A CONTRIBUIÇÃO DE AGOSTINHO DE HIPONA PARA A EDUCAÇÃO CRISTÃ 1
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A CONTRIBUIÇÃO DE AGOSTINHO DE HIPONA PARA A EDUCAÇÃO CRISTÃ MÁRCIA REGINA ROCHA São Paulo 2012 3
2012 Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio, sem a permissão expressa da Autora. Capa: Santo Agostinho em seu Claustro, Sandro Botticelli, 1480 + Biblioteca do Trinity College (Irlanda) R672c Rocha, Márcia Regina. A contribuição de Agostinho de Hipona para a educação cristã. / Márcia Regina Rocha. - São Paulo: PerSe, 2012. 144 p. ; 14x21cm. ISBN Impresso: 978-85-64280-92-2 ISBN Ebook: 978-85-64280-93-9 1. Educação cristã. 2. Santo Agostinho. 3. Agostinho de Hipona. 4. Biografia. I. Título. 4
Ao meu querido Rodney, por todo amor, incentivo e apoio. 5
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Senhor, Ensinai-me o que tenho que ensinar. Ensinai-me o que ainda tenho que aprender. Ensinai-me o conhecimento de vossa vontade e a sabedoria para pôla em prática. (Agostinho, Confissões 13,1) 7
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SUMÁRIO Introdução Capítulo I. A Educação Cristã através dos tempos, sua história em contexto 19 Antigo Testamento 28 Novo Testamento 34 Igreja Antiga 42 Reforma e pós-reforma 46 Capítulo II. Panorama histórico de Agostinho de Hipona 51 A vida de Agostinho 55 O contexto sócio-político-religioso de sua época 66 Pressupostos educacionais e intelectuais de Agostinho 76 9
Capítulo III. A importância de Agostinho e seu legado na educação cristã até os dias de hoje 93 Considerações finais Referências bibliográficas Agradecimentos Sobre a autora 10
Introdução O objetivo desta obra foi analisar a importância e contribuição de Agostinho de Hipona para a educação cristã, identificando sua relevância e seu papel ao longo da história, apontando desta forma, o seu pensamento e as influências que impactaram a construção e a formação educacional, tanto católica como protestante. A pesquisa bibliográfica no processo e elaboração deste projeto forneceu meios para apresentar as questões propostas e documentar a contribuição do pensamento agostiniano exercido com excelência pelo filósofo. Ao discorrer os capítulos, estes evidenciam e reafirmam o reconhecimento acadêmico de Agostinho, e suas estratégias de ensino, no qual considerava essencial capacitar e treinar as pessoas para o conhecimento das Escrituras. Deste modo, o eixo para a organização deste estudo e de sua estrutura vem facilitar a compreensão de aspectos relevantes de sua vida, os conflitos morais enfrentados por ele e de como se tornou um dos mais importantes representantes da patrística, inclusive pela produção intelectual de grandes obras, no qual registrava os problemas e 11
debates, especialmente no âmbito da educação cristã, foco deste trabalho. Agostinho vivenciou um período de importantes transformações, tanto nas experiências pessoais, como em mudanças que atingiram a sociedade romana da época. Grandes acontecimentos marcaram este período e o filósofo presenciou tanto a ascensão quanto ao declínio da Igreja. Inicialmente, a caminhada e a busca constante por respostas direcionou Agostinho para o cristianismo por curiosidade; porém, o contato com as pregações do bispo Ambrósio o aproximou das Escrituras, resultando em sua conversão e batismo. No entanto, momentos que antecederam este marco em sua história, o pensador esteve influenciado por movimentos como o maniqueísmo e mais tarde o neoplatonismo, embora suas convicções nestes estudos fossem se dissipando, causando nele desilusões. Aos poucos ele acabou se afastando definitivamente destes grupos, passando a combater suas ideias. Contudo para entender o cenário histórico da época e das transformações relevantes ocorridas ao 12
longo dos anos, a pesquisa foi desenvolvida respeitando o tempo e o espaço para que se chegasse até Santo Agostinho. Portanto, foram evidenciados tópicos que demonstram a construção das concepções filosóficas, teológicas e educacionais do pensador. Os capítulos desenvolvidos abordam diversas fases que auxiliam acompanhar a formação cristã através dos séculos e como mais tarde foi determinante nesta construção a interferência argumentativa de Agostinho, assim como suas reflexões. É pertinente relatar que inicialmente a avaliação do ensino caracterizado pelo Antigo e Novo Testamento, assim como o contexto histórico da Igreja antiga e posteriormente a influência do movimento reformista, demonstrou constantemente a importância de se transmitir os valores da fé conciliados à educação, sobretudo já no ministério de Jesus e do apóstolo Paulo. A instrução no Antigo Testamento consistia em educação religiosa, na qual a prioridade era estudar as Escrituras, sendo os sacerdotes, em alguns casos, considerados os mestres da época. A obediência era ensinada como a prática principal de relacionamento 13
para se aproximar de Deus e alcançar a paz. Portanto, a autoridade e poder absoluto para se aplicar o ensino eram o de conduzir a comunidade a se congregar, reconhecendo Deus como mestre e soberano. Já no Novo Testamento o ensino se caracteriza pelas mensagens de Jesus, que aponta o ensino cristão por meio da fé, pela renovação espiritual, possibilitando ao homem a se regenerar moralmente diante de Deus. Apesar do grande discipulado de Jesus, muitos mestres judeus se incomodaram com suas pregações. No entanto, as propostas de ensino do apóstolo Paulo levaram posteriormente por onde ele passasse o nome de Cristo e os ensinos de Jesus, sendo também mais tarde uma referência fundamental para Agostinho. Passando pela história da Igreja antiga, o texto disponibiliza ao leitor a possibilidade de se envolver com a formação cultural da época e de perceber como se estruturou a formação da educação neste período, sob a visão teológica do pensamento cristão por parte daqueles que eram autoridade na Igreja, e de como se estabeleceu este pensamento, atingindo a população 14
especialmente na forma de ensinar e principalmente com as transformações ocorridas já na Idade Média. Ainda no período antigo, verificou-se que o conteúdo no processo educacional consistia basicamente em ensinar aos jovens a literatura, a retórica e a filosofia grega. Sobretudo, ensinavam preceitos e valores morais romanos, que preparavam o educando para a reflexão de sacrifícios e renúncias para a defesa total da pátria. Desta forma, os romanos tinham como objetivo preparar os jovens para o serviço prático de defesa do Estado. Contudo, o período de transição e advento do cristianismo na história resultou em uma revolução cultural no mundo antigo e consequentemente em uma reavaliação na maneira de os cristãos viverem, ocasionando mudanças na concepção dos princípios no ambiente familiar. Também é oportuno considerar a educação teológica no protestantismo, com princípios herdados mais tarde do pensamento agostiniano, e de como se deu sua influência nos ideais de importantes reformadores, que resultaram na consolidação da educação cristã e em sua ascensão frente à sua época. 15