III-053 - LEVANTAMENTO QUALI-QUANTITATIVO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ANÁLISE DE ASPECTOS DE APLICABILIDADE



Documentos relacionados
ANÁLISE QUANTITATIVA E QUALITATIVA DOS RESÍDUOS GERADOS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ESINO TÉCNICO E SUPERIOR.

PESQUISA SOBRE A SITUAÇÃO DAS EMPRESAS PARANAENSES EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

Avaliação dos resultados e demais produtos entregues pela empresa IMPOM Pesquisas e Inteligência Competitiva Ltda. relativos à pesquisa

Aspectos Comparativos da. Gestão de Resíduos Químico. no Brasil e na Alemanha

UFRN/CCSA DCC CONSTRUINDO O SEU TCC PASSO A PASSO

PRODUÇÃO CIENTÍFICA DOS PESQUISADORES DA UEL, NA ÁREA DE AGRONOMIA: TRABALHOS PUBLICADOS EM EVENTOS DE 2004 A 2008.

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

DIAGNÓSTICO OPERACIONAL DE UM SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA, PARA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE QUALIDADE DA OPERAÇÃO BASEADO NO TQC JAPONÊS

PROJETO DE PESQUISA FINALIDADE TEMA ESCOLHA DO PROFESSOR ORIENTADOR GUIA SEGURANÇA NA COLETA DE MATERIAIS ESPAÇO PARA FICHAMENTOS

Manual do Processo de Planejamento da UFSC. Departamento de Planejamento SEPLAN/UFSC

Relatório Detalhado de Ação do Projeto de Extensão Redefinição do Website do Arquivo Central da UNIRIO

DIRETRIZES PARA ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

V.4, N.2 (2013) ISSN

SÍNTESE DO LEVANTAMENTO DE DEMANDAS DE PROJETOS DO TERRITÓRIO

Elaboração do Plano de Gestão de Logística Sustentável do Senado Federal - PGLS

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - Cetec. Ensino Técnico. Qualificação: Assistente Administrativo

REGULAMENTO DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

DIRETRIZ TÉCNICA Nº. 001/2010 DIRETRIZ TÉCNICA PARA A ATIVIDADE DE INCORPORAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM PROCESSOS INDUSTRIAIS

Melhorias de Processos segundo o PDCA Parte IV

Avaliação Qualitativa de Políticas Públicas

RELATÓRIO DE GESTÃO AMBIENTAL 2010 HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE - HCPA

Avaliação dos serviços da Biblioteca Central da UEFS: pesquisa de satisfação do usuário

COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE ARAGUAIA

INFORMAÇÕES PARA S UBSÍDIAR POLÍTICAS DE S AÚDE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO

Ministério da Educação Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas em Educação - INEP CONCEITO PRELIMINAR DE CURSOS DE GRADUAÇÃO

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos, Gerenciamento e Lixões.

Ficha de segurança para resíduos químicos FDSR

TERMOS DE REFERÊNCIA Contratação De Consultor/a Técnico/a - Plano Nacional de Juventude e Meio Ambiente (Objetivo 2 Gestão de Resíduos Sólidos)

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA

Visita técnica de Canal do Piracema

Autor: Profª Msª Carla Diéguez METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

5.1 Processo de Avaliação de Organizações Prestadoras de Serviços Hospitalares O processo de avaliação e visita deve ser orientado pela aplicação do

REGULAMENTO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Cursos Educar [PRODUÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO] Prof. M.Sc. Fábio Figueirôa

Orientações Para o Preenchimento do Formulário de Inscrição Preliminar dos Projetos

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS SIMPLIFICADO (pequenos geradores)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA. Relatório Parcial Projeto de Extensão - PROEX

TERMO DE REFERÊNCIA PARA SELEÇÃO DE BOLSISTA N 16/2016. Bolsa de Desenvolvimento para Inovação Tecnológica

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL EM POSTO DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEL NO MUNICÍPIO DE CUIABÁ, MATO GROSSO

Treinamento Básico do SIE Módulo Administrativo

XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental

Quanto aos objetivos TIPO DE PESQUISA

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - CETEC. Ensino Técnico

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

Ministério da Educação Universidade Federal de São Paulo Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Campus Guarulhos

Matriz de Indicadores de Sustentabilidade proposta por Santiago e Dias, 2012

O PAPEL SÓCIO-AMBIENTAL DA COLETA SELETIVA NO MUNICÍPIO DO NATAL/RN-BRASIL

Natureza do Serviço Modalidade / N de vagas Localidade de Trabalho

PLANO DE ATUALIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DOS EQUIPAMENTOS.

LEYA BIKES CARTA- CONVITE LICITAÇÃO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE CONSULTORIA

RESOLUÇÃO N.º 024/2002-CEMA, de 26 de agosto de 2.002

Título do artigo. Alunos: Nome dos autores (até 3 alunos) 1 Orientador: Roberto Campos Leoni 2

ENGENHARIA QUÍMICA. COORDENADOR Cláudio Ferreira Lima

ORIENTAÇÃO PARA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Política sobre eucalipto geneticamente modificado (EucaliptoGM) da Fibria

R E S O L U Ç Ã O Nº 044/2016

RELATÓRIO DA PESQUISA DE SATISFAÇÃO DO CLIENTE EXTERNO EMBRAPA MEIO AMBIENTE ANO BASE Núcleo de Desenvolvimento Institucional

EDITAL DE SELEÇÃO nº 001/2013. Processo Administrativo nº 015/2013 PROJETO MAIS ÁGUA: CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA PARA PRODUÇÃO NO SEMIÁRIDO BAIANO.

SISTEMÁTICA DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO EDITAL DE CONCURSO PARA PROGRAMA DE MONITORIA N O 01/2016 CONCURSO PARA INGRESSO DE MONITOR

PROJETO NÚCLEO DE ESTUDOS DE ENSINO DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR

Normas Gerais para Projetos de Pesquisa

EDITAL 001/2014 SELEÇÃO PARA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU (ESPECIALIZAÇÃO) EM EDUCAÇÃO MÉDICA / 2014

Modernização da Gestão 22-Apr-2013

ARQUITETURA E URBANISMO

V OS 8 CRITÉRIOS DE EXCELÊNCIA APLICADOS À GESTÃO DO SAAE DE SÃO GABRIEL DO OESTE, ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - Cetec. Ensino Técnico

UFV Catálogo de Graduação ENGENHARIA DE AGRIMENSURA E CARTOGRÁFICA. COORDENADOR Afonso de Paula dos Santos

A FLUÊNCIA TECNOLÓGICA NA EXECUÇÃO DO PAPEL DE TUTORIA*

Relatório de Pesquisa

APLICAÇÃO DA LÍNGUA INGLESA NO SETOR HOTELEIRO DO MUNICÍPIO DE MAUÉS-AM UM ESTUDO DAS NECESSIDADES NA SITUAÇÃO-ALVO

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - Cetec. Ensino Técnico

PRÊMIO AMIGO DO MEIO AMBIENTE 2014 INSTITUTO BUTANTAN GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS MERCURIAIS EM ESTABELECIMENTO

EDITAL DO PROCESSO DE ADESÃO VOLUNTÁRIA À PARTICIPAÇÃO NO PROJETO DE CONSULTORIA PARA CERTIFICAÇÃO ISSO 9001 NA APAC DE NOVA LIMA

CAPACITAÇÃO PRÁTICA DO USO DO GEOPROCESSAMENTO EM PROJETOS

QUESTIONÁRIO (Informações para serem anexadas ao Relatório) Escola:

Relatório Ouvidoria ARSAE-MG Maio de Relatório Ouvidoria ARSAE-MG. Período: Maio de 2015

PLANO DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO (PAE)

PROCESSO Nº 1889/13 PROTOCOLO Nº PARECER CEE/CEMEP Nº 372/13 APROVADO EM 11/09/13

UNIVERSIDADE DE RIO VERDE-FESURV FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MANUAL DE ESTÁGIO

Currículos dos Cursos do CCE UFV ENGENHARIA QUÍMICA. COORDENADOR Antônio Marcos de Oliveira Siqueira

REGULAMENTO NUGAI - IFSul. Dos Núcleos de Gestão Ambiental Integrada (NUGAI)

ENCONTRO REGIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: PERSPECTIVAS PARA A CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SUAS: REALIDADE E DESAFIOS

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - CETEC. Plano de Trabalho Docente 2012

INDICADORES DE DESEMPENHO DOS SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA EM MUNICÍPIOS ATENDIDOS PELO PROGRAMA COMUNIDADE SOLIDÁRIA NO SUL DO BRASIL

AVALIAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NOS PROJETOS ARQUITETÔNICOS E COMPLEMENTARES EM TRÊS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS MULTIFAMILIARES EM FLORIANÓPOLIS

LEI Nº , DE 2 DE AGOSTO DE 2010.

Resíduos da Construção Civil e o Estado de São Paulo

Oficina ICMS Ecológico Componente Resíduos Sólidos

CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE ANÁLISES CLÍNICAS

INCLUSÃO NO ENSINO DE FÍSICA: ACÚSTICA PARA SURDOS

ANÁLISE DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DOCENTE INSTITUCIONAL

Sandra Aparecida Lino

Aluna do Curso Técnico em Informática do Instituto Federal Farroupilha Câmpus São Borja; 6

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO SANEAMENTO AMBIENTAL

Gestão de desempenho com base em competências

Transcrição:

III-053 - LEVANTAMENTO QUALI-QUANTITATIVO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ANÁLISE DE ASPECTOS DE APLICABILIDADE Ilka Soares Cintra (1) Engenheira Civil. Mestre em Saneamento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Minas Gerais. Doutoranda em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela FOTO UFMG. Professora Assistente do Departamento de Cartografia do Instituto de Geociências NÃO da UFMG. Coordenadora do Programa de Administração e Gerenciamento dos Resíduos Sólidos da UFMG. DISPONIVEL Francisco de Assis Batista Licenciado e Bacharel em Matemática pela Universidade Federal de Minas Gerais. Especialista e Mestre em Estatística pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor de Matemática Aplicada e Bioestatística com lotação na Universidade Federal de Minas Gerais. Fabrício Eduardo Amador dos Santos Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Minas Gerais. Técnico em Patologia Clínica pelo Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais. Bolsista PROEX / UFMG. Eliane Pawlowski de Oliveira Araujo Analista de Sistemas. Sub-coordenadora do Programa de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos da UFMG. Membro da Comissão Técnica de Resíduos da UFMG. Endereço (1) : Rua Deputado Bernardino Sena Figueiredo, 218 Apto. 302 Cidade Nova Belo Horizonte MG CEP 31 170-210 Brasil Tel.: 3486-7128 - email.: ilkasc@dedalus.lcc.ufmg.br PALAVRAS-CHAVE: Levantamento de Resíduos Sólidos, Avaliação Estatísticas, Instituição de Ensino Superior. RESUMO Este trabalho teve por objetivo conhecer a situação referente aos resíduos sólidos gerados numa Instituição de Ensino Superior. A consulta a essa realidade na Universidade Federal de Minas Gerais se deu através de um questionário proposto para servir de instrumento de levantamento quali-quantitativo do lixo universitário. Apesar de complexo e de eficiência discutível, este questionário mostrou resultados interessantes que possibilitaram formatar um banco de dados através do cadastro das informações nele incluídas, ao mesmo tempo que permitiu mapear a caracterização da realidade da produção e descarte do lixo para utilização em futuros projetos relacionados com a destinação adequada dos resíduos da UFMG. INTRODUÇÃO Quando se propõe a disciplinar o tratamento e a disposição final de resíduos sólidos de Instituições de Ensino Superior emergem problemas como a falta de planejamento integrado e articulado entre os diversos agentes envolvidos e a dificuldade de encontro da melhor estratégia de trabalho para levantamento dos resíduos produzidos por esta comunidade. A conseqüência imediata deste horizonte retrata-se na destinação dos resíduos feita quase sempre de forma inadequada em Instituições cujos objetivos principais são o Ensino, a Pesquisa e a Extensão. Neste contexto, o trabalho desenvolvido pela Comissão Técnica de Resíduos, recurso humano instituído para desenvolvimento do Programa de Administração e Gerenciamento de Resíduos Sólidos, pretendeu criar estratégias que pudessem nortear as ações da Instituição no tocante ao seu lixo gerado. Um representante de cada tipo de resíduo (biológico ou infectante, químico, radioativo e comum) com experiência cotidiana no descarte, por vezes impróprio, deste resíduo, além de um representante de projetos de sensibilização e educação ambiental da Instituição se reuniram com objetivos de formatação, aplicação, tabulação e análise estatística dos dados que subsidiassem tais ações. O instrumento eleito e utilizado como primeiro ponto do diagnóstico necessário ao desenvolvimento dos trabalhos foi o levantamento quali-quantitativo dos resíduos sólidos que foi efetivado através de questionários ABES-Trabalhos Técnicos 1

específicos para cada tipo de resíduo e o local escolhido para o início dos trabalhos foi o ICB / UFMG - Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. O presente trabalho pretende, além da apresentação dos dados técnicos, viabilizar uma discussão sobre diversos aspectos da aplicabilidade do instrumento utilizado na pesquisa que facilitem as demais metas do programa e outros trabalhos similares em instituições de ensino superior. MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização do levantamento quali-quantitativo foram inicialmente coletadas informações básicas da Instituição quanto aos aspectos de contingente populacional, setores de geração, tipologia, estocagem, acondicionamento e coleta de resíduos. A partir daí formatou-se um questionário de identificação para cada tipo de resíduo gerado na instituição visando o apontamento de questões relevantes à geração, quali-quantificação, tratamento e destinação final dos mesmos. Na elaboração das diretrizes básicas do questionário, foram utilizadas normas da ABNT relacionadas a resíduos, a Resolução do CONAMA n o 5 (1993) e publicações de trabalhos relativos ao tema dos seguintes autores: CINTRA, I. S.; TÔRRES, A. M. C.; GELMINI, E. L. (1997); DIAS, S. M. F. (1998); KUHNEN, A.; CASTILHOS, A. B. JR. E SOARES, S. R. (1997); LOPES, R. L.; AMARAL, E. S.; BISPO, F. B. E OLÍMPIO, J. M. (1999); PEDROZO, M. F. M. E PHILIPPI JR., A. 1999; TEIXEIRA, B. A. N. E ZANIN, M. C. (1995). As estatísticas descritivas dos dados coletados foram estimadas através do "software" S-plus, bem como alguns aspectos qualitativos latentes nos mesmos pela Análise Multivariada. APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS Depois de feito o levantamento dos ambientes geradores dos vários tipos de resíduos no ICB / UFMG, constituídos de laboratórios em geral, salas de aula e salas administrativas, os questionários foram respondidos pelo responsável de cada ambiente visitado. Durante a aplicação dos questionários, ficou evidenciada a necessidade de um programa educativo para um maior êxito na aplicabilidade e qualidade dos dados, tornando o processo de coleta de informações mais autônomo e os resultados mais precisos. Vislumbrou-se ainda a possibilidade da implantação de uma coleta de informações através de correio eletrônico na tentativa de acelerar o processamento dos dados, economia de tempo e material. De posse desses questionários, passou-se à tabulação dos mesmos gerando o banco de dados que constituiu a base para a análise estatística das informações visando os aspectos quantitativos e qualitativos da realidade da geração de resíduos na unidade. No procedimento da tabulação, foi notado que campos importantes, relativos a aspectos qualitativos e quantitativos como Quantidade média semanal e Tratamento? Qual?, não estavam devidamente interpretados e preenchidos, gerando uma base de dados incompleta e consequentemente comprometendo a precisão dos resultados. As estatísticas descritivas estimadas constituem-se em percentuais dos ambientes geradores de resíduos segundo a tipologia adotada nos questionários e os aspectos qualitativos inferidos constituem-se de resultados obtidos através da matriz de correlação de análise multivariada das variáveis consideradas. RESULTADOS Pelo fato de ter sido considerado um grande número de variáveis no estudo em questão, um relatório completo de todos os resultados torna-se-ia muito extenso. Deste modo, de acordo com objetivos de interesse da equipe de trabalho, foram, inicialmente, selecionados somente os aspectos considerados mais relevantes. A seguir, tais aspectos serão apresentados em gráficos e comentados. 2 ABES-Trabalhos Técnicos

Gráfico 1 - Aspectos Quali-quantitativos de Resíduos Biológicos ou Infectantes Gerados nos Ambientes do ICB / UFMG - Fevereiro 2000 Dentre as várias categorias do Resíduo biológico ou infectante, apresentadas no gráfico 1, destaca-se a categoria dos Perfurantes e cortantes como o resíduo mais comum nos ambientes visitados. Coincidentemente, nesta categoria foi observado o menor percentual de ambientes que registraram a Quantidade média semanal produzida. Nota-se grandes percentuais de ambientes que não registraram a produção na maioria das categorias desse resíduo, quando o esperado era que todas as categorias atingissem a marca de 100%. Gráfico 2 - Aspectos Quali-quantitativos de Resíduos Químicos ou Perigosos Gerados nos Ambientes do ICB / UFMG - Fevereiro 2000 - Observamos através do gráfico 2 que dentre as várias categorias do Resíduo químico ou perigoso, a categoria dos Solventes orgânicos é o resíduo produzido por maior número de ambientes geradores de resíduos. Observa-se ainda que os Pesticidas, herbicidas, insetcidas constituem a categoria com menor percentual de ABES-Trabalhos Técnicos 3

ambientes que lançaram os dados da produção de resíduos no campo Quantidade média semanal. Também nesse tipo de resíduo nota-se grandes percentuais de ambientes que não registraram a produção na maioria de suas categorias. Gráfico 3 - Aspectos quali-quantitativos de resíduos radioativos gerados nos ambientes do ICB / UFMG - Fevereiro 2000- Através do gráfico de barras 3, fica evidenciado que o resíduo radioativo no estado líquido é produzido pelo maior número de ambientes e que tais resíduos no estado gasoso não é manipulado naquela unidade. De acordo com o gráfico de setores 3 (superior), do total de ambientes que armazenam resíduo radioativo, predominam aqueles armazenadores de resíduos com meia vida menor que sessenta dias. Analisado, agora, o gráfico de setores 3 (inferior), conclui-se que do total de ambientes descartadores desse lixo, o maior percentual deles lida com resíduos cuja meia vida é menor que sessenta dias. A disparidade entre os percentuais apresentados nos gráficos de setores se dá, possivelmente, devido à ausência de registros nos campos do questionário ou a condições de armazenamento específicas que não permitem o descarte dos mesmos. 4 ABES-Trabalhos Técnicos

Gráfico 4 - Aspectos Quali-quantitativos de Resíduos Comuns Gerados nos Ambientes do ICB / UFMG - Fevereiro 2000 - Deduz-se através do gráfico 4 que dentre as várias categorias do Resíduo comum, a categoria Papel é o resíduo produzido por quase todos os ambientes. A interpretação gráfica, a respeito da categoria Lâmpadas, é a de que não há ambientes descartando-as em lixo comum, fato contrário ao registrado pela fotografia 2. A grande variabilidade de percentuais de ambientes que utilizam Lixeiras comuns se deve ao fato de que além dessa forma de descarte, existem outras: Lixeira separada, Doação e Outros. CONCLUSÕES O levantamento qualiquantitativo dos resíduos da UFMG, através de questionários, permitiu o encontro de referências estratégicas como ponto de partida para a elaboração de diretrizes capazes de orientar a organização das ações necessárias ao manejo diferenciado dos resíduos da Instituição, apesar da trabalhosa tabulação de seus dados. Ademais, a participação de alunos da graduação na aplicação dos questionários, propiciou uma discussão do papel de cada segmento da comunidade universitária no gerenciamento de resíduos de uma Instituição de Ensino Superior, haja visto o engajamento destes alunos expresso em frases como: "Com certeza, serei um médico diferente a partir do meu trabalho, hoje, com o lixo!" É importante ressaltar que, além das informações técnicas obtidas, houve o apontamento de diversas questões relevantes relacionadas às práticas costumeiras do comportamento da comunidade quanto à geração e descarte do "lixo". Dentre esses aspectos, a demonstração da falta de conhecimento dos responsáveis pela geração do resíduo na instituição constitui numa falha da mesma tanto em termos técnicos quanto educacionais. Isto leva à necessidade de redirecionar trabalhos de orientação e sensibilização de toda a comunidade. Não basta colocar equipamentos à disposição dos usuários, pois sua utilização pode demonstrar na realidade uma despreocupação com o resíduo gerado por estes produtores, conforme apontado nos questionários e registrado nas fotos 1 e 2. ABES-Trabalhos Técnicos 5

Foto 1 - Práticas educativas quanto ao descarte seletivo Foto 2 - Descartes irregulares no corredor do prédio 6 ABES-Trabalhos Técnicos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CINTRA, I. S.; TÔRRES, A. M. C.; GELMINI, E. L. Implantação do programa de administração e gerenciamento de resíduos sólidos da UFMG. In Anais do 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Foz do Iguaçu (PR): Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, pp. 1893-1896, 1997. 2. DIAS, S. M. F. Coleta seletiva e reaproveitamento do lixo gerado no Campus da UEFS. Revista Ação Ambiental. São Paulo (SP), pp.30, 1998. 3. KUHNEN, A.; CASTILHOS, A. B. JR. E SOARES, S. R. Gestão de resíduos sólidos em estabelecimentos universitários no Brasil o caso do Campus da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. In Anais do 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Foz do Iguaçu (PR): Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, pp.1778-1782, 1997. 4. LOPES, R. L.; AMARAL, E. S.; BISPO, F. B. E OLÍMPIO, J. M. Gerenciamento de resíduos em estabelecimento de ensino - Do pensar ao fazer. In Anais do 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro (RJ): Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental pp. 3628-3633, 1999. 5. PEDROZO, M. F. M. E PHILIPPI JR., A. Disposição de resíduos de laboratório Estudo de caso. In Anais do 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro (RJ): Associação 6. Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, pp. 3877-3885, 1999. 7. TEIXEIRA, B. A. N. E ZANIN, M. C. A implantação da coleta seletiva de resíduos sólidos na Universidade Federal de São Carlos - SP: Aspectos relevantes do projeto e avaliação preliminar. In Anais do 18 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Salvador (BA): Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, pp. 134-145, 1995. ABES-Trabalhos Técnicos 7