Capacitor em corrente contínua



Documentos relacionados
FIGURAS DE LISSAJOUS

INTRODUÇÃO TEÓRICA. Existe uma dependência entre a tensão aplicada e a corrente que circula em um circuito.

CARGA E DESCARGA DE CAPACITORES

UTILIZAÇÃO DO VOLTÍMETRO E DO AMPERÍMETRO

Eletrônica Analógica

ESTUDO DE UM CIRCUITO RC COMO FILTRO

Fonte de alta tensão CA/CC simultânea. Manual de operação

A CURVA DO DIODO INTRODUÇÃO TEÓRICA

Experimento 3 Capacitores e circuitos RC com onda quadrada

ROTEIRO DE AULA PRÁTICA Nº 03

defi departamento de física

DISPOSITIVOS OPTOELETRÔNICOS Leds e Fotodiodos

Experiência 1: Amplificador SC com JFET. 1 Teoria: Seções 6.3 e 9.4 de [BOYLESTAD & NASHELSKY 1996].

Fibras Ópticas Modulação de um díodo emissor de luz (LED)

CENTRO TECNOLÓGICO ESTADUAL PAROBÉ CURSO DE ELETRÔNICA

Data: Experiência 01: LEI DE OHM

POTÊNCIA ELÉTRICA INTRODUÇÃO TEÓRICA

Circuito integrado Temporizador 555. Circuito Integrado Temporizador (Timer) 555

Guias de Telecomunicações

CRONÔMETRO DIGITAL PROJETO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA EEL7011 ELETRICIDADE BÁSICA

Aparelhos de Laboratório de Electrónica

Circuitos com Diodo. Prof. Jonathan Pereira

ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DE SANTA CATARINA UNIDADE DE ENSINO DE SÃO JOSÉ

Pontifícia Universidade Católica do RS Faculdade de Engenharia

Experiência 01: ACIONAMENTO DE MOTORES COM O INVERSOR DE FREQUÊNCIA. Objetivo Geral: - Acionar um motor elétrico através de um inversor de frequência.

Comprovar na prática, através das experiências, a veracidade das duas leis de Ohm.

Universidade Federal de Juiz de Fora Laboratório de Eletrônica CEL 037 Página 1 de 7

SFQ FÍSICA EXPERIMENTAL II Turmas 241, 243 e ENGENHARIA MECÂNICA Medidas de Defasagem em Circuitos RC Série 04/08/2009

Experimento #3 OSCILADORES SENOIDAIS. Guia de Experimentos. Osciladores senoidais com amplificadores operacionais LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA

Capítulo VI. Teoremas de Circuitos Elétricos

Roteiro para experiências de laboratório. AULA 2: Amplificadores Operacionais Amplificadores. Alunos: 1- Data: / / 2-3-

Figura 1 Circuito capacitivo em série.

Veja na figura abaixo o retificador de meia onda sem filtro e o respectivo sinal de saída.

SFQ FÍSICA EXPERIMENTAL II Turmas 241, 243 e ENGENHARIA MECÂNICA Caracterização de Circuitos RC e RL Série 01/09/2009

Leia atentamente o texto da Aula 3, Capacitores e circuitos RC com onda quadrada, e responda às questões que seguem.

TRABALHO SOBRE DIODOS. AUTORES Al 2046 Fernandes Al 2430 Lourenço. Prof. Cap Carrilho

Introdução a Práticas de Laboratório em Eletricidade e Eletrônica EEX11-S72

defi departamento de física

EXPERIÊNCIA 9 DIODOS SEMICONDUTORES E CURVAS CARACTERÍSTICAS

Eletricidade e Magnetismo II 2º Semestre/ 2014 Experimento 2: Circuito RC

Diodo e Ponte Retificadora

ELECTRÓNICA I. APARELHOS DE MEDIDA Guia de Montagem do Trabalho Prático

defi departamento Lei de Ohm de física

PORTA OU EXCLUSIVO (XOR) CIRCUITOS DE COINCIDÊNCIA (XNOR)

Roteiro: Experimento #3 Constantes de tempo

Eletrônica Analógica Profº Akita. Experiência 04 - Retificadores Monofásicos com filtros Capacitivos.

O circuito RLC. 1. Introdução

BIPOLOS NÃO ÔHMICOS INTRODUÇÃO TEÓRICA

Laboratório 7 Circuito RC *

Física Experimental III

Lab.05 Capacitor em Regime DC e AC

CORRENTE E RESITÊNCIA

Carga e Descarga de Capacitores

EXPERIMENTO 2 CIRCUITO RC E OSCILAÇÕES LIVRES NO CIRCUITO LC

FIGURAS DE LISSAJOUS

0.1 Curvas de Ofertas e Demandas Lineares

Dep.to Electrónica e Telecomunicações - Universidade de Aveiro Electrónica I Trabalhos Práticos

Resumo: Estudo do Comportamento das Funções. 1º - Explicitar o domínio da função estudada

UFRJ LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA

Experiência 05: TRANSITÓRIO DE SISTEMAS RC

Sistemas Digitais Ficha Prática Nº 7

EPUSP PCS 2021/2308/2355 Laboratório Digital GERADOR DE SINAIS

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

LABORATÓRIO ATIVIDADES 2013/1

p. 1/2 Resumo Multivibradores Biestáveis Multivibradores Astáveis Multivibradores Monoestáveis Circuito integrado temporizador - 555

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE ENGENHARIA ELÉTRICA E INFORMÁTICA UNIDADE ACADEMICA DE ENGENHARIA ELÉTRICA ELETRÔNICA

LABORATÓRIO ATIVIDADES 2013/1

EE531 - Turma S. Diodos. Laboratório de Eletrônica Básica I - Segundo Semestre de 2010

PRÁTICA 3-DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA NOS CIRCUITOS: APSPECTOS EXPERIMENTAIS

Aula Prática: Filtros Analógicos

Calor Específico. 1. Introdução

UNESP - Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá 1

OS ELEMENTOS BÁSICOS E OS FASORES

Circuito Elétrico - I

CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DO PONTAL FÍSICA EXPERIMENTAL III CIRCUITOS RLC COM ONDA QUADRADA

Amplificador a transistor

CONTEÚDO - Circuitos RLC

Experimento 5 Circuitos RLC com onda quadrada

CEIFADORES E GRAMPEADORES

CURSO DE INSTRUMENTAÇÃO. Erros de Medição. Cedtec 2007/2. Sem equivalente na Apostila 1 Pressão e Nível

PARECER DO NÚCLEO DE CÁLCULOS JUDICIAIS DA JFRS

5. Derivada. Definição: Se uma função f é definida em um intervalo aberto contendo x 0, então a derivada de f

Reguladores de Velocidade

a) 200Ω b) 95,24Ω c) 525Ω d) 43,48Ω e) 325Ω

Física Experimental II - Experiência E10

Lista de Exercícios de Eletrônica Analógica. Semicondutores, Diodos e Retificadores

10 - LEIS DE KIRCHHOFF

Aula 01 TEOREMAS DA ANÁLISE DE CIRCUITOS. Aula 1_Teoremas da Análise de Circuitos.doc. Página 1 de 8

Lab.04 Osciloscópio e Gerador de Funções

PARTE EXPERIMENTAL. Nesta parte experimental, iremos verificar algumas relações e fenômenos discutidos na parte teórica.

Experimento - Estudo de um circuito RC

RESISTORES (CÓDIGO DE CORES E FABRICAÇÃO) USO DO OHMÍMETRO INTRODUÇÃO TEÓRICA

4.1 Experimento 1: Cuba Eletrostática: Carga, Campo e Potenciais Elétricos

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA JFET-TRANSISTOR DE EFEITO DE CAMPO DE JUNÇÃO

A recuperação foi planejada com o objetivo de lhe oportunizar mais um momento de aprendizagem.

Aparelhos de medida. São sete as unidades de base do SI, dimensionalmente independentes entre si, definidas para as

Aula 02 Circuitos retificadores com e sem filtro capacitivo; Regulador Zener;

Choppers Conversores CC/CC. Professor: Cleidson da Silva Oliveira

Transcrição:

Capacitor em corrente contínua OBJETIVOS: a) estudar o processo de carga e descarga de um capacitor em regime de corrente contínua; b) verificar experimentalmente o significado da constante de tempo (τ) e sua aplicabilidade. INTRODUÇÃO TEÓRICA Consideremos inicialmente o circuito abaixo, alimentado por uma tensão contínua, formado por um resistor em série com um capacitor. circuito 1 Quando o interruptor S W estiver aberto, não haverá corrente no circuito e portanto, a tensão no resistor e no capacitor será nula. Quando o interruptor for fechado, a tensão no resistor será igual a tensão da bateria, pois o capacitor ainda está descarregado. Isto significa que no momento em que o interruptor é fechado, a corrente no circuito será máxima, sendo dada por: I o = E/R A corrente continuará fluindo pelo circuito até que o capacitor fique completamente carregado. Desta forma, à medida que o capacitor se carrega a corrente vai progressivamente diminuindo, até tornar-se praticamente nula. Matematicamente a tensão no resistor é expressa por: V R = E.e - t/rc (I) 1

onde: V R = tensão no resistor E = tensão da fonte e = 2,718 (constante) t = tempo durante o qual a corrente circula A tensão no capacitor será: Assim: V C = E - V R (II) V C = E - E.e -t/rc (III) Teremos então: V C = E (1 - e -t/rc ) (IV) A fórmula acima fornece a tensão no capacitor em um instante qualquer. O produto RC recebe o nome de constante de tempo, normalmente representada pela letra grega τ (tau). A unidade de medida é o segundo (SI). A constante de tempo é a mesma para a carga e descarga de um capacitor, quando em série com um resistor. Quando um capacitor carregado for posto em contato com um resistor, ocorrerá a descarga do capacitor, segundo a equação: V C = E o. e -t/τ (V) I = I o. e - t/τ (VI) Através das equações (IV) e (V), pode-se levantar o gráfico universal que mostra as variações percentuais da tensão em função das unidades RC (constante de tempo - τ) Vejamos um exemplo: Qual será a constante de tempo (τ) quando um capacitor de 10µF for associado a um resistor de 330kΩ? Solução: τ = RC = 10x10-6. 330x10 3 = 3,3s (1 constante de tempo). O gráfico de carga e descarga é mostrado abaixo: 2

Do gráfico mostrado, pode-se levantar uma tabela com as porcentagens de carga e descarga de um capacitor: FATOR VARIAÇÃO (%) 0,2τ 20 0,5τ 40 0,7τ 50 1τ 63 2τ 86 3τ 96 4τ 98 5τ 99 Uma constante de tempo significa que o capacitor carrega-se com 63% da tensão de entrada. No processo de descarga, o fator será também de 63%. Para melhor ilustrar, consideremos um circuito com um capacitor de 470µF e dois resistores de 100kΩ, alimentado por uma tensão de 10V, conforme ilustra a figura: circuito 2 Observa-se que no circuito a constante de tempo para a carga é igual para a descarga. Quando o interruptor estiver posicionado em A, ocorrerá a carga do capacitor através de R 1 ; em B ocorrerá a descarga do capacitor através de R 2. 3

O tempo para carga e descarga será: τ = RC = 470x10-6. 100x10 3 = 47 segundos Isto significa que a tensão no capacitor será de 6,3V após 1 constante de tempo, ou seja, 47s. A tabela abaixo ilustra melhor as tensões no capacitor no processo de carga e descarga no circuito 2. Tensão no capacitor Constante de tempo Tempo Variação Carga Descarga 0,2τ 9,4s 20% 2V 8V 0,5τ 23,5s 40% 4V 6V 0,7τ 32,9s 50% 5V 5V 1τ 47s 63% 6,3V 3,7V 2τ 94s 86% 8,6V 1,4V 3τ 141s 96% 9,6V 0,4V 4τ 188s 98% 9,8V 0,2V 5τ 235s 99% 9,9V 0,1V A figura abaixo mostra a curva de carga e descarga para o capacitor do circuito 2, para 1 constante de tempo. Se ao invés de chaves manuais para o processo de comutação (liga-desliga), utilizarmos uma sucessão de pulsos quadrados fornecidos por um gerador, podemos analisar simultaneamente o processo de carga e descarga na tela de um osciloscópio. Para tanto, basta aplicar na entrada de um circuito composto por um resistor e um capacitor, uma trem de pulsos quadrados. Consideremos o conjunto de pulsos quadrados mostrado a seguir. 4

Durante o intervalo de 0 a 2ms a tensão nos terminais do gerador é 6V; no intervalo de 2 a 4ms a tensão nos extremos do gerador será de 0V e assim sucessivamente. Considerando o circuito abaixo. circuito 3 Obteremos em função da tensão da tensão quadrada aplicada entre os pontos A e B do circuito 3 e tensão resultante no capacitor em virtude do processo de carga e descarga. Essa tensão poderá ser vista na tela de um osciloscópio, conforme ilustra a figura abaixo. Quando utiliza-se um osciloscópio de 2 canais, em um dos canais pode-se visualizar a tensão aplicada na entrada do circuito, enquanto que no outro canal, visualiza-se a tensão nos extremos do capacitor. 5

No instante 0-t 1 o capacitor carrega-se, pois nesse intervalo de tempo a tensão de entrada é máxima; no instante t 1 -t 2 o capacitor descarrega-se, pois nesse intervalo de tempo a tensão de entrada é nula. A amplitude da tensão nos extremos do capacitor vai depender da constante de tempo RC do circuito ou ainda, da freqüência da tensão do gerador. Quando ocorre um aumento da constante de tempo ou um aumento da freqüência, a amplitude da tensão nos extremos do capacitor diminui. PARTE PRÁTICA MATERIAIS NECESSÁRIOS 1 - Multímetro analógico ou digital 1 - Osciloscópio 1 - Gerador de funções 1 - Módulo de ensaios ETT-1 1 - Monte o circuito a seguir. Circuito 4 Com S W1 fechada e S W2 aberta, o capacitor carrega-se através de R 30 ; abrindose S W1 e fechando-se S W2 o capacitor descarrega-se através de R 29. Observa-se portanto, que as constantes de tempo para carga e descarga não são iguais. 2 - Calcule as constantes de tempo para carga e descarga. constante de tempo para carga: constante de tempo para descarga: 3 - Ligue S W1 e mantenha S W2 aberta (processo de carga). Meça a tensão nos extremos do capacitor para 5 constantes de tempo e preencha a tabela 1. 4 - Abra S W1 e feche S W2 (processo de descarga). Meça a tensão nos extremos do capacitor para 5 constantes de tempo e preencha a tabela 2. 6

Tabela 1: processo de carga E = 18V C = 100µF R = 100kΩ Constante de tempo 1τ 2τ 3τ 4τ 5τ Tempo (s) Tensão no capacitor Tabela 2: processo de descarga E = 18V C = 100µF R = 56kΩ Constante de tempo 1τ 2τ 3τ 4τ 5τ Tempo (s) Tensão no capacitor 5 - Utilize o quadro a seguir e desenhe a curva de carga e descarga do capacitor, para o circuito utilizado nesta experiência (circuito 4). 6 - Monte o circuito a seguir. 7

circuito 5 7 - Ajuste o gerador de funções para fornecer onda quadrada, com uma amplitude de 3Vp e uma freqüência de 50Hz. 8 - Ligue um dos canais do osciloscópio no ponto A e outro canal no ponto B e observe as formas de onda nos dois canais. Anote a amplitude da tensão na entrada (ponto A) e a amplitude da tensão no capacitor (ponto B). Anote também a base de tempo horizontal. 9 - Desenhe as formas de onda observadas nos pontos A (entrada) e B (no capacitor), no quadro a seguir. freqüência do gerador: 50Hz 10 - Aumente a freqüência do gerador para 200Hz a observe as formas de onda no osciloscópio. Deverá ocorrer uma mudança na base de tempo e na amplitude do sinal no capacitor. 11 - Desenhe no quadro abaixo as formas de onda observadas nos pontos A e B. freqüência do gerador: 200Hz 8

12 - Compare as formas de onda no ponto B para as freqüências de 50Hz e de 200Hz desenhadas e apresente suas conclusões. QUESTÕES: 1 - O que é constante de tempo? 2 - O que é tempo de carga? 9

3 - Calcule a constante de tempo do circuito 5. 4 - Porquê quando aumenta-se a freqüência do gerador no circuito 5 ocorre uma modificação da onda quadrada? 10