UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA Importância do manejo adequado no outono-inverno Sobressemeadura e Gramíneas para o período outono-inverno Tiago Luís Da Ros de Araújo 1 Importância do manejo adequado no outono-inverno Estacionalidade da precipitação e temperatura 1
Estacionalidade da produção forrageira Sobressemeadura Prática de se estabelecer culturas forrageiras anuais em pastagens formadas com espécies perenes sem destruir a vegetação existente Fonte: Beefpoint Sobressemeadura Sobressemeadura Técnica antiga Nabinger (1980) e Ball et al. (1991) já citavam o sucesso no Sul do Brasil e Sul dos Estados Unidos, respectivamente. Objetivos: produção e qualidade da forragem prolongar o período de oferta de MS 2
Qual espécie utilizar para sobressemear? Qual espécie utilizar para sobressemear? Crescimento de inverno ou verão podem ser introduzidas em pastagens já formadas Melhores resultados: Espécies de clima temperado em áreas de pastagens formadas com gramíneas tropicais Aveia e azevém em tifton As forrageiras dos gêneros Cynodon e Paspalum, nas condições Sudeste dos USA tem alta produção de forragem durante seis meses. Pastagens sobressemeadas com espécies anuais de inverno: acréscimo de 75 a 100 dias de suprimento de forragem de alta qualidade no final do inverno e primavera Qual espécie utilizar para sobressemear? Benefícios da associação entre espécies Espécies, época de semeadura para a introdução em áreas com gramíneas Espécie existente Espécie semeada Época de semeadura Gramíneas perenes de clima temperado Alfafa, trevo vermelho, trevo branco, cornichão Outono ou inverno para os trevos, fim do inverno para a alfafa Gramíneas perenes Aveia, centeio, trigo, Outono de clima tropical triticale, azevém, trevo branco, trevo vermelho, trevo encarnado, ervilhaca, Áreas cultivadas para Milheto, híbrido de sorgocapim Fim da primavera até o fim grãos (espécies de inverno) sudão, alfafa, trevo do verão vermelho Fonte: Ball et al., 1991 Mais eficiente utilização da luz Aumento na produção de massa seca Aumento na qualidade da forragem Melhoria na fertilidade do solo Melhor controle de plantas invasoras Maior resistência a pragas e doenças Maior estabilidade da produção entre estações Maior retorno econômico da atividade 3
Fatores que podem causar insucesso Redução da competição da vegetação existente Utilização de espécies não adaptadas a região Utilização de sementes de baixa qualidade Uso de sementes de leguminosas não inoculadas Avaliação da fertilidade do solo Época de semeadura inadequada ou quantidade inadequada de sementes Contato solo-semente Controle da competição da vegetação existente Controle de pragas e doenças Pastejo pesado Corte e remoção da forragem Uso de herbicidas Preparo mínimo do solo Combinações destas práticas Queima esporádica Época de semeadura Época de semeadura Quando ocorre a queda na temperatura noturna redução da competição entre as espécies Atraso na semeadura até que as gramíneas de verão estejam dormentes é desejável decréscimo na competição por água e nutrientes Brasil Central = meados do outono (abril) ocorrência de chuvas e diminuição das temperaturas noturnas Semeaduras mais precoces quando as espécies de verão ainda estão em pleno crescimento, resultam em implantação deficiente Produção das espécies de inverno continuará alta até que se inicie o crescimento das forrageiras de verão quando aumenta competição pelos fatores ambientais Um fato de extrema importância que deve se considerado: A rebrota das espécies de verão pode ser prejudicada se ocorrer acúmulo de forragem das forrageiras de inverno durante o crescimento do fim da primavera. 4
Contato solo semente Fertilidade do Solo Métodos para se proceder a sobressemeadura variam desde o uso de esparramadora de calcário até as máquinas apropriadas para a semeadura direta ou cultivo mínimo. Espécies forrageiras de inverno são exigentes em fertilidade do solo Aspectos relacionados à irrigação devem ser considerados para o desenvolvimento dessas culturas durante o período seco do inverno, há necessidade do fornecimento contínuo de água É importante analisar os aspectos relacionados aos custos de implantação e manutenção das áreas destinadas ao cultivo de forrageiras de inverno. Fertilidade do Solo Sobressemeadura - Considerações finais Aplicação de nitrogênio: Fundamental para o rápido crescimento das plantas Influencia o conteúdo de proteína da forragem A quantidade e a época de aplicação variam de acordo com as plantas e sistema de utilização pastejo feno silagem 5
Gramíneas C4 Gramíneas C3 Sorgo híbrido Sorghum sudanense x Sorghum bicolor Aveia branca Avena sativa (grãos) Milheto Pennisetum americanum Aveia amarela Avena byzantina Híbrido Milheto x Capim elefante Pennisetum americanum x Pennisetum purpureum Aveia preta Avena strigosa Gramíneas C3 HÍBRIDO DE SORGO Azevém Lolium multiflorum Cruzamento: Sorghum sudanense x Sorghum bicolor Triticale (cruzamento entre centeio e trigo) Planta anual sementes inviáveis Origem: Nordeste da África Trigo forrageiro- Triticum sp Cultivares no Brasil: AG 2501C (1998) 1P-400 (2002) BRS 800 entre outros 6
HÍBRIDO DE SORGO HÍBRIDO DE SORGO Principal objetivo: Fornecer alimento de boa qualidade no período em que as gramíneas tropicais perenes apresentam baixa produção Estacionalidade Características: Crescimento ereto Intenso perfilhamento Alto valor nutritivo produção de matéria seca (%) 120 100 80 60 40 20 0 HSS Convencional Colmos tenros 10%MS Tolerante ao déficit hídrico e temperaturas baixas Sensível à lagarta Alto desempenho dos animais produção de leite ou carne jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez meses Fonte: Rodrigues, 2000 Flexibilidade de plantio Florescimento tardio HÍBRIDO DE SORGO Manejo: 80 cm Época de plantio fevereiro maio (plantio direto) Densidade de semeadura 12 a 20 kg/ha Espaçamento 30-80 cm (menor > perdas) semeadura Altura de entrada 0,8 a 1,0m Altura de saída 30 cm Perdas: plantas muito altas colmos finos acamamento pisoteio 40 cm 7
HÍBRIDO DE SORGO 1,70 m de altura Resíduo 40 cm ÉPOCA 1 (dez/04 a fev/ 05) % de MS Kg de MS/ha Entrada Resíduo PI na entrada Folha na entrada Resíduo Perdas Densidade de semeadura (kg/ha) 20 11,7 10,8 3.212,4 1.160,5 1.472,5 721,3 16 11,5 12,7 3.283,2 1.337,1 1.534,8 794,7 12 11,4 11,6 3.207,9 1.176,9 1.554,2 779,3 Espaçamento entre linhas (metros) 0,40 11,5 11,6 3.438,6ª 1.288,3 1.617,4 891,1ª 0,80 11,6 11,9 3.030,4 b 1.160,1 1.423,7 639,2 b Ciclo de pastejo 11/01/05 9,5 b 7,1 b 2.405,5 b 1.207,1 781,7 b 600,8 b 16/02/05 13,6ª 16,3ª 4.063,5ª 1.238,9 2.259,4ª 929,4ª 1,0 m de altura Simili et al (2006) HÍBRIDO DE SORGO HÍBRIDO DE SORGO Vantagens: Flexibilidade de plantio e tolerância à seca Alta produção e alto valor nutritivo no outono-inverno Desempenho dos animais: 1,12 kg/animal/dia (Restle et al. 2002) 18 20 kg de leite com 3 kg de concentrado (Simili) Desvantagens: Valor da semente 15,00 reais/kg não é resistente a falta de água prolongada e é susceptível a lagarta Menos de 3 ciclos na safrinha (não compensa plantar) Intoxicação por HCN: Planta contem glicosídeos cianogênicos e a enzima β-glicosidase Estresse: falta de água, frio, pastejo e pisoteio rompimento da célula vegetal Enzima transforma o composto glicosídeo cianogênico em açúcar e ácido cianídrico (HCN) Ph do rúmen = 7,0 facilita a transformação Quando ingerido e absorvido o HCN combina com a hemoglobina para formar a cianohemoglobina, impedindo o transporte de O ² para as células Quantidade de ácido cianídrico (HCN) 8
HÍBRIDO DE SORGO HÍBRIDO DE SORGO Sintomas: Asfixia Entorpecimento Confusão mental Cianose Convulsões Coma Dor de cabeça Enfraquecimento muscular Tratamento: Dissolver: 20g de nitrito de sódio e 30 g de hipossulfito de sódio em 500 ml de água 40 ml/ 100 kg via endovenosa Prevenção: HCN volátil emurchecimento Pastejo no sorgo acima de 60 cm de altura Pastejo após 25 dias de descanso A folha é a parte mais rica em glicosídeo Pennisetum americanum Gramínea tropical Planta anual Melhoria do solo: Cultivares utilizados: milheto comum BN1 BN2 BR 1501 Origem África - muito utilizado na alimentação humana Principal objetivo: Alimento de boa qualidade quando gramíneas tropicais perenes apresentam baixa produção devido à estacionalidade 9
Características: Crescimento ereto Intenso perfilhamento Alto valor nutritivo Colmos tenros Tolerante ao déficit hídrico e temperaturas baixas Alto desempenho dos animais (produção de leite ou carne) Flexibilidade de plantio Florescimento precoce Vantagens: Flexibilidade de plantio: Brasil Central Semeadura realizada no início da primavera 80 a 150 dias Início do verão de 50 a 100 dias; Início do outono variará de 30 a 60 dias Alta produção e alto valor nutritivo Tolerante à seca Sementes baratas, com produção de 500 a 1.500kg/há Não é tóxica aos animais Desempenho animal 950 g/dia Vantagens: Flexibilidade de plantio: Brasil Central Semeadura realizada no início da primavera 80 a 150 dias Início do verão de 50 a 100 dias; Início do outono variará de 30 a 60 dias Alta produção e alto valor nutritivo Desvantagens: não é resistente a falta de água prolongada Alto acamamento Florescimento precoce Tolerante à seca Sementes baratas, com produção de 500 a 1.500kg/há Não é tóxica aos animais Desempenho animal 950 g/dia 10
Manejo: Época de plantio: Fevereiro/março (plantio direto) Densidade de semeadura 12 a 20 kg/ha Espaçamento 40 x 80 cm (menor > perdas) Altura de entrada 50 a 70 cm ( estimula perfilhamento) Altura de saída 20-30 cm Perdas: plantas muito altas colmos finos acamamento pisoteio Valores médios de altura pré e pós-pastejo, massa seca total e do resíduo de hibrido de sorgo e milheto. Altura de resíduo 15 cm Espécies Sorgo Sudão Altura pré (cm) Altura pós (cm) MS kg/ha Resíduo kg/ha 62,62 b 22,68 c 3209,28 a 1506,89 a 15 cm Milheto 75,93 a 45,29 a 4231,27 a 2093,93 a 30 cm Sorgo sudão 72,87 ab 34,36 b 4488,23 a 2589,54 a 30 cm Milheto 80,46 a 52,46 a 3977,50 a 2666,65 a Raposo (2008) Massa de colmos, folhas e material morto para hibrido de sorgo (S) e milheto (M) nas alturas de resíduo pós pastejo de 15 e 30. 3000,00 Relação folha/colmo para hibrido de sorgo (S) e milheto (M) nas alturas de resíduo pós pastejo de 15 e 30 cm. Kg/ha 2000,00 1000,00 0,00 S 15 cm M 15 cm S 30 cm M 30 cm Tratamento Colmo Folha Material morto Relação Folha/Colmo 1,50 1,00 0,50 0,00 S 15 cm M 15 cm S 30 cm M 30 cm Raposo (2008) Raposo (2008) 11
Híbrido milheto x capim-elefante Híbrido milheto x capim-elefante Cruzamento: Pennisetum americanum x Pennisetum purpureum Combinou a qualidade do milheto com o potencial de alta produção de massa seca do capim elefante Cultivar paraíso HíBRIDO FÉRTIL Obtenção - não é simples Híbrido obtido é estéril (triplóide-n) e para torná-lo fértil (reprodução sexuada), ou seja, hexaplóide (6n) usou-se a Colcichina com o fim de dobrar o número de cromossomos. Características: Introduzido no Brasil em 1995 pela Matsuda Planta perene de crescimento ereto Alta produção de massaseca e folhas Propagação por sementes Tolera temperaturas baixas Híbrido hexaplóide que se multiplica por sementes (MACOON, 1992) Híbrido milheto x capim-elefante Gramíneas Temperadas C3 Manejo: Semente sobre o solo preparado em linha ou a lanço, o mais superficial possível Deve passar após o plantio somente o rolo compactador O solo, deve ser bem drenado Plantio 30 dias antes do término das chuvas A altura de corte, em torno de 50cm do solo 1º corte - 100 a 120 dias após nascimento do capim 2, 3 e 4º corte 70 à 80 dias. Características: Crescimento ereto Alto valor nutritivo Baixa % de fibra e alta digestibilidade Colmos tenros e alta % de folhas Plantas anuais de regiões com temperaturas mais baixa Sul do Brasil Exigentes em umidade do solo e fertilidade Objetivo pastejo de inverno 12
Gramíneas Temperadas C3 Aveias Aveia branca Avena sativa (grãos) Aveia amarela Avena byzantina Aveia preta Avena strigosa Azevém Lolium multiflorum Triticale cruzamento entre centeio (Secale cereale) x trigo (Triticum sp.) Trigo forrageiro- Triticum sp Importante: Adaptação dos animais ao pastejo 1 hora por dia e aumentar gradativamente Plantas com alto teor de umidade diarréia Aveia preta e branca: rápido crescimento inicial altos rendimentos no 1º pastejo diminuindo nos cortes posteriores precoce com maior resistência às doenças Aveia amarela: duplo propósito grãos e forragem inverso da aveia preta rendimento aumenta após o 2º pastejo aumento de perfilhos quebra da dominância apical Plantio: abril/maio; 60 kg/ha; 20 cm de espaçamento Altura de pastejo: 30 cm de altura Azévem Plantas parecidas com as aveias 2 a 3 cortes durante o inverno 4 a 5 t MS/ha Plantio: abril/maio 30 a 40 kg/há à lanço Altura de pastejo: 20 cm de altura, em torno de 35 a 50 dias após o plantio Triticale Buscou-se incorporar a qualidade e a produção dos grãos do trigo e a rusticidade do centeio Resistência: ferrugem solos ácidos e pobres seca ou excesso de umidade Plantio: abril/maio 30 a 40 kg/ha espaçamento de 20 cm Altura de pastejo: 30 cm de altura, em torno de 35 a 50 dias após o plantio 13
Trigo Considerações finais Buscou-se incorporar a qualidade e a produção dos grãos do trigo e resistência ao pastejo Resistência: ferrugem solos ácidos e pobres seca ou excesso de umidade Plantio: abril/maio 30 a 40 kg/ha espaçamento de 20 cm Altura de pastejo: 25 cm de altura, em torno de 50 dias após o plantio Atualmente os dois cultivares mais utilizados são o umbu e tarumã Muito obrigado! 14