RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL (CONVOCADO) MANUELMAIA - 1º TURMA



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R E L A T Ó R I O. O Desembargador Federal JOSÉ MARIA LUCENA (Relator):

Transcrição:

PROCESSO Nº: 0801799-71.2013.4.05.8000 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATÓRIO 1. Trata-se de apelação contra sentença que julgou parcialmente o pedido do autor de concessão de aposentadoria especial a partir do ajuizamento da ação (13.11.2013). 2. Em razões de recurso, o INSS requer a reforma da sentença alegando, em síntese, a impossibilidade de o autor comprovar que trabalhou de modo habitual, permanente, não ocasional nem intermitente, sob condições especiais. Acrescenta ainda que o os documentos estão incompletos e que o uso do EPI eficaz afasta qualquer prejuízo à saúde o trabalhador. Ao final, quer a procedência do recurso. 3. Contrarrazões. 4. É o relatório. PROCESSO Nº: 0801799-71.2013.4.05.8000 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS 1. Na hipótese trazida a lume nesta esfera recursal, após minuciosa análise dos autos, verifico que os fundamentos exarados na decisão recorrida identificam-se, perfeitamente, com o entendimento deste Relator, motivo pelo qual passarão a incorporar formalmente o presente voto, como razão de decidir, mediante a utilização da técnica da motivação, in verbis: [...] 16. Na presente hipótese, com a apresentação nos autos de sua CTPS, PPPs e laudo, o demandante pretende comprovar o exercício de atividades em condições especiais, desde 08/03/1982 até a data da entrada do requerimento administrativo, exposto a agentes agressivos, de modo permanente e habitual, em razão das atividades por ele desenvolvidas.

17. Considerando que é incontroverso o tempo de serviço alegado pelo autor, cumpre analisar a pertinência das alegações defensivas do INSS, iniciando em relação ao ponto referente à contemporaneidade dos laudos apresentados pelo demandante. 18. A eventual extemporaneidade do laudo pericial não compromete sua eficácia probatória acerca da insalubridade da atividade desempenhada, uma vez que a responsabilidade pela manutenção dos dados atualizados sobre as condições especiais de prestação do serviço recai sobre a empresa empregadora e não sobre o segurado empregado (art. 58, 3º, da Lei nº 8.213/91). 19. Ademais, se a empresa para a qual a parte autora trabalhava ainda se encontra em pleno funcionamento e se, na atualidade, com toda evolução da tecnologia e segurança do trabalho, as condições ainda são insalubres, é forçoso reconhecer que há 10, 20 ou 30 anos as mesmas eram iguais, senão ainda mais precárias e deletérias. 20. Por outro lado, impende gizar que o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) dispensa a exigência da apresentação do Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho, consoante disposto no parágrafo 2º, do art. 68, do Decreto nº 3.048/1999, com redação dada pelo Decreto nº 4.032/2001. Isto porque se trata de documento baseado nas informações contidas em LTCAT, que atesta a efetiva exposição da saúde do empregado a agentes nocivos nos períodos trabalhados. Assim, somente em caso de dúvida objetiva cabe recusar fé ao Perfil Profissiográfico Previdenciário, exigindo a apresentação do laudo técnico.[...] em se tratando de exposição aos agentes físicos ruído e calor, a TNU consolidou jurisprudência no sentido de que também é dispensada a apresentação do laudo técnico mesmo em relação aos agentes novos ruído e calor, o qual, sendo necessário, deverá ser requisitado à empresa pelo próprio INSS. Assim, em princípio, é suficiente a apresentação pelo segurado do PPP. Veja-se, a propósito, o seguinte julgado: "(...) II. Asseverando o 1º, inc. IV, do art. 161, da Instrução Normativa INSS/PRES nº 27, de 30/04/08 que "quando for apresentado o documento de que trata o 14 do art. 178 desta Instrução Normativa (Perfil Profissiográfico Previdenciário), contemplando também os períodos laborados até 31 de dezembro de 2003, serão dispensados os demais documentos referidos neste artigo", afigura-se descabido exigir do segurado, mesmo em se tratando dos agentes nocivos ruído e calor, a apresentação de laudo técnico correspondente, quer na esfera administrativa, quer na judicial. III. Pode a Autarquia Previdenciária diligenciar, a qualquer tempo, junto às empresas emitentes dos referidos PPPs, a fim de obter os laudos técnicos obrigatórios, sob pena da sanção administrativa prevista no art. 58 da Lei nº 8.213/91, devendo, inclusive, representar junto aos órgãos competentes caso detecte indícios de fraude" (PEDILEF 200772590036891, relator Juiz Federal Ronivon de Aragão, julgado em 17/03/2011, DOU de 13/05/2011). (Grifei). 35. Quanto à apresentação da dosimetria referente à análise de exposição aos níveis de pressão sonora realizada, impõem-se destacar que, muito embora sirva como meio de prova, a mesma não compõe o rol dos documentos tidos como indispensáveis para o fim de comprovação do exercício de atividades exercidas sob o risco físico ruído, em face do que a sua apresentação nos autos é dispensável, mormente quando existem laudos e formulários preenchidos em conformidade com as disposições legais. 36. Ademais, no que respeita aos níveis de exposição ao ruído, é pacífico o entendimento dos Tribunais Superiores no sentido de que deve ser considerado especial o trabalho submetido às seguintes medições: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto nº 53.831/64, até a edição do Decreto nº 2.172/97, em 05/03/1997; superior a 90 db, por determinação dos Decretos nº 2.172/97 e nº 3.048/99, até 17/11/2003; e 85 db, a partir de 18/11/2003, por força da edição do Decreto nº 4.882/2003. 37. Com relação aos equipamentos de proteção individual, é de se registrar que seu uso não desnatura a condição especial do trabalho exercido pela parte autora, já que apenas destinado à proteção da própria vida, segurança e saúde do trabalhador. Nesse sentido já se posicionou o TRF da 5ª Região: "PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM COMUM.

POSSIBILIDADE. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. I. Comprovando o requerente que exerceu função considerada insalubre, pode requerer a conversão do tempo de serviço trabalhado em atividade especial para comum, objetivando a concessão de aposentadoria. II. Deve ser considerado como especial o período trabalhado independente de apresentação de laudo até a Lei 9032/95, e após o advento da referida lei, de acordo com determinação especificada na norma. III. "O uso de equipamento de proteção individual de trabalho (EPI), não retira o caráter nocivo ou agressivo à saúde ou integridade física do segurado, não podendo ser considerado como óbice à concessão da aposentadoria." (REOMS 92447, Des. Federal Relator Marcelo Navarro, DJ 27.08.2007, p. 608). IV. Tempo de contribuição insuficiente para a concessão do benefício de aposentadoria pleiteado pelo demandante. V. Apelação do INSS e remessa oficial improvidas."(trf 5ª Região. Quarta Turma. APELREEX29963/CE. Rel. Des. Federal Margarida Cantarelli. DJE: 06/03/2014. Pág. 234). [...]. Superados tais pontos, resta analisar se a documentação acostada pelo autor comprova o labor, em condições especiais, pelo período legal de 25 (vinte e cinco) anos. 39. Examinando a CTPS, PPP e laudos técnicos apresentados, verifica-se que o demandante possuiu os seguintes vínculos empregatícios: a) De 08/03/1982 a 16/01/1986, para Clóvis Lemos Ramos, como trabalhador rural; b) De 03/11/1986 a 30/01/1989, para M. Wanderley Montagens, durante o qual exerceu as funções de servente (de 03/11/1986 a 30/11/1988) e de controlista (de 01/12/1988 a 30/01/1989); c) De 20/03/1989 a 12/08/1989, para Pecuária e Haras Bom Jardim, como tratador; d) De 25/09/1989 a 15/02/2005, para a Usina Coruripe, onde desempenhou as funções de ajudante de produção (de 25/09/1989 a 10/11/1991), serralheiro (de 11/11/1991 a 31/12/1995) e evaporador (de 01/01/1996 a 15/02/2005); e) De 21/03/2005 a 12/09/2012, também para a Usina Coruripe, onde trabalhou como operador de evaporação III (de 21/03/2005 a 28/02/2006) e supervisor de produção (de 01/03/2006 a 28/02/2008), sendo transferido para a filial Carneirinho, onde exerceu as funções de supervisor de produção I (de 01/03/2008 a 31/05/2008), supervisor de produção II (de 01/06/2008 a 28/02/2012) e de supervisor de produção III (de 01/03/2012 a 12/09/2012). 40. Inicialmente, em relação ao período de 08/03/1982 a 16/01/1986, observo que é impossível o enquadramento do mesmo como especial, por categoria profissional, vez que o demandante não era trabalhador da área agropecuária, mas somente da agricultura. Impossível, ainda, apontar de maneira inequívoca a qual agente nocivo estaria o autor exposto durante suas atividades, vez que o formulário apresentado limita-se a afirmar, de maneira genérica, que aquele fora submetido a névoas de agroquímicos provenientes da aplicação de defensivos agrícolas e poeiras químicas provenientes da manipulação de fertilizantes (adubos), sem, contudo, especificar quais as substâncias químicas nocivas ali contidas. 41. Sendo assim, deve o aludido interregno ser considerado como tempo de contribuição comum, porquanto não satisfatoriamente comprovada a natureza especial da atividade. 42. Contudo, em relação ao período de 03/11/1986 a 30/01/1989, em que o demandante prestou serviços para a M. Wanderley Montagens, atual Pindorama, como servente e controlista, entendo estar devidamente comprovada a submissão do mesmo ao ruído de 94,8 db, superior, portanto, ao limite legal permitido, motivo pelo reconheço o mesmo como especial, com base nos itens 1.1.6, do Decreto nº 53831/64, e 1.1.5, do Decreto nº 83080/79. Outrossim, observo que o próprio INSS já teria reconhecido administrativamente tal condição. 43. Deixo de reconhecer como especial o período em que o demandante trabalhou para a Pecuária e Haras Bom

Jardim, vez que não comprovado o exercício de atividade especial, nos moldes do art. 57, 4º, da Lei nº 8.213/91. 44. No que pertine ao período de 25/09/1989 a 15/02/2005, em que o autor foi empregado da Usina Coruripe, friso, inicialmente, que o próprio réu reconheceu a natureza especial das atividades desenvolvidas no período de 25/06/1989 a 02/12/1998. 45. Nesse diapasão, entendo estar devidamente comprovada a natureza especial de todo o vínculo empregatício através do PPP e laudos técnicos apresentados, ante à submissão do segurado ao ruído de 91,3 db durante as safras e 88,1 db nas entressafras, entre o período de 25/09/1989 a 31/12/1995, bem como ao ruído de 95,4 db nas safras e 92,6 db durante as entressafras, no interregno entre 01/01/1996 a 15/02/2005. Tal período deve ser enquadrado nos itens 1.1.6, do Decreto nº 53831/64, 1.1.5, do Decreto nº 83080/79 e 2.0.1, do anexo IV, do Decreto nº 3.048/99. 46. Já em relação ao interregno entre 21/03/2005 a 12/09/2012, há de se tecer algumas considerações. 47. Da análise dos documentos acostados pelo demandante junto à exordial e apresentados ao INSS, quando do requerimento administrativo do benefício, observo que inexistiam provas hábeis a demonstrar de que o demandante estaria submetido a qualquer agente nocivo durante as entressafras, limitando-se o PPP emitido em 2012 a descrever exclusivamente as atividades desempenhadas pelo autor durante o período de safra e a apontar valores únicos de exposição ao ruído durante o desempenho das atividades, estivesse ou não a indústria em funcionamento. 48. Diante de tal situação, foi o autor Intimado a trazer aos autos laudo técnico onde demonstrasse, de forma justificada, sua submissão aos agentes apontados, durante o período de entressafra, trazendo aquele, em 09/05/2014, laudos técnicos produzidos em 08/05/2014, os quais não fizeram qualquer diferenciação em relação aos níveis de ruído apontados, reiterando, ainda, que os mesmos seriam válidos inclusive para a entressafra. 49. Solicitadas as dosimetrias colhidas durante as épocas de safra e entressafra, a fim de ratificar os níveis de ruído apontados no laudo acima referido, apresentou o autor, em 18/06/2014, algumas medições realizadas pela empresa. Contudo, da análise das mesmas, percebo que todas elas foram realizadas unicamente na época de moagem da canade-açúcar (período de safra), conforme dados fornecidos através da declaração de identificador 257497, que deixa transparecer que o período de safra na região vai de meados de março a outubro. 50. Dessa forma, entendo que o demandante não esteve, de fato, exposto aos níveis de ruído indicados, durante os períodos de entressafra para o vínculo em questão, mas somente durante as safras. 51. Contudo, apesar de não comprovar a exposição do demandante ao ruído durante as entressafras, diferentemente do aduzido pelo INSS, o laudo técnico apresentado em 09/05/2014 inovou as informações pertinentes a tal período, apontando o engenheiro de segurança do trabalho responsável, em suas conclusões, que o autor manipularia produtos químicos como hidrocarbonetos (graxas, óleo diesel e querosene) utilizados na manutenção de peças, motores e equipamentos do setor, durante os períodos de entressafra, informação que impõe o reconhecimento da natureza especial de tais períodos. 52. Dessa forma, reconheço como especial o período de 21/03/2005 a 12/09/2012, enquadrando os períodos de safra nos itens 1.1.6, do Decreto nº 53831/64, 1.1.5, do Decreto nº 83080/79 e 2.0.1, do anexo IV, do Decreto nº 3.048/99, ante à exposição ao ruído em níveis superiores ao máximo legal permitido, e os períodos de entressafra nos itens item 1.2.10 - Dec 83080/79 e 1.2.11 Dec 53.831/64, bem como no anexo 13, da NR-15 do MTE, que relaciona tal atividade como insalubre. 53. Após as considerações acima, as informações e conclusões extraídas são as seguintes: Empresa Período Cargo Agente Nocivo Provas (e Anexos) Clovis Lemos Ramos 08.03.1982 a Trab. Rural - - - 16.01.1986 Fator Conv. Tempo de serviço em condições especiais 00 anos, 00 meses e 00

M. Eanderley Montagens Pecuária e Haras Bom Jardim Usina Coruripe Usina Coruripe TOTAL DE TEMPO 03.11.1986 a Servente Ruído PPP e laudo - 30.01.1989 20.03.1989 a Tratador - - - 12.08.1989 25.09.1989 a 15.02.2005 21.03.2005 a 12.09.2012 Ajudante Ruído PPP e laudo - produção Operador evaporação 02 anos, 02 meses e 28 00 anos, 00 meses e 00 15 anos, 04 meses e 21 07 anos, 05 Ruído e hidrocarbonetos PPP e laudo - meses e 22 25a 01m 11d 54. Diante de tudo quanto foi desvendado, é possível concluir que o autor preencheu os requisitos para obter o benefício da aposentadoria especial, conforme estabelecido nos arts. 57 e seguintes da Lei nº 8.213/91, porquanto o tempo de serviço laborado em condições prejudiciais à saúde somam 25 (vinte e cinco) anos, 01 (um) mês, e 11 (onze), somente sob condições especiais, conforme tabela acima. 55. Quando ao pedido de concessão de parcelas pretéritas, entendo que o demandante não fez prova perante o INSS, durante o procedimento administrativo que indeferiu o benefício, de que teria laborado durante 25 (vinte e cinco) anos sob condições especiais, porquanto não apresentou qualquer documento que comprovasse sua exposição a hidrocarbonetos, durante os períodos de entressafra da cana-de-açúcar, enquanto empregado da Usina Coruripe (entre 21/03/2005 e 12/09/2012), tal como já acima exposto. 56. Com efeito, a documentação apresentada administrativamente sequer fazia menção á exposição do demandante a hidrocarbonetos, informação que somente foi trazida à tona na presente ação judicial, através dos laudos técnicos lavrados em maio/2014, não sendo razoável penalizar o réu por uma decisão legitimamente tomada, vez que competia ao segurado, desde então, comprovar as condições em que se deram suas atividades. 57. Contudo, apesar de não possuir o demandante direito à aposentadoria especial na data do requerimento administrativo, deve o beneficio ser-lhe concedido a partir da data do ajuizamento da ação (13//11/2013), procedimento no qual foram apresentados os documentos que formaram o convencimento deste magistrado quanto ao preenchimento dos requisitos necessários à concessão do benefício e onde foram garantidos ao réu o contraditório e a ampla defesa. 58. No que pertine à renda mensal inicial do benefício, deve a mesma ser fixada no importe de R$ 2.612,34 (dois mil, seiscentos e doze reais e trinta e quatro centavos), observando-se a DIB em 13/11/2013, conforme cálculo em anexo, que passa a integrar a presente sentença. 59. Por fim, quanto aos juros de mora, devem os mesmos incidir a partir da citação válida (Súmula n.º 204-STJ) e segundo os índices da caderneta de poupança, tendo em vista o julgamento do REsp n.º1270439, relator Ministro CASTRO MEIRA, em 26/06/2013, Primeira Seção, sob os auspícios do artigo 543-C, que decidiu que a declaração de inconstitucionalidade, por arrastamento, do artigo 5º, da Lei n.º 11.960/09, por meio da ADI nº 4357 não alcançou os juros. Precedentes (TRF 5ª Região - AC 00107362320134059999, TRF 2ª Região - REO 201302010114806, TRF 5ª Região - AC 00106842720134059999). 2. Por tais fundamentos, mantenho a sentença em todo o seu teor e nego provimento à remessa oficial e à apelação. 3. É como voto. PROCESSO Nº: 0801799-71.2013.4.05.8000 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO

APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. POSSIBILIDADE. UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO PER RELATIONEM. POSSIBILIDADE. 1. Após minuciosa análise dos autos, verifica-se que os fundamentos exarados na decisão recorrida identificam-se, perfeitamente, com o entendimento deste Relator, motivo pelo qual passarão a incorporar formalmente o presente voto, como razão de decidir, mediante a utilização da técnica da motivação referenciada. 2. Na hipótese, o autor preencheu os requisitos para obter o benefício da aposentadoria especial, conforme estabelecido nos arts. 57 e seguintes da Lei nº 8.213/91, porquanto o tempo de serviço laborado em condições prejudiciais à saúde somam 25 (vinte e cinco) anos, 01 (um) mês, e 11 (onze), somente sob condições especiais. 4. Remessa oficial e apelação improvidas. PROCESSO Nº: 0801799-71.2013.4.05.8000 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em negar provimento à remessa oficial e à apelação, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado.