A Carência na Aposentadoria por Idade
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- Gonçalo Galindo Malheiro
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1 1 A Carência na Aposentadoria por Idade Tiago Faggioni Bachur advogado militante nas áreas cível, comercial e previdenciária (formado pela Faculdade de Direito de Franca em 1998); professor de cursos jurídicos relacionados a área previdenciária na Academia Francana de Direito Instituto Rafael Infante Faleiros ; autor do livro Teoria e Prática do Direito Previdenciário, escrito em parceria com a Drª. Maria Lucia Aiello (Editora Lemos e Cruz); colaborador e articulista de várias revistas e informes jurídicos (como Revista Consulex, Prática Jurídica, Jornal Trabalhista Consulex, Magister, Migalhas, IEPREV, LFG, etc.); pós-graduando em Direito Previdenciário pela UNISAL; técnico em contabilidade (formado pelo SENAC/Franca); Membro da Comissão Encarregada da Elaboração do Anteprojeto dos Novos Estatutos para a Fundação Civil Casa de Misericórdia de Franca, representando o Sindicato dos Empregados Rurais de Franca e atuando como um dos redatores do anteprojeto (2002). Fabrício Barcelos Vieira advogado militante nas áreas cível, comercial e previdenciária (formado pela Faculdade de Direito de Franca); professor de cursos jurídicos relacionados a área previdenciária na Academia Francana de Direito Instituto Rafael Infante Faleiros ; membro do conselho editorial da segunda edição do livro Teoria e Prática do Direito Previdenciário, escrito pelo Dr. Tiago Faggioni Bachur em parceria com a Drª. Maria Lucia Aiello (Editora Lemos e Cruz); colaborador e articulista de várias revistas e informes jurídicos (como Jornal Trabalhista Consulex, Magister, Migalhas, IEPEV, LFG, etc.); pós-graduando em Direito Previdenciário pela UNISAL; pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil pela Universidade de Franca; MBA em Direito Empresarial pela FGV.
2 2 1. A aposentadoria por idade está prevista na Constituição Federal (art. 201), na Lei nº 8.213/91 (arts. 48 a 51) e, também, no Decreto nº 3.048/99 (arts. 51 a 55). 2. A doutrina esclarece que: A aposentadoria por idade, também chamada de aposentadoria por velhice é, na verdade, uma prestação mensal paga ao segurado que a requerer com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais (quando homem), reduzindo-se o período em 5 (cinco) anos (ou seja, sessenta anos ou mais) quando trabalhador rural (também do sexo masculino). As mulheres podem aposentar-se mais cedo do que os homens. Elas podem requerer sua aposentadoria com 60 (sessenta) anos de idade ou mais, e as trabalhadoras rurais aos 55 (cinqüenta e cinco) anos ou mais. (BACHUR, Tiago Faggioni; AIELLO, Maria Lucia Teoria e Prática do Direito Previdenciário 2ª Edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Lemos e Cruz, Pág. 372). 3. Ao contrário do que muitos imaginam, para se aposentar por idade não basta apenas o segurado ter preenchido o requisito etário. É preciso também que ele tenha efetuado um número mínimo de contribuições para a Previdência Social. 4. Essa quantidade mínima de contribuições necessárias para requerer o benefício é chamada de carência e será variável conforme tenha sido o ingresso do segurado no Regime Geral de Previdência Social. 5. Vale destacar que a carência para requerimento da aposentadoria por idade é de 180 (cento e oitenta) contribuições mensais, iniciando-se de forma escalonada, conforme a tabela do art. 142 da Lei nº 8.213/ Assim, o artigo 142 da Lei nº 8.213/91 (alterado pela Lei nº 9.032/95) estabeleceu a tabela escalonada para aqueles que já estavam inscritos no Regime Geral da Previdência Social antes de 1991, levando-se em conta o ano em que o indivíduo completou o requisito etário para o segurado inscrito na previdência social urbana na data da publicação da Lei, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais cobertos pela previdência social rural, nos casos de aposentadoria por tempo de serviço e especial. 7. Sabe-se que a Inscrição é o cadastramento, isto é, o registro do segurado (e/ou dependente) no Regime da Previdência Social. Dessa forma, o ato administrativo de formalização do vínculo entre o INSS e o segurado ocorre com o registro em Carteira de Trabalho da Previdência Social no primeiro emprego ou quando do pagamento de sua primeira contribuição para os cofres da Previdência Social (quando se tratar de contribuinte individual). 8. Daí tem-se duas situações distintas: a primeira é do segurado que se filiou no INSS antes da Lei nº 8.213/91, que obedece a tabela escalonada do art. 142; e a
3 3 segunda situação, do segurado que se filiou após a referida lei (onde para este, serão necessárias 180 contribuições). 9. A pergunta que se faz é: Por que existe essa distinção? 10. Na verdade, antes da alteração legal, a carência (isto é, o número mínimo de contribuições para se aposentar), no caso da aposentadoria por idade, era de apenas 60 (sessenta) meses. Muitas pessoas ingressavam na previdência 5 (cinco) anos antes de completar a idade almejando a aposentadoria por idade. 11. O legislador alterou de 60 (sessenta) para 180 (cento e oitenta) meses essa carência, mas criou uma espécie de regra transitória para aqueles que já estavam filiados antes da alteração legal (a conhecida tabela escalonada do art. 142 da Lei nº 8.213/91). 12. A cada ano, a partir de 1993, aumentaria em 6 (seis) meses o tempo de contribuição para quem cumprisse o requisito etário (de acordo com o ano que o segurado fizer aniversário), até que em 2011 passará a ser 180 (cento e oitenta) meses de contribuição para todo mundo. 13. Como isso funciona? 14. Para quem estava filiado antes da mudança, verifica-se o ano em que o segurado completa a idade para se aposentar. Se for em 1991 ou 1992, precisará de 60 (sessenta) meses. Se completar a idade em 1993, aumenta para 66 (sessenta e seis) meses. Se for em 1994, passa para 72 (setenta e dois) meses, e assim por diante. 15. Repisa-se: não se deve esquecer que o número de contribuições exigidas para que o segurado possa se aposentar refere-se ao ano em que ele implementar a idade para aposentar, mesmo que ele tenha perdido a qualidade de segurado. INSS. 16. Nesse sentido, também é a própria Instrução Normativa do INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES Nº 20/2007: Art. 53. Observado o disposto no art. 26 do RPS, bem como o art. 18 desta Instrução Normativa, a carência exigida para a concessão dos benefícios devidos pela Previdência Social será sempre aquela prevista na legislação vigente, na data em que o interessado tenha implementado todas as condições para a concessão do benefício, mesmo que, após essa data venha a perder a qualidade de segurado. 17. É importante abrir um parêntese:... a Lei nº /03, em seu artigo 3º, determinou que não é considerada perdida a qualidade de segurado para a concessão das aposentadorias por tempo de contribuição e especial. Também, no caso de
4 4 aposentadoria por idade, não se considera a perda da qualidade de segurado, bastando que o segurado conte, no mínimo, com o tempo exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício. Entretanto, não é extensiva a outros tipos de benefícios. (BACHUR, Tiago Faggioni/AIELLO, Maria Lucia Teoria e Prática do Direito Previdenciário 2ª edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Lemos e Cruz, Pág. 378). (g.n.) 18. No caso da aposentadoria por idade, objeto de nosso debate, a Lei nº /03 possibilitou que mesmo que a pessoa tenha perdido a qualidade de segurado (porque tinha, por exemplo, parado de contribuir a muito tempo), se tiver o número mínimo de contribuições quando completar a idade, pode se aposentar. 19. A própria INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 20 DO INSS, reproduzindo o texto da Lei nº 8.213/91 estabelece: Art. 57. Para o segurado inscrito na Previdência Social até 24 de julho de 1991, a carência das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais amparados pela antiga Previdência Social Rural, obedecerá à seguinte tabela, LEVANDO-SE EM CONTA O ANO EM QUE O SEGURADO IMPLEMENTOU TODAS AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO:(g.n.) Ano da implementação das condições Número de meses Exigidos
5 Vale ressaltar que o INSS costuma interpretar erroneamente a quantidade do número de contribuições no momento em que o segurado requer a aposentadoria. A Autarquia Previdenciária acredita que o número correto é o de quando o segurado requereu o benefício e não de quando ele completou a idade. 21. Porém, como consta no art. 57 da IN nº 20/2007 acima transcrito, a carência é do ano em que o segurado implementar as condições. 22. No caso em tela, tratando-se de aposentadoria por idade, verifica-se o ano em que o segurado completou a idade necessária, checando-se o número de meses que precisaria para o benefício de acordo com a tabela. Assim, se o segurado completou a idade em 2001, por exemplo, precisa de 120 (cento e vinte) meses de contribuição. Se completar a idade em 2009, precisa 168 (cento e sessenta e oito) meses de contribuição. Enfim, é o ano que o segurado completar a idade que vale para constatar o preenchimento da carência. 23. Caso o INSS contrarie disposição legalmente expressa, perfeitamente cabível a via judicial para a solução do caso. Há vários caminhos para isso, podendo ser através de uma ação ordinária, por exemplo, ou até mesmo de um mandado de segurança interposto contra a autoridade coatora que proferiu a decisão equivocada (eis que o direito é líquido e certo, caso preenchido o requisito etário e a carência). Bibliografia Site: BACHUR, Tiago Faggioni/AIELLO, Maria Lucia Teoria e Prática do Direito Previdenciário 2ª edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Lemos e Cruz, 2009.
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