Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho PJe-APELREEX0800041-84.2014.4.05.8400 APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS APELADO: ELIANE DE HOLANDA CAVALCANTI SOARES ADVOGADO: ISMÁLIA GALHARDO DE OLIVEIRA ORIGEM RELATOR : 1ª VARA FEDERAL/RN : DES. FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO - 2ª TURMA (Relatório) O desembargador federal Vladimir Souza Carvalho: Eliane de Holanda Cavalcanti Soares ajuizou ação contra o Instituto Nacional do Seguro Social, objetivando a aposentadoria especial de professor desde o requerimento administrativo de 08 de novembro de 2012. A sentença julgou procedente a pretensão. Recorre a demandada, alegando que a requerente não cumpriu os requisitos para o benefício, destacando que, no período de 02 de maio de 1989 a 30 de abril de 1995, prestado pela segurada como supervisora, cargo de especialista em educação, o qual não se inclui entre as funções do magistério, não pode ser submetido à contagem qualificada, nos termos da ADI 3.772/DF. A apelada apresentou resposta ao recurso. É o Relatório. Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho PJe-APELREEX0800041-84.2014.4.05.8400
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS APELADO: ELIANE DE HOLANDA CAVALCANTI SOARES ADVOGADO: ISMÁLIA GALHARDO DE OLIVEIRA ORIGEM RELATOR : 1ª VARA FEDERAL/RN : DES. FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO - 2ª TURMA (Voto) O desembargador federal Vladimir Souza Carvalho: A pretensão inicial é a aposentadoria especial de professor. A Constituição Federal, 8º, do art. 201, estabelece a aposentadoria aos trinta anos de serviço, para homem, e vinte e cinco anos, se mulher, desde que se comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. Na hipótese em exame, a autarquia previdenciária reconheceu a contagem qualificada do tempo de serviço nos os períodos de 02 de maio de 1995 a 28 de fevereiro de 2000, quando a segurada desempenhou a função de vice-diretor de escola, e de 01 de março de 2000 a 08 de novembro de 2012, na função de coordenadora pedagógica. No período de 01 de agosto de 1981 a 15 de fevereiro de 1984, consoante anotações na carteira de trabalho e previdência social, a segurada exerceu a função de professora primária em instituição religiosa, devendo o intervalo citado ser alcançado pela contagem especial. O reclamo da autarquia concentra-se no período de 02 de maio de 1989 a 30 de abril de 1995, prestado na função de supervisora. A apelante assevera que por ser cargo de especialista em educação, não se inclui entre as funções do magistério, sendo indevida a contagem qualificada, nos termos da ADI 3.772/DF. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3.772/DF, assim decidiu: Ação Direta de Inconstitucionalidade manejada contra o art. 1º da Lei Federal 11.301/2006, que acrescentou o 2º ao art. 67 da Lei 9.394/1996. Carreira de magistério. Aposentadoria especial para os exercentes de funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico. Alegada
ofensa aos arts. 40, 5º, e 201, 8º, da Constituição Federal. Inocorrência. Ação julgada parcialmente procedente, com interpretação conforme. I - A função de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho em sala de aula, abrangendo também a preparação de aulas, a correção de provas, o atendimento aos pais e alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção de unidade escolar. II - As funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidos, em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, 5º, e 201, 8º, da Constituição Federal. III - Ação direta julgada parcialmente procedente, com interpretação conforme, nos termos supra. A decisão acima consolida o entendimento de que as funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidas em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, assegurando-se, assim, que apenas os professores de carreira sejam contemplados com a aposentadoria especial estabelecida nos arts. 40, 5º, e 201, 8º, da Constituição. No período destacado pela apelante, consoante documentos juntados, a segurada exercia a função/cargo de supervisora de ensino, no Colégio Bereiano, desempenhando suas atividades junto aos alunos da Educação Infantil. Observe-se a Declaração emitida pela Fundação Karis - Colégio Bereiano: Nesta função a mesma atende pais - fazendo intervenções no que diz respeito ao desempenho acadêmico dos alunos, atende a professores - promovendo formação continuada, orientando no planejamento escolar, fazendo o acompanhamento da aprendizagem e promovendo atividades que contribuam com o avanço pedagógico deles. Entendo que as atividades da segurada, no período de 02 de maio de 1989 a 30 de abril de 1995, estão compreendidas na função de magistério, consoante entendimento da Corte Suprema, por terem sido desempenhadas por professor, em estabelecimento de ensino infantil e compreenderem atividades de assessoramento e coordenação, devendo ser reconhecida como tempo de serviço em condições especiais (professor). Ademais, como observa a sentença recorrida, a autarquia reconheceu a especialidade dos períodos em que a segurada exerceu a função de vice-diretora e de coordenadora pedagógicas, assim, considerando as atividades exercidas como supervisora, não há como afastar a contagem especial.
Assim, reputo como tempo de serviço na função de magistério (educação infantil) os períodos de 01 de agosto de 1981 a 15 de fevereiro de 1984, 02 de maio de 1989 a 30 de abril de 1995, 02 de maio de 1995 a 28 de fevereiro de 2000, 01 de março de 2000 a 08 de novembro de 2012, circunstância que confere mais de vinte e cinco anos de serviço, fazendo jus à aposentadoria especial de professor, desde o requerimento administrativo de 08 de novembro de 2012. Sobre as diferenças devidas, ressalvada a prescrição quinquenal, fica afastada a utilização da Lei 11.960/09, para a dupla função de computar os juros de mora e corrigir o débito, em sintonia com a recente decisão proferida no Plenário desta Corte nos Embargos de Declaração nos Embargos Infringentes 22.880-PB, des. Paulo Roberto de Oliveira Lima, em 17 de junho de 2015: Processual Civil. Embargos de Declaração. Ocorrência de omissão. Correção Monetária. Juros de Mora. 1- Os autos retornaram da Vice-Presidência desta Corte para novo exame da matéria objeto de julgamento (art. 543-C, 7º, II, do CPC), diante do entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, no julgamento do REsp 1.091.539/AP, no sentido de que nos casos de desvio de função, o servidor tem direito à percepção das diferenças vencimentais. Daí que o acórdão embargado, em exercício de juízo de retratação, deu provimento aos embargos infringentes do particular, mas restou omisso quanto à fixação da correção monetária e juros de mora. 2- Sobre as parcelas devidas, aplica-se o critério de atualização previsto no Manual de Cálculos da Justiça Federal, a contar do débito e juros de mora de 0,5% ao mês, a partir da citação (Lei nº 9.494/97, art. 1º-F, com redação dada pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001). 3- Embargos de declaração providos. Desta feita, os juros moratórios incidirão à razão de meio por cento ao mês, a contar da citação. O débito será corrigido, desde o vencimento de cada parcela, pelos índices previstos no Manual de cálculos da Justiça Federal, como já determinou a sentença. Os honorários advocatícios, fixados em dez por cento sobre o valor da condenação, conformamse com o art. 20, 4º, do Código de Processo Civil e com a jurisprudência pacificada pela eg. 2ª Turma desta Corte, mas devem observar a aplicação da Súmula 111, do Superior Tribunal de Justiça. Por este entender, nego provimento à apelação e dou provimento, em parte, à remessa oficial para determinar que os juros de mora observem como termo inicial a citação e os honorários, a Súmula 111, do Superior Tribunal de Justiça.
É como voto. Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho PJe-APELREEX0800041-84.2014.4.05.8400 APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS APELADO: ELIANE DE HOLANDA CAVALCANTI SOARES ADVOGADO: ISMÁLIA GALHARDO DE OLIVEIRA ORIGEM RELATOR : 1ª VARA FEDERAL/RN : DES. FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO - 2ª TURMA (Ementa) Processo civil e Previdenciário. Apelação e remessa oficial de sentença que julgou procedente pedido de aposentadoria especial (professor). - A Constituição Federal, 8º, art. 201, estabelece a aposentadoria aos trinta anos de serviço, para homem, e vinte e cinco anos, se mulher, desde que se comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. - O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3.772/DF, decidiu que as funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidas em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, assegurando-se, assim, que apenas os professores de carreira sejam contemplados com a aposentadoria especial estabelecida nos arts. 40, 5º, e 201, 8º, da Constituição. - A autarquia previdenciária reconheceu a contagem qualificada do tempo de serviço nos períodos de 02 de maio de 1995 a 28 de fevereiro de 2000, quando a segurada desempenhou a função de vice-diretor de escola, e de 01 de março de 2000 a 08 de novembro de 2012, na função de coordenadora pedagógica. - No período de 01 de agosto de 1981 a 15 de fevereiro de 1984, consoante anotações na carteira de trabalho e previdência social, a segurada exerceu a função de professora primária em instituição religiosa, devendo o intervalo citado ser alcançado pela contagem especial. - No período de 02 de maio de 1989 a 30 de abril de 1995, a segurada exercia a função/cargo de supervisora de ensino, no Colégio Bereiano, desempenhando suas atividades junto aos alunos da Educação Infantil, atendendo alunos, pais e professores, orientando no planejamento escolar,
fazendo o acompanhamento da aprendizagem e promovendo atividades que colaboravam com o avanço pedagógico, fazendo jus à contagem qualificada porque as atividades exercidas estão compreendidas na função de magistério. - Contagem especial, na função de magistério (educação infantil), nos períodos de 01 de agosto de 1981 a 15 de fevereiro de 1984, 02 de maio de 1989 a 30 de abril de 1995, 02 de maio de 1995 a 28 de fevereiro de 2000, 01 de março de 2000 a 08 de novembro de 2012, circunstância que confere mais de vinte e cinco anos de serviço, fazendo jus à aposentadoria especial de professor, desde o requerimento administrativo de 08 de novembro de 2012. - Juros moratórios a contar da citação. - Os honorários advocatícios devem observar a aplicação da Súmula 111, do Superior Tribunal de Justiça. - Apelação improvida. Remessa oficial provida quanto ao termo inicial dos juros de mora e a incidência da aludida Súmula 111, do Superior Tribunal de Justiça. (Acórdão) Vistos, etc. Decide a Egrégia Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade negar provimento à apelação e dar provimento, em parte, à remessa oficial, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos. Recife, 20 de outubro de 2015. Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho jmda Relator