PROCESSO: RE 117-63.2012.6.21.0038 PROCEDÊNCIA: RIO PARDO RECORRENTE: ANTONIO ALBENI DE LIMA JUNIOR RECORRIDA: JUSTIÇA ELEITORAL ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Recurso. Registro de candidatura. Eleições 2012. Cargo de vereador. Ausência de quitação eleitoral. Irresignação contra decisão a quo que indeferiu o pedido por inobservância do disposto no art. 11, 1º, VI, da Lei n. 9.504/97. Saneamento do vício apontado no prazo estipulado pelo art. 32 da Resolução TSE n. 23.373/11. Ainda que as condições de elegibilidade devam estar satisfeitas por ocasião da formalização do pedido, é razoável o reconhecimento da validade do adimplemento do requisito antes do julgamento do registro de candidatura. Provimento. A C Ó R D Ã O Vistos, etc. ACORDAM os juízes do Tribunal Regional Eleitoral, por maioria, ouvida a Procuradoria Regional Eleitoral e nos termos das notas taquigráficas inclusas, dar provimento ao recurso, para deferir o registro de candidatura de ANTONIO ALBENI DE LIMA JUNIOR, às eleições de 2012, vencido o Dr. Eduardo Kothe Werlang. CUMPRA-SE. Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Desembargador Gaspar Marques Batista presidente, Drs. Jorge Alberto Zugno, Artur dos Santos e Almeida, Hamilton Langaro Dipp e Eduardo Kothe Werlang, bem como o douto representante da Procuradoria Regional Eleitoral. Porto Alegre, 07 de agosto de 2012. DESA. FEDERAL MARIA LÚCIA LUZ LEIRIA, Relatora.
PROCESSO: RE 117-63.2012.6.21.0038 PROCEDÊNCIA: RIO PARDO RECORRENTE: ANTONIO ALBENI DE LIMA JUNIOR RECORRIDA: JUSTIÇA ELEITORAL RELATORA: DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA LÚCIA LUZ LEIRIA SESSÃO DE 07-8-2012 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- R E L AT Ó R I O Trata-se de recurso interposto por ANTONIO ALBENI DE LIMA JUNIOR contra decisão do Juízo Eleitoral da 38ª Zona - Rio Pardo, que indeferiu seu pedido de registro de candidatura ao cargo de vereador, sob o fundamento de não se encontrar quite com a Justiça Eleitoral, devido a sua ausência às urnas no 2º turno do pleito de 2010 (31/10/2010). Em sua defesa, o recorrente admite não ter comparecido, efetivamente, às urnas, mas afirma que, tão logo intimado acerca da diligência, efetuou o pagamento da multa a ele imposta, estando, agora, quite com a Justiça Eleitoral. Em sentença, o magistrado indeferiu o registro de candidatura, ao argumento de que o candidato deveria ter efetuado o pagamento antes da formalização do pedido. Assim, o adimplemento da multa em momento posterior não afastaria a ausência de quitação eleitoral; Irresignado, o candidato recorreu, reafirmando os termos aduzidos na defesa. Nesta instância, a Procuradoria Regional Eleitoral opinou pelo não provimento do apelo. É o relatório. COORDENADORIA DE SESSÕES 3
Desa. Federal Maria Lúcia Luz Leiria: VO T O S O recurso é tempestivo, pois interposto no prazo de 3 dias, conforme estabelece o art. 52, 1º, da Resolução n. 23.373/2011. A controvérsia do presente apelo cinge-se ao preenchimento do requisito relativo à quitação eleitoral (art. 11, 1º, VI, da Lei n. 9.504/97). O dispositivo remete ao 7º do art. 11 da Lei n. 9.504/97, que estabelece: Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 5 de julho do ano em que se realizarem as eleições. 7º- A certidão de quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas de campanha eleitoral. (Parágrafo incluído pela Lei 12.034, de 29/09/09.) Na espécie, o registro de candidatura do apelante foi indeferido por ausência de quitação eleitoral, por não ter comparecido às urnas em 31/10/2010. Em resposta, o recorrente confessou a falta de quitação, pagando a multa eleitoral daí decorrente após apresentado o pedido de registro de candidatura (fl. 26). Incontroverso, portanto, que o apelante, à época do pedido de registro de candidatura, não estava quite com a Justiça Eleitoral. Não desconheço o disposto no 10 do art. 11 da Lei n. 9.504/97, introduzido pela Lei n. 12.034, de 2009, que estabelece a regra de que as condições de elegibilidade devam ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro. Tal dispositivo normatizou o que a jurisprudência já havia consolidado: ELEIÇÕES 2008. REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. QUITAÇÃO ELEITORAL.O pedido de registro de candidatura supõe a quitação eleitoral do requerente; se este não votou em eleições pretéritas, não justificou a ausência, nem pagou a multa até o requerimento de registro da candidatura está em falta com suas obrigações eleitorais. A norma do art. 11, 3º da Lei 9.504, de 1997, que visa o suprimento de falhas no pedido do registro, dá oportunidade ao requerente para comprovar que, na respectiva data, preenchia os requisitos previstos em lei; não serve para abrir prazo para que o inadimplente com as obrigações eleitorais faça por cumprilas extemporaneamente. (Grifei.) (TSE, RESPE 2.941, rel. Min. Ari COORDENADORIA DE SESSÕES Proc. RE 117-63 Rel. Desa. Federal Maria Lúcia Luz Leiria - Sessão de 07-8-2012. 4
Pargendler, publicado em sessão, data 1.2.2008.) Entretanto, em que pese o posicionamento em sentido contrário do eminente juízo a quo e do douto procurador eleitoral, tenho por assegurar ao recorrente o registro de sua candidatura, ainda que tenha pago a multa eleitoral após o pedido de registro tendo-o feito, contudo, antes do julgamento. Com efeito, o apelante foi intimado acerca da ausência de quitação eleitoral, por força do que prevê o art. 32 da Resolução TSE n. 23.373/2011: Art. 32. Havendo qualquer falha ou omissão no pedido de registro, que possa ser suprida pelo candidato, partido político ou coligação, o Juiz Eleitoral competente converterá o julgamento em diligência para que o vício seja sanando, no prazo de até 72 horas, contado da respectiva intimação por facsímile. No prazo para cumprimento da diligência, o recorrente efetuou o pagamento da multa eleitoral, arbitrada no montante de R$ 3,50 (fl. 26) - após o pedido de registro, mas antes do julgamento. Não desconheço a jurisprudência do TSE no sentido da exigência de que as condições de elegibilidade estejam satisfeitas por ocasião da formalização do pedido. Entretanto, penso ser razoável reconhecer-se a validade do adimplemento antes do julgamento do pedido, a fim de conferir máxima efetividade ao direito político, humano e fundamental, de participar do governo e da direção do Estado. 1 Com esse mesmo entendimento, transcrevo elucidativa ementa do TRE/TO: EMENTA: RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. QUITAÇÃO ELEITORAL. AUSÊNCIA ÀS URNAS. ELEIÇÕES 2006. MULTA. PAGAMENTO. SITUAÇÃO REGULAR. PROVIMENTO. 1. A Resolução TSE n. 21.823/04 estabelece que o conceito de quitação eleitoral reúne a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício de voto, salvo quando facultativo, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a regular prestação de contas de campanha eleitoral, quando se tratar de candidatos. 2. As exigências contidas no art. 11, 1º, incisos I a VII, da Lei 9.504/97, que sejam passíveis de regularização, podem ser supridas até o julgamento do pedido de registro de candidatura (art. 33 da resolução TSE 22.717/2008). 3. Hipótese em que o pagamento da multa eleitoral por não comparecimento ao segundo turno das eleições de 2006, embora tenha se dado após o prazo para registros da candidatura, ocorreu antes do julgamento 1 In GOMES, José Jairo, Direito Eleitoral, 8ª ed., ed. Atlas, 2012, p. 244. COORDENADORIA DE SESSÕES Proc. RE 117-63 Rel. Desa. Federal Maria Lúcia Luz Leiria - Sessão de 07-8-2012. 5
do pedido de registro da candidatura. Nessa situação específica, em especial pelo ínfimo valor da sanção, é de ser considerado o cidadão em situação regular perante a Justiça Eleitoral, fazendo jus à certidão de quitação eleitoral. 4. Recurso provido. Registro de candidatura deferido. (Grifei.) (TRE/TO, Acórdão n. 151, relator: Juiz José Godinho Filho, Publicado na sessão de 13 de agosto de 2008) Com essas considerações, voto pelo provimento do recurso, reformando a sentença que indeferiu o pedido de registro da candidatura de ANTONIO ALBENI DE LIMA JUNIOR às eleições de 2012. Dr. Eduardo Kothe Werlang: Divirjo e nego provimento ao recurso. D E C I S Ã O Por maioria, deram provimento ao recurso, vencido o Dr. Eduardo Werlang que dava provimento. COORDENADORIA DE SESSÕES Proc. RE 117-63 Rel. Desa. Federal Maria Lúcia Luz Leiria - Sessão de 07-8-2012. 6