serviços Geológicos de Portugal. 52 pág. Sistema Aquífero: Chão de Cevada-Quinta João de Ourém (M11) 547
9 Manuppella, G., Oliveira, J. T., Pais, J., Dias, R. P. (1992) - Carta Geológica da Região do Algarve, escala 1: Notícia Explicativa. Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa. 15 pág. Rey, J. (1982) - Le Crétacé dans la region de Faro (Algarve, Portugal). Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa, t. 68 (2), pp Rey, J. (1983) - Le Crétacé de l'algarve: éssai de synthèse. Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa, 69 (1), pp Terrinha, P. (1998) - Structural Geology and Tectonic Evolution of the Algarve Basin, South Portugal. Thesis submitted for the Degree of Doctor of Philosophy at the University of London. 430 pág. Sistema Aquífero: Chão de Cevada-Quinta João de Ourém (M11) 548
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