Metionina mais cistina digestível e relação metionina mais cistina digestível: lisina para codornas japonesas

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Transcrição:

Metionina mais cistina digestível e relação metionina mais cistina digestível: lisina para codornas japonesas Digestible methionine plus cystine and relation digestible methionine plus cystine: lysine for japanese quails SCOTTÁ, Bruno Andreatta 1* ; VARGAS JUNIOR, José Geraldo 2 ; PETRUCCI, Felipe Barreto 2 ; DEMUNER, Leandro Félix 2 ; COSTA, Fernando Guilherme Perazzo 3 ; BARBOSA, Walter Amaral 2 ; MARIN, Julio Francisco Valiati 2 1 Universidade Federal de Viçosa, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Zootecnia, Viçosa, Minas Gerais, Brasil 2 Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Zootecnia, Alegre, Espírito Santo, Brasil 3 Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Zootecnia, Areias, Paraíba, Brasil *Endereço para correspondência: bruno.scotta@ufv.br RESUMO SUMMARY Objetivou-se determinar o melhor nível de metionina mais cistina digestível e a melhor relação metionina mais cistina digestível:lisina digestível em diferentes níveis de proteína para codorna em postura. Foram utilizadas 400 codornas japonesas produtoras de ovos de consumo com 45 dias de idade, em delineamento inteiramente casualizado, num esquema fatorial 2 x 5, dois níveis de proteína bruta (19,5% e 21,5%) e cinco níveis de metionina mais cistina digestível (0,60%; 0,67%; 0,74%; 0,81% e 0,88%), com cinco repetições e oito aves por unidade experimental. Foram analisadas as taxas de postura (%), peso médio dos ovos (g), massa de ovos (g de ovos/ave/dia), consumo de ração (g/ave/dia), conversão alimentar (g de ração/g de ovos), peso e porcentagem de gema (g e %), peso e porcentagem de clara (g e %) e peso e porcentagem de casca (g e %). Para o nível de 19,5% de proteína 0,60% de metionina mais cistina digestível e relação metionina mais cistina digestível:lisina digestível de 0,66% foram suficientes para otimizar a produção. Para o nível de 21,5% de proteína 0,851% de metionina mais cistina digestível com relação metionina mais cistina digestível:lisina digestível de 0,935% com consumo diário de 223,3mg/ave levou a uma melhor produção de ovos de codornas. Palavras-chave: aminoácidos sintéticos, constituintes do ovo, proteína ideal This research had the purpose to determine the best level of digestible methionine plus cystine and the best relation of digestible methionine plus cystine:digestible lysine in different levels of protein for laying Japanese quails. 400 laying Japanese quails, with 45 days of age were used in a completely randomized design, with a factorial 2 x 5, two crude protein levels (19,5% and 21,5%) and five levels of digestible methionine plus cystine (0,60%; 0,67%; 0,74%; 0,81% e 0,88%), with five replicates and eight quails per experimental unity. There were analysis of the posture rate (%), egg average weight (g) egg mass (egg grams/bird/day), feed intake (g/bird/day), feed conversion (ration g/ egg g), yolk weight and percentage (g and %), egg white weight and percentage (g and %) and shell weight and percentage (g and %). For the 19,5% level of protein, 0,60% of digestible methionine plus cystine and 0,66% of the relation of digestible methionine plus cystine:digestible lisyne were enough to optimize production. For the 21,5% level of protein, 0,851% of digestible methionine plus cystine and relation of digestible methionine plus cystine:digestible lysine of 0,935% with daily intake of 223,3 mg/quail suggested a better egg production for the quails. Keywords: egg constituents, ideal protein, synthetic amino acids 729

I TRODUÇÃO O grande crescimento da coturnicultura tem levado estudiosos a realizarem pesquisas sobre a nutrição desses animais com o objetivo de melhorar a produção, pois os dados relacionados às exigências nutricionais das codornas presentes na literatura são de outros países e antigos, como o NRC (1994). Segundo Corrêa et al. (2007), as exigências das codornas são baseadas em resultados de experimentos realizados há mais de 15 anos e com animais com potencial genético diferente das codornas criadas atualmente. O conceito de proteína ideal tem sido empregado em grande escala na formulação de rações para não ruminantes. Segundo Emmert & Baker (1997) a proteína ideal pode ser definida como o balanceamento exato dos aminoácidos, sem deficiências ou sobras, com o objetivo de satisfazer todas as exigências em aminoácidos para mantença e para ganho máximo de proteína corporal, reduzindo o uso de aminoácidos como fonte de energia. Além da identificação dos níveis nutricionais dos aminoácidos é importante analisar a relação entre os diferentes aminoácidos, pois as diferentes proteínas do corpo do animal ou dos produtos por ela produzido possuem uma relação entre estes, para que possam ser sintetizadas. Atencio et al. (2004) afirmaram que é recomendável manter uma relação entre os aminoácidos para se evitar a perda energética da dieta, como consequência do desbalanceamente entre os aminoácidos. A metionina caracteriza-se como um aminoácido sulfuroso, essencial e limitante para a produção de aves. Ela desempenha funções como a deposição protéica, desenvolvimento de penas, produção de ovos e atuação no metabolismo de lipídeos (KALINOWSKI et al., 2003). No organismo, a metionina apresenta uma relação com a cistina e, em condições normais a metionina pode ser catabolizada e convertida em cistina. Entretanto, esta conversão não é reversível, pois a cistina não pode ser convertida em metionina e por isso tornase necessário determinar os níveis adequados destes aminoácidos, a fim de se atender esta interrelação (BARBOSA et al., 2000). Este trabalho foi desenvolvido para avaliar os níveis de metionina + cistina digestível e a melhor relação metionina + cistina digestível:lisina digestível, para codornas japonesas em postura, alimentadas com diferentes níveis de proteína. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi realizado no setor de avicultura do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo. Utilizaram-se 400 codornas japonesas da espécie Coturnix coturnix japônica, produtoras de ovos, com idade inicial de 45 dias. As aves foram distribuídas em delineamento experimental inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 5, níveis de proteína (19,5% e 21,5%) e níveis de metionina + cistina digestível (0,60%; 0,67%; 0,74; 0,81 e 0,88%), com cinco repetições e oito aves por unidade experimental. O período experimental total foi de 63 dias, divididos em três períodos de 21 dias. As rações experimentais utilizadas foram à base de milho e farelo de soja, formuladas de forma a conter 2900 kcal EM/ kg de ração, 2,5% de cálcio e 0,35% de fósforo disponível. Os níveis nutricionais estão de acordo com NRC (1994) para todos os nutrientes, exceto 730

para proteína e metionina + cistina digestível. Os níveis dos aminoácidos utilizados foram: 0,91% de lisina digestível (PINTO et al. 2003), 0,60% de Metionina + Cistina digestível e 0,75% de treonina digestível (Tabela 1). Tabela 1. Composição percentual e química das rações basais Ingredientes 19,5% PB 21,5% PB Milho grão 60,7792 49,5838 Farelo de soja 45% 26,9351 28,1165 Sorgo de baixo tanino ------ 7,0000 Glúten de milho 60% ------ 2,9263 Amido 0,3000 0,3000 Farinha de carne e ossos 45% 5,0987 5,0208 Calcário 5,0266 5,0395 Fosfato bicálcico ------ ------ Sal comum 0,3193 0,3215 L-Lisina HCl 0,0559 ------ DL-Metionina 0,0623 ------ L-Treonina 0,1112 0,0469 Óleo de soja 1,0617 1,3947 Suplemento vitamínico 1 0,1000 0,1000 Suplemento mineral 2 0,0500 0,0500 CL-Colina 60% 0,0600 0,0600 Coxistac 0,0200 0,0200 BHT 3 0,0100 0,0100 Bacitracina de zinco 0,0100 0,0100 Total 100,00 100,00 Composição química Energ. Met. aves (Mcal/kg) 2,900 2,900 Proteína bruta (%) 19,50 21,488 Cálcio (%) 2,500 2,500 Fósforo disponível (%) 0,350 0,350 Sódio (%) 0,180 0,180 Potássio (%) 0,696 0,714 Cloro (%) 0,286 0,276 Lisina digestível (%) 0,910 0,910 Metionina + cistina digestível (%) 0,600 0,600 Treonina digestível (%) 0,750 0,750 Glicina + Serina 2,025 2,179 Arginina digestível (%) 1,215 1,288 Triptofano digestível (%) 0,196 0,210 Valina digestível (%) 0,807 0,897 1 Composição por kg do produto: vit. A, 12.000.000 UI; vit. D3, 2.200.000 UI; vit. E 30.000 UI; vit. B1, 2.200mg; vit B2, 6.000mg; vit. B6, 3.300mg; ác. pantotênico, 13.000mg; biotina, 110mg; vit. K3, 2.500mg; ácido fólico, 1.000mg; ácido nicotínico 53.0000mg; niacina, 25.000mg; vit. B12, 16.000µg; selênio, 0,25g; antioxidante 120.000mg; e veículo QSP., 1.000g. 2 Composição por kg do produto: manganês, 75.000mg; ferro, 20000mg; zinco, 50.000mg; cobre, 4.000mg; cobalto, 200mg; iodo 1.500mg e veículo qsp, 1.000g 3 Butil Hidroxi Tolueno 731

A estas rações basais foram adicionadas 0,000%; 0,071%; 0,142%; 0,213%; 0,284% de DL- Metionina, em substituição ao amido de milho, de forma a se obter os níveis de 0,60%; 0,67%; 0,74%; 0,81% e 0,88% de metionina + cistina digestível, perfazendo assim a relação metionina + cistina digestível:lisina digestível de 0,66; 0,74; 0,81; 0,89 e 0,97. O programa de luz foi de 17 horas, por meio de controlador de luz do tipo timer. As mensurações de temperatura e umidade dentro do galpão foram registradas duas vezes ao dia, por termômetro de máxima e mínima e de bulbo seco e bulbo úmido. A coleta de ovos foi realizada uma vez ao dia, sempre às 8hs da manhã. Foram analisadas as taxas de postura (%), peso médio dos ovos (g), massa de ovos (g de ovos/ave/dia), consumo de ração (g/ave/dia), conversão alimentar (g de ração/g de ovo), peso e porcentagem de gema (g e %), peso e porcentagem de clara (g e %) e peso e porcentagem de casca (g e %). Para a determinação do peso médio dos ovos, da massa de ovos e da conversão alimentar, os ovos dos quatro últimos dias de cada período foram identificados e pesados. Esses mesmos ovos, posteriormente, foram quebrados e a gema, clara e casca separadas para obtenção das variáveis de constituintes dos ovos. Os animais receberam água e ração à vontade durante todo o período experimental, as rações referentes a cada unidade experimental foram acondicionadas em recipientes plásticos, devidamente identificados e o consumo de ração foi medido ao término de cada período de 21 dias, por meio da diferença entre a ração fornecida e a sobra. As aves mortas e as sobras das rações foram pesadas para ajustar o controle do consumo, postura e conversão alimentar. Os dados foram analisados mediante a utilização do Programa Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas - SAEG, da Universidade Federal de Viçosa (1997), por meio de análise de variância e modelos polinomiais e, independente do efeito da interação, foi feito o desdobramento, de forma que fosse possível determinar o nível de metionina + cistina dentro de cada nível de proteína bruta estudado. RESULTADOS E DISCUSSÃO As mensurações de temperatura máxima e mínima e de umidade relativa coletada durante todo o período experimental podem ser observadas na Tabela 2, onde a temperatura máxima média foi de 30,6 C, e se encontra acima da zona de conforto térmico para as codornas adultas, que segundo Oliveira (2007) é de 18 a 22 C e umidade relativa de 65 a 70%. Essa alta temperatura pode ter causado estresse térmico nos animais, o que levou à diminuição do consumo de ração na tentativa de diminuir a produção de calor corporal, e com isso uma queda no desempenho dos animais. Constatou-se que não houve interação significativa (P>0,05) entre os níveis de proteína e de metionina + cistina digestível, para as variáveis estudadas. Para ambos os níveis protéicos não foram observados resultados significativos (P>0,05) para a variável consumo de ração (Tabela 3). Resultados semelhantes foram observados por Stringhini et al. (1999), Novak et al. (2004), Liu et al. (2005) e Costa et al. (2009). Entretanto, Belo et al. (2000), Sohail et al. (2002) e Pinto et al. (2003) observaram aumento no consumo de ração com o aumento dos níveis de aminoácidos sulfurosos. 732

Para os resultados de numero de ovos (ovos/ave) e da taxa de postura encontrados (Tabela 3) não foi observado efeito significativo (P>0,05), independente do teor de proteína. Os valores observados para taxa de postura diferem daqueles obtidos por Pinto et al. (2003), Belo et al. (2000) e Costa et al. (2009), que encontraram aumento na produção de ovos de codornas, com o aumento do nível de aminoácidos sulfurosos na ração. Tabela 2. Temperatura e umidade relativa do ar no interior do galpão Semanas Temperatura do ar ( C) Máxima Mínima Umidade relativa (%) 1 31,9 20,4 57,9 2 31,8 20,5 57,3 3 30,9 19,6 54,7 4 32,4 19,6 52,8 5 31,6 20,1 54,0 6 29,6 17,4 54,8 7 31,9 18,3 52,9 8 27,6 17,9 56,1 9 27,9 16,3 53,8 Média geral 30,6 18, 9 54,9 Tabela 3. Consumo de ração (CR), número de ovos (NOVOS) e taxa de postura (TP) de codornas japonesas alimentadas com diferentes níveis de metionina + cistina digestível (M+C dig.) e de proteína bruta (PB) M+C Relação CR (g/ave/dia) NOVOS (ovos/ave) TP (%) dig % M+C: Lis 19,5 21,5 19,5 21,5 19,5 21,5 0,60 66 25,15 24,95 55,80 51,32 88,57 81,46 0,67 74 27,34 26,11 51,36 54,10 81,53 85,88 0,74 81 24,93 25,90 54,33 52,73 86,24 83,70 0,81 89 27,30 26,66 57,41 54,18 91,13 86,00 0,88 97 26,64 26,29 52,20 55,10 82,46 87,46 Média 26,27 25,98 54,22 53,49 85,99 84,90 Coef. variação (%) 5,49 6,34 5,53 7,35 7,49 7,35 Para a variável peso médio dos ovos (Tabela 4) não foi observado efeito significativo dos níveis de metionina mais cistina (P>0,05) para o nível de 19,5% PB, o que concorda com Stringhini et al. (1999), que também não verificaram melhora significativa para peso médio de ovos de codornas quando foi aumentado os níveis de aminoácidos sulfurosos nas rações. No entanto, por meio da análise de regressão observouse efeito quadrático (Figura 1), dos níveis de metionina mais cistina para rações com 21,5% de PB, sendo necessário 0,773% de M + C digestível, correspondente à relação M + C 733

digestível:lisina digestível de 0,935% com um consumo diário de M + C digestível de 223,3 mg/ave, para que houvesse maximização da característica PMO (Y = -6,83 + 48,198x - 31,195x², R² = 0,86 ). Belo et al. (2000) e Pinto et al. (2003) também observaram melhora no peso médio dos ovos de codornas com o aumento dos níveis de aminoácidos sulfurosos. Tabela 4. Peso médio de ovos (PMO), massa de ovos (MO) e conversão alimentar (CA) de codornas japonesas alimentadas com diferentes níveis de metionina + cistina digestível (M+C dig.) e de proteína bruta (PB) M+C Relação PMO (g) MO (g/ave/dia) CA (g ração/g ovo) dig % M+C: Lis 19,5 21,5 19,5 21,5 19,5 21,5 0,60 66 10,87 10,89 9,62 8,86 2,62 2,82 0,67 74 11,57 11,45 9,44 9,82 2,91 2,66 0,74 81 11,72 11,59 10,11 9,71 2,48 2,69 0,81 89 11,66 11,97 10,63 10,27 2,52 2,60 0,88 97 11,54 11,34 9,49 9,91 2,87 2,66 Média 11,47 11,45 9,86 9,71 2,68 2,67 Coef. variação (%) 5,65 4,84 8,86 7,19 9,77 8,26 Figura 1. Peso médio de ovos (g) de codornas japonesas em relação ao nível de metionina + cistina digestível na dieta Não foi observado efeito significativo (P>0,05) para a variável massa de ovo (Tabela 4) no nível de 19,5% PB. Para o nível de 21,5% PB foi observado efeito linear (Figura 2), com aumento da massa de ovos à medida que aumentou o nível de M + C digestível (Y = 7,0183 + 3,6429x, R² = 0,60). Os resultados encontrados para ambos os níveis de PB difere daquele encontrado por Pinto et al. (2003) que observaram efeito quadrático (P<0,01) com ponto de 734

máxima para o nível de metionina + cistina de 0, 727% e relação M + C digestível:lisina digestível de 0, 80. Não foi observado resultado significativo (P>0,05) para os valores de conversão alimentar independente do nível protéico da dieta (Tabela 4). Resultado semelhante foi encontrado por Pinto et al. (2003). Por outro lado, Costa et al. (2009) observaram efeito quadrático dos níveis de aminoácidos sulfurosos sobre a conversão alimentar e Belo et al. (2000) verificaram efeito linear decrescente dos níveis de aminoácidos sulfurosos sobre a conversão alimentar de codornas de postura. Figura 2. Massa de ovos (g/ave/dia) de codornas japonesas em relação ao nível de metionina + cistina digestível das dietas Para peso de gema e de clara nos dois níveis de proteína, e peso de casca no nível de 19,5% PB (Tabela 5), não foram observados efeitos significativos. No entanto, no nível de 21,5% de PB (Figura 3), foi observado aumento linear do peso da casca (Y = 1,5663 + 0,5629x, R² = 0,59) à medida que houve aumento do nível de M+C digestível. Tabela 5. Características de ovos, em gramas, de codornas alimentadas com ração contendo diferentes níveis de metionina + cistina digestível (M+C dig) e proteína bruta (PB) M+C Relação Peso de gema (g) Peso de clara (g) Peso de casca (g) dig % M+C: Lis 19,5 21,5 19,5 21,5 19,5 21,5 0,60 66 3,976 3,860 5,190 5,102 1,928 1,840 0,67 74 4,082 4,060 5,530 5,170 1,940 1,996 0,74 81 4,122 4,110 5,338 5,384 1,982 2,034 0,81 89 4,102 4,168 5,364 5,556 1,926 2,018 0,88 97 4,144 4,190 5,214 5,370 1,952 2,026 Média 4,085 4,078 5,327 5,316 1,946 1,983 Coef. variação (%) 7,02 7,45 6,19 6,55 6,30 6,64 735

Figura 3. Peso da casca dos ovos de codornas japonesas em relação ao nível de metionina + cistina digestível das dietas Ao se analisar os componentes dos ovos (Tabela 6) não foi observada diferença significativa (P>0,05) para as características porcentagem de gema, clara e casca, independente do nível de proteína bruta e de M + C digestível na dieta. Tabela 6. Características de ovos, em porcentagem, de codornas alimentadas com ração contendo diferentes níveis de metionina + cistina digestível (M+C dig) e proteína bruta (PB) M+C dig Relação % de gema % de clara % de casca % M+C: Lis 19,5 21,5 19,5 21,5 19,5 21,5 0,60 66 35,82 35,69 46,81 47,24 17,37 17,07 0,67 74 35,30 36,16 47,87 46,07 16,83 17,77 0,74 81 36,02 35,67 46,65 46,69 17,33 17,64 0,81 89 35,99 35,50 47,09 47,30 16,91 17,20 0,88 97 36,65 36,15 46,09 46,36 17,26 17,49 Média 35,96 35,83 46,90 46,73 17,14 17,43 Coef. variação (%) 3,32 3,71 2,99 3,29 4,32 4,77 Conclui-se que, para codornas produtoras de ovos de consumo, alimentadas com rações contendo 19,5% de PB, deve-se utilizar 0,60% de M + C digestível e relação M + C digestível:lisina digestível de 0,66%. Enquanto que para o nível de 21,5% de PB na ração, deve-se utilizar 0,851% de M + C digestível com relação M + C digestível:lisina digestível de 0,935% e consumo diário de 223,3 mg/ave. 736

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