Princípios de prescrição A. Início da antibioticoprofilaxia O objetivo da profilaxia antimicrobiana em cirurgia é prevenir a infecção do sítio cirúrgico, atingindo níveis do antibiótico no sangue e nos tecidos que exceda, em toda duração do procedimento, as concentrações inibitórias mínimas dos microorganismos mais frequentemente encontrados naquele sítio. O antimicrobiano deve ser administrado em até 1 (uma) hora antes da incisão, preferencialmente na indução anestésica. Exceção para vancomicina e fluoroquinolonas que devem ser adminstradas em até 2 horas antes da incisão. B. Repetição intra-operatória Administrar doses adicionais se procedimento cirúrgico prolongado ou sangramento abundante, segundo tabela abaixo. Na cirurgia cardíaca com uso de circulação extra-corpórea, as doses adicionais de antibiótico profilático (cefuroxima) devem ser feitas no intra-operatório a cada 4 horas (a partir da administração da primeira dose) e na retirada do paciente da circulação extra-corpórea. C. Duração da profilaxia Para a maior parte dos procedimentos, doses de antimicrobianos no pós-operatório são desnecessárias e indesejadas devido aos riscos de eventos adversos. Exceção para o implante de grandes próteses, que são cirurgias em que baixos inóculos bacterianos são suficientes para o desenvolvimento de infecção do sítio cirúrgico, merecendo administração de antimicrobianos por um período total de 24 a 48 horas. A profilaxia antimicrobiana não deve ser mantida por um período superior a 48 horas, mesmo na presença de drenos e cateteres. D. Escolha do antimicrobiano O antibiótico deve ter apresentação parenteral, possuir mínima toxicidade, baixo custo, farmacocinética adequada, ser fraco indutor de resistência e ter atividade contra a maior parte dos patógenos causadores de infecção do sítio cirúrgico na instituição. Não utilizar antibioticoprofilaxia tópica. E. Critérios de indicação da profilaxia
A indicação da profilaxia varia de acordo com o tipo de cirurgia e condições do paciente: 1- Quando o risco de infecção do sítio cirúrgico é alto, como por exemplo, cirurgias de cólon; 2- Quando o risco de infecção do sítio cirúrgico é baixo, mas se a infecção ocorrer, suas conseqüências são potencialmente desastrosas, como por exemplo, implante de próteses e cirurgia cardíaca; 3- Quando o risco de infecção do sítio cirúrgico é baixo, mas o paciente tem uma grande propensão à infecção, como diabetes descompensado, uso prolongado de corticóide, desnutrição ou obesidade mórbida. Antimicrobianos de escolha para profilaxia cirúrgica, doses e intervalo para repetição *Contar a partir do horário da última dose administrada no intraoperatório
II - Recomendações de profilaxia para procedimentos cirúrgicos selecionados Cirurgias cardíaca, vascular e torácica
Cirurgias neurológicas
Cirurgias gastrointestinais
Cirurgias ortopédicas Cirurgia de cabeça e pescoço
Cirurgia plástica Cirurgia urológica
Cirurgias ginecológicas Cirurgias por vídeo Transplantes Considerações 1. Alérgicos a beta-lactâmicos: utilizar vancomicina ou clindamicina para cobertura de bactérias GRAM positivo e ciprofloxacino ou gentamicina para bactérias GRAM negativo se indicado.
I. Referências bibliográficas 1. Prevenção de Infecção de Sítio Cirúrgico - Associação Paulista de Epidemiologia e Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. São Paulo. 2009. 3a Ed. 2. BARTLETT, JG. - Antibiotic-associated diarrhea. Clin Infect Dis 1992; 15: 573-81. 3. BERGAMINI, TM; POLK, HC. - Pharmacodynamics of antibiotic penetration of tissue and surgical prophylaxis. Surg. Gynecol. Obstet. 1989; 168: 283-289. 4. BOXMA, H; BROEKHUIZEN, T; PATKA, P; OOSTING, H. - Randomised controlled trial of single-dose antibiotic prophylaxis of closed fractures. Lancet 1996; 347: 1133-7. 5. BURKE, JF. - The effective period of preventive antibiotic action in experimental incisions and dermal lesions. Surgery 1960; 50: 161-168. 6. CLASSEN, DC; EVANS, RS; PESTOTNIK, SL; HORN, SD; MENLOVE, RL; BURKE, JP. - The timing of prophylactic administration of antibiotics and the risk of surgical-wound infection. N. Engl. J. Med. 1991; 326: 281-286. 7. DELLINGER, EP; GROSS, PA; BARRET, TL; KRAUSE, PJ; MARTONE, WJ; McGOWAN, JE; SWEET, RL; WENZEL, RP. - Quality standards for antimicrobial prophylaxis in surgical procedures. Infect. Control Hosp. Epidemiol 1994; 15: 182-188. 8. DiPIRO, JT; CHEUNG, RPF; BOWDEN, TA; MANSBERGER, JA - Single dose systemic antibiotic prophylaxis of surgical wound infections. Am. J. Surg. 1986, 152: 552-9. 9. DiPIRO, JT; EDMISTON, CE; BOHNEN, JMA. - Pharmacodynamics of antimicrobial therapy in surgery. Am J Surg 1996; 171: 615-22. 10. DiPIRO, JT; VALLNER, JJ; BOWDEN, TA; CLARK, BA; SISLEY, JF. - Intraoperative serum and tissue activity of cefazolin and cefoxitin. Arch Surg 1985; 120: 829-32. 11. EHRENKRANZ, NJ. - Antimicrobial prophylaxia in surgery: mechanisms, misconceptions and mischief. Infect Control Hosp Epidemiol 1993; 14: 99-106.
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