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Transcrição:

PROTEÇÃO DO CONTEÚDO NACIONAL E REGIONALIZAÇÃO DA PROGRAMAÇÃO Audiência Pública Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática 28 de maio de 2014 Jandira Feghali

O mercado audiovisual mundial Previsão de receitas do mercado audiovisual mundial por segmento, em US$ bilhões 2009 a 2013 (previsão) TV paga e TV e aberta Salas de exibição e Vídeo Doméstico 2009 2010 2011 2012 2013 387 393 410 428 447 87 87 87 86 86 Vídeo Online 6 8 11 14 17 TOTAL 480 488 508 528 550

O mercado audiovisual mundial Crescimento de 15% no período e de cerca de 4% ao ano entre 2010 e 2013 O mercado de maior relevância continuará sendo a televisão (aberta e paga), inclusive para as obras cinematográficas As salas de exibição e o vídeo doméstico caem de 18% para 16% do faturamento global Dados: StrategyAnalytics, 2010 Divulgação Ancine

O mercado audiovisual no Brasil Receita bruta por segmento, dados 2009 Origem do faturamento Fontes Receitas - (2009) em R$ milhões % Cinema (salas) bilheteria (+) publicidade Filme B, Intermeios 1.052 4,70% Vídeo Doméstico vendas de unidades prégravadas estimativa, a partir do nº unidades vendidas - UBV 800 3,60% TV por assinatura faturamento operadoras (+) publicidade programadoras (-) banda larga ABTA/Seta, intermeios 6.955 31,10% TV aberta publicidade intermeios 13.569 60,60% TOTAL 22.376 100%

Dados Gerais do Mercado Audiovisual Brasileiro 2008 2010 2011 2013 Domícilios com TV 54,7 milhões 54,4 milhões 59,3 milhões ND Canais de TV Paga 106 116 165 188 Assinatura de TV Paga Redes de TV Aberta Número de Celulares 6,3 milhões 9,768 milhões 12,744 milhões 18,019 milhões 34 62 91 ND 150,6 milhões 202,9 milhões 242,2 milhões 271,1 milhões Fonte: OCA- ANCINE

Fonte: Mídia Dados Brasil 2013

Fonte: Mídia Dados Brasil 2013

Consumo do produto televisão (1950 s) Fonte: IETV

Consumo do produto televisão (Séc.XXI) Fonte: IETV

Ambiente digital e produção de conteúdo Multiprogramação Portabilidade Elasticidade do modelo de negócio Interatividade

Ambiente digital e produção de conteúdo Parceria com centros de pesquisa Ambiente propício para a formatação de modelos de conteúdo originais Diversificação da produção e dos mecanismos de produção

A convergência O processo: processo de agregação e combinação dos setores de telecomunicações (serviços de rede), meios de comunicação (produção e difusão de conteúdos) e tecnologias da informação (serviços diversos de internet). O objetivo para a sociedade brasileira: aumentar a produção e a circulação de conteúdo nacional; diversidade e pluralidade (fortalecer a cultura e identidade nacional); acessibilidade do usuário a qualquer conteúdo através de qualquer rede ou plataforma (múltiplos aparelhos ou receptores); emprego e renda.

Dinâmica empresarial no ambiente convergente e mercado audiovisual Formação de conglomerados convergentes ; Capilaridade das redes das grandes empresas; Grande poder de influência junto aos consumidores e fornecedores; Exclusão dos concorrentes do acesso à rede, via: - integração vertical (verticalização) - acordos (tácitos ou contratos) de preferências exclusivas

Dinâmica Empresarial Cenário Efeitos concorrenciais negativos e falhas de mercado, podendo ocasionar a marginalização: dos produtores e dos difusores (programadores) independentes que se encontram fora dos circuitos estabelecidos; da diversidade cultural.

Necessidade de estabelecimento, por parte do Estado, de parâmetros regulatórios e concorrenciais

Histórico da intervenção do Estado em defesa da concorrência no mercado audiovisual EUA, 1948, no caso conhecido como USA versus Paramount, Suprema Corte do país decretou que as majors deveriam desfazer-se das suas atividades voltadas para a exibição cinematográfica (50% das receitas nas bilheterias do país); EUA, 1970: FCC órgão regulador das comunicações criou normas para a televisão aberta que beneficiaram enormemente a produção independente e a veiculação da produção regional. Europa, 1997: Diretiva Televisão sem Fronteiras Estados membros devem assegurar que canais de TV exibam conteúdo audiovisual europeu (o que não inclui notícias, esportes, publicidade, televendas, etc.) na maior parte do tempo de transmissão e que seja reservado à produção independente ao menos 10% do tempo de programação transmitido ou 10% do orçamento destinado à programação Reino Unido: obrigatoriedade de 25% de produção independente na programação.

O papel dos organismos de regulação audiovisual no mundo Funções históricas, no passado e no presente: preservar a livre concorrência, promover a competição e exportação de conteúdos; favorecer o pluralismo político, cultural, social e lingüístico, fortalecer a diversidade regional, os produtores de conteúdo em especial a produção independente; garantir a efetividade dos estímulos públicos positivos concedidos (política de fomento). defender a propriedade intelectual e combater a pirataria. O que procura ser evitado: Dirigismo estatal no conteúdo produzido. Intervenções que dificultem o progresso tecnológico. Ineficiência na política de fomento.

Historicamente a televisão comercial brasileira... Produz quase tudo o que exibe Tem fraco desempenho comercial Não traduz a diversidade social brasileira Importa modelos de construção de conteúdo É imitativa Vincula-se monoliticamente ao mercado Rejeita o novo Sugere ao espectador a estreiteza do veículo

Um exemplo: a produção independente É hegemônica na Europa e nos EUA É mais barata Retrata a diversificação intrínseca da sociedade Gera postos de trabalho e promove exportações É melhor É mais competitiva Estimula padrões mais elevados de exigência Não é necessariamente (como acontece na TV fechada) reprodutora de formatos banais

PROJETO DE LEI Nº 256, DE 1991 PLC 59/2003 VERSÃO FINAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Emissoras de televisão devem veicular, entre às 5h e às 24h, 22 horas semanais de programas de produção local (17 se a emissora cobrir área com menos de 1,5 milhão de domicílios, 10 se a cobertura for inferior a 500 mil domicílios) (art. 1º). Os valores se estendem, em 5 anos, para 32 e 22 horas, nos dois primeiros casos (art. 1º, 1º). Na Amazônia Legal, consideram-se para o cômputo programas produzidos na região (art. 1º, 2º). 40% da programação produzida localmente deve ser independente e destes, 40% de documentários, ficção, animação e seriados e até 5% de publicidade (art. 2ª).

Deverá ser veiculada pelo menos uma obra cinematográfica ou videofonográfica nacional por semana, sendo metade dos casos de longas metragens, contando em dobro para o total de horas de exibição se for produção independente (art. 4º). Rádio deve destinar 20% do tempo para programas de caráter nacional e 10% regional (art. 6º).

Análise Substitutivo CCT/Senado Não inclusão de faixa horária para veiculação dos programas; A minutagem estabelecida no substitutivo passa de 7 horas até 14 horas. No PL 256/1991 a faixa vai de 10 a 22 horas; Na produção independente, a PL da Câmara traz o cumprimento de 40% das horas semanais obrigatórias. No Substitutivo, há contabilização em dobro do tempo, diminuindo o estímulo à produção.

Rádio: PL Câmara: 20% do tempo de transmissão para a veiculação de programação musical ou jornalística de caráter regional. Substitutivo: sem percentual obrigatório. Penalidades: estabelecimento várias penalidades no não cumprimento multa, advertência, suspensão da concessão. Substitutivo apenas advertência.