ISSN 0103-4235. Alim. Nutr., Araraquara v.18, n.4, p. 381-385, out./dez. 2007. Glaucia Aparecida BOAVENTURA* Valdete Regina GUANDALINI**

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Transcrição:

ISSN 0103-4235 Alim. Nutr., Araraquara v.18, n.4, p. 381-385, out./dez. 2007 PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL E PRESENÇA DE EXCESSO DE PESO EM PACIENTES ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO UNIVERSITÁRIO DE NUTRIÇÃO NA CIDADE DE SÃO CARLOS SP Glaucia Aparecida BOAVENTURA* Valdete Regina GUANDALINI** RESUMO: A hipertensão é o problema de saúde pública mais comum nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. No Brasil ela acomete, aproximadamente, 22% da população adulta e corresponde a 15,2% das intervenções realizadas no SUS. A adoção de um estilo de vida adequado é fundamental no tratamento de hipertensos, particularmente quando há síndrome metabólica. O estudo foi do tipo retrospectivo, por intermédio do levantamento de dados contidos nos prontuários dos pacientes. A população alvo constituiu-se de 303 indivíduos adultos, de ambos os gêneros atendidos em um Ambulatório Universitário de Nutrição, durante o ano de 2006, na cidade de São Carlos/SP. O critério de inclusão eram ser portadores de hipertensão arterial, clinicamente diagnosticados por um especialista. Utilizou-se para classificação do estado nutricional o índice de massa corporal (IMC), segundo WHO. 35 Os resultados foram obtidos por meio de análise de todos os prontuários identificando-se 76 pacientes portadores de hipertensão arterial (25,08%), com maior incidência do gênero feminino (81,6%), entre 51 e 60 anos de idade, com prevalência de sobrepeso e obesidade em 93,4% do grupo, confirmando a associação da obesidade e hipertensão arterial, e o aumento do risco para doenças cardiovasculares. Estes dados demonstram a necessidade de acompanhamento clínico e nutricional para redução de peso, modificações de estilo de vida e controle da pressão arterial. PALAVRAS-CHAVE: Obesidade; hipertensão arterial; estilo de vida. INTRODUÇÃO O processo de urbanização e industrialização da sociedade provocou mudanças no estilo de vida das pessoas, o ritmo de trabalho aumentou e a alimentação, associada a este ritmo, passou a ser a dos fast-foods. O tempo para o lazer ficou escasso à medida que o estresse aumentou. Todas estas alterações contribuíram para o surgimento das doenças crônico-degenerativas, que se tornaram mais freqüentes devido à maior sobrevivência oferecida pelos progressos do diagnóstico e da terapêutica. 1 A hipertensão arterial (HA) se destaca, dentro do universo das doenças crônicas, pela amplitude de suas expressões, como: a contínua e elevada taxa de mortalidade, a correlação com outras formas de adoecimento (insuficiência renal crônica, acidente vascular encefálico, infarto do miocárdio), o impacto sócio-econômico devido aos custos com tratamento e internações, a limitação da condição de vida e todo o processo de adesão ao tratamento. 16,17 A prevenção primária da elevação da pressão arterial pode ser obtida através de mudanças no estilo de vida, que incluam o controle do peso, da ingestão excessiva de álcool e sal, do hábito de fumar e da prática de atividade física, 4,15,24 da adesão de uma dieta balanceada, rica em fibras, como proposta pela dieta dash. 15,18,28 A modificação no perfil da população brasileira com relação aos hábitos alimentares e de vida, indica uma exposição cada vez mais intensa a riscos cardiovasculares. 16 A mudança nas quantidades de alimentos ingeridos e na própria composição da dieta provocou alterações significativas do peso corporal e distribuição da gordura, com o aumento progressivo da prevalência de sobrepeso ou obesidade da população. Adicione-se a isso a baixa freqüência à prática de atividade física, que também contribui no delineamento desse quadro. 11,23 Levando-se em conta que o aumento da massa corporal está fortemente associado à elevação da pressão arterial 28,33 apresentando altas prevalências, tanto nos países ricos, 22 como naqueles menos desenvolvidos, 11 podemos considerar o excesso de peso como o principal determinante que pode ser prevenido, da ocorrência de hipertensão arterial. 13 No Brasil, em 2003, 27,4% dos óbitos foram decorrentes de doenças cardiovasculares, chegando este número a 37%, quando excluídos os óbitos por causas mal definidas e violência. A principal causa de morte em todas as regiões do Brasil é o acidente vascular cerebral, acometendo as mulheres em maior proporção. Observa-se tendência lenta e constante de redução das taxas de mortalidade cardiovascular. A doença cerebrovascular, cujo fator de risco principal é a hipertensão arterial, teve redução anual *Curso de Nutrição Centro Universitário Central Paulista UNICEP 13563-470 São Carlos SP Brasil. **Departamento de Biológicas Centro Universitário Central Paulista UNICEP 13563-470 São Carlos SP Brasil. 381

das taxas ajustadas por idade de 1,5% para homens e 1,6% para mulheres. Entre os fatores de risco para mortalidade, hipertensão arterial explica 40% das mortes por acidente vascular cerebral e 25% daquelas por doença coronariana. A mortalidade por doença cardiovascular aumenta progressivamente com a elevação da pressão arterial, a partir de 4, 29 115/75 mmhg. O reconhecimento de que a modificação dos hábitos de vida, com a prevenção do aparecimento dos fatores de risco (fr) e o tratamento adequado de desvios da normalidade quando estabelecidos (ha), obesidade, sedentarismo, dislipidemias, dentre outros), modificam a história evolutiva desses agravos torna ainda mais estratégico o conhecimento de sua prevalência. 16,32,34 Existem várias medidas não-farmacológicas que, quando praticadas, resultam em grande benefício em relação ao controle da pressão arterial e co-morbidades comumente encontradas no paciente hipertenso. Com base nestas informações, este trabalho teve o objetivo de identificar a prevalência excesso de peso em individuos com hipertensão arterial, atendidos no ambulatório de Nutrição do Centro Universitário Central Paulista Unicep, no ano de 2006. CASUÍSTICA E MÉTODOS Participaram deste estudo trezentos e três indivíduos de ambos os gêneros, independentemente da idade ou raça, atendidos no Ambulatório de Nutrição do Centro Universitário Central Paulista UNICEP, no ano de 2006, na cidade de São Carlos, interior de São Paulo. O estudo foi do tipo retrospectivo, por intermédio do levantamento de dados de todos os prontuários de atendimento, no período determinado. Definiu-se como critério de inclusão, indivíduos portadores de hipertensão arterial, por mais de seis meses, que foram diagnosticados clinicamente por um especialista. Para compor o perfil do grupo, foram coletadas informações sobre sexo, idade, peso e altura, e presença de hipertensão arterial, referida pelo indivíduo. Para classificação do estado nutricional, utilizou-se o índice de massa corporal (IMC), que foi obtido dividindo-se o peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Os valores de IMC foram classificados utilizando os critérios preconizados pela World Health Organization (WHO), 35 sendo, eutrofia (IMC 18,5 24,9), pré-obeso (IMC 25 29,9), obesidade grau I (IMC 30 34,9), obesidade grau II (IMC 35 39,9) e obesidade grau III (IMC 40). RESULTADOS E DISCUSSÃO O ambulatório do Curso de Nutrição do Centro Universitário Central Paulista UNICEP, realiza atendimentos a toda a comunidade de São Carlos e região, a aproximadamente 4 anos. Inicialmente, o perfil dos atendimentos concentrou-se em pacientes adultos, sendo a maioria deles, obesos, o que foi se alterando ao longo dos anos. Atualmente, o ambulatório atende, através de seus docentes e acadêmicos, uma diversidade de patologias, sendo as principais, síndrome metabólica, obesidade adulto e infantil, câncer, diabetes mellitus e hipertensão arterial, distribuindo-se nas diferentes faixas etárias e gêneros. Do total de pacientes atendidos no ano de 2006 (303), foram identificados 76 indivíduos portadores de hipertensão arterial, correspondendo a 25,0%. Destes, a maioria, 81,6% (62) pertenciam ao gênero feminino. Em estudo semelhante, realizado com pacientes hipertensos, 5 também observaram uma maior incidência de participantes do gênero feminino. A possível justificativa para este fato, apresentada pelos autores, é a possibilidade de maior disponibilidade de tempo, com atividades domésticas, por parte das mulheres, para comparecer em clínicas médicas e realizar o tratamento. 7,16,26 Dos indivíduos que foram incluídos neste estudo, observou-se, que a prevalência maior de hipertensão arterial, 34,2% (26), apresentou-se em indivíduos na faixa etária entre 51 a 60 anos. 1 5,26% 10-20 anos 15,79% 21-30 anos 15,79% 31-40 anos 25% 41-50 anos 34,21% 3,95% 51-60 anos61-70 anos 10-20 anos 21-30 anos 31-40 anos 41-50 anos 51-60 anos 61-70 anos FIGURA 1 Distribuição do grupo avaliado de acordo com a Faixa Etária. Um estudo realizado sobre a prevalência de hipertensão arterial auto-referida, em 15 capitais brasileiras e no Distrito Federal, mostrou, bem como neste trabalho, um nítido crescimento da prevalência variando de 7,4% a 15,7% entre pessoas de 25 a 39 anos; de 26% a 36,4% entre 40 e 59 anos e de 39% a 59% em pessoas com 60 anos ou mais. 4 Jardim et al., 16 em seu estudo encontrou uma prevalência de HA maior entre os homens e que aumentou com a idade, sendo de 16,7% na faixa etária de 18 a 29 anos, aumentando progressivamente até 73,9% naqueles acima de 60 anos. A hipertensão arterial em idosos merece um cuidado especial, uma vez que o grupo é o mais vulnerável às complicações cardiovasculares determinadas pela hipertensão arterial e outros fatores de risco que se acumulam no decorrer da vida. 8,17,20 30 25 20 15 10 5 0 382

A prevalência de hipertensão aumenta com o avanço da idade, sendo que cerca de metade da população adulta, acima de 60 anos, tem hipertensão. Entre os diferentes grupos, de acordo com a idade e a raça, a hipertensão mostra-se 6, 31 mais freqüente entre os homens até a idade de 59 anos. Baseado em diversos estudos populacionais, 14,16,21 observou-se que existe uma associação importante entre a HA e a idade, fato que deve ser considerado, uma vez que na sociedade em desenvolvimento associado ao aumento da longevidade da população há uma agregação de outros fatores de riscos que acabam por comprometer a qualidade de vida dos idosos. 2 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 6,6% 15,8% 1 43,4% 22,4% 11,8% Eutróficos Sobrepeso Obesidade Grau I Obesidade Grau II Obesidade Grau III FIGURA 2 Estado nutricional, avaliado pelo IMC, no grupo estudado. Quanto ao estado nutricional, observa-se na Figura 2, a grande prevalência de sobrepeso e obesidade, do grupo, totalizando 93,4%, dados estes, que condizem com a literatura, destacando-se a obesidade grau I, com 43,4%. Indivíduos com sobrepeso, comparados com indivíduos com peso absolutamente normal, têm risco aumentado de desenvolver hipertensão de 180%. 19 De acordo com Cercato et al., 9 a hipertensão arterial, o diabetes mellitus e as dislipidemias, apresentaram maior prevalência com o aumento do índice de massa corporal, e conseqüentemente os riscos para as doenças cardiovasculares. Obesidade III Obesidade II Obesidade I Sobrepeso 12,64% Normalidade 5,06% Eutrófico 42,86% 42,47% 55,26% Hipertenso 94,94% 100,00% 87,36% 57,14% 57,53% 44,74% Não Hipertenso FIGURA 3 Prevalência de Hipertensão em relação ao IMC. A Figura 3 apresenta a prevalência de hipertensão arterial em relação a distribuição de IMC de todo os pacientes (303). Observa-se que entre os graus de obesidade mais elevados, maior a presença de hipertensão arterial, sendo neste estudo encontrados em 52,26% e 42,86% para obesidade grau II e grau III respectivamente. Sabe-se que o excesso de peso em indivíduos de qualquer população é resultado de um longo período de balanço energético positivo. Entretanto, pouco se conhece sobre os fatores que levam a essa situação. Estudos têm apontado a interação de fatores genéticos e ambientais, entre eles fatores socioculturais, nutricionais, tabagismo, etilismo e atividade física. 3,12,26 Foi demonstrado que a perda de peso, mesmo na presença de ingestão elevada e constante de sódio, resulta na queda da pressão arterial, no melhor controle de alterações metabólicas, freqüentes no paciente hipertenso, e na redução da hipertrofia cardíaca. Um bom programa voltado para a educação e para a reeducação alimentar e mudanças dos hábitos de vida ainda continua sendo a solução para 10, 19 esse problema que tem se agravado. Após a comparação dos dados de hipertensão arterial com IMC, nos pacientes avaliados, utilizando para esta, o teste Anova one way, obteve-se diferenças significativas, com p=0,0000. Pesquisas epidemiológicas relatam aumentos de três a oito vezes na freqüência de hipertensão arterial entre indivíduos obesos. O ganho de peso durante a vida adulta é responsável por boa parte do aumento da pressão arterial encontrado no envelhecimento. 13,30 A obesidade ou excesso de gordura corporal é comprovadamente fator de risco para saúde humana, sendo que a alta prevalência encontrada em países desenvolvidos e em desenvolvimento parece demonstrar que a obesidade não apresenta relações com o nível de riquezas das populações. 10, 12 Segundo demais autores, a obesidade é um fator de risco independente para ocorrência de doença cardiovascular, principalmente em mulheres, e o ganho de peso durante a vida adulta aumenta o risco de doença cardiovascular, independente do peso inicial ou da presença de outros fatores 6, 25 de risco. A obesidade está relacionada com a hipertensão arterial e vem aumentando no mundo todo em razão do desequilíbrio provocado pelo sedentarismo e a ingestão elevada de calorias, inclusive nas crianças. Neste aspecto, verificase que no Brasil houve uma diminuição importante no consumo de feijão, verduras, frutas e carboidratos complexos e um aumento do consumo de gorduras saturadas e açúcar livre, o que pode estar levando ao aumento da obesidade e diabetes. 25 Nos últimos anos a obesidade é o fator de risco que mais cresce, tanto em adultos como entre crianças e adolescentes. A relação da hipertensão arterial com a obesidade ou sobrepeso se mostrou forte e consistente tanto em adultos como em crianças e adolescentes, o que demonstra a necessidade de controle e tratamento. 2,16,20,26 383

A epidemia mundial do excesso de peso (seja sobrepeso ou obesidade) foi também evidenciada no estudo de Jardim et al. 16 Em Goiânia, 43,6% das pessoas estão com excesso de peso, dos quais 13,6% já obesos. A forte associação entre o excesso de peso e a ocorrência de HA indica a urgência de medidas capazes de atuar sobre os fatores de risco que podem interferir decisivamente sobre a determinação da prevalência de hipertensão arterial em um grupo populacional. O Índice de massa corporal (IMC) e a circunferência abdominal (CA) são considerados indicadores de risco independentes, para o desenvolvimento da hipertensão arterial, tanto em homens quanto em mulheres, conforme estudo de Sarno & Monteiro, 27 realizado com 1584 funcionários de um hospital privado de São Paulo, considerando que não somente o excesso de gordura abdominal é desfavorável a saúde, mas o seu excesso no como um todo. CONCLUSÃO A alta prevalência de obesos hipertensos avaliadas no presente estudo, bem como os dados disponíveis na literatura, sugere que o excesso de gordura corporal independente de sua distribuição apresenta-se como um indicativo de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Deste grupo, avaliados pelo IMC, observou-se que a prevalência de sobrepeso e a obesidade estão presentes na maioria (93,4%), dos indivíduos com hipertensão arterial, distribuindo-se em sua maioria no gênero feminino na faixa etária entre 51 e 60 anos, o que deve ser considerado, uma vez que expectativa de vida está se elevando a cada década. Segundo informações do Ministério da Saúde, em 2000, a esperança de vida ao nascer seria em média de 69 anos, sendo 65 anos para homens e 73 anos para mulheres. Observou-se neste grupo, que a maior prevalência de hipertensão arterial, esteve presente quando o IMC apresentava-se em estágios mais elevados, condizendo com os dados encontrados da literatura, correlacionado o excesso de peso ao desenvolvimento da hipertensão arterial. Os resultados demonstram a necessidade de trabalhos de conscientização, educação e acompanhamento nutricional, para a população em geral, mas principalmente aos portadores de hipertensão arterial, que na maioria das vezes não recebem orientação dietética adequada, e não associam ao tratamento clínico e farmacológico, a mudança de estilo de vida e dos hábitos alimentares, o que poderia certamente, promover a perda de peso necessária, reduzir as complicações, assim, aumentando e garantindo qualidade de vida e diminuindo o risco de doenças cardiovasculares. BOAVENTURA, G. A.; GUANDALINI, V. R. Prevalence of arterial hypertension and presence of excess of weight in patients assisted at na academical clinic of nutrition in São Carlos`City São Paulo. Alim. Nutr., Araraquara, v.18, n.4, p.381-385, out./dez. 2007. ABSTRACT: The hypertension is the problem of more common public health in the developed countries and development. In Brazil it attack, approximately, 22% of the adult population and corresponds 15.2% of the interventions carried through in the SUS. The adoption of a life style is basic in the treatment of people who possess hypertension, particularly when it has metabolic syndrome. The white population consisted of 350 patients taken care of in the University Clinic of Nutrition during the year of 2006, in the city of São Carlos/ SP. The inclusion criterion was to be bearers of arterial hypertension, clinically diagnosed by a specialist. It was used for classification of the nutritional state the index of corporal (IMC) mass, according to WHO, 1995. The results had been gotten by means of analysis of all handbooks and had been identified 76 carrying patients of arterial hypertension (21.72%), with bigger incidence of the feminine sort (81.6%), in the age group between 51 and 60 years of age, with prevalence of overweight and obesity in 93, 4% of the sample, confirming the association of the obesity and arterial hypertension, and the increase of the risk for cardiovascular illnesses. These data demonstrate the necessity of clinical and nutritional intervention for weight reduction, modifications of life style and control of the arterial pressure. KEYWORDS: Obesity; arterial hypertension; ethyl of life. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. BARBOSA, J. C.; AGUILLAR, O. M.; BOEMER, M. R. O significado de viver com a insuficiência renal crônica. Rev. Bras. Enf., v. 52, n. 2, p. 293-302, 1999. BEILIN, L.J.; PUDDEY, I.B.; BURKE, V. Lifestyle and hypertension. Am. J. Hypertension., v.12, p. 934-945, 1999. BRASIL. 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