Ondas Eletromagnéticas. Cap. 33

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Ondas Eletromagnéticas. Cap. 33

33.1 Introdução As ondas eletromagnéticas estão presentes no nosso dia a dia. Por meio destas ondas, informações do mundo são recebidas (tv, Internet, telefonia, rádio, etc). Tais ondas também estão presentes na luz, microondas e demais radiações eletromagnéticas. 33.2 O Arco-Íris de Maxwell. James Clerk Maxwell mostrou que um raio luminoso é uma onda progressiva de campos elétricos e magnéticos e que a óptica, o estudo da luz visível, é um ramo do eletromagnetismo. Depois de Maxwell, Heinrich Hertz descobriu as ondas de rádio e verificou que se propagavam com a mesma velocidade da luz. Hoje conhecemos um largo espectro de ondas, o arco-íris de Maxwell.

A figura abaixo mostra a sensibilidade relativa do olho humano a ondas eletromagnéticas de diferentes comprimentos de onda (luz visível).

33.3 Descrição Qualitativa de uma Onda Eletromagnética. Uma onda eletromagnética é formada pela interação de dois campos, um elétrico (E) e outro magnético (B), que são perpendiculares ur entre ur si. O produto vetorial E B aponta no sentido de propagação da onda e os campos variam senoidalmente, o que permite escrevê-los na forma: E = Em sen ( kx ωt) ) B = Bmsen( kx ωt) e Além da equação do capítulo 16, que mostra o cálculo da velocidade da luz, 1 c = = 299.792.485m / s µ ε 0 0 ou seja, aproximadamente 3x10 8 m/s. Ela pode ser calculada também pela razões: E = c B E B m = m c

33.7 Polarização. A figura ao lado mostra uma onda eletromagnética com campo elétrico oscilando paralelamente ao eixo vertical (y). O plano que contém o vetor E é chamado de plano de polarização da onda. Uma luz não-polarizada, mostrada na figura abaixo é formada por ondas com o campo elétrico em diferentes direções (a), que pode também ser representada na forma da figura (b).

É possível transformar a luz não-polarizada em polarizada fazendo-a passar por um filtro polarizador, como mostra figura abaixo. As componentes do campo elétrico paralelas à direção de polarização são transmitidas por um filtro polarizador; as componentes perpendiculares são absorvidas.

Intensidade da Luz Polarizada Transmitida. Considerando uma luz não-polarizada cujas oscilações de podem ser separadas em componentes y e z. Quando as componentes z são absorvidas, metade da intensidade I 0 da onda original é perdida. A intensidade I da luz que emerge do filtro é, portanto: I = 1 I 2 0 Esta é a chamada regra da metade, válida somente se a luz que incide no filtro polarizador for nãopolarizada. Se a luz que incide no polarizador já é polarizada, como no caso da figura ao lado, o campo pode ser separado em duas componentes, em relação a direção de polarização do filtro. No caso da figura, E y (transmitida) e E z (absorvida). A componente paralela transmitida pode ser calculada por: E y = Ecosθ

No caso que estamos analisando, a intensidade I da onda emergente é proporcional E y2 e a intensidade I 0 da onda original é proporcional a E 2, assim I = I 0 cos 2 θ Válida se a luz que incide no polarizador já for polarizada.

Exercício 1: A figura ao lado, desenhada em perspectiva, mostra um conjunto de três filtros polarizadores sobre o qual incide um feixe de luz inicialmente não-polarizada. A direção de polarização do primeiro filtro é paralela ao eixo y, a do segundo faz um ângulo de 60 0 com a primeira no sentido antihorário e a do terceiro é paralela ao eixo x. Que fração da intensidade inicial I 0 da luz sai do conjunto e em que direção esta luz está polarizada?

33.8 Reflexão e Refração Embora as ondas luminosas se espalhem ao se afastarem da fonte, a hipótese de que a luz se propague em linha reta, constitui uma boa aproximação. O estudo das propriedades das ondas luminosas usando esta aproximação é chamado de óptica geométrica. Quando um raio luminoso passa de um meio para o outro, parte dele é refletido e parte é transmitido (refratado) no outro meio. Na figura, θ 1, θ 1 e θ 2 são os ângulos de incidência, reflexão e refração respectivamente. animação

Resultados experimentais mostram que a reflexão e refração obedecem as seguintes leis: Lei da Reflexão: O raio refletido está no plano de incidência e tem um ângulo de reflexão igual ao ângulo de incidência. ' θ 1 1 θ = Lei da Refração: O raio refratado está no plano de incidência e tem um ângulo de refração que está relacionado ao ângulo através da equação: n sen θ = n sen θ 2 2 1 1 Lei de Snell - Descartes Onde n 1 e n 2 são os índices de refração dos meios 1 e 2. c n = n 1 v

Se n 2 =n 1 e θ 1 = θ 2. Neste caso, a refração não desvia o raio luminoso que continua a sua trajetória retilínea (a). Se n 2 >n 1 e θ 1 > θ 2. Neste caso, a refração faz o raio luminoso se aproximar da normal (b). Se n 2 <n 1 e θ 1 < θ 2. Neste caso, a refração faz o raio luminoso se afastar da normal (c).

Exercício 2: Na figura abaixo (a), um feixe de luz monocromática é refletido e refratado no ponto A da interface entre a substância 1, cujo índice de refração é n 1 =1,33, e a substância 2, cujo índice de refração é n 2 =1,77. O feixe incidente faz um ângulo de 50 0 com a interface. Qual é o ângulo de reflexão no ponto A? Qual é o ângulo de refração? A luz que penetrou na substância 2 no ponto A chega ao ponto B da interface entre a substância 2 e a substância 3, que é o ar, como mostra a figura (b). As duas interfaces são paralelas e no ponto B, parte da luz é refletida e parte é refratada. Qual é o ângulo de reflexão? Qual o ângulo de refração?

33.9 Reflexão Interna Total. Na figura ao lado, raios luminosos são emitidos por uma fonte pontual no fundo de uma piscina. Na medida em que o ângulo de incidência aumenta, o raio se afasta da normal, até que saia rasante a superfície da água. Nesta situação, dizemos que o ângulo de incidência é o ângulo crítico, ou ângulo limite, na qual o ângulo refratado faz um ângulo de 90 o com a normal. A partir do ângulo crítico não ocorre mais refração, apenas reflexão interna total. Para determinarmos o valor de θc, usamos a lei de Snell: n sen θ = n sen θ n 1 sen θ 2 90 o c = n sen n2 1 n2 sen θ c = θc = sen n n 1 c 2 2 1 onde n 1 e n 2 são os índices de refração da água e do ar respectivamente. 1

Exercício 3: A figura mostra um prisma triangular de vidro imerso no ar. Um raio luminoso penetra no prisma perpendicularmente a uma das faces e é totalmente refletido na interface vidro-ar. Se θ 1 =45 0, o que se pode dizer a respeito do índice de refração n do vidro?

33.10 Polarização por Reflexão. A figura ao lado mostra um raio de luz não-polarizada incidindo em uma superfície de vidro. Para um certo ângulo de incidência, conhecido como ângulo de Brewster(θ B ) a luz refletida possui apenas a componente perpendicular, ou seja, é totalmente polarizada. A luz refratada possui as duas componentes, paralela e perpendicular.

A Lei de Brewster Observa-se experimentalmente que o ângulo de Brewster é aquele para o qual os raios refletido e refratado são perpendiculares. Na figura, teremos que: θ + θ B r 0 = 90 Usando a Lei de Snell para a figura acima, teremos: o que nos leva a: n sen θ = n sen θ 1 B 2 r o 1 θ B = 2 (90 θ B ) = 2 cos θ B n sen n sen n θ B n n 1 2 = tan 1 Lei de Brewster Se os raios incidente e refletido se propagam no ar, podemos fazer n 1 =1 e n 2 =n, que simplifica a equação acima em: 1 θ B = tan n Lei de Brewster

Exercício 4: Na figura, um raio luminoso que estava se propagando inicialmente no ar incide em um material 2 com um índice de refração n 2 =1,5. Abaixo do material 2 está o material 3, com índice de refração n 3. O raio incide na interface ar-material 2 com o ângulo de Brewster para esta interface e incide na interface material 2-material 3 com o ângulo de Brewster para esta interface. Qual é o valor de n 3?