THIAGO REGINALDO ASPECTOS FISIOLÓGICOS, PSÍQUICOS, ORGANIZACIONAIS E ERGONÔMICOS DO DESEMPENHO LABORAL DE TRABALHADORES CADEIRANTES FLORIANÓPOLIS SC



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Transcrição:

THIAGO REGINALDO ASPECTOS FISIOLÓGICOS, PSÍQUICOS, ORGANIZACIONAIS E ERGONÔMICOS DO DESEMPENHO LABORAL DE TRABALHADORES CADEIRANTES FLORIANÓPOLIS SC 2006

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DESPORTOS - CEFID COORDENADORIA DE TRABALHOS MONOGRÁFICOS - CTM CURSO DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇAO FÍSICA THIAGO REGINALDO ASPECTOS FISIOLÓGICOS, PSÍQUICOS, ORGANIZACIONAIS E ERGONÔMICOS DO DESEMPENHO LABORAL DE TRABALHADORES CADEIRANTES Trabalho apresentado à Coordenadoria de Trabalhos Monográficos do Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos da Universidade do Estado de Santa Catarina para obtenção de grau de Licenciado em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Fernando Roberto de Oliveira Co-orientador: Prof a Esp. Adriana Seará Tirloni FLORIANÓPOLIS SC 2006

THIAGO REGINALDO ASPECTOS FISIOLÓGICOS, PSÍQUICOS, ORGANIZACIONAIS E ERGONÔMICOS DO DESEMPENHO LABORAL DE TRABALHADORES CADEIRANTES Monografia como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciado no curso de graduação em Educação Física da Universidade do Estado de Santa Catarina. Banca Examinadora: Orientador: Prof. Dr. Fernando Roberto de Oliveira (CEFID-UDESC) Orientador / Presidente Co-orientador: Prof a. Esp. Adriana Seará Tirloni (CEFID-UDESC) Co-orientadora Membro: Prof. Dr. Rudney Silva (CEFID-UDESC) Membro Florianópolis, (04/10/2006)

A todas as pessoas que acreditaram na eficácia do ensino, no professor e que buscam a auto realização, como sentido pra suas vidas. Aos meus pais e as pessoas amadas.

AGRADECIMENTOS Agradeço ao Amor que todos ofereceram para a realização deste trabalho, inicialmente, ao amor de deus, nosso pai, criador e benfeitor. Aos meus queridos pais, Lourdes e Paulo, por todo o amor e carinho concedido, pelos momentos em que mais precisava estarem sempre do meu lado, pela comida quente sobre a mesa quando chegava cansado da faculdade já tarde da noite. Ao meu irmão, Henrique, pelas madrugadas de conversa, por todo o carinho e compreensão, por me levar de carro quando estava atarefado e não dava conta de todos os compromissos. Aos meus amigos Edemir e Mariana por estarem sempre de ouvidos bem atentos as minhas indecisões e reclamações, pelos momentos de alegria e sufoco. A minha turma, em especial a Sandra, Eliane e Graziela, Ricardo e André, pessoas nas quais tenho muito apreço e sempre estiveram dispostas a ajudar quando precisava, além de colegas de faculdade são grandes amigos. Ao meu orientador, Professor Fernando, uma pessoa que admiro muito, pela sua sinceridade, inteligência e determinação, além da tranqüilidade que sempre me passou quando estava angustiado. A co-orientadora, Professora Adriana, pela disposição em ajudar quando precisava. Vocês souberam desde o início me incentivar na busca de certezas, ampliando meus horizontes, respeitando meu ritmo

e minhas convicções. Saibam que tenho um profundo respeito pelas grandes realizações no meio acadêmico, mas principalmente pelo ser humano que vocês se mostraram. Ao professor Rudney que aceitou ao convite para participação da banca desta pesquisa. Aos participantes da monografia que foram muito gentis e contribuíram com muita alegria para a realização desta pesquisa, pela experiência que adquiri junto a vocês, e por contribuírem na minha formação cidadã e profissional. A Marilda por ter contribuído com a realização deste estudo, sempre se mostrando bem preocupada com o desenvolvimento da pesquisa. Ao Laboratório de Pesquisa Morfofuncional LAPEM, responsável pelo desenvolvimento da pesquisa, a todos aqueles que contribuíram de alguma forma. Ao Núcleo de Cardiologia e Medicina Desportiva, por liberar um espaço para que pudesse melhorar a habilidade de aferir a pressão arterial. Obrigado a todos vocês que contribuíram para realização deste trabalho, sem vocês isso seria inviável.

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

RESUMO No ambiente de trabalho o deficiente cadeirante convive diariamente com uma série de limitações causadas pelas condições do espaço laboral. O presente estudo teve por objetivo verificar os aspectos fisiológicos, psíquicos, organizacionais e ergonômicos que caracterizam o desempenho laboral de trabalhadores cadeirantes de empresas públicas e privadas do município de Florianópolis. A amostra foi composta por 12 sujeitos (34,0 + 12,2) com diferentes tipos de deficiência: 4 Paraplégicos (PR), 1 Tetraplégico (TR), 4 Seqüelas de Infecção (SI), 2 Paralisados Cerebrais (PC) e 1 Doença Neuromuscular Progressiva (DNP). A pesquisa foi realizada em 8 diferentes empresas (4 públicas e 4 privadas), foram feitos dois dias de coletas da freqüência cardíaca (FC) durante toda a jornada de trabalho (6,0 + 0,9 horas) e aferição da pressão arterial (PA) em conjunto com um questionário de avaliação subjetiva de cansaço no início, meio e fim da jornada. Foi realizada uma entrevista semi-estruturada de um questionário adaptado de Deliberato (2002) e Andrade (2001), com questões relativas à caracterização da empresa, a área de trabalho e auto-controle de estresse. Os resultados sobre o estresse no trabalho revelaram que 83,3 % da amostra se estressa de algum modo, dentre as causas apontadas como causadoras de estresse destacaram-se a desvalorização humana da empresa pelo trabalhador; o excesso de trabalho e responsabilidades; muita pressão no trabalho e a falta de tempo para lazer e esporte. A FC média dos participantes foi de 89,0 + 10,7 bpm. A FC média dos PR durante a atividade laboral foi de 82 + 10,91 bpm, dos TR 72 + 7,07 bpm, dos DNP 99 + 4,24 bpm, dos que tiveram SI 88 + 1,64 bpm e a dos PC 106 + 6,24 bpm. Foram verificadas modificações de pressão arterial e aumento da freqüência cardíaca em alguns indivíduos da pesquisa, estes fatores parecem estar relacionados à adaptações ao ambiente de trabalho, relacionamento social e questões ligadas diretamente à mobilidade na cadeira de rodas. Pode-se observar que na metade final da jornada de trabalho houve um comprometimento gradativo da concentração, produtividade, nervosismo, cansaço, fadiga visual, dor na região lombar e costas. Com estes resultados conclui-se que os maiores níveis de estresse estão relacionados a fatores biopsicosociais e dificuldades na mobilidade. PALAVRAS-CHAVE: Trabalho. Estresse. Cadeirante.

ABSTRACT In the environment of work the wheelchair deficient coexists daily with a series of limitations caused by the conditions of the laboral space. The present study had since objective to checked physiological, psychological, organizational and ergonomics aspects what characterize the performance of workers who use wheelchair of public and particular enterprises of Florianópolis. The sample was composed by 12 subjects (34,0 + 12,2) with different types of deficiency: 4 Paraplegics (PR), 1 Tetraplegic (TR), 4 Sequels of Infection (SI), 2 Cerebral Palsy (CP) and 1 Hereditary Neuromuscular Disease (HND). The inquiry was carried out in 8 different enterprises (4 public ones and 4 particular), there were passed two days of collections of the heart rate (HR) during the whole working day (6,0 + 0,9 hours) and gauging of the blood pressure (BP) together with a questionnaire of subjective evaluation of tiredness in the beginning, way and end of the journey. There was carried out a semi-structured interview of a well-adjusted questionnaire of Deliberato (2002) and Andrade (2001), with relative questions the characterization of the enterprise, the area of work and self-control of stress. The results on the stress in the work revealed what 83,3 % of the sample stresses in some way, among the causes pointed as which caused stress they detached the human devaluation of the enterprise for the worker; the excess of work and responsibilities; great pressure in the work and the lack of time for leisure and sport. To HR average of the participants went of 89,0 + 10,7 bpm. To HR average of the PR during the activity laboral was of 82 + 10,91 bpm, of the TR 72 + 7,07 bpm, of the HND 99 + 4,24 bpm, of what they had SI 88 + 1,64 bpm and that of the CP 106 + 6,24 bpm. There were checked modifications of blood pressure and increase of the cardiac frequency in some individuals of the inquiry, it seems to these factors to be made a list to the adaptations to the environment of work, social relationship and questions been connected straightly of the mobility in the wheelchair. It is possible to notice that in the final half of the working day there was a gradual compromising of the concentration, productivity, nervousness, tiredness, visual fatigue, pain in the lumbar region and back. With these results it is ended that the biggest levels of stress are made a list to factors biological, social, psychological and difficulties in the mobility. KEY WORDS: Work. Stress. Wheelchair user.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1 -Classificação da pressão arterial de adultos com idade igual ou superior a 18 anos...37 Quadro 2 -Agentes causais de lesões medulares...48 Quadro 3 -Amiotrofia muscular espinhal...54

LISTA DE TABELAS Tabela 1 -Nível de escolaridade...61 Tabela 2 -Motivos para a utilização da cadeira de rodas...62 Tabela 3 -Diagnóstico dos trabalhadores cadeirantes...62 Tabela 4 -Distribuição das modalidades por sujeito...64 Tabela 5 -Histórico pessoal e familiar de doenças...67 Tabela 6 -Desvios de coluna vertebral...67 Tabela 7 -Cuidados com a alimentação e número de refeições diárias...69 Tabela 8 -Distribuição dos trabalhadores quanto ao período de trabalho...70 Tabela 9 -Média, mínino e máximo de tempo na atividade, empresa e duração da jornada de trabalho...70 Tabela 10 -Realização de hora-extra...71 Tabela 11 -Realização de treinamento...71 Tabela 12 -Pausa para o uso do banheiro...72

Tabela 13 -Realização de exercícios compensatórios...73 Tabela 14 -Relacionamento com colegas de trabalho, chefia e direção...74 Tabela 15 -Satisfação em relação ao trabalho...75 Tabela 16 -Dificuldades topográficas de acesso ao posto de trabalho...77 Tabela 17 -Dificuldade de manuseio dos objetos e instrumentos de trabalho...78 Tabela 18 -Ocorrência de espaço insuficiente para locomoção com a cadeira de rodas...78 Tabela 19 -Satisfação em relação ao programa de controle médico e saúde ocupacional...79 Tabela 20 -Avaliação do perfil pessoal quanto a diferentes itens...79 Tabela 21 -Administração dos problemas e emoções...80 Tabela 22 -Relação das causas de estresse...80 Tabela 23 -Reações psicossomáticas em função do estresse...81 Tabela 24 -Estratégias adotadas para combater o estresse...82 Tabela 25 -Auto-avaliação do controle de estresse...82 Tabela 26 -Avaliação dos funcionários quanto à ação na empresa do combate ao estresse...82 Tabela 27 -Pressão arterial no primeiro dia da coleta...90 Tabela 28 -Pressão arterial no segundo dia da coleta...90

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 -Classe Econômica...63 Gráfico 2 -Relacionamento familiar...63 Gráfico 3 -Uso de medicamentos...66 Gráfico 4 -Tipo de cadeira de rodas que é geralmente utilizada pelos cadeirantes para trabalhar...68 Gráfico 5 -Estresse no trabalho...76 Gráfico 6 -Comportamento da freqüência cardíaca geral dos cadeirantes durante um dia de maior tempo de registro...84 Gráfico 7 -Comportamento da freqüência cardíaca dos trabalhadores paraplégicos...85 Gráfico 8 -Comportamento da freqüência cardíaca de trabalhador tetraplégico...86 Gráfico 9 -Comportamento da freqüência cardíaca de trabalhador com Amiotrofia Espinhal...87 Gráfico 10 -Comportamento da freqüência cardíaca de trabalhadores com seqüela de infecção...88 Gráfico 11 -Comportamento da freqüência cardíaca em paralisados cerebrais...88

Gráfico 12 -Comportamento da freqüência cardíaca sujeito1...89

LISTA DE ABREVIATURAS ABEP -Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa ABNT -Associação Brasileira de Normas Técnicas AME -Amiotrofia Muscular Espinhal AVC -Acidente Vascular Cerebral AVD -Atividades da Vida Diária CEFID -Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos CIPA -Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT -Consolidação das Leis do Trabalho FC -Freqüência Cardíaca IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística NMS -Neurônio Motor de Sobrevivência NR -Normas Regulamentadoras OMS -Organização Mundial de Saúde

PA -Pressão Arterial PAD -Pressão Arterial Diastólica PAS -Pressão Arterial Sistólica PC -Paralisia Cerebral PCMSO -Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional PPRA -Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais RVP -Resistência Vascular Periférica SESMT -Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SNA -Sistema Nervoso Autônomo SNC -Sistema Nervoso Central UDESC -Universidade do Estado de Santa Catarina

LISTA DE ANEXOS Anexo 1 -Parecer do comitê de ética...105 Anexo 2 -Termo de consentimento livre e esclarecido...107 Anexo 3 -Questionário de dados pessoais...110 Anexo 4 -Questionário de caracterização da empresa e da área de trabalho (DELIBERATO, 2002) adaptado...113 Anexo 5 -Questionário de auto-avaliação da ocorrência e controle do estresse (ANDRADE, 2001) adaptado...116 Anexo 6 -Questionário Bipolar (DELIBERATO, 2002) adaptado...119

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...20 1.2 OBJETIVOS...23 1.2.2 Objetivo geral...23 1.2.3 Objetivos específicos...23 1.3 JUSTIFICATIVA...24 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...27 2.1 SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO...28 2.2 ATIVIDADE FÍSICA E TRABALHO...32 2.2.1 Freqüência Cardíaca e Pressão Arterial...34 2.3 ESTRESSE E TRABALHO...38 2.4 FATORES BIOPSICOSSOCIAS DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA...41 2.5 O PORTADOR DE DEFICIÊNCIA E O MERCADO DE TRABALHO...43 2.6 CADEIRANTES - PORTADORES AMBULATORIAS TOTAIS...46 2.6.1 Lesão medular...47 2.6.2 Poliomielite...51 2.6.3 Paralisia Cerebral...52 2.6.4 Amiotrofia Espinhal...53 3 MATERIAL E MÉTODOS...56 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA...56 3.2 POPULAÇÃO...57 3.3 AMOSTRA...57 3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA...57 3.5 COLETA DE DADOS...58 3.6 TRATAMENTO ESTATÍSTICO...59 4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...60 4.1 CARACTERISTICAS GERAIS DA AMOSTRA...60 4.2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA PELO FUNCIONÁRIO...70 4.3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE TRABALHO...77

19 4.4 AUTO-AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA E CONTROLE DO STRESS...79 4.5 FREQÜÊNCIA CARDÍACA E PRESSÃO ARTERIAL DURANTE ATIVIDADE LABORAL...83 4.6 SENSAÇÃO SUBJETIVA DE DOR E CANSAÇO DURANTE O TRABALHO.91 5 CONCLUSÃO...94 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...98

20 1 INTRODUÇÃO A deficiência física e mental em tempos antigos era tratada como um fator de marginalização na sociedade. Ao longo dos tempos ocorreram mobilizações sociais de modo que as diferenças e os direitos dos indivíduos fossem respeitados e nos tornássemos uma sociedade mais humana e justa. O avanço tecnológico propiciou o surgimento de equipamentos e materiais que vieram trazer uma melhoria na mobilidade e na execução de tarefas antes consideradas difíceis. De acordo com Rosadas (1991) os fundamentos ético-religiosos dos povos pré-cristãos não permitiam uma valorização do indivíduo deficiente, uma vez que os portadores de moléstias, principalmente os deficientes físico-mentais congênitos, eram considerados amaldiçoados pelos deuses, sendo segregados ou mesmo eliminados da sociedade. Através da ciência, depois das grandes guerras mundiais, a necessidade das modernas sociedades em aumentar o rendimento com a diminuição do investimento, e sustentar elementos não produtivos, houve uma preocupação na descoberta de métodos que visassem uma reintegração social do deficiente e, na medida do possível, torná-lo um fator de produção para a sociedade (ROSADAS, 1991). Segundo levantamento realizado pelo IBGE em 2000 cerca de 14,5% da população brasileira era composta por portadores de deficiência permanente, sem

21 contar os diversos tipos de deficiência sensorial, deficiência física temporária, os obesos, pessoas com estatura fora da média e anciãos (BITTENCOUT et al., 2004). A Constituição Federal de 1988 garante as pessoas portadoras de deficiência um percentual em cargos e empregos públicos (MARTINS e LISBÔA, 1998). Assim inicia-se um processo em que ocorre a preocupação com as garantias e a seguridade de um bom ambiente de trabalho em que o deficiente possa desenvolver suas tarefas de forma mais eficaz dentro de suas possibilidades. Dentro do contingente de deficiências físicas, diferenças são visíveis enquanto a questão da mobilidade. De acordo Woude, Groot e Janssen (2005), embora a mobilidade seja um elemento essencial na vida diária, a sua importância só é então normalmente reconhecida quando é por alguma razão limitada, como é o caso daqueles que são dependentes da cadeira de rodas. Este é um dispositivo crucial para o funcionamento diário desses com prejuízos de membros inferiores. A inserção do cadeirante no mercado de trabalho exige algumas adaptações de ordem física do ambiente, assim como no sistema organizacional. Caso isto não aconteça ou ocorra de modo insatisfatório pode-se gerar problemas de mobilidade, socialização e desencadear estresse. Convivemos normalmente com o estresse em diversas situações do cotidiano. A situação de estresse é, portanto inerente à própria existência humana. Permite que o ser humano enfrente adequadamente as novas situações, situações inesperadas, situações que exigem grande esforço físico ou emocional, etc. É um mecanismo fisiológico normal que desencadeia reações orgânicas que permitem a superação de barreiras e envolver-se mais intensamente com projetos. Em fim, permite que se viva intensa e produtivamente (RABELLO et al., 1999). Para Ranney (2000) o estresse atualmente é considerado um companheiro

22 constante, desde os empregados aos empregadores; o estresse é bom - aumenta a produtividade mas o estresse excessivo leva a enfermidade. Até certo ponto, uma carga de estresse no ambiente profissional é tolerável e até mesmo desejável. Ele funciona como um gatilho natural que provoca uma descarga de adrenalina no organismo, deixando-o pronto para reagir diante de um perigo ou desafio iminente. Todavia quando este mecanismo é acionado em excesso ele começa a ter um efeito negativo, que os especialistas chamam de estresse crônico (FRANÇA, 2006). Corrêa e Menezes (2002) afirmam que o estresse pode ser avaliado pelas modificações da freqüência cardíaca, monitoramento da pressão sanguínea ou da freqüência respiratória, avaliação do gasto energético, medição da produtividade, registro estatístico da fadiga, eletroencefalograma e medição dos níveis sanguíneos de catecolaminas, assim como por meio da quantificação de outros neurotransmissores. A partir desta medida quantitativa de fadiga, é possível saber o grau de responsabilidade, portanto o grau de desgaste humano no trabalho, assim como verificar a reação do organismo humano a diferentes sobrecargas para que facilitem o trabalho. Questionam-se as empresas quanto a exigências excessivamente altas ou se a sobrecarga está nos moldes de uma exigência fisiológica normal (GRANDJEAN, 1998). Na medida em que se incorpora uma relação democrática entre sujeitos a partir da percepção individual dos distúrbios sistêmicos e que estão sempre abertos a novos participantes, tornando-se gradativamente mais amplo, inaugura-se a possibilidade de um amplo debate público capaz de permear toda a sociedade civil. Nessa perspectiva, a participação acontece sempre que sujeitos estabelecem relações com outros sujeitos, de forma clara, pelas quais as informações são livremente veiculadas e todos são respeitados como portadores de saberes e

23 competências (DIAS e MELO, 2005). Todas as atividades, inclusive o trabalho, têm pelo menos três aspectos: físico, cognitivo e psíquico. Cada um deles pode determinar uma sobrecarga ou sofrimento e estão inter-relacionados. Se a definição dos aspectos físicos e cognitvo é bastante evidente, não ocorre o mesmo para a dimensão psíquica. Esta pode ser definida em termos de níveis de conflito no seio da representação consciente ou inconsciente das relações entre e pessoa (ego) e a situação (neste caso, a organização do trabalho) (WISNER, 1987; 1994). Desta forma, questiona-se: Quais os aspectos fisiológicos, psíquicos, organizacionais e ergonômicos que caracterizam o desempenho laboral de trabalhadores cadeirantes? 1.2 OBJETIVOS 1.2.2 Objetivo geral Verificar os aspectos fisiológicos, psíquicos, organizacionais e ergonômicos que caracterizam o desempenho laboral de trabalhadores cadeirantes de empresas públicas e privadas do município de Florianópolis (SC). 1.2.3 Objetivos específicos Caracterizar os trabalhadores cadeirantes participantes da pesquisa; Verificar a freqüência cardíaca e pressão arterial de trabalhadores cadeirantes; Verificar a sensação subjetiva de fadiga e cansaço no momento do desempenho laboral de trabalhadores cadeirantes;

24 Caracterizar a empresa de acordo com a avaliação de trabalhadores cadeirantes; Caracterizar a área de trabalho de acordo com a avaliação de trabalhadores cadeirantes; Verificar a avaliação da ocorrência e controle do estresse de trabalhadores cadeirantes. 1.3 JUSTIFICATIVA Os empresários transformam a atividade física do trabalhador em produção de mercadorias e serviços, quanto maior for à produção, maior será o lucro obtido. Com isso a atividade física do trabalhador é o fundamento do empreendimento comercial (HOFFMAN, 2002). De tal modo, a atividade física realizada pelo deficiente físico apresenta aspectos diferenciados ergonomicamente que influenciam diretamente na sua atividade laboral e na sua saúde. Ao eleger um local de trabalho que possibilite a execução de movimentos e funções necessárias da maneira mais ergonômica, o deficiente mantém uma postura mais correta e pode contribuir para sua qualidade de vida, além de proporcionar uma melhor produtividade para a empresa. A ergonomia vale-se da observação de situações do cotidiano do trabalho durante a realização de tarefas e busca identificar traços que nem sempre são manifestos ou registrados formalmente. Analisar a nocividade do trabalho e no trabalho é analisar a situação que a produziu, e como o trabalhador reagiu frente à situação, além do que avalia a situação no qual, mesmo expostos a fatores de risco,

25 as condições inseguras ou fortes exigências psicossociais, os indivíduos não apresentaram queixas (ASSUNÇÃO e LIMA, 2005). Assim mostra-se imprescindível uma avaliação do trabalhador no seu dia de trabalho afim de que se busque um equilíbrio entre os interesses dos empresários e de seus respectivos trabalhadores. Ainda existe muito pouco conhecimento da ergonomia das fadigas psíquicas, fadigas que pertencem, no entanto, mas ao domínio cognitivo. É devido a isso que nos nossos dias a ergonomia se preocupa mais em melhorar a competência do operador do que em medir a carga mental e, paralelamente, em modificar as condições de estresse do seu trabalho (MONTMOLLIN, 1990). Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico, as pessoas portadoras de deficiência física ainda sofrem grande preconceito e são minoria no mercado de trabalho. Pesquisas feitas nesta área podem contribuir para o incremento da mão de obra e para melhorias quanto a aspectos relacionados à locomoção e permanência no trabalho. Estudos relacionados a aspectos fisiológicos e psicossociais na área da ergonomia vinculado ao ambiente laboral com deficientes físicos ou mentais são pouco encontrados, as pesquisas mais comuns enfocam na área de mobilidade relacionada ao ambiente doméstico como o de Hoenig et al. (2003), da biomecânica ou psicologia (DE GROOT et al., 2002; RODRIGUES, 2003; PEREIRA e ARAÚJO, 2005) e da fisiologia relacionada ao treinamento (JANSSEN et al., 1996; GATES, CAMPBELL e GEORGE, 2002). Num processo em que a sociedade torna-se heterogênea, complexa e fragmentada, o surgimento de novos conceitos que permitam pensar a organização social a partir da interação de sujeitos que ocorre em vários espaços é de fundamental importância para a saúde e segurança dos trabalhadores (DIAS e

26 MELO, 2005). Os trabalhadores cadeirantes apresentam a questão da mobilidade muito diferenciada daqueles que podem deambular sem nenhum tipo de prótese ou órtese. O ambiente de trabalho deve estar apto a receber estes empregados, assim como o acesso até a atividade laboral deve propiciar o menor número de barreiras possíveis de modo que promova pelo menos a integração destes trabalhadores no mercado de trabalho.

27 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Ao contrário de muitas outras ciências cujas origens se perdem no tempo e no espaço, a ergonomia tem uma data oficial de nascimento: 12 de julho de 1949. Nesse dia, reuniram-se pela primeira vez, na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em discutir e formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Na segunda reunião do mesmo grupo, ocorrida em 16 de fevereiro de 1950 foi proposto o neologismo ergonomia, formado dos termos grego ergo, que significa trabalho e nomos, que significa regras, leis naturais (IIDA, 2003). Assim a ergonomia é o estudo do trabalho, deste modo se preocupa em entender o que é o trabalho e como melhorar a eficiência da produção e evitar problemas de saúde, o que pode ser feito com maior ou menor magnitude de sucesso. Integra conhecimentos fisiológicos e psicológicos, quando estuda o homem em situação real de trabalho, a fim de identificar os elementos críticos sobre a saúde e segurança originados nestas situações, e a partir disso desenvolve instrumentos pedagógicos para qualificar trabalhadores (ASSUNÇÃO e LIMA, 2005). Neste capítulo está apresentado, o referencial teórico assim descrito: segurança e saúde do trabalho, atividade física e trabalho, estresse e trabalho, fatores biopsicossociais do portador de deficiência, portador de deficiência e

28 mercado de trabalho e cadeirantes. Foram abordados também temas como freqüência cardíaca e pressão arterial. 2.1 SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO A essência das políticas públicas voltadas à saúde do trabalhador está em decisões que protejam a saúde e integridade dos trabalhadores a fim de garantir o lucro das atividades produtivas em um sistema capitalista de produção. Isto está permeado em uma complexa rede de negociações, indecisões, conflitos, rivalidades, confusão conceitual e incompetência que surgem no mundo dos governos, corporações, grupos de interesses, partidos políticos e organizações comunitárias (DIAS e MELO, 2005). Segundo Dias e Melo (2005) a saúde e segurança do trabalho têm sido desenvolvidas nos seguintes espaços institucionais, definidas a partir de políticas setoriais que obedecem a lógicas, objetivos, condições de suporte tecnológico e financeiro: -pelo estado, através do ministério do trabalho da previdência social e pela rede pública de serviços de saúde, incluindo os hospitais universitários; -pelas empresas, através de Serviços Especializados em Engenharia de Segurança em Medicina do Trabalho (SESMT) e outras formas de organização de serviços da saúde; -pelas organizações de trabalhadores; -pela iniciativa privada, através de planos de saúde e seguros suplementares e outras formas de prestação de serviços, custeados integral ou parcialmente pelos trabalhadores.

29 As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e indireta e dos poderes legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho CLT manterão obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho (MANUAIS, 2004). De acordo com as normas regulamentadoras (NR) do trabalho uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é responsável pela prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Além disso, é obrigatória a elaboração e implementação por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do programa de prevenção dos riscos ambientais PPRA, visando a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes e que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais (MANUAIS, 2004). Muitos fatores de risco ergonômicos estão relacionados ao trabalho, um determinado nível de exposição a estes fatores, que irá variar individualmente, poderá provocar danos físicos ou psicológicos. Para desencadear estes fatores de risco uma série de variáveis está envolvida. As variáveis biológicas estão relacionadas a características físicas pessoais como: força muscular, doenças, lesões, idade; ou então as características intrínsecas da personalidade como: em suas atitudes, auto-estima, ansiedade, a capacidade de auto-orientação etc. Já os

30 fatores organizacionais no trabalho incluem horas extras, períodos prolongados de trabalho, falta de intervalos de descanso suficientes, produção global de peças, não rotatividade na tarefa e excessiva demanda ocupacional sem benefício aplicado ao trabalhador. Os fatores sociológicos externos podem estar relacionados à: situação conjugal, necessidades financeiras entre outros (RANNEY, 2000). De acordo com Assunção e Lima (2005) quando se fala em saúde do trabalhador é importante considerar que a atividade física, gestual e postural não é dissociável da atividade perceptiva e mental subjacente; que a programação de uma atividade depende daquelas que a precedem e daquelas que a sucedem; que as funções humanas possuem condições limitadas de funcionamento ótimo, que necessitam ser respeitadas, sob o risco de atingirem conseqüências irreversíveis; que todo o indivíduo é variável ao longo do tempo, durante a jornada de trabalho, de um dia a outro e do curso de sua vida em função de sua idade e da sua história profissional em particular e que os indivíduos são diferentes entre eles, neste sentido, o indivíduo padrão é um mito. Os ergonomistas muito fizeram na busca de identificar as características ocupacionais específicas que fossem prejudiciais para a maioria das pessoas, todavia o que pode ser prejudicial para uma pessoa pode ser muito bem tolerado por outra. Isso acontece devido a grande variabilidade na resposta individual a uma mesma atividade ocupacional e ampla variedade de fatores de risco no ambiente de trabalho (RANNEY, 2000). Na atividade laboral a variabilidade interindividual é muito grande: o custo psicofisilógico, as modalidades de execução deste trabalho são diferentes de um trabalhador para outro, e um indivíduo não as cumpre sempre da mesma maneira. Certos indivíduos acham saídas para evitar o sofrimento e o adoecimento e