MADEIRA ILEGAL E PREDATÓRIA NA REGIÃO DE SANTARÉM UM ESTUDO DE CASO



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Transcrição:

Campanha Amazônia MADEIRA ILEGAL E PREDATÓRIA NA REGIÃO DE SANTARÉM UM ESTUDO DE CASO Outubro 2001 Marcelo Marquesini/Gavin Edwards Segundo o Governo Brasileiro cerca de 80% da madeira retirada da Amazônia é ilegal ou tem ligações com ilegalidade 1. Empresas operam em áreas que legalmente não possuem ou usam planos de manejo para encobrir a extração de madeira vindas de áreas indígenas, unidades de conservação ou ainda áreas públicas. Segundo os dados do IBAMA em 2000 houve na Amazônia cerca de 4,5 milhões de m 3 de madeira autorizados para extração através de planos de manejo florestal (PMF), porém a extração anual de madeira foi quase 30 milhões m 3 /ano. Apesar dos vários esforços para se frear a extração ilegal de madeira, a ilegalidade ainda continua sendo a regra 2. As empresas madeireiras frequentemente alegam que seus métodos são sustentáveis, no entanto o desmatamento (uma das fontes de abastecimento do setor madeireiro) continua crescente na Amazônia e a madeira vinda desta atividade não sustentável continua a trilhar seu caminho até o mercado nacional e internacional. Por outro lado, consumidores em todo mundo pensam estar adquirindo madeira proveniente de fontes sustentáveis. A empresa inglesa Timber Trade Federation por exemplo, assinou um acordo com a AIMEX (Associação das Industrias Madeireiras Exportadoras do Pará) em setembro de 1993, na qual os exportadores se comprometiam a exportar madeira vinda somente de fontes suntentáveis e em estrito acordo com as leis brasileiras. Porém, está claro que a grande maioria da madeira da floresta Amazônica que segue para o mercado vem de fontes ilegais e predatórias, muito longe de ser sustentável. Este relatório apresenta um resumo das investigações realizadas pelo Greenpeace na região de Santarém/PA desde 1997. Grandes empresas madeireiras da região há anos vem exportando madeira principalmente para países europeus e EUA. Existem várias evidências de envolvimento das empresas com exploração de madeira em terras públicas, compra de madeira de empresas fantasmas, compra de madeira de áreas de desmatamento e o não comprometimento com o meio ambiente por não realizarem manejo florestal em seus projetos. Em particular, são apresentados dados de cinco empresas responsáveis por cerca de 72% das exportações de Santarém em 2000: Cemex, Curuatinga, Estância Alecrim, Madesa & Rancho da Cabocla. 1 SAE. Política Florestal: exploração madeireira na Amazônia. Secretaria de Assuntos Estratégicos abril/1997. 2 Avaliação dos planos de manejo florestal sustentável da Amazônia. IBAMA Brasília, DF. 2001.

Em 1997, por solicitação do Ministério Público Federal o Greenpeace em conjunto com Ibama, Incra e Receita federal investigou 15 planos de manejo florestal de nove empresas na região de Santarém, utilizando os dados protocolados no IBAMA e extensivo trabalho de campo. O relatório ressaltou várias inconsistências nos planos de manejo florestal. Por exemplo, o projeto de manejo de duas áreas diferentes da empresa Cemex apresentavam os mesmos resultados do inventário florestal, apenas com o número das parcelas trocado. Em outras palavras, pelo menos um dos inventários não foi realizado e os dados foram copiados do outro projeto. O planejamento para corte e extração da madeira descrito no projeto encaminhado não era realizado em campo em nenhum dos planos e o índice de danos a vegetação remanescente e abertura do dossel era alto. Após a vistoria a Procuradoria Federal da República iniciou uma investigação sobre a cadeia dominial dos títulos de propriedade da Cemex e Madesa e encontrou ilegalidades as terras eram públicas. A empresa Curuatinga também está sendo investigada. O IBAMA por sua vez encontrou ilegalidades nos projetos das empresas Rancho da Cabocla & Curuatinga e tomou as seguintes providências em 2001 3 : Cemex três planos de manejo foram cancelados totalizando uma área de 13 mil ha. Madesa - três planos de manejo foram suspensos devido à irregularidades; um plano foi cancelado totalizando uma área de 10 mil ha. Curuatinga - um plano de manejo cancelado. Rancho Da Cabocla - dois planos de manejo suspensos e um a ser cancelado. As empresas produziram uma quantidade de madeira significativa através desses planos antes de serem cancelados ou suspensos. Madeira ilegal e manejo não sustentável Existem três principais caminhos para as empresas obterem madeira na Amazônia. Planos de manejo florestal: são projetos legalmente reconhecidos pela legislação brasileira que permitem a extração de madeira para industrialização em floresta natural. Desde 1986, o IBAMA aprovou milhares desses planos passando a falsa sensação aos consumidores que a indústria estaria trabalhando de forma regular. No entanto, do ponto de vista técnico esses planos não passam de meros projetos de papel e na prática não cumprem a legislação. Em 1996 um relatório da EMBRAPA mostrou um grande número de irregularidades nos projetos vistoriados. Por exemplo, 93% dos planos de manejo não demonstraram qualquer cuidado com as trilhas de arraste (por onde as toras são removidas da floresta), embora a cuidadosa abertura e planejamento dessas trilhas seja essencial para a redução dos impactos na floresta e no solo. No ano seguinte o IBAMA publicou outro relatório revelando que apenas 31% (866) de um total de 2806 planos aprovados foram considerados aptos pelo próprio Ibama. 40% dos planos (1128) foram suspensos e 23% (633 planos) foram cancelados. Outro relatório do Ibama em 2000 mostrou que a farsa continuou 4. Somente 3 Termo de compromisso de ajustamento de conduta contra Cemex. Ministério Público Federal. 17/Julho/2001. 4 IBAMA. 2001. Avaliação dos planos de manejo florestal sustentável da Amazônia. Brasília, DF.

405 ou 49% dos 822 planos restantes foram considerados aptos ou em manutenção. Em suma, somente 14% dos planos existentes em 1998 resistiram à avaliação do próprio IBAMA. Desmatamento: muitas áreas vem sendo desmatadas na Amazônia para a implantação de pastagens e agricultura em escala comercial. A madeira oriunda dessas áreas não é sustentável, compete com a madeira vinda de planos de manejo, já que é mais barata e seu comércio estimula mais desmatamentos. A Cemex por exemplo declara nas notas fiscais pagar R$ 5,00 por m 3 de madeiras valiosas como jatobá e cedro vindo de desmatamentos enquanto a mesmas espécies são compradas por R$ 25,00 por m 3 quando vêm de áreas de manejo florestal. As empresas de Santarém continuam se abastecendo de madeira oriunda de desmatamentos enganando os consumidores quando alegam que suas práticas são sustentáveis. Terceiros: as grandes madeireiras se abastecem principalmente de toras e em menor escala de madeira serrada proveniente de pequenas serrarias de Santarém e outros municípios da região. Algumas dessas pequenas serrarias são empresas de fachada e funcionam para legalizar madeira sem comprovação de origem em outras palavras madeira ilegal. Para justificar a procedência dos estoques de madeira essas empresas fantasmas estão trocando notas fiscais e ATPF Autorização para Transporte de Produtos Florestais 5, por exemplo: 1. A empresa X obtém documentos (ATPF) da empresa Y para legalizar madeira de origem ilegal. A ATPF da empresa Y é conseguida através de algum projeto de manejo ou desmatamento. 2. A empresa X adquire madeira ilegal e usa os documentos para justificar ao IBAMA a procedência da madeira - a empresa Y. 3. Contudo, a empresa Y nunca declara ao IBAMA que repassou essa madeira para a empresa X (na verdade é só papel porque não existe a madeira). Como ela não declara a saída de madeira não necessita apresentar relatório de entrada de madeira e a origem da matéria-prima. 4. A empresa X com documentos na mão vende a madeira para as grandes empresas ve exportadores. ANO 2000 O NEGÓCIO CONTINUA A seguir são apresentados maiores detalhes da exploração de madeira ilegal e predatória das cinco empresas estudadas, tomando como base o ano 2000. Cemex (Cemex Comercial Mad. Ltda.) Em 2000 a Cemex exportou oficialmente 7.750 m 3 de madeira beneficiada e 2.370 m 3 entre jan. e abril de 2001. - Planos de manejo florestal: 17.600 m 3 de toras. Em 2000, mais de 50% dessa madeira veio da empresa Treviso, criada pela Cemex para explorar madeira através de concessão na Flona Tapajós. A Treviso cometeu 5 Empresas fantasmas e madeira ilegal em Santarém relatório técnico. Greenpeace campanha Amazônia. Setembro, 2001.

várias irregularidades na Flona Tapajós, deixando de obedecer o contrato assinado entre a empresa e o IBAMA/Projeto ITTO 6. - Desmatamento: 2.300 m 3 de toras. - Terceiros: 567 m 3 de madeira beneficiada vinda de pequenas serrarias. Duas delas são empresas fantasmas (ZENO Industrial e J.S. Madeiras) 7. Madesa (Madeireira Santarém Ltda.) Em 2000 a Madesa exportou oficialmente 7.600 m 3 de madeira beneficiada e 2.600 m 3 entre jan. e abril de 2001. - Planos de manejo florestal: 16.800 m 3 de toras. A maioria da madeira veio do plano de manejo que foi cancelado pelo Ibama em julho de 2001 por estar em terras públicas com documentos falsos 8. Curuatinga (Industrial Madeireira Curuatinga Ltda.) Em 2000 a Curuatinga exportou oficialmente 8.600 m 3 de madeira beneficiada e 5.300 m 3 entre jan. e abril de 2001. - Planos de manejo florestal: 15.600 m 3 de toras vinda de cinco planos de manejo de terceiros situados na região de Porto de Móz/PA e um plano da empresa na região de Santarém. Três planos estavam suspensos em abril de 2001 9. Um dos fornecedores é a serraria Porto de Móz que recebeu uma multa no valor de 90 mil reais em março de 2001 por possuir 800 m 3 de madeira sem qualquer documentação. Recentemente, no final de setembro de 2001 a empresa foi flagrada com mais madeira ilegal por uma operação especial do IBAMA. Rancho da Cabocla (Maderieira Rancho do Cabocla Ltda.) Em 2000 a Rancho da Cabocla exportou oficialmente 14.800 m 3 de madeira beneficiada e 5.230 m 3 entre jan. e abril de 2001. - Planos de manejo florestal e desmatamento: 19.650 m 3 de toras oriundas de 2 planos de manejo e 7 áreas de desmatamento 10. - Terceiros: 2.414 m 3 vindo de pequenas serrarias. Duas empresas são fantasmas (ZENO Industrial e ITAMEX). 11 6 Flona Tapajós Histórico e situação atual da Flona modelo. Greenpeace - campanha Amazônia. Agosto. 2001. 7 Empresas fantasmas e madeira ilegal em Santarém relatório técnico. Greenpeace - campanha Amazonia. Setembro 2001. 8 Relatórios mensais de entrada e saída de madeira em toras. IBAMA. 2000. 9 Relatórios mensais de entrada e saída de madeira em toras. IBAMA. 2000. 10 Relatórios mensais de entrada e saída de madeira em toras. IBAMA. 2000. 11 Empresas fantasmas e madeira ilegal em Santarém relatório técnico. Greenpeace - campanha Amazônia. Setembro 2001.

Estância Alecrim/Milton José Schnorr Em 2000 a Estância Alecrim exportou oficialmente 4.502 m 3 de madeira beneficiada e 1.397 m 3 entre jan. e abril de 2001. - Planos de manejo florestal e desmatamento: 11.247 m 3 de toras oriundo de 3 planos de manejo e 26 áreas de desmatamento 12. - Terceiros: 521 m 3 vindo de pequenas serrarias, das quais 3 são empresas fantasmas (J.S.Madeiras/Madeplacas, ZENO Industrial & ITAMEX/Madeira do Gareira). 13 A demanda global por madeira mantém o avanço da destruição na Amazônia A maioria da madeira produzida em Santarém pelas médias e grandes serrarias é exportada, em particular para a Europa. A madeira tem sido comprada por uma grande variedade de empresas importadoras, sendo uma das maiores a empresa: DLH/Nordisk que vende madeira para Bélgica, Dinamarca, China, Reino Unido, Alemanha, Holanda, Portugal, Espanha e EUA. Exportações de madeira beneficiada em Santarém, jan. 2000 a abr. 2001 14 País exportador Metros cúbicos Holanda 22.681 França 19.297 Espanha 8.909 Reino Unido EUA Irlanda Portugal Alemanha Suiça China Holanda Dinamarca 6.599 Bélgica Bélgica 5.626 Dinamarca Portugal 5.509 Espanha França Irlanda 4.644 Estados Unidos 4.574 Reino Unido 1.457 Alemanha 634 Suiça 406 China 101 Soluções Greenpeace demanda a todos os governos do mundo: 12 Relatórios mensais de entrada e saída de madeira em toras. IBAMA, 2000. 13 Empresas fantasmas e madeira ilegal em Santarém-relatório técnico. Greenpeace campanha Amazônia. Setembro 2001. 14 Mapa Mensal das exportações de produtos e sub-produtos florestais. IBAMA/Santarém. Jan. 2000 a Abr. 2001.

Com o objetivo de parar a destruição das florestas naturais do planeta, o Greenpeace está solicitando que os 180 países que participam da Convenção de Biodiversidade (CBD) implementem uma moratória sobre a exploração madeireira e outras atividades industriais nas áreas de florestas naturais intactas em todo o mundo, até que uma rede representativa de Unidades de Conservação seja realmente implementada e seja criado no mínimo um fundo internacional de 15 bilhões de dólares para implementação dessas medidas. Greenpeace solicita ações concretas Moratória: Imediata moratória sobre a exploração madeireira em escala industrial na terra do meio, a região central do estado do Pará, até que todas as unidades de conservação e terras indígenas sejam realmente demarcadas e implementadas Medidas: O FSC Conselho de Manejo Florestal é um sistema de certificação ambiental com aceitação global pelo mercado. Ele emprega um sistema de acompanhamento da cadeia de custódia desde a árvore na floresta até o produto acabado na loja, garantindo ao consumidor a real origem do produto. Como a certificação tem sido a melhor garantia contra madeira ilegal ou de fontes predatórias (a certificação não aceita madeira vinda de desmatamento), o Greenpeace está solicitando que as MADEIREIRAS realmente sérias se submetam a certificação florestal e num passo de 4 anos tenham toda a sua produção certificada pelo FSC. Que o IBAMA cancele permanentemente todos os planos de manejo florestal de empresas envolvidas com transporte, extração ou recebimento de madeira ilegal. Recursos financeiros: Que o governo destine os recursos necessários para o IBAMA realizar efetivamente o controle e monitoramento do setor madeireiro e garantir a proteção das unidades de conservação. Recursos para todas as atividades e instituições que promovam o desenvolvimento sustentável das populações que vivem na Amazônia. Recursos para o desenvolvimento de pesquisas científicas, educação ambiental e formação de profissionais voltados para a área do meio ambiente nas escolas técnicas e universidades.