Glossário de Aprendizagem Motora

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Transcrição:

Glossário de Aprendizagem Motora Prof. Dr. Luciano Basso Lacom_EEFE 1. Ação: a descrição da ação é feita com base na intenção e no objetivo que se pretende alcançar. Ela é identificada pela meta à qual é dirigida ou pela especificação de certo critério que deve ser seguido pelo executante. Nesse sentido, o movimento pode ser considerado uma condição necessária, mas não suficiente para uma ação. 2. Aprendizagem motora (área): estuda os processos e mecanismos envolvidos na aquisição de habilidades motoras e os fatores que a influenciam, ou seja, como a pessoa se torna eficiente na execução de movimentos para alcançar uma meta desejada, com a prática e experiência. 3. Aprendizagem motora (fenômeno): definida como uma mudança qualitativa no comportamento motor, relativamente permanente, resultante da repetição e feedback, inferida pelo desempenho. 4. Aspectos invariantes: um conjunto único de características que define um programa de ação. Características fixas de um programa de ação que não variam no desempenho de uma tentativa para outra. 5. Automatismo: uma característica do desempenho hábil; indica que uma pessoa utiliza conhecimentos e procedimentos automaticamente, sem exigir recursos da atenção. 6. Capacidade: um traço herdado, relativamente duradouro e estável de um indivíduo que está na base de vários tipos de habilidades motoras e cognitivas. Definida geneticamente e essencialmente inalterável pela prática e experiência. 7. Medidas cinemáticas: descrição do movimento sem considerar a força ou a massa. Abrange o deslocamento, a velocidade e a aceleração. Normalmente utilizada como medida de desempenho. 8. Conhecimento de performance (CP): um tipo de feedback extrínseco que dá informação a respeito das características do movimento que levam ao desempenho de uma habilidade. 9. Conhecimento de resultado (CR): um tipo de feedback extrínseco que fornece informação sobre o resultado de um movimento ou o desempenho de uma habilidade. 10. Controle motor (área): estuda os mecanismos responsáveis pela produção dos movimentos. 11. Consistência: é alcançada quando o indivíduo pode realizar a ação de maneira adequada, sendo que o movimento não precisa ser hábil no sentido da

eficiência e eficácia. Consistência significa que os movimentos não são casuais e que eles se aproximam de uma solução útil aos problemas motores apresentados. 12. Constância: é alcançada quando o indivíduo pode alcançar um dado objetivo quando há variações nas condições externas. 13. Coordenação motora: capacidade de padronização dos movimentos do corpo e dos membros em relação à padronização dos objetos e eventos ambientais. 14. Curva de desempenho: um gráfico que apresenta os níveis de desempenho da realização de uma habilidade em uma seqüência específicas de tempo ou tentativas. Os níveis da medida de desempenho são indicados no eixo y (eixo vertical) e as medidas de tempo ou tentativas são indicadas no eixo x (eixo horizontal). 15. Desempenho motor: tentativa observável de uma pessoa para produzir uma ação voluntária. O nível de performance de uma pessoa é suscetível a flutuações em fatores temporais, tais como motivação, ativação, fadiga e condição física. Também denominada de performance motora. 16. Desenvolvimento motor (área): estuda as mudanças que ocorrem no comportamento motor de um indivíduo ao longo do seu ciclo de vida. 17. Dicas verbais: frases curtas e concisas que orientam a atenção do praticante para importantes características reguladoras do ambiente ou que preparam a pessoa para desempenhar os elementos chaves do padrão do movimento, durante o desempenho de uma habilidade. 18. Diferenças individuais: diferenças no desempenho das pessoas devido às diferenças em suas capacidades e níveis de habilidade. 19. Eletromiografia (EMG): uma técnica de registro da atividade elétrica de um músculo ou de um grupo de músculos. 20. Equivalência motora: atingida quando o indivíduo estabilizado pode gerar um conjunto de soluções diferentes para uma mesma tarefa motora, mesmo quando as condições externas não variam. 21. Erro absoluto: uma medida da quantidade de erro da resposta, independente da direção do desvio. 22. Erro constante (EC): representa a quantidade e a direção do erro. 23. Erro variável (EV): um escore de erro que representa a variabilidade das respostas de uma pessoa.

24. Estágios de processamento: várias operações discretas (identificação do estímulo, seleção da resposta e programação da resposta) que a pessoa realiza sobre a informação entre estímulo e resposta. 25. Fatores que afetam a aprendizagem motora: são aspectos que tradicionalmente foram estudados como sendo os que afetam diretamente a aprendizagem motora, são eles: prática (tipo, estrutura e distribuição), motivação, Feedback extrínseco (tipo e freqüência), estabelecimento de metas, demonstração, instrução, método de ensino. 26. Feedback: toda e qualquer informação sobre o movimento ou o desempenho. Pode dividido em intrínseco (percebido pelo próprio executante) e extrínseco (apresentado por uma fonte externa, por exemplo, professor). 27. Feedback extrínseco: informações adicionais sobre o desempenho ou movimento recebidas pelo aprendiz de fontes externas como o professor, o técnico, ou sistema de vídeo teipe. Também pode ser denominado de feedback aumentado. 28. Feedback intrínseco: feedback sensorial disponível durante o desempenho de parte de uma habilidade, que ocorre naturalmente na própria situação de desempenho da habilidade. 29. Graus de liberdade: número de componentes (articulação, músculos, etc.) que a pessoa tem que controlar dentre todas as possibilidades para solucionar uma tarefa motora. 30. Habilidade: ações complexas e intencionais envolvendo toda uma cadeia de mecanismos sensório, central e motor que, através do processo de aprendizagem tornaram-se organizadas e coordenas de tal forma a alcançar objetivos predeterminados com máxima certeza. 31. Lei de hick: descreve a relação estável que existe entre o número de alternativas de estímulo-resposta e tempo de reação de escolha; especificamente, à medida que o número de pares de estímulo-resposta aumenta, o tempo de reação de escolha aumenta de uma maneira linear. 32. Medidas de produto: medidas do movimento que indicam os resultados do desempenho de uma habilidade motora (por exemplo, quanto tempo uma pessoa demora para correr 100 metros, quantos quilos alguém consegue levantar). 33. Medidas de processo: medidas de movimento que se referem a como vários aspectos do sistema de controle motor estão funcionando durante o desempenho de uma ação (por exemplo, cinemática dos membros, força, EEG, EMG, etc.).

34. Movimento: refere-se ao deslocamento do corpo e/ou membros produzido como uma conseqüência do padrão espacial e temporal da contração muscular. 35. Neurônio: célula especializada do sistema nervoso. O propósito de um neurônio é carregar um sinal (impulso nervoso) para outros nervos ou células. 36. Níveis de análise em aprendizagem motora: diferentes lupas para investigar o processo de aquisição de habilidades motoras. Desde os mais microscópios como o bioquímico ou neurofisiológico quanto mais macroscópicos como o comportamental. 37. Objetivo da área de aprendizagem motora: estudar os processos e mecanismos envolvidos na aquisição de habilidades motoras e os fatores que a influenciam, ou seja, como a pessoa se torna eficiente na execução de movimentos para alcançar uma meta desejada, com a prática e experiência. 38. Parâmetros: aspectos de um plano de ação que podem ser variados de um desempenho de uma habilidade para outro. 39. Plano de ação: uma representação na memória que armazena a informação necessária para o desempenho de habilidades motoras. Fornece as bases para enviar comandos ao sistema motor, de modo que a pessoa possa desempenhar as habilidades que lhe permitam atingir as metas de suas ações. 40. Platô de desempenho: durante a aprendizagem de uma habilidade, um período em que o aprendiz não apresenta nenhuma melhora no desempenho, depois de ter vivenciado melhoras consistentes. 41. Prática: a prática para a aquisição envolve uma forma atípica de repetição sem repetição. O indivíduo não repete os meio de solução, mas o processo de solução em si. 42. Preparação do movimento: a atividade que ocorre entre a intenção de desempenhar e o início de uma ação. Também denominado de programação motora. 43. Propriocepção: percepção das características de movimento do corpo e dos membros. As vias neurais aferentes enviam ao sistema nervoso central informações proprioceptivas sobre características como a direção do movimento do corpo e/ou dos membros, velocidade, localização espacial e ativação dos membros. 44. Reflexos: respostas estereotipadas, involuntárias e normalmente rápidas a estímulos. 45. Sinapse: quando um axônio de um neurônio conecta-se a outra célula para enviar sua mensagem, ele fica em proximidade com esta célula. Entretanto,

ele deixa um espaço que é chamado de fenda sináptica. A conexão real é chamada sinapse. 46. Tempo de movimento (TM): intervalo de tempo entre o início e a conclusão de um movimento. 47. Tempo de reação (TR): intervalo de tempo entre o início de um sinal (estímulo) e o início do movimento de uma resposta. 48. Tempo de resposta: intervalo de tempo que envolve tanto o tempo de reação quanto o tempo de movimento. 49. Teste de retenção: realizado após um período sem prática subseqüente a fase de aquisição/teste de transferência. Realizado para verificar o quão duradouro é o desempenho de uma habilidade adquirida na fase de aquisição. 50. Teste de transferência: teste em que uma há modificações da tarefa realizada na fase de aquisição. Realizado para verificar o quão consistente é o desempenho frente a perturbações da tarefa ou ambiente. 51. Timing relativo: proporção de tempo de um componente relativo ao tempo total para executar toda a ação motora.