Requer seja dado provimento ao recurso, determinado-se a revisão dos cálculos constitutivos da pretensão deduzida.

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Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PROCESSO Nº: 0802863-55.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO APELANTE: PAULO ONOFRE DE ARAUJO ADVOGADO: RUTINEIA MARIA BRAYNER CASTRO RANGEL MELLO APELADO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF RELATOR(A): DES. FEDERAL CONVOCADO EMILIANO ZAPATA LEITÃO- 4ª TURMA JUIZ FEDERAL BERNARDO MONTEIRO FERRAZ RELATÓRIO Trata-se de apelação ajuizada por PAULO ONOFRE DE ARAÚJO em face de sentença proferida pelo Juízo Federal da 12ª Vara de Pernambuco que, em sede ação monitória, julgou improcedente os embargos ao procedimento monitório. A CEF ajuizou ação monitória aduzindo ser credora da importância de R$ 69.544,95 (sessenta e nove mil, quinhentos e quarenta e quatro reais e noventa e cinco centavos). Nos embargos o devedor sustentou a indevida cumulação de comissão de permanência com juros e multa; a incidência das normas consumeristas; a ocorrência de capitalização dos juros, sem previsão contratual; cobrança de juros excessivos. Aduz o apelante a ocorrência de desequilíbrio contratual em virtude da cobrança indevida de juros sobre juros, a incidência ilegal da atualização monetária, cobrança cumulativa de comissão de permanência com juros e multa de mora. Sustenta ser indevida a capitalização mensal dos juros porquanto não foi expressamente pactuada bem como que é inacumulável a cobrança de comissão de permanência com a correção monetária e com os juros de mora. Argumenta que os contratos bancários se submetem a disciplina do CDC e, desse modo, tipificados como contratos de adesão o que atrai a interpretação mais favorável ao aderente. Requer seja dado provimento ao recurso, determinado-se a revisão dos cálculos constitutivos da pretensão deduzida. Contrarrazões ofertadas. Éo relatório. Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PROCESSO Nº: 0802863-55.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO APELANTE: PAULO ONOFRE DE ARAUJO ADVOGADO: RUTINEIA MARIA BRAYNER CASTRO RANGEL MELLO APELADO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF RELATOR(A): DES. FEDERAL CONVOCADO EMILIANO ZAPATA LEITÃO- 4ª TURMA

JUIZ FEDERAL BERNARDO MONTEIRO FERRAZ VOTO No primeiro contrato, reza a cláusula primeira que sobre a linha de crédito incidirá um CET de 32,92% anuais além da atualização pela TR. O 2º, da cláusula primeira esclarece que a taxa de juros mensais é de 2,40% ao mês. No segundo contrato foi estipulado um CET de 38,13% anual e a cobrança de juros mensais de 2,40%, as demais cláusulas, no entanto, foram estipuladas de modo idêntico àquelas do primeiro contrato. Multiplicando 2,40% ao mês por 12 meses se obtém como resultado 28,8%, razão pela qual os contratos ao trazerem, respectivamente, as taxas de juros anuais de 32,92% e 38,13%, ou seja, valores superiores aos 28,8% demonstram a existência de cláusula estabelecendo expressamente a capitalização dos juros. Ademais, a cláusula décima quarta, que trata da impontualidade, em ambos os contratos, estabelece que sobre o valor em atraso incidirão, atualização monetária e juros remuneratórios, à razão de 0,033333%, por dia de atraso, capitalizados mensalmente, calculados aplicando-se a mesma taxa de juros contratada para a operação. No tocante à capitalização dos juros, ressalto que o col. STJ firmou compreensão no sentido de que a capitalização dos juros deve vir pactuada de forma expressa e clara, no entanto, a previsão no instrumento contratual de taxa de juros superior ao duodécuplo mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa anual contratada. Ressalto que o tema foi julgado, em definitivo, pelo col. STJ, sob os auspícios da sistemática de recursos especiais repetitivos (art. 543-C, do CPC), ao apreciar o REsp 973827/RS, Relª. Minª. MARIA ISABEL GALLOTTI, 2ª Seção, DJe 24/09/2012, cuja ementa consignou: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. AÇÕES REVISIONAL E DE BUSCA E APREENSÃO CONVERTIDA EM DEPÓSITO. CONTRATO DE FINANCIAMENTO COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. JUROS COMPOSTOS. DECRETO 22.626/1933. MEDIDA PROVISÓRIA 2.170-36/2001. COMISSÃO DE PERMENÊNCIA. MORA. CARACTERIZAÇÃO. 1. A capitalização de juros vedada pelo Decreto 22.626/1933 (Lei de usura) em intervalo inferior a um ano e permitida pela Medida provisória 2.170-36/2001, desde que expressamente pactuada, tem por pressuposto a circunstância de os juros devidos e já vencidos serem, periodicamente, incorporados ao valor principal. Os juros não pagos são incorporados ao capital e sobre eles passam a incidir novos juros. 2. por outro lado, há os conceitos abstratos, de matemática financeira, de "taxa de juros simples" e "taxa de juros compostos", métodos usados na formação da taxa de juros contratada, prévios ao início do cumprimento do contrato. A mera circunstância de estar pactuada taxa efetiva e taxa nominal de juros não implica capitalização dos juros, mas apenas processo de formação da taxa de juros pelo método composto, o que não é proibido pelo Decreto 22.626/1933. 3. teses para efeito do art. 543-C, do CPC: - "É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em contratos celebrados após 31.3.2000, data da publicação da Medida Provisória n. 1.963-17/2000 (em vigor como MP 2.170-36/2001), desde que expressamente pactuada."

- "A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir pactuada de forma expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada". 4. Segundo o entendimento pacificado na 2ª Seção, a comissão de permanência não pode ser cumulada com quaisquer outros encargos remuneratórios ou moratórios. 5. É lícita a cobrança dos encargos da mora quando caracterizado o estado de inadimplência, que decorre da falta de demonstração da abusividade das cláusulas contratuais questionadas. 6. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, provido. No tocante à necessidade de prova pericial, a apuração do montante atualizado do débito pode ser encontrado/definido por simples cálculos aritméticos, com base nos documentos constantes dos autos, sendo desnecessária a perícia contábil. Nesse sentido, precedentes desta Corte: PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO À PESSOA FÍSICA PARA FINANCIAMENTO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO. CONSTRUCARD. PERÍCIA CONTÁBIL. DESNECESSIDADE. MATÉRIA EMINENTEMENTE DE DIREITO. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. POSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1. Apelação interposta em face de sentença que rejeitou os embargos monitórios e julgou procedente o pedido inicial, para condenar a demandada ao pagamento da dívida no valor de R$75.789,49, convertendo, de pleno direito, o mandado monitório em título executivo judicial. 2. É assente o entendimento acerca da desnecessidade de realização de perícia contábil, quando os documentos constantes dos autos permitem a apuração dos fatos que se buscaria provar através da prova pericial. 3. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial Representativo da Controvérsia nº 1112880, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi, pacificou o entendimento segundo o qual, nos contratos de mútuo bancário, celebrados após a edição da MP nº 1.963-17/00 (reeditada sob o nº 2.170-36/01), admite-se a capitalização mensal de juros, desde que expressamente pactuada. 4. No caso dos autos, como o contrato foi pactuado em 06/02/2009 e há previsão expressa acerca de tal prática, consoante se infere da cláusula décima quinta, parágrafo primeiro do contrato firmado, é de se admitir a capitalização mensal dos juros remuneratórios. 5. Apelação desprovida. (AC558582/CE, Rel. Des. Federal Francisco Cavalcanti, 1ª Turma, DJe 04/07/2013) CIVIL. MONITÓRIA. CEF. CONTRATO PARTICULAR DE ABERTURA DE CRÉDITO À PESSOA FÍSICA PARA FINANCIAMENTO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO E OUTROS PACTOS. PROVA PERICIAL. DESNECESSIDADE. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. INEXISTÊNCIA.

1. Apelação em face de sentença que deferiu pretensão autoral, em ação monitória, para cobrança de valores decorrentes de inadimplência contratual. 2. Não se desincumbiu o apelante de demonstrar a necessidade da produção de Perícia Contábil posto que inexistentes dúvidas sobre o montante da dívida decorrente da inadimplência contratual, não havendo que se falar, portanto, em ofensa aos princípios da ampla defesa e do contraditório. 3. Embargos monitórios que não demonstraram a inexatidão da dívida e nem a incidência de cláusula abusiva, limitando-se a contestar o valor de forma apenas genérica. 4. Apelação improvida. (AC550231/CE, Rel. Des. Federal Marcelo Navarro, 3ª Turma, DJe 02/07/2013). CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À MONITÓRIA. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO BANCÁRIO À PESSOA JURÍDICA. DESNECESSIDADE DE PERICIA CONTÁBIL. DOCUMENTOS ESCRITOS SUFICIENTES A PROPICIAR A DEFESA DO EXECUTADO. TAXA DE JUROS SUPERIOR A 12%. JUROS CAPITALIZADOS. POSSIBILIDADE. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA CUMULATIVA COM OUTROS ENCARGOS. ILEGALIDADE. RESTITUIÇÃO EM DOBRO DOS VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE. IMPROCEDÊNCIA. - Faz-se desnecessária a produção de perícia contábil para que seja demonstrado eventual excesso quanto aos valores cobrados pela embargada, pois, in casu, o contrato de abertura de crédito, bem como a evolução do débito, com a aplicação, inclusive, dos encargos cobrados pela instituição financeira, são suficientes para que o devedor/embargante possa demonstrar se houve, ou não, a efetivação de práticas abusivas na apuração da dívida. - A fixação da taxa de juros remuneratórios, nos contratos firmados com instituições financeiras, não se limita ao percentual de 12% ao ano. Precedentes jurisprudenciais. - A capitalização mensal dos juros é plenamente admissível, desde que o contrato bancário tenha sido celebrado após a vigência da Medida Provisória nº 1.963-17/2000, reeditada sob o nº 2.170/36. - A cobrança da comissão de permanência, nos termos da remansosa jurisprudência deste Tribunal e do eg. Superior Tribunal de Justiça, não pode ser cumulativa com a cobrança de taxa de rentabilidade, juros moratórios e remuneratórios, correção monetária e multa. - É de extrair-se do cálculo da comissão de permanência a taxa de rentabilidade bem como a multa os juros de mora e previstos no instrumento contratual. - O valor apurado na revisão contratual determinada judicialmente, com a constatação de valores pagos a maior pelo devedor, deverão ser abatidos do saldo devedor do empréstimo, até o montante da inadimplência, não se aplicando o instituto da restituição em dobro previsto no art. 42 do CDC, em razão da ausência de má-fé da instituição financeira. - Apelação do embargante parcialmente provida. Apelação da embargada desprovida. (AC539645/CE, Rel. Des. Federal Lázaro Guimarães, 4ª Turma, DJe 06/09/2012).

No que pertine aos juros, é firme a orientação no sentido de que a cobrança de juros remuneratórios, em patamares superior a 12% ao ano, não indica, por si só, abusividade. Sobre o tema, o col. STJ julgou em definitivo a questão ao apreciar o REsp 1.061.530/RS, Relª. Minª. NANCY ANDRIGHI, 2ª Seção, DJe 10/03/2009, decidido sob os auspícios do sistema de recursos repetitivos (art. 543-C, do CPC), cuja ementa consignou: I - JULGAMENTO DAS QUESTÕES IDÊNTICAS QUE CARACTERIZAM A MULTIPLICIDADE.ORIENTAÇÃO 1 - JUROS REMUNERATÓRIOS a) As instituições financeiras não se sujeitam à limitação dos juros remuneratórios estipulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33), Súmula 596/STF; b) A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade; c) São inaplicáveis aos juros remuneratórios dos contratos de mútuo bancário as disposições do art. 591 c/c o art. 406 do CC/02; d) É admitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada (art. 51, 1º, do CDC) fique cabalmente demonstrada, ante às peculiaridades do julgamento em concreto. No mesmo sentido, a Súmula nº 382/STJ: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade. No que tange à comissão de permanência, é admissível a cobrança da comissão de permanência durante o período de inadimplemento contratual, à taxa média dos juros de mercado, limitada ao percentual fixado no contrato (Súmula n.294/stj), desde que não cumulada com a correção monetária (Súmula n.30/stj), com os juros remuneratórios (Súmula n. 296/STJ) e moratórios, nem com a multa contratual. Essa orientação é prestigiada pelo col. STJ que, ao se apreciar o REsp 1.058.114/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe 16/11/2010, decidido sob os auspícios do sistema de recursos repetitivos (art. 543-C, do CPC), cuja ementa consignou: DIREITO COMERCIAL E BANCÁRIO. CONTRATOS BANCÁRIOS SUJEITOS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. VALIDADE DA CLÁUSULA. VERBAS INTEGRANTES. DECOTE DOS EXCESSOS. PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS. ARTIGOS 139 E 140 DO CÓDIGO CIVIL ALEMÃO. ARTIGO 170 DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO. 1. O princípio da boa-fé objetiva se aplica a todos os partícipes da relação obrigacional, inclusive daquela originada de relação de consumo. No que diz respeito ao devedor, a expectativa é a de que cumpra, no vencimento, a sua prestação. 2. Nos contratos bancários sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor, é válida a cláusula que institui comissão de permanência para viger após o vencimento da dívida. 3. A importância cobrada a título de comissão de permanência não poderá ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato, ou seja: a) juros remuneratórios à taxa média de mercado, não podendo ultrapassar o percentual contratado para o período de normalidade da operação; b) juros moratórios até o limite de 12% ao ano; e c) multa contratual limitada a 2% do valor da prestação, nos termos do art. 52, 1º, do CDC. 4. Constatada abusividade dos encargos pactuados na cláusula de comissão de permanência, deverá o juiz decotá-los, preservando, tanto quanto possível, a vontade das partes manifestada na celebração do contrato, em homenagem ao princípio da conservação dos negócios jurídicos

consagrado nos arts. 139 e 140 do Código Civil alemão e reproduzido no art. 170 do Código Civil brasileiro. 5. A decretação de nulidade de cláusula contratual é medida excepcional, somente adotada se impossível o seu aproveitamento. 6. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. No caso dos autos, todavia, conquanto seja legal a cobrança da comissão de permanência, não houve previsão contratual de sua cobrança, tendo o débito, após a impontualidade sido atualizado pela incidência da TR cumulada com juros remuneratórios á razão de 0,033333% ao dia. Assim, constato que a sentença recorrida, adotou essa compreensão, não carecendo, por conseguinte, de qualquer retoque. Com essas considerações NEGO PROVIMENTO ao recurso. Écomo voto. Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PROCESSO Nº: 0802863-55.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO APELANTE: PAULO ONOFRE DE ARAUJO ADVOGADO: RUTINEIA MARIA BRAYNER CASTRO RANGEL MELLO APELADO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF RELATOR(A): DES. FEDERAL CONVOCADO EMILIANO ZAPATA LEITÃO- 4ª TURMA JUIZ FEDERAL BERNARDO MONTEIRO FERRAZ EMENTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. DIREITO CIVIL. E DIREITO DO CONSUMIDOR: CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. CONSTRUCARD. INCIDÊNCIA DAS NORMAS DO CDC. CONTRATOS BANCÁRIOS. CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS EXPRESSAMENTE PACTUADA. TAXA DE JUROS SUPERIOR AO DUODÉCUPLO MENSAL. FORMALISMO MODERADO. DESNECESSIDADE DE PERÍCIA. ATUALIZAÇÃO DO DÉBITO POR SIMPLES CÁLCULOS ARITMÉTICOS. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO A 12% AO ANO. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. LEGALIDADE. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. 1. Os contratos estabeleceram, respectivamente, a incidência de um CET de 32,92% e de 38,13% anuais, além da atualização pela TR bem como a incidência de juros mensais de 2,40%. 2. Multiplicando 2,40% ao mês por 12 meses se obtém como resultado 28,8%, razão pela qual os contratos ao trazerem, respectivamente, a taxa de juros anuais de 32,92% e 38,13%, ou seja, valores superiores aos 28,8% demonstram a existência de cláusula estabelecendo expressamente a capitalização dos juros. 3. No tocante à capitalização dos juros, ressalto que o col. STJ firmou compreensão no sentido de que a capitalização dos juros deve vir pactuada de forma expressa e clara, no entanto, a previsão no instrumento contratual de taxa de juros superior ao duodécuplo mensal é suficiente para

permitir a cobrança da taxa anual contratada. (REsp 973827/RS, Relª. Minª. MARIA ISABEL GALLOTTI, 2ª Seção, DJe 24/09/2012, julgado sob os auspícios da sistemática de recursos especiais repetitivos (art. 543-C, do CPC)). 4. A cláusula décima quarta, que trata da impontualidade, em ambos os contratos, estabelece que sobre o valor em atraso incidirão, atualização monetária e juros remuneratórios, à razão de 0,033333%, por dia de atraso, capitalizados mensalmente, calculados aplicando-se a mesma taxa de juros contratada para a operação. 5. Desnecessária a realização de prova pericial, pois, a apuração do montante atualizado do débito pode ser encontrado/definido por simples cálculos aritméticos, com base nos documentos constantes dos autos, sendo desnecessária a perícia contábil. 6. A cobrança de juros remuneratórios, em patamares superior a 12% ao ano, não indica, por si só, abusividade. Sobre o tema, o col. STJ julgou em definitivo a questão ao se apreciar o REsp 1.061.530/RS, Relª. Minª. NANCY ANDRIGHI, 2ª Seção, DJe 10/03/2009, decidido sob os auspícios do sistema de recursos repetitivos (art. 543-C, do CPC). 7. É admissível a cobrança da comissão de permanência durante o período de inadimplemento contratual, à taxa média dos juros de mercado, limitada ao percentual fixado no contrato (Súmula n.294/stj), desde que não cumulada com a correção monetária (Súmula n.30/stj), com os juros remuneratórios (Súmula n. 296/STJ) e moratórios, nem com a multa contratual. (REsp 1.058.114/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe 16/11/2010, decidido sob o rito do art. 543- C, do CPC). 8. No caso dos autos, todavia, conquanto seja legal a cobrança da comissão de permanência, não houve previsão contratual de sua cobrança, tendo o débito, após a impontualidade sido atualizado pela incidência da TR cumulada com juros remuneratórios á razão de 0,033333% ao dia. 9. Apelação não provida. ACÓRDÃO Vistos, etc. Decide a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO à apelação, nos termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife, 27 de janeiro de 2015..