FACULDADE DE PINDAMONHANGABA Paula Márcia Espíndola Priscila Aparecida de Paula Santos A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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Transcrição:

FACULDADE DE PINDAMONHANGABA Paula Márcia Espíndola Priscila Aparecida de Paula Santos A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL Pindamonhangaba SP 2009

Paula Márcia Espíndola Priscila Aparecida de Paula Santos A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Diploma de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba. Orientadora: Profª. Drª. Maria Teresa de Moura Ribeiro. Pindamonhangaba SP 2009

PAULA MÁRCIA ESPÍNDOLA PRISCILA APARECIDA DE PAULA SANTOS A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Diploma de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba. Data: Resultado: BANCA EXAMINADORA Prof. Faculdade de Pindamonhangaba Assinatura Prof. Faculdade de Pindamonhangaba Assinatura Prof. Faculdade de Pindamonhangaba Assinatura

Paula Dedico este trabalho ao bom Deus que esteve presente em minha vida durante todo o processo. Aos meus pais, namorado e toda sua família, que se tornou também a minha, e me apoiou e acreditou em meu potencial.

Priscila Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que nunca me desamparou, a minha mãe que sempre acreditou em mim e ao meu esposo que esteve sempre ao meu lado.

AGRADECIMENTOS PAULA A Deus que me concedeu essa oportunidade de estudo. Aos meus pais e irmãos que acreditaram em mim. Ao meu namorado e sua família em especial a seus pais que, nas dificuldades e conquistas, estiveram presentes em todos os momentos desta caminhada, me apoiando e depositando confiança em meu potencial. Aos professores que contribuíram para a minha formação profissional e, em especial, a Profª. Drª Maria Teresa de Moura Ribeiro que orientou este trabalho com dedicação, recebendo-nos com carinho e boa vontade no desenvolvimento deste trabalho e ao Prof. Dr. Alan Ricardo de Souza Araújo pelo incentivo em suas aulas em nos preocupar com uma ética consigo, com o outro e com o meio em que habitamos em uma doação recíproca com a natureza. Aos amigos quais conquistei neste percurso, e partilharam junto a mim de momentos tristes e felizes.

PRISCILA Agradeço, em primeiro lugar, a Deus por ter permitido que eu chegasse até aqui e realizasse um sonho que um dia julguei impossível, mas hoje se torna realidade. Aos meus pais, a quem tanto amo. As minhas irmãs, pelo apoio e incentivo, apesar da distância. Ao meu esposo André, que esteve sempre ao meu lado. Aos professores da Faculdade e, em especial, à Profª. Drª. Maria Teresa de Moura Ribeiro pela amizade, compreensão e dedicação com que orientou esse trabalho e ao Prof. Dr. Alan Ricardo de Souza Araújo que me proporcionou em suas aulas reflexões sobre a nossa relação com o planeta Terra. Aos amigos que, no decorrer dessa caminhada em direção a conquista, compartilhamos de muitos momentos prazerosos.

Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come. Greenpeace

RESUMO Neste trabalho analisamos a forma como a Educação Ambiental é abordada na Educação Infantil. Para isso, verificamos os livros didáticos adotados por uma instituição em nível de maternal II e jardim e aplicamos um questionário para os professores destes níveis. Os resultados indicaram que ao tema não é dada a devida importância pelo professores e que o material estudado aborda de forma superficial a questão. Tais resultados são preocupantes uma vez que a intervenção do educador é fundamental para a formação de hábitos na criança. É necessário que o próprio educador seja exemplo, acredite no que ele transmite e construa conhecimentos que permitem a criança crescer com uma visão mais ampla sobre os recursos naturais como matéria prima, suas formas de preservação e utilizações no dia a dia. Palavras-chave: Educação Ambiental; Educação Infantil; Consciência Ecológica.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 10 1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL... 12 2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MUNDO... 16 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 29 4 ANÁLISE DO MATERIAL DIDÁTICO... 30 4.1 MATERIAL: Livro do Maternal II... 30 4.2 MATERIAL: Livro do Jardim... 40 5 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO... 52 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 56 REFERÊNCIAS... 58

10 INTRODUÇÃO Para iniciarmos o nosso trabalho é importante reconhecermos que o ser humano não é só matéria física e razão, mas também sentimento. Por isso é oportuno e necessário comovê-lo para com as maravilhas da natureza e a sua essência para a vida, pois se o educador conseguir atingir nesses aspectos os seus alunos ele estará mais próximo de alcançar consciências em prol da humanidade. Todavia, essa consciência só se atingirá plenamente se o educador não trabalhar este conteúdo apenas porque faz parte do currículo, mas por acreditar que este trabalho provocará mudanças futuras em algo que ele tem como imprescindível à vida. Sendo assim, a Educação Ambiental auxilia o homem em seu conjunto a construir valores sociais, conhecimentos, atitudes e capacidades voltadas para a preservação do meio ambiente, bem de uso comum. Uma educação constante que envolve o respeito à vida de todas as espécies. O que nos preocupa é se essa Educação Ambiental, voltada ao público infantil, alcançará seus objetivos a tempo de salvar o mundo de uma catástrofe previsivelmente anunciada. Entretanto, embora o tempo seja limitado acreditamos que as crianças conscientes educarão os seus pais, com suas atitudes, tornandose pequenos agentes ativos na transformação de uma educação, não somente institucional, mas uma educação de valores da própria vida. Esta será uma somatória de comportamentos e hábitos transmitidos que farão parte de uma sociedade ecologicamente sustentável. Nesse contexto, a escola, cada vez mais cedo, tem se tornado responsável pela formação do indivíduo. Além de seu caráter pedagógico é responsável pela transmissão de valores sociais, culturais e religiosos. Com base nesse contexto, ela deve propiciar situações de reflexão a seus alunos a respeito do meio ao seu redor. Tais reflexões devem obedecer à faixa etária em que a criança se encontra, utilizando-se de mecanismos que a seduzam e que satisfaçam as suas necessidades de criança. Um trabalho que motive os alunos e que atinja os objetivos propostos pelo educador.

11 Contudo, pouco tem sido feito sobre a questão ambiental nas instituições infantis e, devido à urgência de senso de responsabilidade com o planeta, tendo em vista o desequilíbrio ecológico e um futuro próximo de falta de água potável, faz se necessário que o educador utilize-se de grande variedade de recursos pedagógicos para desenvolver no aluno o respeito pelo ambiente em que vive, de forma a garantir o futuro do planeta Terra. Para o desenvolvimento desta monografia, partiremos dos seguintes questionamentos: O que a literatura sugere para o desenvolvimento de trabalhos educativos com a Educação Ambiental?; O que os livros didáticos propõem para trabalhar o Meio Ambiente na Educação Infantil?; O que os professores da Educação Infantil de duas escolas da Rede Municipal de Ensino efetivamente trabalham em sala de aula visando a Educação Ambiental? Partindo dessas indagações teremos como objetivo investigar se as instituições de Educação Infantil têm trabalhado no sentido de desenvolver nos alunos a consciência ambiental. No primeiro capítulo de nosso trabalho faremos um pequeno histórico da Educação Ambiental com o objetivo de melhor compreendermos o contexto dos acontecimentos políticos e históricos ambientais presentes. No segundo capítulo abordaremos o que os teóricos pensam sobre o desenvolvimento de um trabalho de Educação Ambiental com crianças. No terceiro capítulo serão descritos os procedimentos metodológicos utilizados para a análise do material didático e para a aplicação do questionário. No quarto capítulo será feita a análise do material didático de uma escola municipal de Educação Infantil. No quinto capítulo será feita a análise do questionário aplicado aos professores de uma rede municipal de Educação Infantil.

12 1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL É importante refletir sobre a relação entre o homem e o ambiente natural e como esta vem se desenvolvendo, para isso temos de estar atentos ao contexto político e histórico dos acontecimentos ambientais, visto que esses acontecimentos vêm ocorrendo de modo linear e, deste modo, torna-se possível analisar o presente e verificar as possibilidades de previsões para o futuro nesse campo. Segundo Figueiredo (2006), com o surgimento do homo sapiens, nasceu também um modo de relação com o meio. Nós, seres humanos, diferentes dos animais interferimos muito no meio em que habitamos, adequando-os ao nosso modo de vida. A situação dos primeiros habitantes de nossa espécie era muito precária para a sobrevivência, eles colhiam frutos, raízes, folhas e pequenos animais, modificavam tocas e cavernas para torná-las abrigos para os grupos humanos. Com a sua inteligência os ancestrais foram aperfeiçoando as técnicas e ferramentas para conseguir seus alimentos. No entanto, comparada aos dias atuais, agrediam pouco ao meio ambiente. Ainda de acordo com Figueiredo (2006), a agricultura emergiu-se há 12 mil anos atrás onde hoje se situa o Iraque, sendo o primeiro passo, um salto evolutivo para que nômades pudessem se fixar a um determinado local escolhido e se dedicar a outras atividades. Com a agricultura veio à substituição da vegetação nativa pela cultura de pouca espécie, domesticação dos animais, queimadas para a limpeza das áreas de plantio, desvios de rios e abundância de alimentos, tudo isso interferiu bruscamente na paisagem natural, iniciando-se profundas mudanças na relação do homem com a natureza. Outra mudança conforme Figueiredo (2006), veio a 6.000 a.c., na Mesopotâmia, onde surgiram as primeiras vilas rurais. Com o nascimento da cidade, o ser humano passou a se distanciar da natureza, se vendo fora dela, criando uma visão de medo da natureza selvagem. Essa mentalidade de separação entre urbano e rural/natural durou ainda muitos séculos e hoje é um dos pontos nevrálgicos na nossa atual crise da Modernidade, cujas raízes datam do final da Idade Média. (FIGUEIREDO, 2006, p. 2).

13 Esse contexto foi importante para analisarmos as mudanças ocorridas no mundo e entendermos a história de nosso país. Com o descobrimento do Brasil de acordo com Figueiredo (2006), a população indígena diminuiu muito e iniciou-se a exploração das riquezas brasileiras, entre elas o Pau Brasil. Motivado pelos diversos ciclos econômicos de abuso da terra essa exploração segue pelo país. Nessa mesma época, na Europa, começou a ficar intensos os problemas ambientais e sanitários decorrentes de pouca higiene, baixa qualidade de vida e superpopulação. Em 1667, por exemplo, morre um terço da população Inglesa devido à peste bubônica. Em 1840 um tipo de fungo devasta a produção de batatas (trazidas das Américas), matando um milhão de pessoas de fome. Em 1835 a população humana chega ao seu primeiro bilhão. Hoje, apenas 175 anos depois, já somos 6,5 bilhões. Ainda de acordo com Figueiredo (2006), foi ao século XIX que a sociedade ocidental começou a perceber os impactos que os seres humanos vinham causando na natureza, a partir daí Thomas Huxley escreve Evidências sobre o lugar do Homem na Natureza que mostra a interdependência entre seres humanos e outros seres vivos e, em 1866 o biólogo alemão Ernst Haeckel propõe o termo Ecologia para o estudo das relações dos seres vivos entre si e com o meio. Segundo Figueiredo (2006), no século 20 seguem grandes descobertas na área das ciências naturais (Teoria da Relatividade, Radioatividade e Microbiologia). Em 1952 o smog, poluição do ar causada pelo ozônio e outros compostos originados por reações fotoquímicas e químicas causadas pela luz solar, no qual o efeito visível disto é uma camada roxa acinzentada na atmosfera, matou 1600 ingleses. Em 1962, conforme Figueiredo (2006), a jornalista Rachel Carson lança Primavera Silenciosa, um livro que denuncia impactos do uso contínuo de Diclorodifeniltricloretano (DDT), este é considerado o marco do movimento ambientalista e fez com que muita gente começasse a pensar na questão ambiental de forma mais profunda. Figueiredo (2006) destaca na década de 60 o Movimento Ecológico em meio ao nascimento do movimento hippie e em meio a um clima de muito questionamento da ordem vigente, momento em que o desejo de transformação da realidade se

14 encontra no auge, assim a população apresenta várias concepções sobre idéias ecológicas. Figueiredo (2006) aponta o surgimento do termo Educação Ambiental em um Congresso de Educação na Inglaterra, no ano de 1965, ligado ao ensino de Ciências. Acreditava-se que era preciso aproximar as crianças da cidade a um ambiente mais natural e intocado, enquanto ainda era tempo. Iniciava-se a prática da Educação Ambiental na Educação Infantil, pois começa a perceber a criança como um elo de transformação da nova realidade, através do contato com o meio natural e do ensino de práticas e hábitos conscientes desde a tenra idade. E, no ano de 1968, uma reunião com 30 especialistas, O Clube de Roma, como ficou conhecido, gerou um relatório denominado Os limites do crescimento, apontando a notícia alarmante, a busca incessante pelo crescimento material da sociedade a levaria a um colapso. Nesse momento nota-se que o consumismo, a importância dada ao ter por ter, pelo prazer e não pela necessidade, geraria uma maior produção de bens materiais, na preocupação apenas de vender, comercializar, lucrar e isto, conseqüentemente, contribuiria para aceleração da extinção dos recursos naturais. Neste contexto, em nossos tempos, Tiriba (2005) afirma ter sido um meio de desenvolver os interesses do mercado e não destinado ao bem-estar e felicidade dos povos e espécies. Em meados da década 70, de acordo com Figueiredo (2006), ocorre a Conferência de Estocolmo na Suécia, este evento reuniu 113 países onde o tema meio ambiente entrou definitivamente para a pauta da Organização das Nações Unidas (ONU), foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Apesar da resistência do Brasil em colaborar com a mesma, pois acreditava que a poluição era conseqüência do lucro, em 1971, por pressões internacionais, o Brasil cria a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) com um número bastante expressivo de funcionários. Era o Brasil da ditadura militar que não priorizava a questão ambiental. E, em 1977 foi realizada a Conferência de Tbilisi realizada na Geórgia, extinta URSS de onde saíram os principais princípios e objetivos da Educação Ambiental atual.

15 Somente na década de 80 é que a questão ambiental passa a ser uma preocupação mais forte e institucional, tornando-se também um instrumento de luta social, conforme Figueiredo (2006). Assim, em 1984 é criado o Programa Nacional de Educação Ambiental e, em 1988 a Nova Constituição já a menciona como um direito de todos, nesse contexto ampliam-se as discussões sobre a questão ambiental enfatizando os buracos na camada de ozônio, o clorofluorcarbono (CFC), o aquecimento global, o desmatamento, a perda da diversidade, o esgotamento dos estoques de pesca etc. Neste mesmo ano um gás venenoso vaza de uma fábrica da Union Carbide e mata mais de duas mil pessoas em Bhopal na Índia. E, dois anos mais tarde, um dos reatores da usina atômica de Chernobyl na Urânia explode matando entre sete e dez mil pessoas e afetando outras quatro milhões, visto que a nuvem radioativa se espalha por outros cinco países europeus. Um ano depois é publicado o relatório Nosso Futuro Comum elaborado desde 1983 pela comissão Brundtland criada pela ONU. Outros congressos e encontros de Educação Ambiental são promovidos pelo mundo. No Brasil, Figueiredo (2006) aponta os acontecimentos em termos de políticas públicas na área ambiental, o maior evento realizado aconteceu em 90 no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92 ou Rio 92), de onde surgiram os documentos que se tornariam marcos mundiais ( Agenda 21 e Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis ). O Fórum das ONGs, evento paralelo à ECO 92, foi um espaço de discussão muito importante. Segundo Santos (2007), com a Educação Ambiental no Brasil muitas políticas públicas foram criadas, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que incluíram o Tema Convívio Social, Ética e Meio Ambiente, inserida como um tema Transversal em 1997 e a criação da Política Nacional de Educação Ambiental criada em 1999 (PNEA 9795/1999). No próximo capítulo abordaremos o trabalho com a educação Ambiental no público específico da Educação Infantil, que é o foco de nosso interesse nesse estudo.

16 2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), (BRASIL, 1998) as crianças, ainda pequenas, no processo de interação com a natureza e sociedade vivem em constante aprendizado, isso pela sua espontaneidade em querer conhecer o que está ao seu redor. Sendo assim, se faz necessário que essas curiosidades do universo infantil sejam instigadas na busca de respostas para as suas indagações. Através da proximidade com o meio natural possibilitar que as crianças tornem-se conhecedoras do ciclo da natureza, de suas mudanças, limitações e suas reações diante das intervenções causadas pelo homem. Partindo da idéia de que a criança deve ter uma relação próxima com a natureza para assim poder respeitá-la, Tiriba (2005) apresenta os termos referentes às diferentes relações da ecologia. A ecologia pessoal diz respeito à qualidade das relações de cada ser humano consigo mesmo, a ecologia social está relacionada à qualidade das relações dos seres humanos entre si e a ecologia ambiental diz respeito às relações dos seres humanos com a natureza. Segundo Tiriba (2005), a relação homem e natureza expressa à dimensão do existir, definindo o equilíbrio para a qualidade de vida. O eixo Natureza e Sociedade do RCNEI (BRASIL, 1998), destinado ao tema ambiental, sugere que o conteúdo seja desenvolvido de forma integrada, respeitando as especificidades das fontes, abordagens e enfoques advindos dos diversos campos das Ciências Humanas e Naturais. Ainda de acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), ao trabalhar o conteúdo Natureza e Sociedade o professor deve partir de procedimentos como a utilização de recursos visuais, questionamentos, debates, observações, formulação coletiva e individual de conclusões e explicações sobre o tema, leitura e interpretação de diferentes registros e registros diversificados das informações coletadas, pois o contato, a discussão sobre o conteúdo de forma diversificada favorece a aquisição da aprendizagem, como mostra o RCN:

17 É importante que as crianças tenham contato com diferentes elementos, fenômenos e acontecimentos do mundo, sejam instigadas por questões significativas para observá-los e explicá-los e tenham acesso a modos variados de compreendê-los e representálos. (BRASIL, 1998, p. 166). Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998), a brincadeira é um importante mecanismo de concretização dessa realidade, possibilitando que a criança reflita sobre o mundo, construindo suas próprias concepções, idéias e conhecimentos a respeito de si, do outro e do mundo. Na Educação Infantil os domínios e conhecimentos da criança estão em fase de desenvolvimento, sendo construídos de acordo com o interesse, criticidade e reformulação de explicações a respeito do mundo natural e social, desse modo é necessário que o contato da criança com o mundo se amplie, pois ela constrói sua aprendizagem por meio da concreticidade e da realidade vivida. É na escola que a criança desenvolverá esse contato com o mundo exterior e ampliará os conhecimentos, as experiências adquiridas no ambiente familiar, uma educação de princípios, esta que dará continuidade na relação com o outro, com o diferente no meio escolar, como afirma o RCN: Na instituição de educação infantil, a criança encontra possibilidade de ampliar as experiências que traz de casa e de outros lugares, de estabelecer novas formas de relação e de contato com uma grande diversidade de costumes, hábitos e expressões culturais, cruzar histórias individuais e coletivas, compor um repertório de conhecimentos comuns àquele grupo etc. (BRASIL, 1998, p. 181). Na escola, a criança, através de diferentes métodos utilizados pelo educador, começa a perceber-se como elemento integrante da natureza e esse processo de percepção da paisagem é fundamental para que ela inicie um maior contato com o meio. Perceber os elementos da paisagem de onde vive, de acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), é essencial para que a criança compreenda e intervenha na realidade social e natural. O ser humano modifica a paisagem ao seu redor ao mesmo tempo em que ela condiciona a vida do homem. Deste modo, a criança deve aprender que são várias as maneiras de relacionar-se com o meio e cada relação depende da época em que se vive. A observação da paisagem local, a utilização de registros que demonstrem as mudanças ocorridas com a paisagem ao longo do

18 tempo, a valorização de ações em prol dos espaços coletivos e naturais são conteúdos que devem ser trabalhados. Neste contexto, percebe a importância da interdisciplinaridade, relacionando a educação ambiental com a História em questões de tempo e as mudanças ocorridas com ele, utilizando-se de termos como na época da vovó podia-se tomar banhos em rios, desfrutando da pureza e da frescura de suas águas cristalinas. A questão interdisciplinar pode ser estendida a outras disciplinas para abordagem do tema ambiental, exemplificando a importância da interdisciplinaridade, Scheren e Scheren (2006), acreditam que a Educação Ambiental deve considerar o meio ambiente em sua totalidade, ser contínua, atingir todas as faixas etárias e ocorrer além das particularidades da escola, averiguando as questões ambientais locais, nacionais e internacionais, salientando a interdisciplinaridade. É interessante, na Educação Infantil, o estímulo a diferentes expressões lingüísticas, sendo a literatura um recurso importante para estabelecer relações de leitura, escrita e conhecimento de mundo, por essa razão a literatura contribui tanto para desenvolver essas habilidades como para despertar o interesse do aluno pelas questões da natureza e para ampliar suas curiosidades a respeito do mundo animal. Para Lopes (2007), a literatura contribui de modo alegre para incentivar as crianças a questionarem o mundo à sua volta, mais que diversão, distração e lazer ela é uma aventura espiritual com capacidade de levar as crianças a uma rica experiência de vida emocional e intelectual, sendo a literatura um meio de expressar nossas idéias, sentimentos e dialogar com as diversas áreas de saberes. Para tanto, os trabalhos em grupo e tarefas extra-classes como leituras e construções de textos coletivamente, pesquisas e dramatizações, permitem momentos de troca de experiências entre alunos-alunos e alunos-professor, sendo excelente oportunidade de explorar o que o aluno já sabe sobre o tema, constituindo um momento de avanço na relação do que já se sabe e do que virá a aprender em sala de aula. Para isso, segundo o RCNEI (BRASIL, 1998), é importante que os alunos sejam capazes de relacionar o tema abordado ao seu cotidiano, estabelecendo direções entre o social e o natural, além de estabelecer relações entre as mudanças conforme a variação do dia e da noite, a estação do ano e a vida das pessoas em

19 geral, observando as mudanças decorrentes da ação humana. A conversa com pessoas que vivem na comunidade há muito tempo e presenciaram as mudanças ocorridas são importantes informações. A tarefa de pesquisa e entrevista e até mesmo conversas com os pais ou pessoas mais experientes são mecanismos que podem vir a contribuir para que as crianças se tornem conhecedoras de informações necessárias, tanto para compreender os ensinamentos pelo professor, como para criar hábitos saudáveis e responsáveis desde muito cedo. Envolver as crianças nos assuntos da atualidade, fazendo paralelos a fatos ocorridos no passado, facilita na criação de noções de conhecimentos globais, na compreensão das mudanças causadas pelo homem na busca do que ele tem conquistado hoje. Assim, como exemplifica o RCNEI (BRASIL, 1998), o conhecimento de mundo implica saber das relações entre o homem de diversas culturas com a natureza e com a mudança que o ser humano provoca no meio ambiente para criar objetos de nosso cotidiano. Para isso, a confecção de objetos e reconhecimento das características destes em épocas e povos distintos, tendo cuidado no uso dos mesmos, são conteúdos que devem ser trabalhados pelo educador. É necessário apresentar às crianças os objetos provenientes de diferentes tipos de materiais e deixá-las experimentarem os mesmos, oferecendo informações que possibilitem a ela criar algo novo a partir de conhecimentos adquiridos. A compreensão de que há uma relação entre os fenômenos naturais e a vida humana é um importante aprendizado para as crianças. (BRASIL, 1998, p. 191). O educador, ao abordar assuntos sobre animais e plantas, não deve limitar-se às gravuras dos livros e apostilas e, às vezes, a filmes animados, mas estender-se a atividades em campos abertos, com a presença de diferentes animais e plantações. Segundo Tiriba (2005), nas cidades e até mesmo na zona rural, os alunos ficam emparedados mantidos, grande parte do tempo, em espaços fechados, o dia a dia não contempla sua necessidade/vontade de andar livremente nos pátios, sob o céu, em uma relação com o sol, com a terra e com a água. Dificilmente brincam de pés descalços, nas áreas externas em chão acimentado e só aproximam-se da água para suprir suas necessidades.

20 Torna-se interessante, até mesmo, que a escola possa contar com a criação de alguns animais domésticos no próprio espaço escolar, para que possam desenvolver a sensibilidade do hábito de cuidar. Como indica o RCNEI (BRASIL, 1998), é necessário que o professor crie meios para que os alunos entrem em contato com pequenos animais e plantas, além de oferecer-lhes oportunidades para expôr seus conhecimentos e dúvidas a respeito dos mesmos, o cultivo de um pequeno vaso de planta em sala de aula ou, no caso de haver espaço, a criação de uma horta é um excelente recurso, sendo tarefa do professor planejar os momentos de visita e cuidados como atividades permanentes da rotina. O contato com animais e plantas, a participação em práticas que envolvam os cuidados necessários à sua criação e cultivo, a possibilidade de observá-los, compará-los e estabelecer relações é fundamental para que as crianças possam ampliar seus conhecimentos acerca dos seres vivos. (BRASIL, 1998, p. 189). Para o RCNEI (BRASIL, 1998) a proximidade com a natureza é essencial para as crianças, assim o professor deve oferecer oportunidades diferenciadas para que elas possam descobrir sua riqueza e beleza. Através de passeios por parques e locais de área verde, pesquisas em livros e fotografias sobre a diversidade da fauna e da flora, promover a preocupação e a valorização da natureza pela criança. A construção desse conhecimento também é uma das condições necessárias para que as crianças possam, aos poucos, desenvolver atitudes de respeito e preservação à vida e ao meio ambiente, bem como atitudes relacionadas à sua saúde. (BRASIL, 1998, p. 188). Neste contexto, no desenrolar do assunto, surgem oportunidades de discutir sobre temas relacionados a higiene e saúde, salientando a importância do cuidado com o próprio corpo, na lavagem das mãos e manipulação dos alimentos. O RCNEI (BRASIL, 1998), considera que para abordar esse assunto são necessários conteúdos como: estabelecimento de relações entre seres vivos diferentes, conhecimentos essenciais dos cuidados com animais e vegetais, noção e valorização dos cuidados necessários à vida humana e ambiental, percebendo os cuidados com o corpo visando à saúde. Sabendo que a criança pequena tem uma forma particular de pensar e de construir explicações para o funcionamento dos fenômenos que observa no mundo, precisamos valorizar seus pensamentos e desenvolver, sobretudo, um olhar

21 diferente sobre a mesma, para que ela possa tirar suas próprias conclusões tendo a oportunidade de criar, opinar e agir diante do contexto apresentado, ou seja, isto é sobre as mudanças naturais do meio ao seu entorno. Com isso, o RCNEI (BRASIL, 1998) ressalta que os fenômenos que ocorrem no ambiente natural despertam grande interesse nas crianças, sejam eles presenciados ou vistos nos meios de comunicação. Deste modo, perguntas pertinentes sobre a observação desses fenômenos desenvolvem percepções a respeito do meio, suas complexidades e diversidades, ampliando seus conhecimentos. Este conteúdo permite que o educador trabalhe o tema através da observação direta, quando os fenômenos ocorrem onde se encontra a escola, ou indireta, através de vídeos, fotografias, jornais, ilustrações etc. que retratem o assunto. Um passeio próximo a escola após um fenômeno da natureza, como a chuva, para a observação de suas conseqüências é muito importante. Para desenvolver o conhecimento das crianças sobre os fenômenos da natureza, acontecimentos e mudanças precisa-se trabalhar com as próprias idéias, sobre o que se conhece da realidade, do assunto abordado, apoiando-se nos conhecimentos específicos da ciência humana e natural, buscando informar-se do assunto proposto. O RCNEI (BRASIL, 1998) indica que existem vários recursos fora do contexto escolar que podem servir de subsídios para o trabalho do professor, como materiais produzidos por organizações governamentais e não-governamentais, além da utilização do conhecimento de pessoas mais experientes da comunidade. Essas informações devem ser diferenciadas para que o aluno possa comparar e refletir. As crianças precisam saber que as informações por elas pesquisadas ou transmitidas são trabalhos de outras pessoas. O eixo natureza-sociedade permite o entrosamento e a cooperação entre as crianças por meio de trabalhos coletivos na realização de projetos. Outras atividades que podem ser trabalhadas permanentemente sobre este assunto estão às coletas seletivas de lixo, a economia de energia e água, etc. Podendo o professor organizar por meio das brincadeiras o recolhimento do lixo produzido. Quando estão brincando as crianças devem estar em contato com os temas relacionados ao mundo natural e social.