1 CARCINOMA ESCAMOSO CERATINIZADO ORAL EM CÃO: A EFICÁCIA DO TRATAMENTO COM BASE NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL KERATINIZED SQUAMOUS CARCINOMA ORAL: THE THERAPEUTIC EFFECTIVENESS BASED ON DIFFERENTIAL DIAGNOSIS ELISA CUNHA PEREIRA 1, SANDRA MARNIE SOUSA², MARIO ARTHUR DA COSTA LEAL 3, ÉRICA FLÁVIA SILVA AZEVEDO 1 1.Acadêmica de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural da Amazônia; elisa_cunhap@hotmail.com 2. Médica Veterinária Independente, Esp. em Clinica de Animais Silvestres; 3. Médico Veterinário autônomo. RESUMO Trata-se de um relato de caso e discussão de caso clínico de ocorrência de carcinoma escamoso ceratinizado oral em cão, onde é discutida a importância de definir o tratamento somente após a realização do diagnóstico diferencial. O canino, fêmea, aproximadamente 3 anos e SRD, apresentava várias verrugas, coloração enegrecida, sem ulcerações, localizados na cavidade oral. Em um primeira análise suspeitou-se de papilomatose, tendo sido iniciado o tratamento para a doença. Porém, sem melhora do quadro clínico, foi realizado o histopatológico onde identificou-se carcinoma escamoso ceratinizado. O tratamento foi instituído com quimioterapia utilizando Sulfato de Vincristina. PALAVRAS-CHAVE: neoplasia; queratinócitos; histopatológico; imunodeprimido; verrugas. ABSTRACT 0557
2 This is a case report and clinical case discussion occurring oral keratinized squamous cell carcinoma in dog, where it is discussed the importance of defining the treatment only after performing the differential diagnosis. The canine, female, about 3 years and mongrel. The dog had several warts, blackish coloring, without ulceration and located in the oral cavity. Initially, there were a suspition of papillomatosis, starting treatment for the disease. However, whithout clinical improvement, it was conducted histopathological, where was identified keratinized squamous cell carcinoma. The treatment was instituted with chemotherapy using Vincristine Sulfate. KEY-WORDS: neoplasia; keratinocytes; histopathological; immunocompromised; warts. INTRODUÇÃO Maffezzolli e Zotti (2007), afirmam que o carcinoma escamoso ceratinizado é considerado uma neoplasia maligna dos queratinócitos, agressiva com baixa taxa de metástase, podendo esta ocorrer em linfonodos regionais e pulmão. Segundo Bento e Guterres (2009), é o segundo tumor bucal mais comum em cães. MATERIAL E MÉTODOS Chegou ao consultório um canino, fêmea, aproximadamente 3 anos, 10 kg, SRD, pelagem branca com algumas manchas marrons e recém resgato da rua. Apresentava vários papilomas com tamanho variando entre 0,5 a 1 cm, coloração rosácea, sem ulcerações, localizados na rima labial, gengiva e língua. No tratamento inicial, usouse Thuya 12 CH (VO) e a a suplementação de complexo de vitaminas e aminoácidos. Foram solicitados hemograma e histopatológico das verrugas. Resultado do hemograma apresentou leucocitose, 0558
3 posteriormente a pesquisa de hemoparasita da ponta da orelha positiva para babesiose. Tratando-se com doxiclina (50 mg/bid/vo/21 dias), havendo recuperação DESTE quadro clinico do canino. Antes do resultado histopatológico, e, por volta de um período de 2 semanas de tratamento, houveram novas proliferações, inclusive no mesmo local onde havia sido coletado uma das verrugas. Por isso, foi adicionado ao tratamento auto-hemoterapia, realizadas três sessões, com intervalo de uma semana entre elas. Entre as sessões houve mudança na coloração de algumas verrugas para esbranquiçadas mas com novas proliferações. No resultado do histopatológico identificou-se carcinoma escamoso ceratinizante superficialmente invasor de padrão verrucoso. O tratamento baseou-se em quimioterapia com Sulfato de Vincristina (0,1 mg/iv) fazendo 3 aplicações em intervalos de 1 semana. Durante o período de tratamento houve o surgimento de novas verrugas. No novo tratamento foi ajustado o Sulfato de Vincristina (0,2 mg/iv) fazendo-se 3 aplicações em intervalos de 1 semana e suplemento vitamínico aminoácido para cães contendo probiótico, e prebiótico. Antes das aplicações do quimioterápico sempre era administrado um coquetel (IV) com complexo B, vitamina C e protetore hepático. Quando metade do coquetel era administrado, trocava-se a seringa aplicando o quimioterápico e por fim o restante do coquetel. Após a primeira semana aplicando a nova dosagem de Sulfato de Vincristina, não houve proliferação. Durante o tratamento foi coletado sangue para a realização de hemogramas, que não apresentaram alterações. Ao término do período de quimioterapia, houve a regressão total das lesões verrucosas. RESULTADOS E DISCUSSÃO 0559
4 Inicialmente, suspeitava-se que os papilomas eram decorrentes de papilomatose, sendo usado no tratamento inicial Thuya e suplementação com complexo de vitaminas e aminoácidos para auxiliar a resposta imune. A partir das análises hematológicas foi possível suspeitar de hemoparasitose e ter um melhor acompanhamento dos parâmetros fisiológicos do animal. De acordo com Rodaski e Nardi (2006), é importante o acompanhamento durante o tratamento realizando exames a cada 7 dias, previamente à aplicação do quimioterápico. Ainda, a baixa mielotoxicidade atribuída à vincristina, recomenda-se a avaliação hematimétrica prévia às terapias. O sulfato de vincristina foi escolhido pela sua ação inibidora da multiplicação das células e pelas condições apresentadas pelo paciente. Em um trabalho quimioterápico foi utilizado em carcinoma escamoso em gatos, apresentando efeitos colaterais (Hirschmann et al, 2008). A aplicação do coquetel objetivou preparar o animal para receber a aplicação do quimioterápico, diminuir os efeitos colaterais e auxiliar na sua resposta imunológica. Não foram observados efeitos colaterais no canino. O tratamento quimioterápico foi efetivo após o ajuste da dose para o peso do animal, suas condições e estado da doença. Segundo Rodaski e Nardi (2006), para ocorrer a maior destruição das células tumorais, os quimioterápicos devem ser administrados em doses máximas toleradas (DMT) e durante o menor tempo possível, devendo essa posologia ser ajustada ao paciente, ao estadiamento da doença ou a disfunção orgânica. CONCLUSÃO 0560
5 Deve-se considerar a individualidade do paciente na escolha do tratamento, ressaltando a importância da realização do diagnostico diferencial e de acompanhá-lo com exames complementares devido aos efeitos colaterais que este pode vir a apresentar devido ao tratamento. É fundamental iniciar o tratamento quimioterápico em pacientes em melhor estado de saúde possível e tentar minimizar os efeitos colaterais do quimioterápico com terapia de suporte. No caso relatado o diagnóstico diferencial foi de grande importância para o estabelecimento do tratamento adequado e sua eficácia, tornando a intervenção cirúrgica desnecessária pela boa resposta à quimioterapia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENTO, J.R.; GUTERRES, K. A. Carcinoma de células escamosas (cce) em canino american pitbull - relato de caso. XI ENPOS I AMOSTRA CIENTIFICA, 2009. HIRSCHMANN, L. C.; CAMPELLO, A. O.; CORRÊA, A.; DECKER, C. L.; FACCO, M. P.; LOBO, C. G.; SIMON, Carolina. Carcinoma Epidermóide: Tratamento e evolução clínica em felinos, 2008. Disponível em: http://72.29.69.19/~nead/cursos/cli/carcinomaespinocelularemfelinos.pdf. Acesso em: 5 de fevereiro de 2015. MAFFEZZOLLI A.C.; ZOTTI E. R.; Carcinoma de células escamosas em felinos. Monografia do curso de pós graduação Lato sensu da Universidade Castelo Branco RJ, 2007. RODASKI, S.; NARDI, A.; Quimioterapia Antineoplásica em Cães e Gatos. Curitiba: Bio Editora, 2006. 0561