Concessão versus Contrato de de Partilha: vantagens e desvantagens. Carlos Jacques V. Gomes. Consultor Legislativo do Senado Federal



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Transcrição:

4º FÓRUM SENADO DEBATE BRASIL: OS DESAFIOS DO PRÉ- SAL Concessão versus Contrato de Produção de Partilha: vantagens e desvantagens Carlos Jacques V. Gomes Consultor Legislativo do Senado Federal 1

Regime de concessão: descrição Concessionário é proprietário rio pleno do petróleo extraído em certa área e por certo tempo Concessionário paga ao Estado, em dinheiro: Royalties Royalties (2% a 30%; mais comum: : 5% a 10%) TributosTributos convencionais (imposto de renda, contribuições etc.) (podem( ser diferenciados para o setor ou progressivo) OutrasOutras taxas (bônus de assinatura, participações especiais, taxa de retenção ou ocupação de área e taxa aos superficiários rios) 2

Regime de concessão: descrição Concessionário assume todo o custo de exploração e produção ão, por sua conta e risco. O risco do Estado resume-se se à obtenção de leilões negativos e, portanto,, de atrasos na exploração Concessionário é livre para definir a política comercial do petróleo de sua propriedade (exportação, venda etc.), mas o Estado pode condicionar a política comercial do concessionário rio, caso exista risco de desabastecimento no país ou em casos de emergência ou interesse nacional 3

Contrato de partilha de produção ão: descrição Estado é o proprietário rio do petróleo extraído Exploração e produção do petróleo é assumida pelo contratante,, sob sua conta e risco (salvo se o Estado participar associado ao contratante joint venture) Contratante é remunerado in natura, por meio de partilha do petróleo produzido 4

Contrato de partilha de produção ão: descrição O petróleo é dividido em cost oil (entregue ao contratante como ressarcimento de seu custo de operação ão) ) e profit oil (o total de petróleo produzido, menos o cost oil), o qual é dividido entre contratante e Estado (em regra,, o Estado fica com 60% do profit oil, fração que pode ser progressiva, de acordo com o volume de petróleo produzido, preço do petróleo e/ou taxa de retorno do investimento) 5

Contrato de partilha de produção ão: descrição Admite-se a estipulação de royalties, pago antes de se dividir o petróleo em cost e profit oil, mas o mais comum é limitar a recuperação de custos (o cost oil) ) entre 40% a 60% do total de petróleo produzido Admite-se o pagamento de bônus de assinatura, mas o mais comum é o contratante ofertar uma maior fração de profit oil ao Estado. 6

Contrato de partilha de produção ão: A parcela de descrição de profit oil que que couber ao Estado poderá ser gerenciada por uma empresa estatal ou pelo próprio prio contratante,, o qual seria contratado pelo Estado para administrar comercializar a fração de profit oil que pertence ao Estado e 7

As vantagens da concessão Contrato com regras claras,, simples e diretas. Como o Estado possui menos informação do que as empresas, contratos complexos podem ser ruins para o Estado perseguir suas receitas governamentais. A taxa de participação especial assegura progressividade às receitas governamentais, em caso de maior lucratividade do projeto Adequado em países com instituições fortes e regime fiscal-tribut tributáriorio amadurecido 8

As vantagens da concessão As receitas governamentais podem ser equivalentes às do contrato de partilha de produção ão, em especial se ampliada for a participação especial (ver( tabela). Custo de monitoramento do contrato pelo Estado é menor Royalties garantem um mínimo de renda ao Estado, independentemente da lucratividade do projeto,, e são pagos a partir do início da produção (renda ex ante) 9

Receitas: concessão x partilha Tipo de contrato Alto risco Risco médio Baixo risco Concessão Royalties royalties e tributação convencional (imposto de renda) royalties, tributação convencional e participação especial em lucros extraordinários Partilha de produção royalties ou teto de recuperação de custos royalties ou teto de recuperação de custos e tributação convencional sobre a parcela de profit oil do contratante royalties ou teto de recuperação de custos, tributação convencional sobre a parcela de profit oil do contratante e parcela progressiva do Estado na partilha do profit oil 10

As vantagens da concessão O pagamento do bônus de assinatura garante ao Estado uma renda ex ante, e sem qualquer custo de monitoramento pelo Estado A concessão exige menos informação ex ante sobre a lucratividade do projeto, isto é, trata-se do modelo mais adequado se o cenário de prospecção de petróleo for incerto As companhias petrolíferas preferem, em regra, a concessão, porque podem lançar ar o petróleo não extraído em seus ativos (book barrels) 11

As desvantagens da concessão Concessionário é proprietário rio exclusivo do petróleo extraído Estado possui menor controle sobre a administração e comercialização do petróleo Na concessão,, a única garantia de receita para o Estado são os royalties, porque não há limitação à dedução de custos pelo concessionário ao se calcular o pagamento de imposto de renda e de participações especiais, os quais, portanto, podem nunca ser pagos.. O ideal seria criar o mecanismo de limitação de custos, em especial nas participações especiais. Há incentivos perversos para que a concessionária minta sobre seus custos,, o que aumenta o ônus de monitoramento do Estado sobre tais custos. 12

As desvantagens da concessão O pagamento de bônus de assinatura pode desestimular o investimento, principalmente se houver risco geológico gico ou político tico-institucionalinstitucional Em cenário de incerteza,, o bônus de assinatura será pago em valor menor do que o valor presente dos recursos minerais O pagamento de bônus de assinatura impede o aumento do nível de concorrência no setor, porque apenas grandes empresas,, com recursos financeiros disponíveis veis, poderão arcar com o pagamento de tais bônus.. A solução seria substituir os bônus de assinatura por uma alíquota maior de royalties,, a ser ofertada pelo concessionário na disputa licitatória ria. 13

As desvantagens da concessão A participação especial está fincada apenas na variável vel volume de produção de petróleo leo. Deveria combinar também a variável vel preço do barril do petróleo leo,, a fim de evitar distorções prejudiciais ao Estado ao se comparar elevado preço do petróleo e custos de produção estáveis A participação especial pode não gerar uma renda adicional significativa para o Estado, porque: : a) há dificuldades para se desenhar a taxa quanto a isenções e alíquotas quotas; ; b) se isenções forem altas,, a participação especial raramente será paga; ; c) se isenções forem baixas e/ou alíquotas altas, haverá desincentivo ao investimento e incentivo perverso para que as companhias mintam sobre custos. 14

As vantagens da partilha de produção Confere ao Estado maior controle de gerenciamento, administração e comercialização nas diversas etapas, da exploração à comercialização do petróleo O petróleo produzido é de propriedade do Estado,, o qual entrega ao contratante o cost oil e parte do profit oil. A cláusula de limitação de recuperação de custos constitui mecanismo eficaz aos interesses do Estado, garantido-lhe renda, ainda que o projeto não seja lucrativo. A fração de profit oil pertencente ao Estado pode assumir a forma progressiva,, o que a assemelha a uma participação especial, mas com a vantagem de que a recuperação de custos está, em regra, limitada por cláusula do contrato 15

As vantagens da partilha de produção Por ser contrato mais complexo, pode conter cláusulas que permitam flexibilidade na execução do contrato, em especial ao propiciar ajustes na rentabilidade estatal ao longo do contrato Como o contratante paga imposto de renda sobre sua parcela no profit oil, geralmente em petróleo leo, este contrato permite a adoção de cláusula de estabilidade fiscal, isto é,, se o IR aumentar, poderá o contrato prever, em compensação ão, uma maior participação do contratante no profit oil. A partilha de produção facilita a compreensão, pelo contratante,, do regime fiscal do País, porque todas as regras constam do contrato (em especial a regra de estabilidade fiscal) 16

As vantagens da partilha de produção A partilha de produção permite que o Estado ingresse no negócio como sócio do contratante, isto é, em verdadeira joint venture, partilhando assim os custos de investimento incorridos pelo contratante e fomentando o desenvolvimento do potencial produtivo do setor, mesmo porque o Estado é capaz de captar recursos financeiros a taxas bem menores do que as empresas A joint venture traz, ainda,, as seguintes vantagens: a) fomenta o sentimento de nacionalismo na condução da exploração de petróleo, b) facilita a transferência de tecnologia, segredos industriais, habilidades comerciais e know-how do contratante para o Estado, c) gera maior controle do Estado sobre o desenvolvimento do projeto. 17

As desvantagens da partilha de produção Trata-se de contrato mais complexo e custoso para o Estado administrar e monitorar,, dado que as despesas do contratante (todas) devem ser previamente aprovadas pelo ente estatal,, o que aumenta os esforços os estatais no monitoramento contábil do contratante O contratante possui incentivos perversos para mentir sobre seus custos (superfaturamentos e transferência de preços são as práticas mais comuns) Em regra, há necessidade de o contrato ser gerenciado por uma empresa estatal,, o que amplia a estrutura burocrática do Estado 18

As desvantagens da partilha de produção Como o petróleo pertence ao Estado, extraído ou não,, a companhia petrolífera não pode lançar ar o petróleo em seus ativos (book barrels) ) antes da partilha,, o que reduz seu valor de mercado e, por consequência, dificulta a obtenção de recursos financeiros para que a companhia honre o projeto. Nesse caso,, o Estado pode ser pressionado a investir, por meio da formação da joint venture,, o que representa uma constrição orçament amentária para o Estado, bem como aumenta os riscos do Estado no projeto (o campo pode não ser lucrativo e o Estado, portanto, não terá como recuperar o investimento). 19

As desvantagens da partilha de produção A joint venture possui as seguintes desvantagens para o Estado: a) o custo de investimento estatal, muitas vezes de valor vultoso e de pagamento vinculado no tempo (as entradas estatais); b) como o Estado arca com parte do custo, haverá o risco de prejuízos ao Estado se o projeto não for lucrativo; c) podem existir conflitos de interesse entre o Estado regulador e o Estado-sócio na joint venture, especialmente quanto ao impacto ambiental e social do projeto As companhias petrolíferas não apreciam, em regra, as joint ventures,, porque tal união acaba por partilhar culturas diferentes, as quais geram impacto negativo na eficiência produtiva. 20

As desvantagens da partilha de produção Se a partilha de produção não contiver cláusula de barreira na recuperação de custos pela contratante, a partilha não estimulará a eficiência, isto é,, não haverá um zelo maior, pelo contratante, no trato de suas despesas, o que possuirá incentivo perverso para promover o superfaturamento de suas despesas. Exige alteração de norma constitucional (art. 176, caput e parágrafo primeiro) e infraconstitucional para operar, o que poderá retardar o desenvolvimento do setor (atraso nas rodadas de licitações do pré-sal, por exemplo), ao menos enquanto o País s aguardar a alteração legislativa. 21

As desvantagens da partilha de produção Em regra,, a partilha de produção confere ao Estado uma receita ex post, vez que: : a) os bônus de assinatura não são comuns; ; o contratante oferece maior fração de profit oil ao Estado; ; b) não é comum a cobrança de royalties; ; c) as primeiras quantidades de petróleo produzidas são, em regra, revertidas integralmente ao contratante, integralmente,, a títulotulo de cost oil. Como a maior fatia de receita do Estado é obtida ao final do contrato (mesmo porque há limitação na recuperação de custos), há o perigo de o contratante querer encerrar a produção e abandonar o campo antes do momento correto, isto é,, antes do exaurimento do campo. Uma forma de incentivar o contratante seria a adoção da depreciação diferida. 22

As desvantagens da partilha de produção O contrato de produção de partilha exige um maior volume de informações ex ante sobre a real lucratividade do projeto, bem como é contrato de difícil adoção em países mal sucedidos no passado recente de exploração de petróleo A negociação do contrato de partilha é complexa; exige que os agentes do Estado conheçam muito bem os riscos do negócio, os custos de exploração, as tecnologias envolvidas, a qualidade do petróleo produzido etc. Isso é importante porque a rentabilidade do Estado depende, inclusive, da fixação de um teto que limite a recuperação de custos pelo contratante. Do contrário, rio, o contrato de partilha poderá ficar muito inapropriado aos interesses do Estado quando a real lucratividade do projeto for 23 conhecida.

Considerações finais O Estado somente conseguirá participação expressiva nas rendas derivadas da produção de petróleo se: a) o potencial geológico gico for atrativo, isto é,, há h baixo risco geológico, gico, baixo custo de extração, alto potencial produtivo do campo e alta qualidade do petróleo; b) o Estado possui estabilidade política e macroeconômica; c) o Estado possui força a para negociar, isto é,, não há h países competidores na região e o Estado disponibiliza à companhia petrolífera meios eficientes de escoamento da produção; d) o Estado possui experiência para negociar; e) o Estado possui reservas provadas; f) há h regras jurídicas que permitem que as companhias contabilizem barris em seus ativos 24

Considerações finais A adoção de obrigações de conteúdo local extensivas podem desestimular investimentos. Caso a exploração no presente gere ao Estado uma renda inferior à desejada, o melhor a fazer é postergar a exploração para o futuro, mesmo porque o preço o do petróleo tende a subir no longo prazo, enquanto que o custo de extração tende a cair. As práticas mais eficientes de licitação levam em consideração a oferta de uma maior alíquota de royalties e/ou profit oil ao Estado, ao invés s de bônus de assinatura, o que assegura maior competitividade ao setor. 25

Considerações finais Os contratos de exploração e produção de petróleo, sejam no modelo de concessão ou partilha de produção, devem possuir cláusulas ex ante, capazes de fomentar a renegociação do próprio prio contrato nas hipóteses de: a) descobertas de extensos depósitos de petróleo, b) elevação exagerada dos preços de petróleo, c) qualidade do petróleo inferior à esperada, d) custos de exploração e produção bem superiores ao esperado. A parcela de receita do Estado é variável vel de contrato para contrato porque: a) há h premissas irreais consideradas; b) o risco nem sempre é avaliado adequadamente; c) o cronograma de pagamento ( (timing payment) é desconsiderado pelo Estado, o que constitui um erro; d) os preços do petróleo e do custo de produção podem variar sensivelmente. 26