AS INFLUÊNCIAS DA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM



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Transcrição:

AS INFLUÊNCIAS DA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Maurieli Cristiane Soares Pinheiro 1 O trabalho em questão refere-se à pesquisa realizada sobre as influências positivas da relação professor-aluno no processo de ensino e aprendizagem. O trabalho constituiu-se em duas etapas: a primeira foi realizada uma pesquisa empírica visando pesquisar a opinião de alunos e professores a respeito da relação na qual estão inseridos; a segunda, através de um referencial teórico baseado na obra Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire, e em bibliografias complementares sobre o assunto, para discussão dos dados obtidos. Palavras-chave: Relação professor-aluno; Educação; Paulo Freire. 1 Acadêmica do curso de História da Universidade Tuiuti do Paraná. e-mail: maurielipinheiro@yahoo.com.br

INTRODUÇÃO O presente artigo intitulado As influências da relação professor-aluno no processo de ensino e aprendizagem foi realizado como resultado das observações e pesquisa realizada em sala de aula, para conclusão da disciplina curricular de Estágio Obrigatório, sob a supervisão dos professores Valéria Pilão e Pedro Valandro. O trabalho teve como objetivo a reflexão e análise da relação professoraluno em sala de aula e a influência que essa relação exerce no ensino e na aprendizagem. Para isso, buscou-se estabelecer uma reflexão empírica e uma discussão teórica sobre essa tão polêmica relação, resultante na abordagem presente ao longo do artigo. Desse modo, a problemática foi estabelecida questionando de que maneira a relação professor-aluno influência a aprendizagem em sala de aula. A metodologia aplicada ao trabalho foi constituída em duas etapas. A primeira foi realizada através das observações em sala de aula e de uma pesquisa empírica, com questionários (em anexo) distribuídos a todos os alunos da turma observada, e para alguns professores do Colégio. Esses questionários foram constituídos de perguntas objetivas e subjetivas (para os alunos) e dissertativas (para os professores), visando conhecer a opinião dos mesmos a respeito dessa relação na qual ambos estão inseridos. A segunda parte teve como caráter norteador a reflexão, partindo de uma perspectiva teórica baseada na obra Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire. Constituiu-se em analisar o processo de ensino e aprendizagem a partir da junção de uma boa relação em sala de aula, através de um respeito múltiplo entre educador e educando, e as influências positivas que essa relação pode exercer no processo de aprendizagem e na construção do conhecimento, uma relação em que ambas as partes só têm a ganhar e a acrescentar tanto em formação como na própria vida cotidiana. Com isso teremos primeiramente uma visão dos principais agentes dessa relação, observando suas opiniões e o que eles acham que pode ser melhorado,

para então estabelecermos uma reflexão acerca das influências positivas que uma boa relação entre professores e alunos, pode gerar no processo de ensino e aprendizagem. ESTUDO DE CASO Para a realização dessa pesquisa foram distribuídos dois questionários diferenciados a alunos e professores; o modelo desses questionários encontrase em anexo. A turma observada e que respondeu a pesquisa é do período matutino, totalizando 22 alunos. Os professores que responderam as questões totalizaram em 5. RESULTADO DOS ALUNOS Os alunos que responderam aos questionários têm idade entre 14 e 17 anos. As respostas foram dadas em termos percentuais de cada item, considerando que os alunos poderiam marcar mais de uma questão. A primeira questão diz respeito ao que eles achavam que deveria haver na relação professor-aluno, e as respostas foram as seguintes: 33% responderam que deveria haver mais respeito; 21% mais paciência; 15%, compreensão; 9%, amor; 9%, autoridade; 6%, rigor; 6%, carinho; 1%, mais disciplina. No espaço para falar sobre algo mais, encontraram-se depoimentos como: mais compreensão por que eles nunca vê (sic) o lado dos alunos. A segunda questão sobre o que está faltando na relação professor-aluno, em sua escola, foi observado: 25% responderam paciência; 22%, compreensão; 17%, respeito; 15%, mais disciplina; 8%, autoridade; 6%, flexibilidade; 3%, amor; 3%, carinho. No espaço algo mais, um aluno respondeu: mais autoridade e respeito entre ambos. A terceira questão sobre o que eles acham que seus professores são, responderam: 43%, amigos; 31%, indiferentes; 16%, rigorosos; 10% outras respostas.

Na questão que aborda como os alunos consideram o modo como seus professores se relacionam com a turma, as respostas foram as seguintes: 47% poderia ser melhor, 26% bom, 3% aceitável, 10% ruim, no espaço localizado a responderem por que constam frases como: o professor sendo amigo dos alunos em hora de aula, com certeza (sic) sua aula iria ser mais respeitada. Para os alunos, seus professores deveriam ser: 45% gostariam que fossem mais amigáveis; 35%, mais pacientes; 15% como são; 5% mais rigorosos. As respostas acerca de como eles consideram a relação que eles têm com o professor foram as seguintes: 42% consideram boa; 31%, disseram que poderia ser melhor; 21%, aceitável; 5%, ruim. Na sétima questão, sobre uma autoavaliação sobre seu próprio desempenho, os resultados foram: 37% acham que é regular; 32%, bom; 26%, aceitável; 5%, ruim. Respondendo até que ponto os alunos achavam que a relação professor aluno ajudava em seu desempenho e aprendizado, temos o seguinte: 45% responderam muito, 30% totalmente, 15% pouco, 10% nada. Comparando seus professores com alguém conhecido, os alunos responderam o seguinte: 48% consideram um amigo; 15 %, patrão; 15%, pai; 11%, inimigo, e 11% deram outras respostas. Na última questão, os alunos eram convidados a escrever o que quisessem sobre a relação professor aluno. As abordagens foram sempre em torno de ter mais respeito e paciência tanto por parte dos alunos como dos professores. Abaixo algumas respostas dos alunos. Deve haver entre alunos e professores mais respeito e mais paciência ; Ter mais respeito entre professores e alunos ; Acho que a relação do professor com o aluno está bom, mais poderia melhorar se houvesse mais compreensão da parte dos professores, e mais compromisso da parte dos alunos ; Eu acho que falta mais respeito na relação professor aluno, tanto dos alunos quanto dos professores, porque ninguém respeita ninguém ;

Eu acho que todos devem se respeitar ; Sei lá eu acho que poderia ser melhor de ambas as partes ; Eu acho que está faltando um pouco de respeito dos alunos ; Que os professores devem ter mais respeito com os alunos e mais paciência ; Bom entre alguns professores falta mais amizade com os alunos, assim ajudaria até pra ter uma aula mais tranquila, e como todos entendessem o conteúdo preparado pelo professor ; O professor deveria ser como pais para os alunos, mas não é o que vem acontecendo, está faltando respeito dos alunos para o professor. De acordo com o material coletado, podemos perceber uma clara consciência, por parte dos alunos, que tanto eles quanto os professores precisam melhorar a relação entre si, sendo que a maior parte dos alunos acredita que deve haver mais respeito entre eles. Grande parte veem seus professores como amigos, o que mostra a expectativa deles em relação aos professores. Considerando também que as porcentagens da questão sobre até que ponto eles consideravam a relação professor aluno importante no processo de ensino-aprendizagem, ficaram entre muito e totalmente. OS PROFESSORES Na pesquisa com os professores, podemos observar claramente a consciência que eles têm do seu papel de professor no processo de ensino e aprendizagem, e atuando como mediadores do conhecimento. Suas respostas sobre o papel deles foram as seguintes Uma ponte, um facilitador do conhecimento. O professor não deve ser apenas alguém que passa conhecimento. Eles consideram que a relação professor-aluno deve ser mais respeitosa, mais harmônica e amigável. Deve ser, em primeiro lugar, uma relação de amizade, pautada no respeito e na confiança.

Ao serem questionados a respeito da maneira como eles se relacionam com seus alunos, observamos os seguintes depoimentos: Procuro evitar o embate o quanto possível (...) tento me mostrar amigável para conquistá-los. Procuro fazer com que, antes de qualquer coisa, eles entendam que sou um ser humano que continua aprendendo. Dessa forma, eles percebem que podem também acrescentar-me parte do que sabem. Podemos observar que os professores tentam se relacionar da melhor maneira com seus alunos, mesmo às vezes isso sendo difícil. Buscam ser amigo dos alunos, relevar as diferenças, e se aproximar cada vez mais deles. A maioria acredita ter a aprovação, na maneira como os alunos veem a forma que eles professores, buscam se relacionar e se aproximar deles. Respondendo até que ponto eles consideram que a relação professoraluno altera o processo de ensino e aprendizagem, disseram ser de fundamental importância, pois uma relação amigável com os alunos torna o ambiente escolar menos conflituoso e faz com que se tenha um maior aproveitamento das aulas. Altera de tal forma que chega a levar o aluno tanto se interessar sobremaneira pelo ensino, como a querer desistir dele. Sendo o ensino um processo de transformação, cabe ao professor torná-lo o mais atrativo possível. As relações podem agir nos dois extremos. É superimportante (sic) um bom relacionamento com eles. Facilita a aprendizagem e a convivência em sala. A conquista do aluno pode ser a base para aliviar os conflitos. Para entendermos melhor como se dá essa relação, como ela é significativa quando pensada em uma forma de favorecer o processo de ensino e aprendizagem dentro do ambiente escolar, foi necessária uma pesquisa bibliográfica e uma base teórica a respeito dos benefícios de uma boa convivência e de uma relação amigável entre professores e alunos.

A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO EM SALA DE AULA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM Ao pensarmos o processo educativo como produtores do ser humano, logo, a escola como o espaço destinado ao processo educativo, possui uma significativa contribuição. Ao possuir essa função específica, isto é, o de criar meios para o aprendizado e para a educação do ser humano, a escola como a instituição capaz de produzir o conhecimento, incide na coprodução e na formação do ser humano, justamente por ter sido criada com a finalidade de educar. Tendo em vista que a escola e a sala de aula atuam como um dos principais agentes de construção do conhecimento, o professor atua como o mediador nessa construção que, para além de apenas ensinar os conteúdos programáticos, exerce uma influência nas escolhas pessoais modificando e ou reafirmando essas escolhas, bem como no próprio caráter humano de seus alunos. O educador como mediador está em constante exercício com as práticas dos saberes, e a forma como ele se relaciona com seus alunos, sua convivência com eles o coloca sempre em aprendizagem. É a convivência amorosa com seus alunos e na postura curiosa e aberta que assume e, ao mesmo tempo, provocaos a assumirem enquanto sujeitos sócios-históricosculturais do ato de conhecer, é que ele pode falar do respeito à dignidade e autonomia do educando 2. É necessário ressaltar que essa relação não influi ou deve influir no rigor do desenvolvimento do trabalho do professor, não se trata de amolecer ou deixar os alunos comandarem e dizer como serão desenvolvidas as atividades do Professor em sala de aula. Ao contrário, o que se busca é uma postura 2 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. p.30

coerente entre Professor e Aluno, sem que para isso o ambiente se torne hostil ou intolerável. A escola e a sala de aula como instâncias formadoras de diferenciados saberes, devem proporcionar a todos um ambiente favorável ao ensino, onde seja desmistificada a ideia de um ensino bancário, ou então a uma espécie de tribunal onde os alunos sentem se julgados sobre o saber que deve ser adquirido. Esse tipo de ensino só acaba por gerar um espaço onde cada vez mais o professor se distancia de seus alunos e vice-versa, acarretando em um menor aproveitamento dos conteúdos e da aprendizagem em si. Quando pensamos o processo educativo onde professores e alunos se portam como sujeitos autônomos, onde ambos participam na construção de saberes, e há uma relação harmoniosa entre eles, não estamos abrindo mão da rigorosidade do método no ensino em sala de aula. Embora o educador esteja no constante exercício da aprendizagem, ao ensinar e ao despertar o interesse e a curiosidade dos alunos em aprender, o que torna essa aprendizagem possível é o rigor metodológico que o professor aplica em sala, é através dessa rigorosidade e metodologia que o professor define a sua autoridade. Essa autoridade em tomar decisões, cobrar e orientar quanto à produção de tarefas, não é o mesmo que uma posição autoritária, ou seja, a autoridade em questão não reduz os alunos a meros reprodutores do que está sendo ensinado. Ao contrário, essa maneira de ensinar proporciona o aprendizado crítico. Educadores e educandos tomam consciência de seus papéis, o do educador que continua tendo a experiência da produção de certos saberes, a onde os próprios educandos são os sujeitos dessa construção e reconstrução. O processo de ensino-aprendizagem não pode e não deve ser reduzido a um processo de mão única, onde o aluno age como mero espectador e o professor como o detentor de todo o conhecimento, gerando assim alunos que simplesmente reproduzem determinados conteúdos, onde não há um viés para que esse conhecimento seja interpretado, questionado e associado à própria vida cotidiana. A escola e sala de aula são o espaço organizado para o confronto dos alunos com a própria vida concreta, sendo que esse confronto

deve ocorrer através de atitudes criativas e não repetitivas, proporcionando um clima apto para a interpretação critica e criativa dos conteúdos ali lecionados. Para que a escola pensada democraticamente possa realmente ser denominada assim, faz-se necessário uma nova maneira de pensar e repensar o relacionamento de professores e alunos, ou seja, é necessário que haja essa relação, e que o professor aberto aos saberes dos alunos, propicie oportunidades para que todos os alunos tenham a chance de participar, assumindo assim o seu compromisso com o processo de produção do saber. O respeito e a boa convivência entre ambos devem ser predominantes, proporcionando um maior aproveitamento da aula, ou seja, um ambiente amplo no qual o medo e o mito que se cria em torno da presença do professor, aos poucos sejam desmistificados. O Professor age como um construtor do saber não produz o saber no aluno, mas cria meios para que esse saber seja produzido. Embora ele crie esses meios de produção do saber, também se sujeita a esse saber, ou seja, embora diferentes entre si, o sujeito que forma e o sujeito que é formado, não se reduzem a objetos um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. 3 A relação professor aluno só se torna possível em um espaço democrático, pois em um espaço onde predomina o autoritarismo, essa relação tende a ocorrer de forma conflituosa, pois os alunos tornam-se meros receptores de um conhecimento que o professor está tendo repassar, não considerando que o aluno também possui saberes, suas experiências na vida cotidiana. Segundo Paulo Freire, ensinar exige o respeito ao saber do educando, é a partir desse respeito que é possível trazer para próximo dos conteúdos aplicados em sala, a própria experiência vivenciada pelos alunos, provocando assim debates e discussões, aguçando o senso critico dos mesmos. Mais do que trazer para a vida cotidiana e prática visando reforçar o ensino e a aprendizagem, a aproximação dos conteúdos a própria vida responde questões 3 id. ibid. p. 25

muito frequentes entre os alunos como: Por que preciso aprender isso? No que isso vai acrescentar na minha vida? Com isso, consideramos que algumas práticas deveriam ser seriamente repensadas, como o respeito à autonomia e aos saberes do educando, pois do mesmo modo como me respeito e quero que os outros me respeitem, tenho que dar ao respeito. É esse respeito que faz com que a relação entre educandos e educadores se torne cada vez melhor. O respeito à autonomia e a dignidade de cada um é um imperativo ético, e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros (...) o professor que desrespeita a curiosidade do educando seu gosto estético (...) tanto quanto o professor que se exime do cumprimento do seu dever de propor limites a liberdade do aluno [...] transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência. 4 Respeito mútuo é a chave para que a relação professor aluno se concretize como o diferencial no processo da educação, na aplicação de conteúdos, na construção de saberes. O professor como o mediador dessa construção possui grande responsabilidade na formação de seus alunos, pois uns mais do que outros acabam por se identificarem com seus mestres, tornando-os muitas vezes como próprios referenciais tanto profissionais, como de experiência de vida. Às vezes mal se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. O que pode um gesto aparentemente insignificante valer como força formadora ou como contribuição à do educando por si mesmo 5. 4 id. ibid. p. 59 5 id. ibid. p. 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS De um modo geral, podemos observar que os alunos querem ser respeitados, mas são conscientes de que também precisam se dar ao respeito. Querem mais paciência por parte dos professores e ao comparar o professor a seu amigo, eles exprimem as expectativas da relação professor-aluno. Os professores em geral são conscientes do papel que exercem no processo de ensino e aprendizagem, e tentam ao máximo fazer da relação professor-aluno amigável, tornando assim o ambiente escolar menos conflituoso. Embora dentro de um espaço escolar democrático onde os alunos têm consciência de que precisam respeitar mais os professores, e também desejam ser mais respeitados, e onde os professores se esforçam para tentar manter uma relação saudável e amigável com seus alunos, os conflitos e as diferenças existem e vão continuar existindo. Cabe a cada um dos envolvidos nessa relação, se esforçarem ao máximo para amenizar as diferenças, buscando sempre fazer predominar o respeito, pois uma relação só é construída tendo como base o respeito de ambos. Como já abordado através da pesquisa e discutido teoricamente, o processo de ensino e aprendizagem tende a se tornar muito mais proveitoso quando o que predomina entre professores e alunos, dentro do ambiente escolar, é uma relação respeitosa e amigável. Para isso, é preciso repensar as práticas educativas, no sentido de adaptá-las explorando um melhor aproveitamento dos conteúdos dentro da sala de aula. E uma dessas adaptações se constitui em repensar a relação professoraluno, tornando-a cada dia melhor. Os alunos respeitando a autoridade e o saber do professor, e o professor respeitando o saber e a autonomia dos seus educandos se constitui em umas das chaves para um melhor aproveitamento do processo educacional onde ambos estão inseridos.

BIBLIOGRAFIA FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. CHARLOT, Bernard. Relação com o saber, formação dos professores e globalização. Porto Alegre: Artmed, 2005. LARA, Tiago Adão. A escola que não tive o professor que não fui. São Paulo: Cortez, 1996.