Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica 2009
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PROFESSOR PDE - 2009/2010 CELSO MACHADO PREVENÇÃO: UM CAMINHO A SEGUIR Produção Didático-Pedagógica apresentada como requisito de avaliação e participação no Programa de Desenvolvimento Educacional PDE, da Secretaria de Estado de Educação do Paraná, sob a orientação da Profº. MS. Dartel Ferrari de Lima CASCAVEL 2010
INTRODUÇÃO Entendendo à necessidade de implantar no Colégio Estadual Jardim Santa Cruz, onde atuo enquanto Educador Físico, um trabalho de Prevenção e Orientação que vise avaliar e detectar possíveis desvios posturais, sobretudo nesse primeiro momento, em razão do PDE em uma de suas etapas que é o Projeto de Intervenção Pedagógica da qual esta Produção fará parte e que acontecerá no segundo semestre de 2010, MOCHILA ESCOLAR PREVENÇÃO E ORIENTAÇÃO POSTURAL NO USO DE MOCHILAS ESCOLARES EM ALUNOS DE ESCOLA ESTADUAL DE CASCAVEL, e são àqueles resultantes, possivelmente, do uso inadequado da Mochila Escolar, seja em razão do peso seja em razão da maneira errada de carregá-la. Faremos uma exposição a professores e equipe pedagógica no início do semestre para que tomem conhecimento do que se passará e o trabalho que será desenvolvido na escola e a seguir com os alunos que farão parte do experimento em sala de aula, posteriormente iniciaremos os trabalhos práticos com a pesagem dos alunos e das mochilas, fazendo os comparativos para ver se o peso está dentro do que prescreve os especialistas da área de fisioterapia que recomendam que a mochila não ultrapasse 10% do peso corporal do aluno ao mesmo tempo que faremos testes com o simetrógrafo objetivando identificar possíveis desvios posturais tais como: gibosidade, cifose, escoliose, lordose, joelhos em arco, joelhos em x, ombros em desnível e assim podermos ter uma idéia geral, com uma amostra de 30 alunos de 5ª Série do colégio, sobre problemas posturais e que possivelmente seja em razão do uso da Mochila Escolar e podermos enfim acionar os profissionais da área de saúde, Direção do Colégio, pais, comunidade em geral e passar a combater tais anormalidades, fazendo ou não o encaminhamento a especialistas e assim estaremos, enquanto Educador Físico, fazendo a nossa parte juntamente com toda coletividade escolar. Começaremos justificando o porque do nosso trabalho ao mesmo tempo que vamos mostrar as possíveis anormalidades que a mochila escolar ao ser utilizada diariamente de forma repetitiva com sobrepeso e de maneira errônea poderá causar ao estudante. Na sequência vamos trabalhar metodologicamente a maneira correta do aluno
carregar sua mochila escolar, sempre procurando identificar uma possível anormalidade postural, buscando adequar o peso e a maneira correta de transportar a mochila escolar. Seguindo para o tópico seguinte, vamos montar um SEMETRÓGRAFO, aparelho artesanal, criado por duas Educadoras do Físico, da cidade de Londrina e que nos auxiliará e muito na detecção de anormalidades nos desvios posturais do nosso aluno. Após a montagem do simetrógrafo, utilizando-o, poderemos iniciar e terminar alguns testes que nos mostrará se nosso aluno é portador de algum desvio postural, que com o uso do aparelho poderemos observar a olho nu a existência ou não de anormalidade posturais. E finalizaremos, o nosso trabalho, transportando todos os dados coletados para fichas, anexos, onde teremos claro se há anormalidades, chegando à uma conclusão sobre a pesquisa feita e só então poderemos tomar uma ação de correção e se necessário fazer os encaminhamentos devidos, isto é, acionar o profissional de saúde capacitado (fisioterapeuta e o médico ortopedista) para atender esse possível paciente e assim teremos feito a nossa parte, enquanto Educador Físico, juntamente com a Escola. Assim é que com este experimento poderemos ter a concordância dos nossos gestores das nossas escolas para que possamos dar continuidade ao trabalho realizado, buscando a melhora da qualidade de vida do nosso aluno e através dele de seus familiares, porque seguramente o conhecimento aqui adquirido será levado aos seus entes queridos e amigos. Assim Educador Físico, vamos trabalhar para que este experimento passe a constar do Projeto Político Pedagógico da Escola e se torne um trabalho de toda coletividade escolar, independente da sua presença, aí sim teremos cumprido com nossa missão de buscar melhoras na vida do nosso aluno através do nosso trabalho, enquanto Educador Físico e cidadão.
JUSTIFICATIVA Elas tem a mesma utilidade para o escolar, apenas difere em forma e tamanhos e a maneira como os alunos as carregam, o que de forma direta interferem na postura corporal deste indivíduo que a transporta. Existem diversos tipos de mochila mas para o transporte de material escolar, vamos citar as mais comuns: Rodinhas Figura: 01 - mochilas uma alça duas alças
A Mochila pode ser ideal para o transporte do material escolar, mas se mal usada passa a ser um perigoso instrumento para a criança. Por estarem em fase de crescimento, a criança e o adolescente estão em um período bastante propício para o surgimento de desvios posturais anormais. Por isso o aumento de peso da mochila poderá acarretar prejuízos incalculáveis para o indivíduo, sobretudo para a coluna vertebral, de crianças que exageram e carregam peso desnecessário, podendo esse indivíduo sentir dores e desenvolver deformidades como: cifose e escoliose. Figura 02 e 03. Figura: 02 - cifose
Figura: 03 - escoliose
Excesso de peso na mochila escolar, transportado diariamente poderá dar causa a deformações físicas de natureza grave, uma vez que a constituição músculo-esquelética, nesta idade, está ainda muito fragilizada, ficando claro que a coluna vertebral e os ombros serão os maiores prejudicados, sem esquecermos o equilíbrio corpóreo, fundamental para que a criança e o adolescente se mantenham eretos ao deslocarem-se, transportando nas costas a mochila escolar com peso excessivo. Figura 04. Figura: 04 mochila com peso excessivo
METODOLOGIA Num primeiro momento vamos trabalhar alguns ensinamentos, visando a obtenção da maneira correta de locomover-se carregando nas costas uma mochila escolar. Muitos problemas de desvios posturais podem ser evitados se o aluno carregar sua mochila de maneira correta (figura 5, 6 e 7) e dentro dos padrões de peso, 10% do peso corporal, segundo os especialistas que consideram que uma criança com 42 kg pode carregar até 4,2 kg na totalidade, peso da mochila mais o material a ser transportado em seu interior e assim a coluna vertebral dessa criança estará sendo preservada. Devemos considerar, ainda, um ponto importantíssimo no transporte da mochila onde a criança deve observar que a mochila com duas alças deve ser transportada encaixada, de forma, a ser sustentada pelos dois ombros distribuindo equitativamente o peso por toda a costa, estimulando a simetria, onde ao carregar a mochila o aluno terá a mesma com sua parte final ficando acima das nádegas. (figura 06). Figuras: 05 Figura: 06 Figura: 07
No transporte da mochila escolar de uma alça deve-se evitar desnível dos ombros, que é resultado de vícios de postura e que pela criança estar na fase de crescimento podem estar sendo aumentados em razão de ser este o período no qual a progressão do aumento da curvatura ocorre com maior intensidade, assim é que o transporte da mochila com excesso de peso em um único ombro, forçará a coluna para um dos lados causando a escoliose. (figura 08). Figura: 08 posição causadora de possível escoliose.
Outra deformidade que pode ocorrer em razão do uso da mochila escolar com peso excessivo é a hiperlordose, definida como um aumento da concavidade posterior da curvatura na região cervical ou lombar, o que a fará jogar o corpo para trás a procura de seu centro de gravidade que provocará esforço lombar repetitivo. (figura 09) Figura:09 - hiperlordose
O hábito de carregar excesso de peso nas costas, mochila escolar, pode provocar nas crianças a projeção da parte superior da coluna para frente, que levará ao aparecimento da curvatura da coluna, causando a chamada cifose. (figura 10). Figura: 10 projeção parte superior para frente
Para que haja a prevenção em relação à escoliose, hiperlordose e hipercifose, tem-se que diminuir o peso da mochila de forma a adequá-la ao peso corporal do sujeito, realizar exercícios de fortalecimento dos músculos e contar com o esforço do aluno no cumprimento de todas as orientações que visem prevenir o aparecimento de desvios posturais anormais. (figura 11). Figura: 11 orientação para uso correto da mochila escolar
MONTANDO UM SIMETRÓGRAFO Num segundo momento vamos delinear um exame físico com a utilização de um simetrógrafo que tem como finalidade a verificação da simetria das partes do corpo: coluna vertebral, ombros, braços e pernas. Protocolo adaptando para à nossa realidade em um Teste Prático de Postura Corporal que nos auxiliará na detecção de desvios posturais anormais, que podem serem resultantes do uso inadequado da mochila escolar. Por tratar-se de um aparelho de confecção artesanal é recomendado encontrar na escola um local onde possa ficar fixo, evitando o desmonte, com o objetivo de preservação. (figura 12) Figura: 12 Simetrógrafo Artesanal montado no laboratório de ciências Simetrógrafo criado pelas professoras de Educação Física Luzia Inês Caravelo e Maria Lucia da Silva, de Londrina, no Estado do Paraná.
* Material necessário: 1,5 metros de papel Kraft, 2 metros de barbante, régua, pincel atômico, cartolina, areia e uma meia. (figura 13). Figura: 13 - material para a construção do Simetrógrafo
* Com o pincel atômico trace no papel Kraft desesseis linhas horizontais e desesseis verticais, separadas por espaços de 10 centímetros. Figura: 14 Figura: 15 Figura: 16 Figura: 17 Figura: 18
* Após ficar pronto, cole o papel numa parede e pendure o barbante no teto, a 50 centímetros dessa parede e bem em frente à linha vertical do centro do papel. (figura 19) Figura: 19 barbante pendurado no teto e Simetrógrafo colado na parede. * O barbante será um fio de prumo. Para que ele fique esticado, faça uma bola de meia, encha-a com areia e amarre-a na extremidade solta, (figura 19).
* Se quiser, cole no chão um molde de pés feito de cartolina. Esses pés devem estar em posição anatômica: levemente abertos e igualmente afastados do barbante. Pisando neles o aluno fica na posição correta para o exame. (figura 20) Figura: 20 identificação do molde dos pés na cartolina
REALIZANDO O EXAME O ponto principal é o comparativo do alinhamento das diferentes partes do corpo com o quadriculado do papel. Altura das costas Para fazer o teste o aluno precisa estar vestindo pouca roupa. Recomenda-se o uso de short para meninos e meninas. Para começar, incline o tronco do avaliado para a frente, formando um ângulo de 90 graus com as pernas, (figura 21), a cabeça e os braços devem ficar balançando. A posição serve para ver se as duas metades laterais das costas (direita e esquerda) estão na mesma altura. Se não houver alinhamento, o avaliado tem um problema chamado gibosidade. Figura: 21 gibosidade
Escoliose Na posição anterior (figura 21) faça bolinhas na pele, com pincel atômico, sobre as vértebras da coluna. Ponha o avaliado de pé, sem forçar uma postura correta, de frente para o papel, com o fio de prumo passando pelo centro das costas e os pés no molde de cartolina. Se os pontos marcados não formarem uma linha reta com o fio, há escoliose, um desvio lateral da coluna. (figura 22). Figura: 22 escoliose
Ombros desalinhados Com o avaliado ainda de frente para o papel, compare as costas dele com as linhas horizontais, para ver se os ombros estão alinhados (a figura 23 mostra desnível). Figura: 23 desnível dos ombros
Verifique também o alinhamento das escápulas (ossos das costas que, junto às clavículas, formam os ombros). Veja ainda se os dois braços mantêm a mesma distância do tronco. (figura 24). Figuras: 24 escapula e braços distantes do corpo.
Outros desvios Com o avaliado de perfil em relação ao papel e o barbante passando por sua orelha, veja se tem ombros projetados para a frente. (figura 25). Figura: 25 projeção de ombros para frente
Coluna afundada logo acima do quadril (hiperlordose). (figura 26). Figura: 26 hiperlordose
Ponha-a de costas para o papel, com o barbante passando por seu nariz, e observe se tem pernas em arco. (figura 27). Figura: 27 joelho em arco
Ponha-a de costas para o papel, com o barbante passando por seu nariz, e observe se tem os joelhos muito unidos formando um x. (figura 28). Figura: 28 joelho em x.
ANEXOS: I FICHA DE AVALIAÇÃO POSTURAL II FICHA DE CONTROLE DE PESO DA MOCHILA ESCOLAR III FICHA DA PRIMEIRA AVALIAÇÃO IV FICHA DA SEGUNDA AVALIAÇÃO V FICHA DE COMPARAÇÃO INICIAL VI FICHA DE COMPARAÇÃO FINAL
ANEXO I AVALIAÇÃO POSTURAL NOME: D.N. / / Nº TURMA MEDIDAS ANTROPOMETRICAS Peso Kg metros Altura VISTA POSTERIOR CABEÇA ( ) Normal Esquerda ( ) Inclinada para Direita COLUNA CERVICAL (Escoliose) ( ) Normal ( ) Inclinação Lateral Pequena Acentuada VISTA LATERAL: COLUNA TORÁXICA (Cifose) ( ) Normal ( ) flexão Aumentada COLUNA LOMBAR (Lordose) ( ) Normal ( ) Hiperextensão ( ) Inclinada para ( ) Inclinação Lateral
ANEXO II CONTROLE DE PESO DA MOCHILA ESCOLAR Aluno 01 Seg 3,200 kg Ter 3,200 kg Qua 3.100 Kg Qui 4,000 kg Sex 4,100 kg Média/Semana 3,520 Kg Nesta ficha nós marcamos a pesagem da mochila escolar todos os dias de forma ininterrupta de 2ª a 6ª feira, sempre na chegada do aluno à escola e calculamos a média definindo um peso final para a mochila. No exemplo acima após uma semana de pesagens na soma total de 17,600 kg dividimos por 5 que é o número de pesagens e chegamos ao número 3,520 Kg.
ANEXO III PRIMEIRA AVALIAÇÃO Número Sexo 01 M Idad e 10 Peso Altura 39,50 1,56 Cifose Flexão Aumentad a Lordose escoliose Hiperextensão Normal Utilizamos esta ficha para anotar as avaliações feitas no anexo I, onde temos uma visão geral, a olho nu, sobre o aluno e seus possíveis desvios posturais sem estar portando a mochila escolar.
ANEXO IV Número Sexo 01 M Idad e 10 Peso Altura 39,50 1,56 Peso Cifose Mochila 4.0 Kg Flexão Aumentad a Lordose escoliose Hiperextensão Normal SEGUNDA AVALIAÇÃO Nesta ficha nos utilizamos das anotações do anexo I e II, ou seja, o aluno estará portando a mochila na hora da avaliação e assim poderemos traçar um comparativo entre uma e outra situação, observando se houve um aumento, a olho nú, numa possível deformidade, em razão do aluno estar usando a mochila.
Número Sexo 01 M ANEXO V COMPARAÇÃO INICIAL Idade Peso Altura 10 39,50 1,56 Peso Mochila 4.0 Kg % 10,13% Utilizamos esta ficha para fazer um comparativo do peso da mochila escolar relacionando-o ao peso corporal do aluno, obtendo o percentual final do peso da mochila. No caso acima um aluno com 39, 50 kg carrega uma mochila que contém de peso total (mochila mais material) 4,0 kg que dá um percentual de 10,13% de peso final, que é superior ao recomendado que é de 10% do peso corporal.
ANEXO VI COMPARAÇÃO FINAL Número Sexo Idade Peso Altura 01 M 10 39,50 kg 1,56 Peso Mochila 3.9 Kg % 9,88% Após um trabalho de conscientização feito com os alunos de forma teórica e prática durante um semestre, explicando as vantagens e desvantagens de se carregar uma mochila escolar dentro dos padrões recomendados, refazemos todo o processo e então chegamos no momento de fazer a comparação final, onde o aluno com o mesmo peso corporal, 39,50 kg conseguiu diminuir o peso da mochila para 3,9 kg e assim trouxe o peso para um percentual aceitável em relação ao seu peso corporal que é de 9,88%, ficando próximo do ideal e
dentro dos padrões aceitos pelos especialistas da área de saúde.