TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE RONDÔNIA 1ª Câmara Cível Data de distribuição :23/07/2008 Data de julgamento :12/08/2008 100.001.2008.006414-0 Apelação Cível - Rito Sumário Origem : 00120080064140 Porto Velho/RO (3ª Vara Cível) Apelante : Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais Advogados : Wanuza Cazelotto Dias dos Santos Barbieri (OAB/RO 2.326), Celso Ceccato (OAB/RO 111) e outros Apelados : Marilene Gomes da Silva e outro Advogado : Lucio Afonso da Fonseca Salomão (OAB/RO 1.063) 1 / 7
Relator : Desembargador Moreira Chagas RELATÓRIO Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais recorre da sentença proferida pelo juiz da 3ª Vara Cível da comarca de Porto Velho que julgou parcialmente procedente pedido deduzido nos autos da ação de cobrança de seguro obrigatório proposta em seu desfavor por Marilene Gomes da Silva e Antônio Carlos Cuellar da Silva. Os requerentes, ora apelados, propuseram a referida ação com o objetivo precípuo de receber da requerida, ora apelante, o valor equivalente a 40 salários mínimos, nos termos da lei 6.194/74. Sentenciando, o magistrado singular julgou parcialmente procedente o pedido inicial, condenando a requerida a pagar aos requerentes o valor de R$13.500,00, a título de indenização pelo seguro DPVAT, corrigida monetariamente a partir da propositura da ação e juros de 01% desde a citação. Inconformada com o deslinde dado à causa, a requerida apela a esta Corte, em razões alinhavadas às fls. 67/74, aduzindo preliminar de carência de ação pela falta de interesse processual. No mérito, aduz que inexiste negativa de pagamento de sua parte, mas apenas pedido de comprovação de documentos essenciais para liberação da verba indenizatória, visando a eliminar qualquer dúvida relativa à legitimidade dos beneficiários, agindo, pois, com suporte no art. 476 do CC. Pontua que ao caso deverá ser aplicada a lei n. 11.482/2007, a qual estabelece o valor de R$13.500,00 como indenização a título de seguro DPVAT. Aduz ser injustificável a fixação de honorários de advogados no patamar de 20% sobre o valor da condenação, razão pela qual pede a sua total improcedência. 2 / 7
Alude que a correção monetária deverá ser contada a partir do ajuizamento da ação, bem como os juros de mora de 01% desde a citação. Ao final, pugna pelo provimento do recurso para o julgamento improcedente do pedido inicial. Contra-razões, às fls. 77/83, dos autos pela manutenção da sentença. É o relatório. VOTO Erige a apelante preliminar de carência de ação por falta de interesse processual sob o fundamento de que os apelados não comprovaram a recusa de pagamento do sinistro na esfera administrativa, quando só assim, segundo ela, passariam eles a ter legitimidade postulatória. Sem razão a apelante nesse propósito, uma vez que a CF/88, em seu art. 5º, inc. XXXV, garante o acesso ao Judiciário em caso de ameaça ao direito sem condicionar o exaurimento da via administrativa previamente. A matéria já foi apreciada por esta Corte que assim decidiu: Não caracteriza falta de interesse processual o fato de o beneficiário de seguro obrigatório não exauri, previamente, a via administrativa para propor ação que reclama indenização, mormente quando informa haver requerido à seguradora e esta criou empecilho ao pronto pagamento do seguro (Apelação Cível - rito sumário n. 02.001301-9, Rel. Des. Fernandes, Eliseu. j. 24/4/2002). 3 / 7
Sendo assim, rejeito a preliminar alegada e submetendo-a à consideração dos demais membros da Câmara. Quanto ao mérito, a irresignação da recorrente restringe-se aos seguintes pontos: 1º) infringência ao art. 476 do CC; 2º) aplicação do valor correto do seguro, nos termos da lei 11.482/2007; 3º) honorários advocatícios exorbitantes de 20%; 4º) correção monetária desde a propositura da ação; e 5º) juros de mora a partir da citação. A presente matéria não exige maior digressão diante da pacificidade do entendimento que sobre ela pesa. A apelante sustenta infringência ao art. 476 do CC sob o pálio de que não houve de sua parte recusa de pagamento do seguro, diferentemente do aduzido pelos apelados, que, segundo ela, não teriam atendido a pedido seu de comprovação de documentos essenciais à liberação da verba indenizatória. A presente argumentação confunde-se com a preliminar de carência de ação por falta de interesse processual já afastada, razão pela qual desnecessária se torna nova apreciação decorrente do mesmo fato. 4 / 7
A respeito da aplicação do valor correto do seguro DPVAT, tem-se o entendimento da apelante que este deve ocorrer no limite imposto pela lei n. 11.482/2007 (art. 8º, I), que é de R$13.500,00. Todavia, analisando-se a sentença de fls. 39/41, denota-se que é absurda tal alegação, uma vez que foi obedecida na íntegra a referida legislação, bem como determinado o pagamento do valor nela especificado. Sendo assim, não há o que ser reformado nesse ponto. Da mesma forma, não faz qualquer sentido os argumentos da apelante a respeito de uma possível redução do valor fixado a título de honorários para 10%; correção monetária a partir do ajuizamento da ação e juros desde a citação, visto que é exatamente isso o que delimitou a sentença. Com efeito, não há porque se reformar aquilo que já se encontra delimitado no pedido do recurso. Ante todo o exposto, é de se conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento, mantendo-se inalterada a sentença por seus próprios fundamentos. É como voto. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça 1ª Câmara Cível Data de distribuição :23/07/2008 Data de julgamento :12/08/2008 100.001.2008.006414-0 Apelação Cível - Rito Sumário 5 / 7
Origem : 00120080064140 Porto Velho/RO (3ª Vara Cível) Apelante : Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais Advogados : Wanuza Cazelotto Dias dos Santos Barbieri (OAB/RO 2.326), Celso Ceccato (OAB/RO 111) e outros Apelados : Marilene Gomes da Silva e outro Advogado : Lucio Afonso da Fonseca Salomão (OAB/RO 1.063) Relator : Desembargador Moreira Chagas EMENTA AÇÃO DE COBRANÇA. Interesse processual. DPVAT. VALOR CORRETO. HONORÁRIOS. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. Para postular o seguro obrigatório, não há necessidade de pedido administrativo prévio, restando evidente o interesse processual. A respeito da aplicação do valor correto do seguro DPVAT, esse deve ocorrer no limite imposto pela lei n 11.482/2007, art. 8º, inc. I. 6 / 7
Sendo fixados honorários de advogados no patamar de 10% sobre o valor da condenação, quando a matéria é singela, não há porque impor-se a sua redução, visto que tal percentual está dentro daquilo que é cotidianamente fixado pela Corte em casos semelhantes. Estando a correção monetária arbitrada desde o ajuizamento da ação e os juros de mora, a partir da citação, não há motivo para a sua reforma, visto que obedecidos ao que prescreve a legislação correlata. 100.001.2008.006414-0 Apelação Cível - Rito Sumário ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Desembargadores da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, em, POR UNANIMIDADE, REJEITAR A PRELIMINAR E, NO MÉRITO, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. O Desembargador Kiyochi Mori e o Juiz Guilherme Ribeiro Baldan acompanharam o voto do Relator. Porto Velho, 12 de agosto de 2008. DESEMBARGADOR MOREIRA CHAGAS RELATOR 7 / 7