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Transcrição:

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento Número do Processo: 44232.202282/2014-33 Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL RIO CLARO Benefício: 25/166.836.073-7 Espécie: AUXÍLIO-RECLUSÃO Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Recorrido: MELISSA BARBOZA CARRETONI TROST - Titular Capaz Recorrido: ANA CECILIA DE MATTOS - Procurador Assunto: RESTABELECIMENTO Relator: LUSIA MASSINHAN Relatório Trata-se de recurso especial interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora Recorrente, em face de decisão proferida pela 27ª Junta de Recursos que conferiu a MELISSA BARBOZA CARRETONI TROST, ora denominada recorrida, a qual, mediante acórdão n.º 4884/2014, proferido em 11/11/2014, obteve PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Ordinário apresentado em razão das alegações de irregularidade na concessão de seu benefício de auxílio-reclusão (NB: 25/166.836.073-3). Trata-se de benefício concedido à recorrida esposa do segurado instituidor Rafael Friedrich Trost o qual foi recolhido em cárcere prisional em data de 10/03/2014, sendo verificado o último vínculo empregatício em 19/09/2012. Assim, considerando que o segurado instituidor recebeu 5 parcelas do seguro desemprego (de 29/10/2012 a 01/03/2013), a qualidade de segurado ficou mantida. Entretanto, o processo foi encaminhado ao MOB visto que o último salário de contribuição do segurado instituidor foi de R$ 1.213,96 (competência 09/2012) sendo este valor superior ao previsto na Portaria Ministerial para esta época R$ 915,05, sendo assim, foi considerado irregular a concessão do benefício. A recorrida apresentou defesa no prazo regulamentar, sendo esta considerada insuficiente, foi suspenso o benefício e conferido o prazo de 30 dias para apresentação de recurso da decisão de cobrança dos valores recebidos indevidamente, sendo emitida guia de recolhimento no valor de R$ 4.088,97. Em observância ao princípio da eficiência consagrado no artigo 2 da Lei 9.784/99, visando maior celeridade processual, colaciono o Relatório da Douta 27ª Junta de Recursos, inerente ao benefício de n. 25/166.836.073-3: " Trata-se de recurso ordinário, interposto pela Sr.ª M. B. C. T., por sua procuradora Dr.ª Ana Cecilia de Mattos OAB/SP 205.245, em razão da suspensão do benefício de auxílio-reclusão o qual era beneficiária, bem como processo de cobrança administrativa de valores recebidos indevidamente. A requerente, em 26/03/2014 DER requereu a concessão do benefício na Agência da Previdência Social APS Rio Claro/SP, após a prisão do seu esposo em 10/03/2014, conforme Certidão do Sistema Prisional Estadual acostada aos autos. A autarquia previdenciária instituiu o benefício, com base na qualidade de segurado que foi verificado com as contribuições como contribuinte facultativo informada no Cadastro Nacional de Informações Sociais CNIS. Posteriormente, uma filha do instituidor do benefício requereu a concessão do benefício, ocasião em que a autarquia verificou erro na concessão do benefício, uma vez que as contribuições como facultativo foram recolhidos em atraso e o último salário como segurado obrigatório do Regime Geral da Previdência Social RGPS foi acima do limite estabelecido. Foi emitida carta a requerente para que apresentasse defesa, a qual foi considerada insuficiente. O benefício foi suspenso e emitido folha de cobrança dos valores recebidos indevidamente no valor de R$ 4.088,97 (quatro mil oitenta e oito reais e noventa e sete centavos).

Em recurso, a requerente alega que a contribuição referente a janeiro/2014, como facultativo, deve ser considerada pois foi no valor de R$ 722,00 (setecentos e vinte e dois reais). Diz ainda que a alegação de que o salário de contribuição do último vínculo empregatício ter sido superior ao limite estabelecido não pode ser levado em consideração. Requer o restabelecimento do benefício e o pagamento dos meses vencidos. Nas contrarrazões a autarquia mantém o ato denegatório. EMENTA: AUXÍLIO-RECLUSÃO. RECURSO ORDINÁRIO. TEMPESTIVO. IRREGULARIDADES. CONTRIBUINTE FACULTATIVO EM ATRASO. ULTIMO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO SUPERIOR AO LIMITE LEGAL. SUSPENSÃO DO BENEFÍCIO. NÃO OBRIGAÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: 4º DO ART. 11 E ART. 116 DO DECRETO 3.048; ART. 5º DA PORTARIA INTERMINISTERIAL 19 DE 10/01/2014 E 2º DO ART. 185 DA LEI Nº 8.112/91 RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE Da análise dos autos, verifica-se que o recurso é tempestivo, passando a análise do mérito. Trata-se de recurso onde a Sr.ª Melissa Barboza Carretoni Trost insurgiu contra a suspensão do benefício e cobrança de valores. A autarquia concedeu o benefício em favor da requerente após avaliação de todos os requisitos legais. Ocorre que, posteriormente foi verificado que as contribuições do instituidor como contribuinte facultativo não poderiam ter sido consideradas, uma vez que a competência 01/2014, a qual deveria ter sido paga até 15/02/2014, só foi quitada em 28/02/2014 em atraso. Já a competência 02/2014 foi paga em 13/03/2014, após a prisão que ocorrerá em 10/03/2014. Tal entendimento da autarquia para a situação relatada é o mesmo deste relator, conforme dispõe o Decreto 3.048/99: Art. 11 4º Após a inscrição, o segurado facultativo somente poderá recolher contribuições em atraso quando não tiver ocorrido perda da qualidade de segurado, conforme o disposto no inciso VI do art. 13. Vejamos que tais contribuições, apesar de estarem com o valor dentro do limite estabelecido para concessão do auxílio reclusão, não podem ser consideradas por terem sido efetuadas em atraso. Em consulta ao CNIS foi verificado que o último vínculo empregatício como segurado obrigatório do RGPS do instituidor foi desfeito em 19/09/2012, o que lhe garantia a qualidade de segurado até 19/09/2013, podendo ser prolongado por mais 12 meses. Ocorre que, o último salário de contribuição no referido emprego foi no valor de R$ 1.213,96 (hum mil duzentos e treze reais e noventa e seis centavos). Sobre o tema, vejamos o que dispõe a legislação vigente: Art. 116: O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, desde que o seu último salário-de-contribuição seja inferior ou igual a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais). Valor atualizado, pela portaria interministerial 19 de 10/01/2014. Art. 5º (Portaria Interministerial) O auxílio-reclusão, a partir de 1º de janeiro de 2014, será devido aos dependentes do segurado cujo salário-de-contribuição seja igual ou inferior a R$ 1.025,81 (hum mil vinte e cinco reais e oitenta e um centavos), independentemente da quantidade de contratos e de atividades exercidas. Observe-se que o salário de contribuição do requerente foi bem acima do valor estipulado como teto de contribuição para garantir a concessão do benefício. Já em relação à cobrança dos valores recebidos indevidamente, na esfera cível, tem-se que, segundo o 2º do art. 185 da Lei nº 8.112/91, o recebimento indevido de benefícios por fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível. Assim, diante da aludida legislação, fica claro que para que haja ressarcimento de valores recebidos indevidamente, deve-se comprovar a má-fé do agente, o que não foi verificado por este relator em nenhum momento nos autos em epigrafe. Destarte, opto pela reforma parcial da decisão, devendo permanecer suspenso o benefício, mas, não cabendo ressarcimento dos valores percebidos indevidamente, ante a não comprovação de má-fé. CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER do recurso, por ser tempestivo, e pelas razões expostas opto por dar PROVIMENTO PARCIAL, determinando que seja mantido a cessação do benefício, entretanto, não cabendo a requerente a devolução dos valores recebidos indevidamente. O órgão julgador de 1ª Instância proveu parcialmente o recurso interposto, afirmando que é indevida a concessão de auxílio-reclusão, pois na época do recolhimento ao presídio o segurado instituidor possuía qualidade de segurado,

porém, o último valor percebido a título de renda/salário de contribuição era superior ao previsto na Portaria Ministerial. A Autarquia/Recorrente interpôs Recurso Especial a este Colegiado, requerendo parcial reforma do decisum. Manifestou sua concordância quanto à decisão de comprovação da irregularidade de concessão do benefício, entretanto, requer a devolução dos valores indevidamente recebidos pela segurada, alegando que a legislação em vigor não permite o perdão da dívida ao segurado recebedor do benefício indevidamente concedido, mesmo que fique caracterizado a boa-fé. A Recorrida não apresentou contrarrazões. Os autos foram encaminhados a CAJ para Julgamento. É o sucinto Relatório. Apresento o feito em Mesa. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 30/06/2015 para sessão nº 0209/2015, de 07/07/2015. Voto EMENTA: AUXILIO RECLUSÃO. ART. 80 DA LEI 8.213/91. INDEFERIDO O BENEFICIO FACE O ULTIMO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO SER SUPERIOR AO LIMITE LEGAL. ART. 116 DO DECRETO 3.048/99. DISCUSSÃO QUANTO A DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS INDEVIDAMENTE PELO SEGURADO. NÃO CABE RESTITUIÇÃO AO ERÁRIO VISTO QUE NÃO FICOU COMPROVADO NOS AUTOS, DE FORMA TAXATIVA, A EXISTÊNCIA DE MÁ-FÉ DO SEGURADO, SENDO COMPROVADO ERRO ADMINISTRATIVO. MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. RECURSO CONHECIDO E NEGADO AO INSS Ressalta-se, preliminarmente, a tempestividade do recurso interposto nos moldes do 1 do art. 305 do Decreto 3048/99. O benefício de auxílio-reclusão trata-se de prestação previdenciária devida aos dependentes do segurado vinculado ao Regime Geral de Previdência Social RGPS, ou no período de graça. Assim, na forma do art. 80 da Lei 8.213/91 e do 116 do decreto 3.048/99, temos que os requisitos para concessão ao benefício sejam: reclusão em regime fechado ou semiaberto, não recebimento de remuneração da empresa durante a reclusão, não recebimento de benefício por incapacidade durante a reclusão, qualidade de segurado do instituidor na ocasião da reclusão, último salário de contribuição inferior ao limite legal, e qualidade de dependente. Conforme inciso I do art. 26 da Lei 8213/91, a concessão deste benefício independe de carência. A discussão da lide consiste na devolução dos valores percebidos a título de benefício auxílio reclusão o qual foi concedido indevidamente. Não restam dúvidas quanto ao fato do benefício ter sido concedido erroneamente, visto que o último salário de contribuição válido, foi o percebido pelo segurado instituidor em 19/09/2012, sendo mantida a qualidade de segurado em decorrência da percepção de seguro desemprego no período de 29/10/2012 a 01/03/2013. Ocorre que nesta época o segurado percebeu o montante remuneratório de R$ 1.213,96, enquanto que a Portaria Ministerial previa valor inferior ao percebido pelo segurado. Neste sentido, destaco que o requisito quanto à renda, encontra amparo nas disposições do art. 13 da Emenda Constitucional n.º 20/98, in verbis: Art. 13. Até que a lei discipline o acesso ao salário-família e auxílio-reclusão para os servidores, segurados e seus dependentes, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), que, até a publicação da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social. Como este texto é de 1998, com as correções inflacionárias anuais, o valor máximo da renda sofreu a seguinte progressão: PERÍODO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO A partir de 1º/01/2014 R$ 1.025,81 Portaria nº 19, de 10/01/2014 A partir de 1º/01/2013 R$ 971,78 Portaria nº 15, de 10/01/2013 A partir de 1º/01/2012 R$ 915,05 Portaria nº 02, de 06/01/2012

A partir de 15/07/2011 R$ 862,60 Portaria nº 407, de 14/07/2011 A partir de 1º/01/2011 R$ 810,18 Portaria nº 333, de 29/06/2010 A partir de 1º/01/2010 R$ 810,18 Portaria nº 333, de 29/06/2010 A partir de 1º/01/2010 R$ 798,30 Portaria nº 350, de 30/12/2009 De 1º/2/2009 a 31/12/2009 R$ 752,12 Portaria nº 48, de 12/2/2009 De 1º/3/2008 a 31/1/2009 R$ 710,08 Portaria nº 77, de 11/3/2008 De 1º/4/2007 a 29/2/2008 R$ 676,27 - Portaria nº 142, de 11/4/2007 De 1º/4/2006 a 31/3/2007 R$ 654,61 - Portaria nº 119, de 18/4/2006 De 1º/5/2005 a 31/3/2006 R$ 623,44 - Portaria nº 822, de 11/5/2005 De 1º/5/2004 a 30/4/2005 R$ 586,19 - Portaria nº 479, de 7/5/2004 De 1º/6/2003 a 31/4/2004 R$ 560,81 - Portaria nº 727, de 30/5/2003 Portanto, incontroverso o fato de que a remuneração auferida pelo segurado era superior ao valor previsto na Portaria Ministerial. Sendo assim, esta Relatora ratifica a decisão proferida pela Junta de Recursos visto que restou comprovado o fato do benefício ter sido concedido indevidamente. Assim, esta correta à decisão de cancelamento do benefício. Entretanto, verifica-se que a controvérsia ao caso em concreto aplica-se a decisão de devolução dos valores quando houve o recebimento irregular do benefício. Preliminarmente, cabe salientar que, a má-fé deve ser comprovada, pois, a boa-fé é presumida. Destaco que a própria Autarquia reconheceu que o benefício em comento foi concedido em razão de erro administrativo. O procedimento de revisão da concessão, bem como de apuração do indébito estão previstas no art. 11, da Lei nº 10.666/03: Art. 11. O Ministério da Previdência Social e o INSS manterão programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos benefícios da Previdência Social, a fim de apurar irregularidades e falhas existentes. 1 o Havendo indício de irregularidade na concessão ou na manutenção de benefício, a Previdência Social notificará o beneficiário para apresentar defesa, provas ou documentos de que dispuser, no prazo de dez dias. 2 o A notificação a que se refere o 1 o far-se-á por via postal com aviso de recebimento e, não comparecendo o beneficiário nem apresentando defesa, será suspenso o benefício, com notificação ao beneficiário. 3 o Decorrido o prazo concedido pela notificação postal, sem que tenha havido resposta, ou caso seja considerada pela Previdência Social como insuficiente ou improcedente a defesa apresentada, o benefício será cancelado, dando-se conhecimento da decisão ao beneficiário. Na qualidade de Relatora deste processo, destaco que analisando todo o conjunto probatório, não vislumbrei a comprovação da má-fé, de modo que sou plenamente favorável pela manutenção da decisão proferida pela 1ª Instância. Assim, reafirmo a decisão de inviabilidade da repetição de indébito dos valores recebidos de boa-fé. Não podemos nos afastar do conceito de que benefício previdenciário é um substituto da renda do trabalhador, sendo inquestionável o caráter alimentar do benefício previdenciário, razão pela qual a interpretação da legislação previdenciária é norteada pelo princípio da irrepetibilidade dos alimentos, ou seja, não são devolvidos quando recebidos de boa-fé. Não há como interpretar a obtenção desta renda previdenciária como um enriquecimento ilícito. Assim, entende esta Relatora que deverá ser mantida a decisão da Junta de Recursos no que tange a não devolução dos valores percebidos indevidamente pelo segurado, entendo que não cabe restituição ao erário pois não ficou comprovado nos autos, de forma taxativa, a existência de má-fé do segurado, em contrapartida, restou comprovado que houve erro administrativo na concessão do benefício em comento, não cabendo ao segurado arcar com o erro cometido pela autarquia. Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso do INSS, para no mérito NEGAR PROVIMENTO nos termos da fundamentação.

LUSIA MASSINHAN Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). CAIO CESAR AUADA Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Presidente concorda com voto do relator(a). Presidente Decisório Nº Acórdão: 2373 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR PROVIMENTO AO INSS, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros CAIO CESAR AUADA e ERALDO SERGIO ARAUJO DE MEDEIROS. LUSIA MASSINHAN Relator(a) Presidente