Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PJE AGTR : 0801590-75.2015.4.05.0000 AGRAVANTE: LEANDRO OROFINO ENCK ADVOGADO: ANDREIA ARAUJO MUNEMASSA AGRAVADO: EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMACOES DA PREVIDENCIA SOCIAL - DATAPREV (e outro) ADVOGADO: MARCELO AUGUSTO ALVES DA SILVA (e outro) JUIZ FEDERAL GEORGE MARMELSTEIN LIMA RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL ROGERIO DE MENESES FIALHO MOREIRA - 4ª TURMA RELATÓRIO Trata-se de agravo de instrumento interposto por LEANDRO OROFINO ENCK contra decisão que indeferiu o pedido de antecipação de tutela que objetivava a convocação e nomeação do ora agravante no cargo de Analista de tecnologia da Informação - Rede de Telecomunicações - Região Nordeste, junto à DATAPREV, empresa pública federal. Sustentam as razões de Agravo, em síntese, que a DATAPREV divulgou um novo Edital de concurso público referente ao mesmo cargo a que o agravante foi aprovado, Analista de Tecnologia da Informação - Rede de Telecomunicações - Nordeste, sem convocar nenhum dos candidatos aprovados no certame anterior, que ainda se encontrava no prazo de validade, requerendo assim a reforma da decisão agravada para que seja determinada à sua nomeação para o referido cargo e que a DATAPREV se abstenha de realizar nova seleção pública para o mesmo cargo até que os cargos sejam providos com os que foram aprovados no certame de 2011. Pedido liminar indeferido. Contrarrazões apresentadas. É o relatório. Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PJE AGTR : 0801590-75.2015.4.05.0000 AGRAVANTE: LEANDRO OROFINO ENCK ADVOGADO: ANDREIA ARAUJO MUNEMASSA AGRAVADO: EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMACOES DA PREVIDENCIA SOCIAL - DATAPREV (e outro)
ADVOGADO: MARCELO AUGUSTO ALVES DA SILVA (e outro) JUIZ FEDERAL GEORGE MARMELSTEIN LIMA RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL ROGERIO DE MENESES FIALHO MOREIRA - 4ª TURMA VOTO Cinge-se a questão na possibilidade ou não de que seja determinada a imediata nomeação do agravante ao cargo de Analista de tecnologia da Informação - Rede de Telecomunicações - Região Nordeste, junto à DATAPREV, em que foi aprovado no certame de 2011, e a não realização de nova seleção pública para o mesmo cargo até que os cargos sejam providos com os que foram aprovados no certame de 2011. O agravante busca demonstrar, em síntese, que o receio de dano irreparável está presente na medida em que o prazo de validade do concurso está chegando e ele não será convocado e nomeado para o cargo no qual obteve êxito. Sustenta que se inscreveu no Concurso Público da DATAPREV de 2011, para o cargo de Analista de Tecnologia da Informação - Cód. 2218 - Rede de Telecomunicações - Nordeste, sendo aprovado na 11ª posição. E que, não obstante, em 2012, a DATAPREV divulgou um novo Edital, para o mesmo cargo, Analista de Tecnologia da Informação - Rede de Telecomunicações - Nordeste, mas com código diferente, 3225, sem convocar nenhum dos candidatos aprovados no certame anterior, que ainda se encontrava no prazo de validade. Aduz, ainda, que devem ser chamados os aprovados no concurso de 2011, "de forma a garantir a manutenção e o incremento do desempenho operacional e o atendimento das metas definidas no planejamento empresarial". Defende que a DATAPREV necessita contratar pessoal, já que, após a divulgação do Edital de 2012, houve uma ratificação, visando ampliar o número de vagas existentes. Por fim, aponta que a Administração tem promovido vários concursos com o objetivo de compor cadastro de reserva, já que, caso determinasse o número de vagas, os candidatos aprovados dentro desse número teriam direito subjetivo à nomeação, enquanto que o concurso apenas para o cadastro de reserva não enseja a obrigação de nomear os aprovados. Ocorre que o agravante não se desincumbiu do ônus de demonstrar o risco de lesão grave e de difícil reparação, uma vez que a divulgação de um novo Edital de concurso público referente ao cargo a que o agravante foi aprovado, Analista de Tecnologia da Informação - Rede de Telecomunicações - Nordeste, da DATAPREV, em certame anterior, não se mostra uma medida suficiente capaz de atingir o cerne da efetividade das normas editalícias, quando ambos os concursos foram realizados para a formação de cadastro de reserva, não implicando na preterição por parte da Administração Pública da nomeação do agravante para o cargo ao qual fora aprovado, razão pela qual não se mostra presente a relevância da fundamentação. Inclusive, importa registrar que, conforme documentação acostada aos autos, não houve comprovação pelo agravante do surgimento de novas vagas durante o prazo de validade do concurso de 2011, não sendo possível, ao que parece, que a agravada convoque e nomeie o candidato, ora agravante, sem que haja vaga a ser preenchida no cargo pretendido, dentro do prazo de validade do certame. Portanto, não havendo fatos novos em favor do agravante, que ensejem mudança de posicionamento do julgamento, em 30.04:2015, da decisão que indeferiu o pedido de atribuição de efeito suspensivo ativo ao presente agravo de instrumento, entendo que a mesma merece ser mantida pelos seus próprios fundamentos, conforme se depreende abaixo: "(...). Em sede de juízo provisório, próprio das decisões liminares, parece-me que não se encontra presente o requisito da relevância da fundamentação.
Isso porque o Edital nº 01/201 (id. 4058100.376821) do Concurso Público nº 01/2011 estabeleceu no item 1.2 que a seleção destinava-se apenas à formação de cadastro de reserva. Vejamos: "1.2 A seleção destina-se à formação de cadastro de reserva de pessoal visando ao provimento de vagas que surgirem no decorrer do prazo de validade deste Concurso Público, que será de dois anos, prorrogável uma vez por até igual período, a contar da data de homologação do certame, nas regiões, cargos e perfis relacionados na Tabela do item 1.11 deste edital." De igual modo, o Edital nº 01/2012 do Concurso Público nº 01/2012 (id. 4058100.376834) também dispôs expressamente que o certame seria realizado para preenchimento de cadastro de reserva. Confira-se: "1.2 A seleção destina-se à formação de cadastro de reserva de pessoal visando ao provimento de vagas que surgirem no decorrer do prazo de validade deste Concurso Público, que será de dois anos, prorrogável uma vez por até igual período, a contar da data de homologação do certame, nas regiões, cargos e perfis relacionados na Tabela do item 3 deste edital." Segundo a jurisprudência do STJ os candidatos aprovados além do número de vagas possuem apenas expectativa de direito, não havendo que se falar em direito líquido e certo à nomeação, como pode ser constatado a partir do seguinte julgado: ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. CONCURSO PÚBLICO. APROVAÇÃO FORA DAS VAGAS PREVISTAS NO EDITAL. IMPETRAÇÃO DURANTE O PRAZO DE VALIDADE. EXPECTATIVA DE DIREITO. PRECEDENTES. ALEGAÇÃO DE SURGIMENTO DE NOVAS VAGAS. - RE 598.099/MG. DISCRICIONARIEDADE DA ADMINISTRAÇÃO. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 1. Cuida-se de agravo regimental interposto contra decisão monocrática que negou provimento ao recurso ordinário no qual se pleiteava a nomeação de candidato aprovado fora das vagas previstas no Edital. O writ of mandamus foi impetrado durante a vigência da validade do concurso público. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça está pacificada no sentido de que não há falar em direito líquido e certo à nomeação se ainda houver tempo de validade do certame pois, em tais casos, subsiste discricionariedade da administração pública para efetivar a nomeação. Precedentes: MS 18.717/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, DJe 5.6.2013; e RMS 43.960/RJ, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 10.12.2013. 3. Ademais, cabe anotar que a Primeira Seção, nos autos do MS 17.886/DF, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 14.10.2013, reafirmou o entendimento do Supremo Tribunal Federal, havido nos autos do RE 598.099/MG, de que os candidatos aprovados fora do número de vagas previstas no edital - ou, em concurso para cadastro de reserva - não possuem direito líquido e certo à nomeação, mesmo que novas vagas surjam no período de validade do concurso (seja por criação em lei, seja por força de vacância), uma vez que tal preenchimento está sujeito a juízo de conveniência e oportunidade da administração pública. Agravo regimental improvido. (AgRg no RMS 45.464/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/10/2014, DJe 29/10/2014) Anote-se, por fim, que o agravante não demonstrou o surgimento de vaga no prazo de validade do certame, sendo imperioso observar que no eventual surgimento de vagas a administração terá de respeitar a ordem de classificação no certame. (...)." Ao adotar-se a referida linha de raciocínio, parece-me que, no mérito, não há como acolher a pretensão do agravante, não sendo possível, pelo menos em sede liminar, que seja determinada a imediata nomeação do agravante ao cargo de Analista de tecnologia da Informação - Rede de Telecomunicações - Região Nordeste, junto à DATAPREV, nem tampouco a abstenção da agravada de realizar nova seleção pública para o mesmo cargo até que os cargos sejam
providos com os que foram aprovados no certame de 2011, até o julgamento definitivo da demanda. Assim, numa análise preliminar, própria ao exame dos pressupostos da antecipação de tutela, não antevejo a plausibilidade do direito pleiteado pelo agravante. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao Agravo. É como voto. Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PJE AGTR : 0801590-75.2015.4.05.0000 AGRAVANTE: LEANDRO OROFINO ENCK ADVOGADO: ANDREIA ARAUJO MUNEMASSA AGRAVADO: EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMACOES DA PREVIDENCIA SOCIAL - DATAPREV (e outro) ADVOGADO: MARCELO AUGUSTO ALVES DA SILVA (e outro) JUIZ FEDERAL GEORGE MARMELSTEIN LIMA RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL ROGERIO DE MENESES FIALHO MOREIRA - 4ª TURMA EMENTA AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. PRETERIÇÃO. INOCORRÊNCIA. CADASTRO DE RESERVA. SEM VAGAS A SEREM PREENCHIDAS. NÃO HOUVE COMPROVAÇÃO DO RISCO DE LESÃO GRAVE E DE DIFÍCIL REPARAÇÃO. AUSÊNCIA DA PLAUSIBILIDADE DO DIREITO DO AGRAVANTE. RECURSO IMPROVIDO. 1. Agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu o pedido de antecipação de tutela que objetivava a convocação e nomeação do ora agravante no cargo de Analista de tecnologia da Informação - Rede de Telecomunicações - Região Nordeste, junto à DATAPREV, empresa pública federal. 2. Cinge-se a questão na possibilidade ou não de que seja determinada a imediata nomeação do agravante ao cargo de Analista de tecnologia da Informação - Rede de Telecomunicações - Região Nordeste, junto à DATAPREV, em que foi aprovado no certame de 2011, e a não realização de nova seleção pública para o mesmo cargo até que os cargos sejam providos com os que foram aprovados no certame de 2011. 3. O agravante busca demonstrar, em síntese, que o receio de dano irreparável está presente na medida em que o prazo de validade do concurso está chegando e ele não será convocado e nomeado para o cargo no qual obteve êxito. 4. Sustenta que se inscreveu no Concurso Público da DATAPREV de 2011, para o cargo de Analista de Tecnologia da Informação - Cód. 2218 - Rede de Telecomunicações - Nordeste, sendo aprovado na 11ª posição. E que, não obstante, em 2012, a DATAPREV divulgou um novo Edital, para o mesmo cargo, Analista de Tecnologia da Informação - Rede de Telecomunicações - Nordeste, mas com código diferente, 3225, sem convocar nenhum dos candidatos aprovados no certame anterior, que ainda se encontrava no prazo de validade. 5. Aduz que devem ser chamados os aprovados no concurso de 2011, "de forma a garantir a manutenção e o
incremento do desempenho operacional e o atendimento das metas definidas no planejamento empresarial". Defende que a DATAPREV necessita contratar pessoal, já que, após a divulgação do Edital de 2012, houve uma ratificação, visando ampliar o número de vagas existentes. 6. Aponta que a Administração tem promovido vários concursos com o objetivo de compor cadastro de reserva, já que, caso determinasse o número de vagas, os candidatos aprovados dentro desse número teriam direito subjetivo à nomeação, enquanto que o concurso apenas para o cadastro de reserva não enseja a obrigação de nomear os aprovados. 7. O agravante não se desincumbiu do ônus de demonstrar o risco de lesão grave e de difícil reparação, uma vez que a divulgação de um novo Edital de concurso público referente ao cargo a que o agravante foi aprovado, Analista de Tecnologia da Informação - Rede de Telecomunicações - Nordeste, da DATAPREV, em certame anterior, não se mostra uma medida suficiente capaz de atingir o cerne da efetividade das normas editalícias, quando ambos os concursos foram realizados para a formação de cadastro de reserva, não implicando na preterição por parte da Administração Pública da nomeação do agravante para o cargo ao qual fora aprovado, razão pela qual não se mostra presente a relevância da fundamentação. 8. Conforme documentação acostada aos autos, não houve comprovação pelo agravante do surgimento de novas vagas durante o prazo de validade do concurso de 2011, não sendo possível, ao que parece, que a agravada convoque e nomeie o candidato, ora agravante, sem que haja vaga a ser preenchida no cargo pretendido, dentro do prazo de validade do certame. 9. Não havendo fatos novos em favor do agravante, que ensejem mudança de posicionamento do julgamento, em 30.04:2015, da decisão que indeferiu o pedido de atribuição de efeito suspensivo ativo ao presente agravo de instrumento, entende-se que a mesma merece ser mantida pelos seus próprios fundamentos. 10. "O Edital nº 01/201 (id. 4058100.376821) do Concurso Público nº 01/2011 estabeleceu no item 1.2 que a seleção destinava-se apenas à formação de cadastro de reserva. (...). O Edital nº 01/2012 do Concurso Público nº 01/2012 (id. 4058100.376834) também dispôs expressamente que o certame seria realizado para preenchimento de cadastro de reserva." 11. Parece que não há como acolher a pretensão do agravante, não sendo possível, pelo menos em sede liminar, que seja determinada a imediata nomeação do agravante ao cargo de Analista de tecnologia da Informação - Rede de Telecomunicações - Região Nordeste, junto à DATAPREV, nem tampouco a abstenção da agravada de realizar nova seleção pública para o mesmo cargo até que os cargos sejam providos com os que foram aprovados no certame de 2011, até o julgamento definitivo da demanda. 12. Ausência de plausibilidade do direito pleiteado pelo agravante. Agravo de Instrumento improvido. ACÓRDÃO Vistos, etc. Decide a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao Agravo de Instrumento, nos termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife, 30 de junho de 2015. Des. Federal ROGÉRIO FIALHO MOREIRA Relator