Estudo do comportamento da Dengue na cidade de Araguari- MG por meio de séries temporais. 1 Introdução Luiz Carlos Costa Júnior 1 Ednaldo Carvalho Guimarães 2 A dengue é uma doença reemergente, e constitui hoje a mais importante doença viral humana transmitida por mosquito. Todo ano no período chuvoso há um aumento nos casos da doença, pois nesse período aumentam-se os focos nos quais o mosquito se reproduz levando sempre a população a entrar em estado de alerta para um combate mais eficaz. O conhecimento do comportamento dessa doença se torna importante para previsão e controle da infestação. A estatística apresenta diversas metodologias para o estudo do comportamento das variáveis no tempo, dentre estas se encontra a análise de séries temporais (MORETTIN e TOLOI, 2004). A análise de séries se baseia, frequentemente, na decomposição das componentes sazonalidade e tendência para a modelagem da série geral e o modelo é usado para se fazer previsões (MORETTIN e TOLOI, 2004). Vários estudos têm utilizado esta metodologia em diferentes áreas de conhecimentos (ARAÚJO et al (2009); SILVA et al (2008); GOMES (2003)). O objetivo deste trabalho foi utilizar técnicas de análises de séries temporais para ajustar modelo estatístico do comportamento da dengue em Araguari-MG e fazer previsão por meio deste modelo. 2 Metodologia Os dados de casos notificados e casos confirmados de dengue no Município de Araguari-MG foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde e corresponde ao período de janeiro de 2007 a dezembro de 2012, totalizando 72 dados mensais. 1 Acadêmico do Curso de Graduação em Estatística Bolsista PIBIC/CNPq Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Matemática Campus Santa Monica 38400 902 Uberlândia MG luizcarloscostajr11@gmail.com 2 Professor Doutor Orientador Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Matemática Campus Santa Monica 38400 902 Uberlândia MG ecg@ufu.br
Para as variáveis casos notificados e casos confirmados procedeu-se as seguintes análises estatísticas: análise descritiva foi feito o gráfico de comportamento para verificar sazonalidade e tendências da série, em seguida utilizou-se o diagrama de caixas (Box-Plot) para verificar valores extremos; análise do modelo de séries temporais - procedeu-se ao ajuste do modelo e com base nesse modelo ajustado foram realizadas as previsões para os cinco primeiros meses do ano de 2013. 3 Resultados e Discussão A Figura 1 mostra o comportamento da série de casos notificados e casos confirmados no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2012, na cidade de Araguari- MG. Figura 1- Comportamento de casos notificados e de casos confirmados de Dengue, no Município de Araguari-MG, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2012. Fonte: Secretária Municipal de Saúde. Percebe-se que em janeiro de 2010 ocorreu um pico da doença na cidade, e que sempre no período de janeiro a abril ocorre a maior incidência da infestação que é coincidente com o período de chuvas na região do triângulo mineiro. E não se percebe tendência aparente na série. A Figura 2 apresenta a análise de valores extremos por meio do diagrama de caixas (Box-Plot).
Figura 2- Análise de valores extremos dos casos notificados e casos confirmados de dengue, no município de Araguari-MG, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2012. O valor correspondente a janeiro de 2007 se apresenta muito fora do padrão, sendo caracterizado como valor extremo. Após a retirada do mesmo foi feito novamente o diagrama de caixas e o verificou-se a ausência de valores extremos. No ajuste dos modelos considerando este valor extremo observou-se não significância de nenhum modelo ajustado. Após a retirada desse valor extremo foi possível ajustar modelos de séries temporais para explicar as duas variáveis em análise. A Figura 3 mostra os gráficos após a retirada de valores extremos e o ajuste dos modelos ARIMA.
Figura 3- Séries observadas, séries ajustadas, intervalos de confiança para as estimativas e previsão com o respectivo intervalo de confiança para o número de casos notificados e confirmados para a dengue, no município de Araguari- MG, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2012. Os modelos de séries temporais ajustado para a variável casos notificados foi o SARIMA (1,0,0) (0,0,1) com estimativa do AR=0,824 e do MA= -0,243, e para o modelo ajustado para a variável casos confirmados foi o ARIMA (1,0,0) com estimativa do AR =0,605. Verificou-se que os dois modelos foram significativos e são representados na Figura 3. O modelo ajustado foi utilizado para se fazer as previsões no ano de 2013. Observa-se por meio dos modelos reajustados que há uma tendência de ocorrer mais casos no período de janeiro a abril, o qual coincide com o período de chuvas no município. Portanto, as ações de combate ao mosquito transmissor devem ser intensificadas neste período. A previsão para o ano de 2013 pode ser visualizada na Tabela 1.
Tabela 1- Previsões do número de casos notificados (SARIMA(1,0,0)(0,0,1)) e do número de casos confirmados (ARIMA(1,0,0)) para a dengue, no Município de Araguari-MG, para os meses de janeiro a maio de 2013. Meses Variável Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Notificados 40 04 17 17 21 Confirmados 24 02 10 08 13 4 Conclusão Conclui-se que a metodologia de séries temporais pode proporcionar resultados satisfatórios no estudo do comportamento da dengue em Araguari-MG, entretanto, há a necessidade de se obter uma série maior e mais consistente visando melhorar a precisão e a confiabilidade dos resultados. 5 Referências [1] ARAÚJO, M. F. C. et al. Precipitação pluviométrica mensal no estado do rio de janeiro: sazonalidade e tendência. Biosci. J., Uberlândia, v. 25, n. 4, p. 90-100, Jul./Ago. 2009. [2] GOMES, A. S. Modelagem e Previsão da Arrecadação do Imposto de Renda no Brasil. 2003. 133 f. Dissertação (Mestrado em Estatística) Universidade Federal do Pernambuco, Recife. [3] MORETTIN, P. A.; Toloi, Clélia M. C. Análise de Séries Temporais. 1. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2004. 535 p. [4] SILVA, M. I. S. et al. Previsão da temperatura média mensal de Uberlândia, MG, com modelos de séries temporais. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, PB, v.12, n.5, p.480-485, jan. 2008. Agradecimentos Ao CNPq pela bolsa de Iniciação Científica do aluno e a FAPEMIG pelo auxilio financeiro para a participação no evento.