EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA EM POLÍTICAS EDUCACIONAIS BRASILEIRAS



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Transcrição:

EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA EM POLÍTICAS EDUCACIONAIS BRASILEIRAS Andrea Soares Wuo Aline Martins Varela Juliany Mazera Fraga Rita Buzzi Rausch Universidade Regional de Blumenau FURB Eixo Temático: Política Educacional Inclusiva Agência Financiadora (se for o caso): CAPES Palavras-chave: Educação especial. Educação inclusiva. Políticas educacionais. 1. Introdução Muitos são os questionamentos quando se trata dos conceitos relativos à educação inclusiva e à educação especial. O que é educação inclusiva? O que é educação especial? Quais são as relações entre os dois conceitos? No intuito de discutir tais questões, o presente estudo teve por objetivo analisar os conceitos e relações estabelecidas entre educação especial e educação inclusiva nas políticas educacionais. Tendo em vista as particularidades das políticas públicas regionais, o estudo privilegiou, além dos documentos nacionais, os documentos estaduais e municipais que orientam as ações educacionais no estado de Santa Catarina e do município de Blumenau. Neste estudo, foram selecionados os seguintes documentos: a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), o Programa Pedagógico da Fundação Catarinense de Educação Especial FCEE (2009), a Política de Educação Especial do Estado de Santa Catarina (2009) e as Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica de Blumenau (2012). Buscando responder qual a concepção de educação especial e educação inclusiva em tais diretrizes e de que maneira elas orientam as políticas educacionais estaduais e municipais. A opção pela análise das políticas relativas ao estado de Santa Catarina e à cidade de Blumenau justifica-se pelo próprio contexto de pesquisa e a necessidade de investigação da realidade em que esta se insere.

2. Método A pesquisa, de abordagem qualitativa, realizou-se mediante análise documental das políticas mencionadas, buscando-se refletir acerca dos conceitos e relações são estabelecidos entre a educação especial e a educação inclusiva (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). 3. Discussão e resultados Ao longo de seu percurso histórico, a educação especial foi concebida como segregação e, posteriormente, como integração dos alunos com deficiências e outras necessidades educacionais especiais (doravante NEE). Atualmente, assume-se essa modalidade de ensino a partir da perspectiva da educação inclusiva, conceituada na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) como: [...] um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola. (BRASIL, 2008, p. 5) Partindo de tal premissa, todos os alunos, independente de sua condição, são considerados sujeitos de direitos. A Política de Educação Especial do Estado de Santa Catarina, de acordo com Brasil (2008), considera que: [...] a inclusão traz a diversidade como atributo essencial para o desenvolvimento humano, reconhece o outro como sujeito histórico e social, projeta mudanças de concepções e atitudes (SANTA CATARINA, 2009). Observa-se que a perspectiva da educação inclusiva implica a necessidade de superação de concepções que reduzem as diferenças à condição de obstáculo para a educação, e o desenvolvimento de saberes e práticas que valorizem e acolham as diversidades dos estudantes. O documento Diretrizes Curriculares do município de Blumenau cita a Declaração de Salamanca (1994, p. 5) para definir a educação inclusiva: Princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as comunidades.

Desse modo, considera-se como educação inclusiva o direito ao acesso, à permanência, à aprendizagem e à participação de todos os estudantes na escola comum, promovendo processos de ensinar e aprender que valorizem e reconheçam as particularidades de sua condição. A partir da Lei nº 9394/96, a educação especial tornou-se uma modalidade de ensino e as suas políticas voltaram-se para a inclusão desses alunos nas classes comuns, direcionando seu atendimento à rede regular de ensino. Meletti e Bueno (2011, p. 369) afirmam que [...] a educação especial passa a ser identificada como uma modalidade de educação escolar a ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, a partir da educação infantil. Nesse sentido, a ampliação do atendimento educacional em escolas regulares públicas e a migração desta população dos espaços segregados, [...] para os sistemas regulares de ensino (MELETTI; RIBEIRO, 2014, p. 178) corrobora com a emergência de um processo educativo que respeita as peculiaridades dos estudantes, bem como o direito de todos à educação. Considerada como modalidade de ensino que percorre todas as etapas da educação. (BRASIL, 2008), segundo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), a Educação Especial é responsável por realizar o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e disponibilizar os serviços e materiais necessários, orientando a sua utilização no processo de ensino-aprendizagem em classes comuns do ensino regular. O Estado de Santa Catarina define a Educação Especial também como uma modalidade que atravessa todos os níveis, modalidades e etapas da educação, apoiando, complementando e suplementando, em uma perspectiva interdisciplinar, a aprendizagem dos alunos com deficiência, condutas típicas e altas habilidades. (SANTA CATARINA, 2009) Nas Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica de Blumenau (2012) consta que o AEE visa acolher os alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e/ou altas habilidades/superdotação, incluindo-os nos espaços da escola regular, oferecendo esse atendimento nas salas de recursos multifuncionais e/ou a contratação do Professor de Apoio Pedagógico (PAP) profissional que contribui no processo inclusivo juntamente com o professor do AEE, atuando no auxílio aos demais profissionais da escola no que diz respeito à inclusão para perfazer seu direito à educação. (BLUMENAU, 2012)

4. Algumas considerações A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) contribuiu para o desenvolvimento de novas políticas de Educação Especial, fundamentadas nos princípios da educação inclusiva, conforme se observou nas políticas estadual e municipal de Santa Catarina e Blumenau, respectivamente. Observou-se algumas peculiaridades dos documentos, nos diferentes níveis de atuação. A Política de Educação Especial do Estado de Santa Catarina fundamenta-se na política nacional para elaborar seus conceitos. Já a política municipal de Blumenau utiliza definições de documentos internacionais como a Declaração de Salamanca e a Convenção de Guatemala para fundamentar seus conceitos. Além disso, no âmbito da educação especial e do AEE, notou-se a inserção do segundo professor (SANTA CATARINA, 2009) e do professor de apoio pedagógico como professores que atuam em salas de aula comum, como apoio ao professor regente. Nos três documentos observou-se que as noções de educação inclusiva e educação especial inter-relacionam-se, levando à compreensão de que a educação de pessoas com necessidades educacionais especiais organiza-se a partir do diálogo entre o ensino regular e o Atendimento Educacional Especializado. Ressalta-se ainda que, a ideia de inclusão e educação inclusiva presente nos documentos, ainda que de formas diferenciadas, busca enfatizar, para além das questões pedagógicas, a dimensão das barreiras atitudinais que emperram o desenvolvimento de pessoas com necessidades educacionais na escola. REFERÊNCIAS BLUMENAU. Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica, v. 2. Blumenau, 2012. BRASIL. Lei nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996, que institui as Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN. Brasília, 1996. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva MEC/SECADI, 2008.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais, 1994, Salamanca-Espanha. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1999. MELETTI, S. M. F.; BUENO. J. G. S. O Impacto das Políticas Públicas de Escolarização de Alunos com Deficiência: uma análise dos indicadores sociais do Brasil. Linhas Críticas, Brasília, v. 17, n. 33, p. 367-383, 2011. MELETTI, S. M. F.; RIBEIRO, K. Indicadores educacionais sobre a educação especial no Brasil. Cad. Cedes, Campinas, v. 34, n. 93, p. 175-189, maio-ago. 2014. SANTA CATARINA. Fundação Catarinense de Educação Especial: Programa Pedagógico. São José: FCEE, 2009. SANTA CATARINA. Política de Educação Especial do Estado de Santa Catarina, São José: FCEE, 2009. SILVA, L. R. C. da. at al. Pesquisa documental: alternativa investigativa na Formação docente. IX congresso nacional de educação EDUCERE, Paraná, p. 4554-4566, out. 2009.